Como se reage a uma situação desse tipo, eu não faço ideia de como fazer isso de novo. Eu deveria mostrar algum tipo de atitude, afinal é a minha irmã que eu não vejo há 4 anos e 4 meses, ela se recusou a nos ver, deve estar com raiva de mim, afinal de contas, ela foi obrigada a casar com alguém que não queria e eu a motivei para que isso acontecesse. 6 Anos antes Estávamos todos reunidos na sala, quando de repente a Íris entra murmurando alguma coisa. — O que foi? — Pergunta a Mayra fazendo ioga no meio da sala. E eu sentada no sofá ao lado dela. Ela vira a cabeça e olha para nós e o cabelo vai parar ao rosto, assopra com a intenção de tira-lo da frente, mas falhou. Parece que isso deixou mais irritada. E então ela começou a choramingar. — O que aconteceu — Perguntei, colocando uma colher de gelado na boca. Sinceramente parece que estou debochando dela. — Não quero-me casar — diz ela, entrando depressa, como se tivesse fugindo de alguém. — Hã é isso, achei que já tinh
A reação da minha irmã me deixou com uma dor imensa no peito, ela não tem culpa de nada disso, infelizmente nascemos em uma família com extremos e não sabemos como lidar com isso, sofremos imenso com todas essas regras descabidas e totalmente arcaicas, não podemos continuar assim, mas também não quero aliviar a carga das minhas queridas primas. Se eu e a minha irmã sofremos, todos precisam sofrer da mesma forma. — Temos uma reunião de família amanha — diz a Mayra. Isso ainda me deixa muito desconfortável, ao ouvir essa palavra, imagino em tudo o que aconteceu antes. — Eu não vou — diz a Luz — não tenho nada para fazer lá. E um silêncio ecoou na mesa enquanto almoçávamos. — Tu vais sim, temos muito para falar lá, na cara de todos — digo. Eu não vou deixar as minhas irmãs fugirem, pelo menos não por minha causa, tudo já estava dando errado pelo menos que seja pelos nossos feitos, e não por decisões de outros em nossas vidas, como sempre aconteceu. — Tens certeza? Não precis
A minha tia-avó é uma velha de 79 anos, a mais velha da família, seu primeiro marido morreu aos 39 anos, enquanto ela tinha os seus 17 anos, já grávida voltou a se casar com a segunda opção, mas ele também morreu, aos 40 anos, tia Laura tinha 37 anos, com os seus 5 filhos, o Lourenço, o Leonardo, Lionel e a última a favorita de todas, a mais exemplar de todas, Liliana. Aquela que faz tudo perfeito e que orgulha, a sua mãe e irmão, a jovem senhora que se casou aos 21 anos, tem um casamento super feliz, aos seus 25 anos teve gémeos, a Lana e a Laura, sim nessa família todas as iniciais são com a letra L, eu já acho isso bem cafona, sei que as minhas irmãs pensam o mesmo. Mas nem todos os seus filhos tiveram grandes feitos assim. A Elena, sua primeira filha, do seu primeiro marido, aquela que teve a vida amargurada pela própria mãe, nunca chegou a se casar, ficou toda a sua vida naquela mansão imensa sob os cuidados de sua mãe e todos os seus empregados. Essa mulher não consegue ser mais
Íris Com que então eu fui traída e enganada pela minha própria irmã. Eu não conseguia pensar em mais nada, apenas nas palavras da tia-avó Laura e dos meus tios. E a Mayra que não parava de chorar ao meu lado, mesmo depois de todos eles já terem-se retirado. — Porquê fez isso comigo? — Pergunto a minha irmã. Ela fica em silêncio por breves minutos, e então enxuga as lágrimas e olha mim de cima. — Não podia permitir que aqueles dois destruíssem você, presa e divorciada, isso seria demais Íris. — Então que deixasses eu ser destruída por eles, eu saberia como me reerguer depois. — Não é assim tão simples, se todo mundo soubesse que a Doutora Íris matou alguém, a tua carreira como médica estaria totalmente arruinada e eu como tua irmã mais velha não podia permitir. Todos dias enquanto estive presa pensei muito sobre isso, se queria mesmo voltar a ser médica ou não, se queria voltar para essa família ou podia começar de
Já se passaram 10 dias desde o funeral do senhor José, voltei a trabalhar no hospital e tudo parecia em ordem, ainda contínuo brigada com a Mayra, a convivência tem sido estranhamente desconfortável, já pensei muitas vezes em ir viver com a Maria, as infelizmente não posso. Eles iam á minha busca no mesmo momento, como aconteceu há 15 anos.Há 15 anos, quando tentei fugir pela 2 vez, fui para África do Sul, fiquei na casa de uma família anfitriã por 4 meses, foi o máximo que eu consegui.Há 15 anos.Sempre tive curiosidade em descobri como são as outras famílias, se eram tão rígidas como a nossa também, ou só deu má sorte mesmo e nasci em uma família complicada mesmo.Tive a ideia brilhante de falsificar a assinatura da minha avó para documento
LuzTudo está muito mais difícil, incluído a Íris, eu sei e entendo por tudo o que ela está a passar, não deve ser nada fácil descobrir que durante anos pensando que estava solteira, afinal de conta foi traída também pela irmã, mantendo um vínculo de casamente com o homem que traiu você com a sua suposta prima. Ela tem andado como se fosse um zombie, sem mostrar emoção nenhuma e completamente infeliz.— Temos coisas para fazer mais tarde — Diz a Mayra. Enquanto estamos todos juntos a mesa, apenas ela estava falando, o restante mexia apenas os talheres.— Estou falando do aniversário da Tia-avó Laura, logo a noite temos que ir comemorar o seu aniversário de 80 anos — disse ela.E o silêncio permaneceu.— Eu sei que errei, mas por favor alguém diga alguma coisa,
Íris15 Anos antesFoi fácil adaptar-me a essa família, eles são muito carinhosos e livres, talvez por isso tenham tanta dor de cabeça com o seu filho mais velho Orian. Ainda não tivemos tempo de nos conhecermos, mas também não estou curiosa.Em um pleno sábado, enquanto a família preparava-se para ir a igreja.— Deixei tudo preparado ai na geladeira, qualquer coisa é só tirar e aquecer, tudo bem querida? — Diz a senhora Sara.— Tudo bem sim e obrigada — Respondo.— Vamos mamãe, não gosto de chegar atrasado — diz o Liam.Eles saíram e eu fui a posta acenar para eles.Tinha a casa só para mim por algumas horas, como será que a minha família está? Devo ligar? Eles devem estar bem, não pr
— Só chegou agora? Precisamos ir — falo para a Íris, andando despreocupada.Ela parece mais cansada que o normal. Abatida, tristonha.— Onde você foi? — Perguntou a Mayra.Ela parou de subir as escadas finalmente e virou-se para olhar para nós. Respirou fundo preparando-se para responder, quando inesperadamente o senhor Daniel entra com duas grandes malas.— De quem é isso? — Perguntei. E ele olhou para nós e permaneceu calado.O que fez a Íris respirar fundo outra vez levantando a cabeça olhando para o alto.— Levas as malas para o meu quarto — disse ela, olhando para o mordomo e depois para mim — posso continuar em teu quarto?— Sim claro. Mas de quem são essas malas? A Maria vai ficar um tempo connosco? — Pergunto.— Olá Luz — diz o homem atrás de mim. Me viro e vejo um homem que com o tempo, parece ter ficado mais jovem. Era para ter crescido.— O que você faz aqui? — Pergunto.