Eu já não estava nervosa nem com medo, pelo menos não por mim, a Mayra está grávida e não suportaria que acontecesse algo com ela enquanto eu estivesse aqui, por culpa minha.
Depois que o Juíz me chamou, eu vi, a minha família, procurei pela Mayra mais ela não estava, talvez eles não devem ter contado.Assim que a Luz e o Kevin olharam para mim, desataram a chorar. Eu chorei junto, nunca tinha ficado longe por tanto tempo assim das minhas irmãs, ou pelo menos sem falar com elas por 2 meses e agora que elas sabem onde estivesse esse tempo todos, isso me dá muita vergonha e me parte o coração ver eles chorando por minha causa.O Julgamento começou, e a Vanessa olhava para mim com ódio e repulsa, ela tinha os seus motivos, eu não julgava mas a entendia perfeitamente, era o seu filho, e a sua própria vida. Ela contou toda a história na sua verdadeira e única versão, não tinha como debater, eu era culpada por aquele e outros crimes.Assim que ela saiu, foi— Soltem a minha mulher, soltem ela, ela não fez nada soltem ela, Íris — grita o meu cunhado Henriques.Ele realmente não tem o mínimo de respeito e vergonha nessa cara. Mas do jeito que ele estava, notava-se que já não se cuidava tanto quanto antes. Parecia ter envelhecido mas 5 anos em apenas dois meses, faz tanto tempo que não o vemos. Ele notou que nós estávamos presentes e perguntou o que aconteceu e porquê ela foi julgada, ele mesmo não faz ideia ou está apenas brincando com a nossa cara?— Você faz isso propositalmente? — perguntou o meu cunhado Kevin, agarrando pela gola da camisa.— Eu não sei o que está acontecendo, o que ela fez? — pergunta para a sua amada amante — respondi. Puxei o Kevin antes que os guardas o fizessem. Caminhávamos até a saída, mas antes de sair disse para ele. — 12 anos de prisão, por causa de uma noite com essa mulher, você tirou 12 anos da minha irmã, Henriques estou tão arrependida de ter feito o que f
ÍRIS Como é que se começa de novo? Como é fazer as coisas do zero? Eu já tinha a minha vida construída e bem definida, as infelizmente, eu pós tudo a perder quando coloquei alguém no centro da minha vida. 5horas antes. — Finalmente chegou a hora, você está pronta? — Perguntou a outra presidiária que partilha a sela comigo. — Estou sim, faz um tempo que estou esperando por esse dia, estou mais do que pronta — respondi. — A tua família vai ficar muito feliz ao ver você, depois de 3 anos você recusando as suas visitas constantes — diz ela, andando de um lado para o outro. — É vergonhoso vir parar aqui pelas razões que eu vim, preferia ter roubado, eu não conseguiria olhar sempre para os olhos deles, a minhas irmãs são tudo o que eu tenho — digo, dobrando a última peça de roupa e colocando na mochila. — Você tem razão, mas aposto que eles devem estar a tua espera. — Eu não contei nada a eles, hoje é o aniversário do meu sobrinho, então devem estar ocupados preparando a
— Quê? Que história é essa? — Faz três anos que fui diagnosticado com câncer, a tua irmã tem-me acompanhado, mas eu já disse que não quero operar, a tua família tem sido maravilhosa comigo, não podia ter pedido melhor. — O senhor pode parar de falar como se tivesse se despedindo? Tem que ter outra solução, o senhor não pode tomar essa decisão sem antes falar comigo. — Eu nunca contei como a Rayna morreu, ela também tinha câncer de estomago estágio 4, ela quis se juntar a sua mãe, as duas foram muito cedo, e isso me deixou sem esperança, te conhecer, fez com que eu quisesse morrer de forma natural, porque naquele dia, eu estava disposto a pular daquele prédio, Íris, Íris dos meus olhos, por favor, não lute por mim, eu quero e preciso estar com a minha família, pelo menos no meu túmulo, eu vou ficar bem — falou e o seu rosto se iluminou. — Como posso olhar para o senhor assim, morrendo, meu coração não vai suportar ver mais alguém morrer e eu não fazer nada — falo, chorando. El
Como se reage a uma situação desse tipo, eu não faço ideia de como fazer isso de novo. Eu deveria mostrar algum tipo de atitude, afinal é a minha irmã que eu não vejo há 4 anos e 4 meses, ela se recusou a nos ver, deve estar com raiva de mim, afinal de contas, ela foi obrigada a casar com alguém que não queria e eu a motivei para que isso acontecesse. 6 Anos antes Estávamos todos reunidos na sala, quando de repente a Íris entra murmurando alguma coisa. — O que foi? — Pergunta a Mayra fazendo ioga no meio da sala. E eu sentada no sofá ao lado dela. Ela vira a cabeça e olha para nós e o cabelo vai parar ao rosto, assopra com a intenção de tira-lo da frente, mas falhou. Parece que isso deixou mais irritada. E então ela começou a choramingar. — O que aconteceu — Perguntei, colocando uma colher de gelado na boca. Sinceramente parece que estou debochando dela. — Não quero-me casar — diz ela, entrando depressa, como se tivesse fugindo de alguém. — Hã é isso, achei que já tinh
A reação da minha irmã me deixou com uma dor imensa no peito, ela não tem culpa de nada disso, infelizmente nascemos em uma família com extremos e não sabemos como lidar com isso, sofremos imenso com todas essas regras descabidas e totalmente arcaicas, não podemos continuar assim, mas também não quero aliviar a carga das minhas queridas primas. Se eu e a minha irmã sofremos, todos precisam sofrer da mesma forma. — Temos uma reunião de família amanha — diz a Mayra. Isso ainda me deixa muito desconfortável, ao ouvir essa palavra, imagino em tudo o que aconteceu antes. — Eu não vou — diz a Luz — não tenho nada para fazer lá. E um silêncio ecoou na mesa enquanto almoçávamos. — Tu vais sim, temos muito para falar lá, na cara de todos — digo. Eu não vou deixar as minhas irmãs fugirem, pelo menos não por minha causa, tudo já estava dando errado pelo menos que seja pelos nossos feitos, e não por decisões de outros em nossas vidas, como sempre aconteceu. — Tens certeza? Não precis
A minha tia-avó é uma velha de 79 anos, a mais velha da família, seu primeiro marido morreu aos 39 anos, enquanto ela tinha os seus 17 anos, já grávida voltou a se casar com a segunda opção, mas ele também morreu, aos 40 anos, tia Laura tinha 37 anos, com os seus 5 filhos, o Lourenço, o Leonardo, Lionel e a última a favorita de todas, a mais exemplar de todas, Liliana. Aquela que faz tudo perfeito e que orgulha, a sua mãe e irmão, a jovem senhora que se casou aos 21 anos, tem um casamento super feliz, aos seus 25 anos teve gémeos, a Lana e a Laura, sim nessa família todas as iniciais são com a letra L, eu já acho isso bem cafona, sei que as minhas irmãs pensam o mesmo. Mas nem todos os seus filhos tiveram grandes feitos assim. A Elena, sua primeira filha, do seu primeiro marido, aquela que teve a vida amargurada pela própria mãe, nunca chegou a se casar, ficou toda a sua vida naquela mansão imensa sob os cuidados de sua mãe e todos os seus empregados. Essa mulher não consegue ser mais
Íris Com que então eu fui traída e enganada pela minha própria irmã. Eu não conseguia pensar em mais nada, apenas nas palavras da tia-avó Laura e dos meus tios. E a Mayra que não parava de chorar ao meu lado, mesmo depois de todos eles já terem-se retirado. — Porquê fez isso comigo? — Pergunto a minha irmã. Ela fica em silêncio por breves minutos, e então enxuga as lágrimas e olha mim de cima. — Não podia permitir que aqueles dois destruíssem você, presa e divorciada, isso seria demais Íris. — Então que deixasses eu ser destruída por eles, eu saberia como me reerguer depois. — Não é assim tão simples, se todo mundo soubesse que a Doutora Íris matou alguém, a tua carreira como médica estaria totalmente arruinada e eu como tua irmã mais velha não podia permitir. Todos dias enquanto estive presa pensei muito sobre isso, se queria mesmo voltar a ser médica ou não, se queria voltar para essa família ou podia começar de
Já se passaram 10 dias desde o funeral do senhor José, voltei a trabalhar no hospital e tudo parecia em ordem, ainda contínuo brigada com a Mayra, a convivência tem sido estranhamente desconfortável, já pensei muitas vezes em ir viver com a Maria, as infelizmente não posso. Eles iam á minha busca no mesmo momento, como aconteceu há 15 anos.Há 15 anos, quando tentei fugir pela 2 vez, fui para África do Sul, fiquei na casa de uma família anfitriã por 4 meses, foi o máximo que eu consegui.Há 15 anos.Sempre tive curiosidade em descobri como são as outras famílias, se eram tão rígidas como a nossa também, ou só deu má sorte mesmo e nasci em uma família complicada mesmo.Tive a ideia brilhante de falsificar a assinatura da minha avó para documento