Naquela noite, na mansão.Dois casais apaixonados estavam sentados na sala de estar, atentos à tela da televisão, que permanecia fixa no canal de notícias. Alguns minutos depois, o telejornal começou. O destaque do dia era o programa mais aguardado por todos: Tábata foi presa! Durante a transmissão, reprisaram mais uma vez a cena cômica de Tábata sendo levada pela polícia. Era tão ridículo que continuava sendo impossível não rir ao assistir. — Ei? Esse policial bonitão me parece tão familiar... Acho que já o vi em algum lugar... — Samara murmurou, pressionando o dedo indicador contra o queixo. De repente, seus olhos brilharam com uma lembrança. — Ah, lembrei! Foi na festa de aniversário da dona Glória! Ele estava sentado ao meu lado e até conversou comigo... Antes que pudesse terminar a frase, Benjamin a interrompeu com um olhar sombrio. Ele não resistiu e segurou seu queixo delicado, cobrindo seus lábios rosados com um beijo dominador e ardente, carregado de uma pitada de ciúm
— Tiago, nesse momento, deu entrada no hospital. Pode até não estar realmente doente, mas, no mínimo, está tentando se esconder da confusão. — Disse Olívia.Charles concordou com um aceno de cabeça. — Assim que o Ministério Público der início às investigações e convocar Tiago, ele vai alegar problemas de saúde para evitar qualquer interrogatório. — Porra... Que velho filho da puta! — Benjamin rosnou entre os dentes, com um olhar cheio de indignação. — Benjamin, o que é uma... "Orgia"? — Samara perguntou, piscando os olhos grandes e inocentes, como se realmente não tivesse ideia do que estava falando. A garota sabia exatamente como pegar no ponto certo. Deixou os três calados por um instante. Benjamin pigarreou, tentando esconder o constrangimento, e apertou suavemente a bochecha de Samara. — Cof cof... Depois, no quarto, com a porta fechada, eu te explico direitinho. A transmissão do jornal chegou ao fim. Os escândalos da família Moura ocuparam um bom tempo do noticiário
Olívia segurou o braço forte de Charles, erguendo as sobrancelhas com confiança. — Contanto que não façamos nenhum movimento agora, mantendo tudo quieto, Diogo vai perder a paciência. Ele vai acabar encontrando uma maneira de lidar com o Gael. …No dia seguinte, a bolsa abriu, e as ações do Grupo Moura despencaram, quase atingindo o limite de queda. Era o tipo de cenário que fazia qualquer acionista sentir um aperto no peito. O caso de Tábata e do marido continuava repercutindo, arrastando junto a reputação da família Moura para o fundo do poço. A confiança no grupo estava tão abalada que o clima dentro da empresa era de total instabilidade. No terceiro dia, Tiago continuava alegando problemas de saúde e seguia internado. Enquanto isso, Jair, o presidente do grupo, foi convocado pelo Ministério Público. No quarto dia, Érico foi cercado pela imprensa durante uma reunião. Era inevitável que perguntassem a ele sobre a situação da família Moura: — Sr. Érico, ouvimos dizer que o
Tábata, com o rosto contorcido de ódio, não conseguia desviar os olhos da expressão fria e calculista de Diogo. — Me ajudar? — Ela riu, uma risada amarga e cheia de rancor. — Eles são monstros, mas você não é? Ah, claro... Você não é um monstro comum. Você é uma cobra! Frio, traiçoeiro e infinitamente mais cruel! Diogo não demonstrou qualquer sinal de irritação. Pelo contrário, o sorriso em seu rosto apenas se ampliou, carregado de sarcasmo. — Eu nunca me considerei um exemplo de virtude, irmã. Mas, veja bem, até mesmo os animais mais desprezíveis têm algum instinto de proteger os seus. Eu, por outro lado, sempre tive dificuldade em ser tão duro com meu próprio sangue. É por isso que estou aqui, para estender uma mão amiga. E, convenhamos, quem mais veio te visitar? Quem mais se lembrou de você neste buraco imundo? Você ainda acredita que faz parte da família Moura? Vendo que Tábata continuava a resistir à sua proposta, Diogo decidiu dar o golpe final. — Pense bem, irmã. Você
Cauã perguntou com cuidado, quase testando o terreno: — Sr. Diogo, aquela maluca... Está disposta a colaborar com o senhor? — Eu pessoalmente fui falar com ela. Como poderia dar errado? — Diogo arqueou uma sobrancelha, exibindo uma confiança que beirava a arrogância. — Então já devo parabenizá-lo antecipadamente. — Respondeu Cauã, com um sorriso servil. — Mais uma pedra no caminho removida. Quando Gael cair, Jair não estará longe de seguir o mesmo destino. E aí, o velho Tiago não terá mais ninguém em quem confiar. Só vai restar o senhor. Toda a família Moura será sua, como se já estivesse no bolso. — Assim espero. — Diogo estreitou os olhos, levantando o olhar para o céu negro e infinito. Seus pensamentos estavam cheios de ambição, mas também de uma sombra de algo mais profundo. — O chefe me deu tudo o que tenho hoje. Só quero garantir que não vou decepcioná-lo. Cauã lembrou-se de algo e apressou-se em informar: — Ah, senhor, acabei de receber uma mensagem. Sua aeronave par
Era Olívia e Charles! Era difícil de acreditar que o sempre elegante e altivo bilionário, acostumado a viver no topo do mundo, estivesse ali, sentado em um carrinho de comida de rua no meio da noite, apenas para acompanhar a mulher que amava. Ele, que só consumia os carboidratos mais refinados, agora devorava com entusiasmo um prato simples de macarrão e ainda deixava Olívia, cheia de energia, enfiar na sua boca um espetinho gorduroso, deixando seus lábios brilhando de óleo. — Está gostoso? — Perguntou Olívia com um sorriso radiante, enquanto pegava um guardanapo para limpar delicadamente os lábios dele. Charles, no entanto, não conseguiu esperar. Assim que os lábios foram limpos, ele inclinou-se e roubou um beijo rápido dos lábios cor-de-rosa dela. — Uma delícia. Com você, qualquer coisa vira o melhor sabor do mundo. O beijo foi tão inesperado e barulhento que pintou um rubor intenso nas bochechas de Olívia, que ficaram tão vermelhas quanto uma maçã. Até a dona do carrinho,
Charles arregalou ligeiramente os olhos, enquanto uma onda de eletricidade percorreu todo o seu corpo, arrepiando-o dos pés à cabeça. Suas mãos quentes seguraram firmemente a nuca dela e, com uma leve pressão, ele aprofundou o beijo, incapaz de controlar seus próprios instintos. A dona do carrinho, ocupada recolhendo os pratos e talheres, fingiu não notar a cena. Mas, claro, sabia muito bem o que estava acontecendo. Aquele beijo doce e apaixonado, cheio de entrega, foi como uma faca atravessando o coração de Diogo. A cena que ele presenciava não só machucava os olhos, mas também rasgava sua alma. Cauã, que também assistia à cena, suspirou pesadamente, a expressão abatida. Sabia que, no mundo, quase tudo era possível de conquistar com esforço e estratégia. Poder, dinheiro, status — tudo podia ser planejado e alcançado. Mas o amor... Ah, o amor era a única exceção. Diogo havia dado tudo de si por aquela mulher, feito o impossível para conquistá-la. E, ainda assim, Olívia havia
Ele sequer teve tempo de voltar para casa e trocar de roupa antes de ser chamado por Tiago para ir ao hospital. Na suíte VIP, Tiago estava fora de si. Ao saber que o Grupo Moura havia perdido dois bilhões em poucos dias, ele começou a andar de um lado para o outro, furioso, até destruir metade do quarto. Mas o dinheiro perdido não era o maior problema. O mais grave era que o escândalo havia afetado diretamente um grande projeto no País F, que estava prestes a começar. A obra foi suspensa, e os órgãos reguladores locais anunciaram uma auditoria completa nas finanças e na legalidade dos contratos do Grupo Moura. Esse golpe era o mais difícil de engolir. — Pai... Calma. Não se exalte, isso faz mal à saúde. — Disse Jair, tentando soar conciliador, mas o tom de sua voz rouca e cansada traía o próprio estado de exaustão. Com o cabelo grudado de suor e a barba por fazer, ele parecia alguém que não dormia há dias. — Dinheiro a gente consegue recuperar, mas se não resolvermos esse problem