Luz
— Onde você está? — Pergunta a Gabriela pelo telefone. — Estou a caminho, já estou chegando, eu prometo que não demoro nadinha — digo. — Despacha mesmo, estou sofrendo — diz ela, a seguir desliga o telemóvel. Minutos depois chego ao seu apartamento. Eu bato a porta, e ela abre, como se estivesse me esperando sentada na porta. — O que você faz aí no chão? — Estava esperando por ti, demorou uma eternidade para chegar. Geralmente a Gabriela é muito vaidosa, sempre arrumada e cheirosa, mas hoje ela parece completamente acabada. — O que foi que aconteceu? — pergunto. Parece que a minha pergunta foi um gatilho direto para ela começar a chorar. Eu apenas fiz uma simples pergunta. Ela se levanta do chão a chorar e me abraça. — Para de chorar e conta logo o que aconteceu — digo, retribuindo o abraço. — Ele… Ele… terminou comigo — responde ela, soluçando. — E por isso você está chorando assim? A minha pergunta deixa ela irritada, pelo menos fi-la parar de chorar. — Sua insensível — Diz ela, suando o nariz. — Eu achei que aconteceu alguma coisa muito grave — Digo. — Isso é grave, a minha vida amorosa está acabada— retruca, começando a chorar outra vez. — Tá, desculpa, eu sinto muito amiga, mas vocês terminaram porquê? — Ele vai se casar com outra mulher – diz ela. — podes parar de chorar por favor, isso é muito idiota — digo, segurando nos seus ombros e sacudindo ela — você está chorando por alguém que usou você durante todo esse tempo? — Ele está a ser obrigado a ficar com ele, eu sei que ele me ama. Digo ou não a ela? Melhor não, posso ser mal vista ou interpretada. — Vem cá — puxo ela para o meu colo — Tudo vai ficar bem, você vai encontrar alguém melhor vais ver. — Eu não quero alguém melhor, eu quero ele. — Gabriela vai a mer… não, não ferra com a minha paciência por favor, eu acho isso bem exagerado. Se ele realmente amasse você ninguém o obrigaria a se casar. — Você não sabe de nada, nunca namorou! — não precisa, mas sou inteligente o bastante para não ficar chorando pelo noivo da outra. — Você me chamou de burra? Fiquei calada, dizem que quem cala consente! — porquê você não responde? — ela se levanta do meu colo — Então Luz? Você é minha melhor amiga, que mal me chamar assim. — Então se concentra por favor, chorar não vai trazer ele de volta. E se fizéssemos alguma coisa? — Tipo oque? — Vamos a minha casa, podes ficar por lá nesse final de semana, não quero te deixar sozinha, podes acabar ligando para ele e pedir para voltar. — vontade não falta — Retruca. — Faz as malas, eu espero por você, mas por favor, não demore. — eu prometo que não. Duas horas depois. — Gabriela você só pode estar de brincadeira. — Estou sendo o mais rápida possível, afinal de conta é a grande família Sharonstone, não é sempre que somos convidadas para lá. — Nós teoricamente crescemos juntas, isso não faz sentido ser dito por ti. — Eu sei, só quis ser autêntica. — Deveria ser atriz, está perdendo tempo na medicina. — Que gracinha – diz ela, puxando uma maleta, bem pesada pelos vistos. — São só dois dias mulher! — reparo, olhando para ela e para a mala. ela sabe que não a estou a convidar para viver como? Ou tenho que a lembrar. — eu sou mulher, aqui tem tudo o que eu uso em casa, meus próprios produtos e roupas diversas, para casa e saídas, nunca se sabe quando vamos precisar. — Ainda bem que eu sou mulher — Digo Chamo o motorista para nos ajudar a levar a mala dela para baixo. Já em casa, os empregados acomodam a Gabriela no seu quarto, enquanto eu fico esperando a Íris chegar, mas apenas o Luís chega com um táxi. Eu corro para fora, curiosa para saber como foi o encontro. Eu acho o Luís para dentro, nós sentamos na sala e ele me contatou tudo o que aconteceu, e ele me mostrou uma foto, parecendo que tinham acabado de se beijar. — Isso é verdade mesmo? — Sim senhora, eu tirei a foto com as ordens da senhora Mayra. — Essa foto está perfeita — Digo. — envia ela para mim por favor. Ele me contou cada detalhe do que aconteceu no encontro às cegas da minha querida mana mais velha, e eu não podia estar mais feliz.Eu contei tudo a Ele, sobre a minha família, sobre o noivado planejado desde que nasci, sobre o encontro de hoje, tudinho, o senhor José tem ganhado um lugar especial em meu coração, eu consigo ver ele como um pai, mesmo sabendo que ele enxerga em mim a sua falecida filha, eu não me importava se isso fizesse com que ele se sentisse melhor. Todas as semanas eu visito ele, porque tem sempre algo para contar. — e vocês se beijaram? – pergunta ele curioso. — não, sem beijo, como poderia fazer isso com alguém que eu não conheço e nunca vi na minha vida — disse, abanando as mãos em sinal de reprovação. — Tá mas ele é teu noivo, embora essa história não faça muito sentido e esteja meio confusa — diz ele coçando a cabeça— então os teus pais já escolheram noivos para as três e uma de vocês já é casada? — isso mesmo, é bem simples de entender, essa é uma das tradições exageras da família Sharonstone, é o nosso normal, todos os tios, avós e bisavós casaram dessa mesma forma. — E como é
Luz Já lá se vai uma semana, finalmente tivemos a honra de conhecer o Henriques, o meu outro cunhado, ele parece ser boa gente, embora não temos convivido por muito tempo, de qualquer coisa vamos acabar vivendo todos juntos espero eu, e o mais saudável seria se nós nos déssemos todos bem, para viver em completa paz e harmonia, até chegar a minha vez de ser empurrada do precipício ao casamento. A Gabriela ainda continua triste por causa do rompimento do namoro, como ela pode ainda pensar nele, ele estava noivo enquanto namoravam e ela ainda fica esperançosa que ele volte e peça desculpas, isso é parvo. Mas não posso dizer o que penso em voz alta por causa da nossa amizade. Mas um dia eu terei que falar. Durante a organização da festa de noivado estava tudo correndo as mil maravilhas, tudo estava perfeito e bem feito, acabamos por organizar mesmo no imenso jardim que temos em casa, com a ajuda da Daniela, organizar tudo se tornou mais divertido e rápido também, eu gostaria qu
Íris Era tudo o que me faltava, além de estar podre, amassada estou toda babada e o homem com quem vou me casar está diante de mim. Isso é muito embaraçoso. — Oquê que você faz aqui? — pergunto, me sentando na cama. — Eu vim buscar a minha noiva, os meus pais estão esperando por você — Diz ele com as duas mãos no bolso. — Vou demorar um pouco para me preparar, então vai lá, não deixa eles sozinhos — Respondi me levantando da cama. — Prefiro ficar aqui, eles são um pouco chatos — Diz ele se sentando na cama. Ele tá se sentando na minha cama? — O que você está fazendo? — pergunto surpresa. — Oque foi? — Pergunta ele confuso. — Sai da minha cama agora. Ele bufou. — Vocês são sempre assim... Esperou ele que eu terminasse a frase. — Assim como? — Tão anos 90— falou— Estamos no século 21, vocês precisam se soltar mais. — Ainda dá tempo de cancelar toda essa brincadeira. — Não, agora que eu te conheci, estou curioso para saber mais sobre... Ele ficou me olh
— Você tem certeza que ela não está aí? — tenho, tenho sim, mas oque está acontecendo afinal de conta? — A Íris não voltou desde..., ela deve ter feito alguma coisa. — onde vocês estão agora eu vou até vocês. — estamos indo até ao cemitério, ela deve ter ido à capa da vovó. — faz sentido eu estou indo para lá. Não deixem de me avisar se por acaso acontecer alguma coisa. — Combinado! Encerramos a ligação, e a Mayra fica olhando para mim e para estrada esperando alguma resposta da minha parte. — ele disse que não a vê desde ontem à noite, e não está no hospital. — então ela deve estar lá — ela pisou ainda mais no acelerador do carro, fazendo-o indo mais rápido. — Mayra vai com calma por favor — disse, com medo. Em que momento é que a nossa família começou a ficar desse jeito? Quando é que começamos a perder o controlo das coisas e principalmente das nossas emoções? Será que tudo isso vem para nos prejudicar ou nos para ficarmos mais fortes. Em menos tempo do qu
Eu já não estava nervosa nem com medo, pelo menos não por mim, a Mayra está grávida e não suportaria que acontecesse algo com ela enquanto eu estivesse aqui, por culpa minha. Depois que o Juíz me chamou, eu vi, a minha família, procurei pela Mayra mais ela não estava, talvez eles não devem ter contado. Assim que a Luz e o Kevin olharam para mim, desataram a chorar. Eu chorei junto, nunca tinha ficado longe por tanto tempo assim das minhas irmãs, ou pelo menos sem falar com elas por 2 meses e agora que elas sabem onde estivesse esse tempo todos, isso me dá muita vergonha e me parte o coração ver eles chorando por minha causa. O Julgamento começou, e a Vanessa olhava para mim com ódio e repulsa, ela tinha os seus motivos, eu não julgava mas a entendia perfeitamente, era o seu filho, e a sua própria vida. Ela contou toda a história na sua verdadeira e única versão, não tinha como debater, eu era culpada por aquele e outros crimes. Assim que ela saiu, foi a minha vez, não havia mui
— Soltem a minha mulher, soltem ela, ela não fez nada soltem ela, Íris — grita o meu cunhado Henriques. Ele realmente não tem o mínimo de respeito e vergonha nessa cara. Mas do jeito que ele estava, notava-se que já não se cuidava tanto quanto antes. Parecia ter envelhecido mas 5 anos em apenas dois meses, faz tanto tempo que não o vemos. Ele notou que nós estávamos presentes e perguntou o que aconteceu e porquê ela foi julgada, ele mesmo não faz ideia ou está apenas brincando com a nossa cara? — Você faz isso propositalmente? — perguntou o meu cunhado Kevin, agarrando pela gola da camisa. — Eu não sei o que está acontecendo, o que ela fez? — pergunta para a sua amada amante — respondi. Puxei o Kevin antes que os guardas o fizessem. Caminhávamos até a saída, mas antes de sair disse para ele. — 12 anos de prisão, por causa de uma noite com essa mulher, você tirou 12 anos da minha irmã, Henriques estou tão arrependida de ter feito o que fiz para vocês ficarem juntos, o se eu
ÍRIS Como é que se começa de novo? Como é fazer as coisas do zero? Eu já tinha a minha vida construída e bem definida, as infelizmente, eu pós tudo a perder quando coloquei alguém no centro da minha vida. 5horas antes. — Finalmente chegou a hora, você está pronta? — Perguntou a outra presidiária que partilha a sela comigo. — Estou sim, faz um tempo que estou esperando por esse dia, estou mais do que pronta — respondi. — A tua família vai ficar muito feliz ao ver você, depois de 3 anos você recusando as suas visitas constantes — diz ela, andando de um lado para o outro. — É vergonhoso vir parar aqui pelas razões que eu vim, preferia ter roubado, eu não conseguiria olhar sempre para os olhos deles, a minhas irmãs são tudo o que eu tenho — digo, dobrando a última peça de roupa e colocando na mochila. — Você tem razão, mas aposto que eles devem estar a tua espera. — Eu não contei nada a eles, hoje é o aniversário do meu sobrinho, então devem estar ocupados preparando a
Íris — Quê? Que história é essa? — Faz três anos que fui diagnosticado com câncer, a tua irmã tem-me acompanhado, mas eu já disse que não quero operar, a tua família tem sido maravilhosa comigo, não podia ter pedido melhor. — O senhor pode parar de falar como se tivesse se despedindo? Tem que ter outra solução, o senhor não pode tomar essa decisão sem antes falar comigo. — Eu nunca contei como a Rayna morreu, ela também tinha câncer de estomago estágio 4, ela quis se juntar a sua mãe, as duas foram muito cedo, e isso me deixou sem esperança, te conhecer, fez com que eu quisesse morrer de forma natural, porque naquele dia, eu estava disposto a pular daquele prédio, Íris, Íris dos meus olhos, por favor, não lute por mim, eu quero e preciso estar com a minha família, pelo menos no meu túmulo, eu vou ficar bem — falou e o seu rosto se iluminou. — Como posso olhar para o senhor assim, morrendo, meu coração não vai suportar ver mais alguém morrer e eu não fazer nada — falo, chorand