Luz
O turno foi cansativo, e ainda tenho que estudar para a cirurgia daqui a dois dias, eu me sinto muito carregada. Entro na sala dos médicos e encontro todo mundo a arrumar as suas coisas para ir embora. Olho para o celular e vejo, são 09h da manhã, o próximo turno já vai entrar daqui a meia hora, vejo o dia e me lembro. — Hoje é o dia do encontro da Íris — sussurro — será que ela está animada? Enquanto falava sozinha, vinha atrás de mim a minha amiga, que acaba me assustando. — Com quem estás a falar? — sussurrou no meu ouvido. — Aí Gabriela, quer me matar de susto? — pergunto. — Desculpa, não sabia que estava tão distraída assim — diz ela, abrindo o seu cacifo do outro lado da parede. — Hoje a Íris finalmente vai ter o seu tão odiado encontro, quero saber como será. — De certeza que não será romântico — retruca. — Estou mesmo curiosa para saber como será o Americano, a única que o conhece e a Mayra — Digo. — Americano? —Sim, eles todos têm uma coisa em comum conosco, duas nacionalidades. — Mas afinal, porque vossos pais escolheram vossos maridos? Isso é muito estranho, onde fica o amor nessa história? — Amor? Não sei, mas os zeros continuam a aumentar — digo debochando. — Todos são ricos? — pergunta. — Não sei, mas posso afirmar que feios de certeza que não são — retruco, fechando o armário. Estávamos saindo quando ela pergunta. — E o seu noivo? Você já conhece? — sim, mas só de longe. — E ele conhece você? — Não, provavelmente não, e ainda bem. — porquê? — perguntou ela parada a minha frente — Ele é feio? — Não, de longe, só não quero ainda, é cedo demais para isso — Digo. Continuamos a nossa caminhada em silêncio, era bom estar em silêncio, ela falava muito. Assim que chego em casa não vejo ninguém, provavelmente todos já saíram. Começo a subir as escadas e vejo a Mayra para a porta do quarto da Íris e o Kevin parado na parede observando a sua mulher a ouvir na porta. — O que vocês estão fazendo — pergunto. — Shiiiii — diz ela, sem olhar para mim, atenta na porta. — Ela está curiosa para saber como é que a Íris vai vestida ao encontro. — Não é mais fácil entrar e você mesma lhe preparar? — Ela não vai deixar isso acontecer, é bem provável que a expulse do quarto— diz o Kevin. E nesse momento a porta a porta abre e a Mayra acaba caindo ao chão, mas levantasse logo em seguida. — O que vocês fazem aqui? — Perguntou a Íris parada na porta. — Eu estou expiando você — diz a Mayra. — Eu vim ver a Mayra expiando você! — diz o Kevin Ela olhou para mim, esperando uma resposta. — Nem vem, eu acabei de chegar — digo. — Eu estou indo dormir, fiquei aí se quiserem — diz ela. — Eu também vou dormir, tenho muito sono — digo andando. — E eu vou trabalhar — Diz o Kevin — Tenha um ótimo dia meu bem — beijando a testa da Mayra. Descendo as escadas ele diz. — Tchau Luzinha. — Tchau Kevinho — retruco entrando no meu quarto. Fecho a porta do quarto e vou direito para o banheiro, tiro a roupa e entro para o chuveiro, deixo a água escorrer pelo corpo, sem precisar fazer esforço algum, estou tão cansada e poderia dormi aqui mesmo. Saio do banho coloco o primeiro pijama que encontro no imenso guarda-roupa do meu clouset e me jogo na cama. Quando acordo olho pela janela e já é noite, desço as escadas vou para a cozinha e invado a geladeira. — Estou morrendo de fome — Digo a cozinheira preparando o jantar. — A senhora quer comer alguma coisa em específico? — Não, só comida mesmo — retruco. — Então eu preparo algo para a senhora. E nesse momento o mordomo entra na cozinha. — Boa noite senhora! — diz ele, parado na porta, antes de dar mais algum passo. — Boa noite senhor Daniel Recebo uma mensagem da minha amiga Gabriela. SMS: Você pode vir cá em casa? Eu preciso de você por favor. Pulo da cadeira e vou correndo para sala, mas acabo me deparando com uma mulher descendo as escadas vestida e cheirando a rica. Mas afinal o que está acontecendo aqui, essa é a minha irmã? Ela passa por nós sem dizer uma palavra sequer. — O que aconteceu aqui? — pergunta o Kevin. A Mayra piscou os olhos três vezes seguidas, pensando que estivesse a ver coisas. — Eu nem quero saber. Corro pelas escadas, indo para o meu quarto me preparar.Íris Todo mundo achou que eu estive a dormir, mas eu fiquei durante horas andando de um lado para o outro, sentando e levantando da cama olhando para o guarda-roupa pensando no que vestir, em como me comportar olhando sempre para ficheiro dele e para o guarda-roupa na sequência. Eu não acredito que vou fazer isso... E se eu me vestir como essas mulheres exibicionistas? Será suficiente para assustar ele e não querer se casar comigo? Ninguém gosta de mulheres assim, quem sabe funcione. Abri o lado do guarda-roupa onde ficam os vestidos pretos, tirei o vestido mais simples e caro que estava ali, obviamente não foi comprado por mim, foi um presente da minha irmã Mayra, ela é sempre em alta com esse tipo de coisas, roupas, acessórios, sapatos caros, entendo super esse casal, ela é o Kevin fazem o par perfeito. Não precisava de muita coisa, só as mais caras que tinha, resumindo tudo que tenho. Brincos, vestido, perfumes, sapatos e o carro. Tudo em mim precisava estar acima
Luz — Onde você está? — Pergunta a Gabriela pelo telefone. — Estou a caminho, já estou chegando, eu prometo que não demoro nadinha — digo. — Despacha mesmo, estou sofrendo — diz ela, a seguir desliga o telemóvel. Minutos depois chego ao seu apartamento. Eu bato a porta, e ela abre, como se estivesse me esperando sentada na porta. — O que você faz aí no chão? — Estava esperando por ti, demorou uma eternidade para chegar. Geralmente a Gabriela é muito vaidosa, sempre arrumada e cheirosa, mas hoje ela parece completamente acabada. — O que foi que aconteceu? — pergunto. Parece que a minha pergunta foi um gatilho direto para ela começar a chorar. Eu apenas fiz uma simples pergunta. Ela se levanta do chão a chorar e me abraça. — Para de chorar e conta logo o que aconteceu — digo, retribuindo o abraço. — Ele… Ele… terminou comigo — responde ela, soluçando. — E por isso você está chorando assim? A minha pergunta deixa ela irritada, pelo menos fi-la parar de chorar. —
Eu contei tudo a Ele, sobre a minha família, sobre o noivado planejado desde que nasci, sobre o encontro de hoje, tudinho, o senhor José tem ganhado um lugar especial em meu coração, eu consigo ver ele como um pai, mesmo sabendo que ele enxerga em mim a sua falecida filha, eu não me importava se isso fizesse com que ele se sentisse melhor. Todas as semanas eu visito ele, porque tem sempre algo para contar. — e vocês se beijaram? – pergunta ele curioso. — não, sem beijo, como poderia fazer isso com alguém que eu não conheço e nunca vi na minha vida — disse, abanando as mãos em sinal de reprovação. — Tá mas ele é teu noivo, embora essa história não faça muito sentido e esteja meio confusa — diz ele coçando a cabeça— então os teus pais já escolheram noivos para as três e uma de vocês já é casada? — isso mesmo, é bem simples de entender, essa é uma das tradições exageras da família Sharonstone, é o nosso normal, todos os tios, avós e bisavós casaram dessa mesma forma. — E como é
Luz Já lá se vai uma semana, finalmente tivemos a honra de conhecer o Henriques, o meu outro cunhado, ele parece ser boa gente, embora não temos convivido por muito tempo, de qualquer coisa vamos acabar vivendo todos juntos espero eu, e o mais saudável seria se nós nos déssemos todos bem, para viver em completa paz e harmonia, até chegar a minha vez de ser empurrada do precipício ao casamento. A Gabriela ainda continua triste por causa do rompimento do namoro, como ela pode ainda pensar nele, ele estava noivo enquanto namoravam e ela ainda fica esperançosa que ele volte e peça desculpas, isso é parvo. Mas não posso dizer o que penso em voz alta por causa da nossa amizade. Mas um dia eu terei que falar. Durante a organização da festa de noivado estava tudo correndo as mil maravilhas, tudo estava perfeito e bem feito, acabamos por organizar mesmo no imenso jardim que temos em casa, com a ajuda da Daniela, organizar tudo se tornou mais divertido e rápido também, eu gostaria qu
Íris Era tudo o que me faltava, além de estar podre, amassada estou toda babada e o homem com quem vou me casar está diante de mim. Isso é muito embaraçoso. — Oquê que você faz aqui? — pergunto, me sentando na cama. — Eu vim buscar a minha noiva, os meus pais estão esperando por você — Diz ele com as duas mãos no bolso. — Vou demorar um pouco para me preparar, então vai lá, não deixa eles sozinhos — Respondi me levantando da cama. — Prefiro ficar aqui, eles são um pouco chatos — Diz ele se sentando na cama. Ele tá se sentando na minha cama? — O que você está fazendo? — pergunto surpresa. — Oque foi? — Pergunta ele confuso. — Sai da minha cama agora. Ele bufou. — Vocês são sempre assim... Esperou ele que eu terminasse a frase. — Assim como? — Tão anos 90— falou— Estamos no século 21, vocês precisam se soltar mais. — Ainda dá tempo de cancelar toda essa brincadeira. — Não, agora que eu te conheci, estou curioso para saber mais sobre... Ele ficou me olh
— Você tem certeza que ela não está aí? — tenho, tenho sim, mas oque está acontecendo afinal de conta? — A Íris não voltou desde..., ela deve ter feito alguma coisa. — onde vocês estão agora eu vou até vocês. — estamos indo até ao cemitério, ela deve ter ido à capa da vovó. — faz sentido eu estou indo para lá. Não deixem de me avisar se por acaso acontecer alguma coisa. — Combinado! Encerramos a ligação, e a Mayra fica olhando para mim e para estrada esperando alguma resposta da minha parte. — ele disse que não a vê desde ontem à noite, e não está no hospital. — então ela deve estar lá — ela pisou ainda mais no acelerador do carro, fazendo-o indo mais rápido. — Mayra vai com calma por favor — disse, com medo. Em que momento é que a nossa família começou a ficar desse jeito? Quando é que começamos a perder o controlo das coisas e principalmente das nossas emoções? Será que tudo isso vem para nos prejudicar ou nos para ficarmos mais fortes. Em menos tempo do qu
Eu já não estava nervosa nem com medo, pelo menos não por mim, a Mayra está grávida e não suportaria que acontecesse algo com ela enquanto eu estivesse aqui, por culpa minha. Depois que o Juíz me chamou, eu vi, a minha família, procurei pela Mayra mais ela não estava, talvez eles não devem ter contado. Assim que a Luz e o Kevin olharam para mim, desataram a chorar. Eu chorei junto, nunca tinha ficado longe por tanto tempo assim das minhas irmãs, ou pelo menos sem falar com elas por 2 meses e agora que elas sabem onde estivesse esse tempo todos, isso me dá muita vergonha e me parte o coração ver eles chorando por minha causa. O Julgamento começou, e a Vanessa olhava para mim com ódio e repulsa, ela tinha os seus motivos, eu não julgava mas a entendia perfeitamente, era o seu filho, e a sua própria vida. Ela contou toda a história na sua verdadeira e única versão, não tinha como debater, eu era culpada por aquele e outros crimes. Assim que ela saiu, foi a minha vez, não havia mui
— Soltem a minha mulher, soltem ela, ela não fez nada soltem ela, Íris — grita o meu cunhado Henriques. Ele realmente não tem o mínimo de respeito e vergonha nessa cara. Mas do jeito que ele estava, notava-se que já não se cuidava tanto quanto antes. Parecia ter envelhecido mas 5 anos em apenas dois meses, faz tanto tempo que não o vemos. Ele notou que nós estávamos presentes e perguntou o que aconteceu e porquê ela foi julgada, ele mesmo não faz ideia ou está apenas brincando com a nossa cara? — Você faz isso propositalmente? — perguntou o meu cunhado Kevin, agarrando pela gola da camisa. — Eu não sei o que está acontecendo, o que ela fez? — pergunta para a sua amada amante — respondi. Puxei o Kevin antes que os guardas o fizessem. Caminhávamos até a saída, mas antes de sair disse para ele. — 12 anos de prisão, por causa de uma noite com essa mulher, você tirou 12 anos da minha irmã, Henriques estou tão arrependida de ter feito o que fiz para vocês ficarem juntos, o se eu