A minha tia-avó é uma velha de 79 anos, a mais velha da família, seu primeiro marido morreu aos 39 anos, enquanto ela tinha os seus 17 anos, já grávida voltou a se casar com a segunda opção, mas ele também morreu, aos 40 anos, tia Laura tinha 37 anos, com os seus 5 filhos, o Lourenço, o Leonardo, Lionel e a última a favorita de todas, a mais exemplar de todas, Liliana. Aquela que faz tudo perfeito e que orgulha, a sua mãe e irmão, a jovem senhora que se casou aos 21 anos, tem um casamento super feliz, aos seus 25 anos teve gémeos, a Lana e a Laura, sim nessa família todas as iniciais são com a letra L, eu já acho isso bem cafona, sei que as minhas irmãs pensam o mesmo. Mas nem todos os seus filhos tiveram grandes feitos assim. A Elena, sua primeira filha, do seu primeiro marido, aquela que teve a vida amargurada pela própria mãe, nunca chegou a se casar, ficou toda a sua vida naquela mansão imensa sob os cuidados de sua mãe e todos os seus empregados. Essa mulher não consegue ser mais
Íris Com que então eu fui traída e enganada pela minha própria irmã. Eu não conseguia pensar em mais nada, apenas nas palavras da tia-avó Laura e dos meus tios. E a Mayra que não parava de chorar ao meu lado, mesmo depois de todos eles já terem-se retirado. — Porquê fez isso comigo? — Pergunto a minha irmã. Ela fica em silêncio por breves minutos, e então enxuga as lágrimas e olha mim de cima. — Não podia permitir que aqueles dois destruíssem você, presa e divorciada, isso seria demais Íris. — Então que deixasses eu ser destruída por eles, eu saberia como me reerguer depois. — Não é assim tão simples, se todo mundo soubesse que a Doutora Íris matou alguém, a tua carreira como médica estaria totalmente arruinada e eu como tua irmã mais velha não podia permitir. Todos dias enquanto estive presa pensei muito sobre isso, se queria mesmo voltar a ser médica ou não, se queria voltar para essa família ou podia começar de novo em outro lugar qualquer, ter uma vida nova e regida c
Íris Já se passaram 10 dias desde o funeral do senhor José, voltei a trabalhar no hospital e tudo parecia em ordem, ainda contínuo brigada com a Mayra, a convivência tem sido estranhamente desconfortável, já pensei muitas vezes em ir viver com a Maria, as infelizmente não posso. Eles iam á minha busca no mesmo momento, como aconteceu há 15 anos. Há 15 anos, quando tentei fugir pela 2 vez, fui para África do Sul, fiquei na casa de uma família anfitriã por 4 meses, foi o máximo que eu consegui. Há 15 anos. Sempre tive curiosidade em descobri como são as outras famílias, se eram tão rígidas como a nossa também, ou só deu má sorte mesmo e nasci em uma família complicada mesmo. Tive a ideia brilhante de falsificar a assinatura da minha avó para documentos de intercâmbio, naquela parecia uma ideia de génio, e nunca me arrependi de tê-la tido. Economizei a minha mesada durante 3 meses, era suficiente para o que precisasse, comprei uma passagem de avião e uma autorização falsa da minha a
Luz Tudo está muito mais difícil, incluído a Íris, eu sei e entendo por tudo o que ela está a passar, não deve ser nada fácil descobrir que durante anos pensando que estava solteira, afinal de conta foi traída também pela irmã, mantendo um vínculo de casamente com o homem que traiu você com a sua suposta prima. Ela tem andado como se fosse um zombie, sem mostrar emoção nenhuma e completamente infeliz. — Temos coisas para fazer mais tarde — Diz a Mayra. Enquanto estamos todos juntos a mesa, apenas ela estava falando, o restante mexia apenas os talheres. — Estou falando do aniversário da Tia-avó Laura, logo a noite temos que ir comemorar o seu aniversário de 80 anos — disse ela. E o silêncio permaneceu. — Eu sei que errei, mas por favor alguém diga alguma coisa, por favor — diz ela novamente. — Estou cheia— diz a Íris, levantando-se. — Não faz isso por favor, a minha presença incomoda tanto assim você? Eu saio se for o caso — diz ela, se levantando. Ela respira fundo e fecha os o
Íris 15 Anos antes Foi fácil adaptar-me a essa família, eles são muito carinhosos e livres, talvez por isso tenham tanta dor de cabeça com o seu filho mais velho Orian. Ainda não tivemos tempo de nos conhecermos, mas também não estou curiosa. Em um pleno sábado, enquanto a família preparava-se para ir a igreja. — Deixei tudo preparado ai na geladeira, qualquer coisa é só tirar e aquecer, tudo bem querida? — Diz a senhora Sara. — Tudo bem sim e obrigada — Respondo. — Vamos mamãe, não gosto de chegar atrasado — diz o Liam. Eles saíram e eu fui a posta acenar para eles. Tinha a casa só para mim por algumas horas, como será que a minha família está? Devo ligar? Eles devem estar bem, não preciso ligar, se não eles vão saber onde estou. Coloco os meus fones de ouvido, e uma música bem alta enquanto tomo o café-da-manhã, cereais adoces e açucarados, faz um tempo que não os como, na verdade nunca os comi, a minha avó é bem restrita quanto a minha alimentação. Desde pequena, fui diagn
Luz — Só chegou agora? Precisamos ir — falo para a Íris, andando despreocupada. Ela parece mais cansada que o normal. Abatida, tristonha. — Onde você foi? — Perguntou a Mayra. Ela parou de subir as escadas finalmente e virou-se para olhar para nós. Respirou fundo preparando-se para responder, quando inesperadamente o senhor Daniel entra com duas grandes malas. — De quem é isso? — Perguntei. E ele olhou para nós e permaneceu calado. O que fez a Íris respirar fundo outra vez levantando a cabeça olhando para o alto. — Levas as malas para o meu quarto — disse ela, olhando para o mordomo e depois para mim — posso continuar em teu quarto? — Sim claro. Mas de quem são essas malas? A Maria vai ficar um tempo connosco? — Pergunto. — Olá Luz — diz o homem atrás de mim. Me viro e vejo um homem que com o tempo, parece ter ficado mais jovem. Era para ter crescido. — O que você faz aqui? — Pergunto. Olhei para a Mayra e a Íris também olhou para ela. — Eu não sabia de nada,
Íris Na noite anterior Estou a ficar cada vez mais fraca, a tontura que tive ontem está cada vez mais notório. Não sou muito boa a fazer isso e todo mundo sabe, quem cuidava de mim era a minha avó, ela sempre o fez, e como é que eu volto a pedir a ajuda da Mayra se eu pedi para ficar longe das minhas coisas? Respirei fundo e ouvi a porta a bater. — Entra — respondi. E vejo o Henriques entrar no quarto. — Está tudo bem? Ignoro completamente a sua pergunta e me viro para olhar outra vez para cima. — O que você quer? — Saber de você, o teu quase desmaio me deixou preocupado. — Disse que estava bem, porquê insiste? Quer cuidar de mim agora? — Quero sim, o que foi? Tem alguma coisa errada? — Está tudo bem. Não precisa estar preocupado — me viro para o outro lado da cama — pode sair agora? Eu sei exatamente como é esse homem, nunca aceita ser o que não sabe das coisas, nem um “não” como resposta. Ele saiu, eu achei que foi para o seu quarto, mas momentos depois volta com uma b
Hoje é meu dia de folga, e sendo sincera não me apetece ir a lugar nenhum. Tinha planos de ir até a biblioteca, mas só de pensar na noite de ontem, fico com muita vergonha de sair. — Porque ainda está de pijama? — Pergunta o Kevin. — Depois do que aconteceu ontem, eu não saio de casa — digo, me e sento no sofá. — O que aconteceu ontem? Respirei fundo. — Ele voltou — digo. O Kevin ficou parado, tentando decifrar quem é o “ele”. Até que a sua ficha caiu realmente. — Hé… — Nem precisa terminar esse nome, aquela velha me paga eu juro — falo, dando um murro na almofada. E ele riu de mim. — Agora que ele está de volta o pensas em faz? — Perguntou. — Evitar o máximo possível, afinal de contas, ele é o namorado da minha melhor amiga! O Kevin olhou para mim arregalando os olhos. E então eu percebi o meu erro. — Quer dizer da Gabriela — retruco. — Evitar não é a solução certa, se a tua avó trouxe ele de volta para ti é porque vocês têm que se casar, vocês precisam falar, e tu prec