Depois de sair da parte "pobre da cidade", digamos assim, voltei ao meu trajeto original. Andei até chegar na estação de metrô. Como sempre os artistas de vagão fizeram uma ótima apresentação com músicas e malabarismo. Uma pena a guarda do metrô ter aparecido e os expulsado. Eu queria poder ter dado dinheiro para eles, só que eu estava sem depois de ter me encontrado com um certo menininho...
Saí do metrô e andei um pouco até chegar no local da entrevista. Era um prédio branco de uns cinco andares. Televendas, hein? Não pode ser tão difícil, pensei. Respirei fundo e entrei. Chegando lá, um dos funcionários me levou até o quarto andar, que é onde ficava a sala de entrevista.
Quando cheguei na sala de espera não tive uma boa visão, já que haviam uns outros vinte candidatos além de mim.
- Hã... Olá. - Eu disse sem jeito. - Todos estão aqui pra fazer a entrevista?
- Sim.- Alguns responderam, outros nem se deram ao trabalho de olhar.
- Oba...- Sussurrei.
Eu me sentei ao lado de um dos candidatos.
- Sempre foi tão difícil de conseguir emprego assim?- Perguntei tentando puxar assunto.
- Mais ou menos.- Ele respondeu. - Aqui é a maior metrópole do mundo, então pessoas de todo canto vem pra cá, isso deixa a competição intensa.- Como alguém que veio de outro país, isso não era muito legal de ouvir. - Só que isso nunca foi o problema pra mim, as coisas ficaram mais difíceis quando chegaram os robôs.
- Robôs?- Perguntei.
- É, meu setor todo foi substituído por eles.
- O meu também.- Uma mulher que estava do lado do homem e ouvindo a conversa respondeu. - Eu trabalhava com contabilidade e fui substituída por um robô. Meu antigo chefe disse que eles eram mais eficientes, trabalhavam sem salário e não cansavam nunca.
- É o preço a se pagar por vivermos no país da energia.
- Nunca me disseram de onde vinha essa energia de Liandria...- Isso acabou saindo em voz alta contra a minha vontade, mas os outros dois pareceram concordar.
- Isso é verdade, nunca revelaram isso, nem pra própria população. É tipo uma fórmula secreta. O que será que é? Vento? Luz solar?
- Acho que não é nada disso, até porque qualquer país pode usar esses recursos. É algo diferente...
Os dois concordaram com a cabeça. Liandria era a referência mundial de energia, a tendo de uma maneira totalmente renovável. Sempre houveram diversas teorias sobre o que podia ser, mas nunca foi revelado. Provavelmente eles mantinham isso em segredo para levar a vantagem sobre os outros países. Esse era um dos vários segredos que Liandria tinha.
Os minutos passaram e um por um os candidatos foram sendo chamados em ordem de chegada. Eu e os outros dois continuamos conversando até que a moça foi chamada e em sequência o rapaz. O curioso foi que falamos por quase duas horas e ninguém se apresentou. Finalmente havia chegado minha vez.
- Senhor Aleña.- A recepcionista chamou.
Eu me levantei, pronto para ir, porém algo estranho aconteceu...Uma garotinha estava sentada em um dos bancos de espera, de frente pra mim e eu não fazia ideia de como ela havia chegado ali. Ela aparentava ter entre uns 13 a 14 anos de idade, tinha a pele morena cor de bronze e cabelo crespo curto e estava usando apenas uma manta daquelas que pacientes de hospital usavam. Ela claramente não deveria estar ali.
- Volte pra casa.- A garota disse.
- O que?
Eu pisquei e ela já não estava mais lá.
- Tudo bem, senhor?- A recepcionista perguntou.
Não fazia ideia do que tinha acabado de acontecer, mas com certeza não tinha sido normal. Ótimo, pensei, estava começando a ver fantasmas.
- Eu...Hã... Tudo. Vamos.
Eu a segui porta à dentro, dando uma última olhada pra trás.
Chegando na sala da entrevista, a recepcionista se foi, me deixando sozinho com um homem. Ele parecia ter seus quase 50 anos, tinha cabelos e bigodes pretos começando a ficar grisalhos, estava usando um terno que não era dos mais caros com o símbolo da empresa. Esse cara provavelmente era do RH. Ele estava sentado atrás de sua mesa enquanto tinha meu currículo na mão.
- Sente-se.- Ele pediu.
Eu obedeci.
- Morelo Aleña?- Uma de suas sombrancelhas se franziu quando leu meu nome. - Você é daqui, filho?
- Sou de Luniantes na verdade, mas minha mãe é de Valerón.- Respondi.
- Certo. Aqui diz que você não nunca trabalhou, é isso mesmo?
- Sim senhor.
- Como um adulto consegue viver aqui sem nunca ter trabalhado?
Ele tinha feito uma boa pergunta. A verdade é que eu já tinha sim trabalhado e por dez anos seguidos, só que provavelmente não era boa ideia colocar minha antiga profissão no currículo, até porque viriam perguntas.
- Tudo bem.- Ele disse ao perceber meu desconforto com a pergunta. - Vou ser sincero, filho. Você parece ser em um ótimo rapaz, mas sem experiência vai ser difícil.
Meu astral foi lá embaixo na hora.
- Mas no anúncio dizia que não precisava de experiência.
- Dizia mesmo, só que eu não esperava tanta gente se candidatando. Teve gente de várias áreas diferentes, com inúmeros anos de mercado, inclusive na área dessa empresa. E você que não é de nenhuma? É difícil.
- Então acho melhor eu ir, não é?
- Se não se incomodar. Sabe, eu fiquei o dia inteiro aqui e não consegui parar pra almoçar ainda.
Depois dessa, eu não tinha muitas opções além de ir embora.
Aquilo havia sido horrível, fiquei a tarde toda naquele lugar e ainda fui dispensado. Provavelmente meus dias em Liandria estavam chegando ao fim... Lena! O que eu iria dizer pra ela? Nesse momento ela devia achar que eu estava sendo um sucesso, e agora teria que voltar pra casa com um "fracassei" estampado na cara.
A essa altura já estava pensando em ganhar a vida fazendo vídeos para internet, esse tipo de coisa estava bastante em alta em todo mundo, principalmente em Liandria, onde as contas de energia eram incrivelmente baixas, o que permitia que alguém ficasse em casa no ar condicionado assistindo alguma coisa o dia inteiro.
Estava pensativo entre ir para casa logo e colocar alguma coisa na tv para tentar esquecer que esse dia acontecera ou ir para algum bar beber pra tentar esquecer de uma maneira "diferente".
Enquanto estava andando pela pensativamente, vi a garota mais uma vez. Ela estava na calçada do outro lado da rua onde eu estava, olhando direto para mim.
- Vá para casa, eu preciso de ajuda.- Ela disse, mas as palavras não saíram direto de sua boca, pareciam mais terem ressoado na minha mente.
Após dizer isso ela simplesmente desapareceu no meio do ar.
Eu não era uma pessoa que acreditava no sobrenatural, mas depois dessa, realmente achava que era melhor voltar para casa.
Já era finzinho de tarde quando voltei até meu prédio e ao chegar no meu apartamento, percebi uma coisa estranha: a porta fora aberta, não foi arrombada, somente aberta e não estava assim quando eu saí. Tinha alguém na casa.
Entrei lentamente e não estava esperando o que iria encontrar. Eu vejo uma garota desmaiada no chão de minha sala, ela estava machucada, usando apenas uma manta suja de sangue. Assim que a virei percebi: ela era a mesma garota que eu vi hoje naquelas "assombrações”.
Quem era ela afinal? Como ela entrou aqui? E o que poderia ter causado isso a ela? Bom, isso não importava, no momento tinha que focar em mantê-la viva. Se eu a levasse pro hospital agora, ela podia morrer de sangramento no meio do caminho. Já sei, os primeiros socorros, pensei. Por sorte eu tinha um kit desses em casa, coisas que quem trabalhava no meu antigo emprego costumava ter.
- Você ainda carrega culpa, não é? Por isso quer ajudar todo mundo que puder.- Uma voz feminina disse isso.
Eu olhei para frente e vi uma mulher parada no canto da sala nos observando. Ela era alta e estava usando um manto todo preto com o capuz abaixado, o que possibilitava ver seu rosto com clareza. Ela era realmente bonita, porém assustadora. Tinha cabelos escuros longos e olhos pretos, porém esses olhos eram sinistros, como se desse pra ver que ela não representava algo bom só pelo olhar. Eu já havia visto um olhar assim antes.
- Quem é você?- Perguntei.
Ela andou na minha direção e eu não tive força para mover um único músculo, como se a presença dela fosse tão poderosa que não me deixasse fazer isso. Quando chegou perto o suficiente, ela simplesmente colocou a mão no meu ombro.
- Salve-a, senão ela vai morrer.
- Eu já ia fazer isso antes de você vir aqui me incomodar, sua enxerida!
Provavelmente não era muito inteligente falar assim com alguém que me tinha nas mãos, mas ao invés de fazer algo ruim ela apenas sorriu.
- Só quero que você saiba que no final ela vai voltar pra mim, isso é inevitável.
Após dizer isso, ela simplesmente desapareceu. Não tinha como negar, eu estava bem assustado naquele momento, mas agora que conseguia mexer meu corpo de novo, dei atenção para a garota, senão ela ia mesmo morrer, assim como aquela mulher falou.
Fui até meu quarto e peguei um kit de primeiros socorros que estavam debaixo da cama. Então fiz o tratamento da garota no mesmo lugar onde ela estava. Não a levei para o quarto pois movê-la podia piorar seus ferimentos.
Eu estava terminando de enfaixá-la até que ela acordou em meus braços. Sem dizer uma palavra, a garota me olhou de cima a baixo, como se estivesse avaliando se eu era uma ameaça ou não.
- Que bom que você acordou. Sabe, eu acho que a última coisa que eu esperava que fosse acontecer hoje era encontrar uma garota desmaiada na minha sala.
Eu tentei quebrar o gelo, mas ela não teve nenhuma reação.
- Você pode me dizer quem é você e de onde veio?- Perguntei.
Antes que ela tivesse a chance de responder alguém bateu na porta. Ao atendê-la, me deparei com dois militares. Algum vizinho deve ter visto aquela garota estranha entrar na minha casa e chamado a polícia. Mas por que m****r militares? Pra lidar com uma garotinha? Não era meio demais? Sem contar que depois de Elícia, onde tivesse dedo do exército de Liandria no meio eu ficava desconfiado.
- Boa noite. Senhor Aleña?- Perguntou o soldado.
- Eu mesmo. Olha, se tiver alguma coisa a ver com aquela menina deitada no meu chão, eu juro que não faço ideia de como ele foi parar ali.
- Tudo bem, senhor. Viemos buscá-la.
Mostrei a garota pra eles.
- Ela está ali. Tomem cuidado, ela está machucada.
Assim que os soldados entraram na casa, a garota finalmente teve alguma expressão, só que era de pânico.
- Não…- Ela disse baixinho.
Uau, ela falava! Que surpresa. Mas o que me preocupava era: O que esses soldados queriam com ela?
- Com licença. Eu poderia saber onde os senhores vão levá-la?.- Perguntei.
- Assunto confidencial.- Disse um dos soldados. - O senhor ajudou essa garota?
- Sim. Algum problema?- Respondi.
- Sinto muito, mas o senhor terá que vir conosco também.
Algo me dizia que eles não iriam nos levar para um hospital.
Eu não pude acreditar no que aconteceu a seguir...Os dois soldados se aproximaram da garota, mas antes de chegarem muito perto, foram repelidos por algum tipo de energia que foi tão poderosa que fez os dois voarem longe. Os soldados rapidamente se levantaram e sacaram seus fuzis, prontos para atirar. Infelizmente pra eles, os canos de suas armas começaram a entortar até ficarem completamente envergados. O que quer que essa garota fosse, eu entendia agora porque tinham militares atrás dela. Os dois soldados jogaram suas armas no chão e tentaram mais uma investida contra a menina, puxando facas e correndo em sua direção novamente, porém de alguma forma o chão se abriu em volta da perna dos soldados, agarrando-as. Provavelmente o pessoal do andar de baixo estava tendo uma vista meio curiosa em seu teto. Os fuzis que os soldados tinham jogado no chão começaram a flutuar. Eu estava esperando que a menina fuzilasse eles ali mesmo, mas ela apenas os bateu na cabeça dos soldados, desmaiando-os. Eu tinha a impressão de que ela poderia tê-los matado se quisesse, mas essa nunca foi sua intenção.
Ela se virou para mim. Eu provavelmente deveria estar mais aterrorizado do que estava agora, mas de certa forma eu sabia que ela não ia me fazer mal nenhum. Ela não parecia ser má, diferente da outra mulher de agora a pouco.
- V- Você é uma feiticeira?- Perguntei para a menina.
Por mais que dissessem que as feiticeiras tenham sido extintas, pra mim era a única explicação plausível para alguém fazer algo assim.
Ela se aproximou em minha direção, eu recuei um pouco, mas percebi que ela não iria me atacar. Na verdade, se fosse pra me fazer mal ela poderia abrir o chão de novo ou fazer minha cortina virar algum monstro e me atacar ou algo do tipo.
Ela então botou suas mãos em meu rosto e eu vi tudo. Ela passou a vida inteira em um laboratório. Ela literalmente passava o dia todo sedada, dentro de uma cápsula com tubos por todo seu corpo que drenavam seu poder. Na verdade, até para alimentação e evacuação eles usavam tubos. Desde que recebeu os poderes de feiticeira, ela nunca saiu daquela cápsula. Ela vivia o inferno na terra. Uma criança não deveria passar por isso. Um dia, simplesmente acordou dentro da cápsula e usou seus poderes pra se libertar. Assim como fez aqui, ela derrubou um por um os soldados do laboratório e após sair de lá andou poucas quadras até chegar aqui.
Isso era tudo que tinha pra mostrar, então ela se afastou.
- Mas por que? Por que vir pra cá? Por que eu?
- Desculpe, mas me disseram pra vir pra cá.
- Quem disse?
- Foram as vozes.- Ela respondeu, mas eu ainda não estava entendendo absolutamente nada.
- Como?
- Vozes na minha cabeça disseram para vir pra cá, que você era o único na área que não iria me fazer mal e nem me entregaria para o exército se soubesse quem eu sou. O laboratório fica aqui perto, elas me guiaram até chegar aqui. Eu não podia ir mais longe que isso desse jeito.
Ótimo, pensei. Desde quando me tornara modelo de civilidade? De todas as pessoas nos arredores, só eu que não a faria mal? Quer dizer, eu sei que todos odeiam as feiticeiras e tal, mas após ver o que eu vi, ainda teriam coragem de entregá-la pro exército? Além do mais, eu não sabia de nenhum laboratório aqui perto.
- Temos que fugir.- Ela disse.
Bom, nisso ela estava certa, daqui a pouco mais soldados viriam e acabaria tendo um batalhão inteiro no meu apartamento. Na verdade, era um milagre terem vindo somente dois deles. Provavelmente, eles receberam uma denúncia de uma menina estranha e mandaram dois idiotas para conferir se era a feiticeira e caso fosse chamariam o batalhão todo, mas não tiveram tempo pra isso.
Porém quanto mais tempo se passasse e eles não tivessem voltado, iriam perceber que havia algo errado e iriam m****r mais soldados, e agora eu estava envolvido nisso também... Mesmo se eu desse pra trás agora, como eu iria explicar esses dois soldados caídos na minha sala? Eles queriam me levar só por saberem que eu ajudei a feiticeira. Mas agora não era hora de ficar pensando tanto, tinha que sair desse lugar e logo.
- Vamos. - Disse para a garota.
Eu dei um dos meus casacos a ela para que se trocasse, ele era tão grande nela que parecia um vestido. Não era o ideal, mas era melhor que aquele avental ensanguentado. Então pegamos o elevador e descemos até o estacionamento.
A primeira coisa que vi quando desci ao estacionamento foram os seguranças desmaiados no chão, isso me deixou bastante apreensivo. A partir daí dei cada passo cautelosamente, olhando para os lados para prevenir que ninguém me fizesse um ataque surpresa. Felizmente isso não aconteceu.Ao chegar perto do meu carro, vejo uma mulher apoiada em sua lateral, claramente estava nos esperando. Ela aparentava ter a minha idade mais ou menos, além disso tinha cabelos loiros presos em um rabo de cavalo e olhos castanhos. Eu sabia exatamente quem era. Quer dizer, não a pessoa, mas pra quem ela trabalhava. Seu terno preto não mentia.- Olá.- Ela disse cordialmente.&nb
Eu adorava o ar da Cidade Central, pena que ele estava contaminado pelo cheiro podre de liandrianos.As ruas estavam com muito mais soldados do que de costume e isso era graças a visita do grão general Heutz, a pessoa que comandava todo o exército de Liandria, o segundo homem mais importante do país, abaixo apenas da presidente. Os soldados estavam em peso pra garantir que ninguém atentasse contra sua vida, até porque qualquer porco militar de Liandria era odiado por aqui, o que poderia se dizer do porco mais importante?Eu ainda era uma criança de oito anos quando o meu país foi anexado por Liandria, há 20 anos atrás. Eu vi a guerra devastar a minha cidade e tirar tudo de
Estava em um grande conflito.Me encontrava debruçada na sacada do Palácio presidencial olhando para o céu, reflexiva, talvez esperando que eu alguma resposta milagrosamente caísse de lá. Eu sabia o que estava pra acontecer e não me sentia confortável com isso, na verdade, a cada dia que se passava eu ficava cada vez menos satisfeita com Liandria e seus planos imperialistas por debaixo dos panos. Tinha acabado de voltar da minha cerimônia de promoção, onde dei um discurso na frente de centenas de pessoas prometendo que cuidaria do povo de Luniantes e traria paz, o que era exatamente o oposto do que Heutz planejava. E diferente dele, eu me sintia mal mentindo. Fritz e eu estávamos em uma sala separada do Eulenbau. Parecia uma sala normal, mas era onde Brandt guardava todas as armas dos corujas, ele as colocava dentro de um freezer que não funcionava mais. No momento escolhiamos quais usar nessa noite, mas pra falar a verdade estávamos conversando ao invés de fazer qualquer outra coisa. - Lembra daquela garota de ontem que conhecemos no bar? Ela se interessou em você. Devo dar seu número à ela?- Perguntou Fritz. - Não precisa se dar ao trabalho. - Tem certeza? Ela é bonita. - Por que você não sai com ela então? - Eu Klaus
Estava em uma batalha difícil. Eu era bem forte, mas Heutz parecia estar em outro nível. Era como se ele tivesse a leitura perfeita dos meus ataques, não me permitindo acertar nenhum. Além disso, seus contra ataques sempre eram rápidos e perigosos, me dando muito trabalho para defender. - Pensei que você fosse mais do que isso, Ophelia. Aquele rapaz não lutou nada pior que você. Inclusive eu tenho que ir atrás dele, por isso vou terminar isso rápido. A primeira coisa que eu vi quando acordei foi Brandt sentando em uma cadeira em frente à cama que eu estava deitado, me observando. Estávamos em um quartinho velho, provavelmente na cidade baixa.- Você acordou.- Por quanto tempo eu dormi?- Só por algumas horas. Agora se não for muito incômodo, você pode me dizer por que tem uma general de Liandria no quarto ao lado? E por que você pediu pra cuidarmos dela ao invés de a matarmos?- Ela me ajudou a sair daqueles esgotos.- É quase um insulto... De todos nossos irmãos que estavam lá ontem, você salva uma maldita soldado liandrina?- Disse Brandt indignado. Estávamos a mais de um dia inteiro na estrada, pena que minha companheira de viagem não era das mais divertidas. A menina feiticeira ficou quieta praticamente o tempo inteiro, só falando para pedir pra ir ao banheiro e de vez em quando pra perguntar se faltava muito pra chegarmos. Finalmente havíamos chegado na minha cidade natal, uma pequena cidadezinha no interior de Luniantes. Eu fui embora há 10 anos atrás para ir me aventurar em Liandria e era meio estranho voltar assim de repente, mas não havia outro lugar pra onde fugir com essa garota. Em nenhum outro lugar iriam me acolher como aqui. - Chegamos.- Falei. - É diferente da Cidade Capital. Os prédios são menores e tem menos gente.- Klaus
Morelo
Era engraçado como um soldado treinado para encarar todo tipo de perigo e que até já havia ido pra uma guerra, estava completamente apavorado para sair com uma garota. Só que não era qualquer garota... Era Lena. Estava meio precário de roupa, já que quando fugi do meu apartamento com Cara não parei para pegar nenhuma, além do casaco que ela estava usando. Então eu acabei tendo que usar as daqui mesmo, o problema era que elas eram da época que eu tinha no máximo 18 anos. O fato disso ter sido há 10 anos atrás reduzia bastante minhas escolhas, já que algumas camisas estavam desbotadas, algumas calças rasgadas, algumas não me cabiam mais, ou simplesmente eram muito infantis pra um adulto usar. No fim eu encontrei dentro do meu antigo guarda roupa um smoking que pertencia ao meu pai, ele me