Íris

Mais um final de expediente, confesso que estou cansada, tanto que sinto o meu coração acelerar.

Sem corrida nem nada.

Assim que chego em casa, encontro a minha irmã Mayra na sala.

— Eu já marquei o vosso encontro — diz ela sentada na sala.

— Que encontro? — pergunto sonolenta.

— Com o seu querido noivo — diz ela.

— Você não seria capaz de fazer isso — Digo.

— Sinto muito, você sabe da regra da nossa família e tens passado muito dos limites, já tens 24 anos Íris, o teu noivado já tinha que estar marcado.

— Não é pra tanto Mayra, o Limite é até aos 25 anos, não?

— O noivado também conta! Vamos cumprir as regras por favor.

— Claro, quem é ele?

Ela me entregou um envelope com arquivos dentro.

— O que é isso??

— Toda informação que você precisa de saber sobre ele.

Abro a pasta e me deparo com uma foto de um cara muito feio.

— Ele não deveria ser mais velho? — digo, lento todas as informações.

— Ele é, vê a data de nascimento dele.

— Mas ele parece um adolescente nerd — digo incrédula.

— Vosso encontro será amanhã às 8h da noite.

— Preciso mesmo fazer isso? — pergunto.

— Sim, não tem outra escolha.

A minha irmã sai e vai sobe as escadas, o meu cunhado Kevin aparece atrás de mim com bebendo uísque.

Avaliada em 1,5 milhão de libras (R$ 9,2 milhões). Com o preço atual, o uísque Single Malt da destilaria The Macallan, esse é o Kevin, o homem grande e em grandes momentos sozinho.

— Tenho mesmo que fazer isso? — pergunto ao Kevin a minha frente.

Com uma mão no bolso, deu um gole na sua bebida e olhou para mim.

— Eu creio que sim, mas se não quiser, vai ter que fazer a mesma! — responde.

— Isso é um pesadelo acordada — retruco.

— Ainda bem, já tá na hora de dormir, quer dizer que a noite de sono será maravilhosa.

— você já olhou para a cara dele, é um adulto de 33 anos com rosto de um adolescente nerd.

— Estás a ser preconceituosa Íris.

— As vezes precisa-se.

— Vá dormir, amanhã o dia será longo.

— Não por favor, não quero acordar sério!

— Cruz credo vira essa boca prá lá.

— Força de expressão, desculpa — digo subindo as escadas.

— Feliz noite Íris.

— Feliz noite Kevin — Digo, e perco ele de vista.

A casa está silenciosa, a mais barulhenta está fazendo noite no hospital, se dependesse dela, estaríamos a fazer alguma atividade em família, eu e a Mayra dissemos sempre que não, mas o Kevin toma sempre em todas as nossas brincadeiras e ideias malucas, ele parece mais nosso irmãos do que a Mayra.

Mas por favor não contem isso a ela.

Entro no meu quarto e começo a tirar a roupa, no banheiro olho para a cicatriz no meu peito e toco nela com os meus dedos suavemente, é estranho como a ciência pode ser tão incrível e assustadora ao mesmo tempo, eu podia escolher remover a cicatriz, mas isso significaria esquecer o que aconteceu, e sinceramente eu não quero fazer isso.

Depois de um banho fico de pijama deitada na cama, essa é a vida de uma mulher que vive a moda antiga, sem redes sociais ou quaisquer coisas do gênero.

Ter uma família tradicional e reservada tem muitos custos, pena que não podemos escolher quem seremos ou onde nascemos, por que de certeza que não estaria aqui.

Na manhã seguinte acordo com um raio de sal no rosto, o quarto antes escuro começou a ficar iluminado, as persianas estavam se abrindo.

Isso significa que é hoje, o maldito dia que tenho evitando durante a minha vida toda.

Conhecer o meu atual marido.

Então eu me levanto para tomar o café em família, como todas as manhãs.

— Bom dia a todos — digo ainda sonolenta.

— Não teve uma noite de sono tranquila? — Pergunta a Mayra.

— Nem por isso, tive pesadelos — Digo.

— Com o homem adulto com cara de adolescente nerd? — Perguntou o Kevin.

— Isso mesmo, ele me mete arrepios — digo, estremecendo o corpo.

— Para com isso, ele deve ser um cara legal, tenho certeza que você vai gostar dele.

— Estás a pedir muito não? — Pergunto a Mayra.

— Tens que pelo menos gostar do homem com quem vais te casar, no mínimo isso Íris.

— Nem todos temos a honra de casar com um Italiano com raizes americanas mana, você não faria esforço para amar esse homem aqui — digo, apontando com a torrada para o Kevin.

O Kevin se estica e come parte da minha torrada amanteigada.

— Seu... — Digo, ameaçado-o com um murro.

— Eu sei, isso é incrível — retruca a Mayra.

Me levanto da mesa e coloco a cadeira no local.

— Eu vou para o meu quarto, tenho coisas para fazer mais logo.

— Não vai terminar o café da manhã? — Pergunta a Kevin.

— Não, estou sem apetite — Digo.

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