Jair ficou com a garganta travada, o rosto tão escuro quanto uma tempestade. Desde pequeno, ele havia sido moldado como o herdeiro natural da família Moura, preparado para comandar com autoridade e respeito. Durante tantos anos no topo, ele jamais havia engolido uma humilhação dessas ou suportado tamanha afronta. — Dido, já que você tem um plano, quando pretende colocá-lo em prática? — Tiago perguntou, ansioso. — Pai, eu posso ajudar a resolver, mas... Com que autoridade devo me apresentar? — Diogo suspirou, aparentando preocupação. — Não tenho ações no Grupo, e isso não é o problema. O principal é que eu sequer tenho um cargo. Se eu for conversar com as autoridades do País F, como devo me apresentar? Apenas como seu filho? — Isso é fácil! — A mão pesada de Tiago pousou sobre o ombro de Diogo com firmeza. — Amanhã mesmo emitirei um documento oficial nomeando você como diretor executivo do Grupo. Você participará das reuniões de alto escalão! E, se conseguir reativar o projeto n
A prisão de Gael virou o assunto mais comentado do país naquela noite. Como era de se esperar, a "brilhante" solução de Tábata para sair dos holofotes foi usar alguém ainda mais idiota e corrupto: Gael, que agora a substituía no centro do escândalo. Mas o maior prejudicado de todos era, sem dúvida, Tiago. O escândalo envolvendo os dois filhos tinha empurrado a família Moura para o fundo do poço. Não bastava Gael ser preso; ele ainda tinha protagonizado um show grotesco ao tirar a cueca em público e ser ridicularizado em rede nacional. Quando Tiago viu a cobertura ao vivo nos noticiários, seu rosto ficou lívido. O corpo perdeu as forças, e ele caiu para trás, como se o coração estivesse falhando. — Pai! Jair tentou correr para ampará-lo, mas Diogo, que estava mais perto, foi mais rápido. — Pai, sente-se! Respire fundo, com calma. — Diogo o ajudou a sentar-se no sofá, enquanto olhava para Jair com expressão de urgência. — Irmão, está esperando o quê? Vai chamar o médico ou nã
— Além disso, o que eu quero é conquistar tudo de forma legítima, passar pela porta da frente. Quero ser “herdeiro” de verdade, e não um presidente apontado pelas costas das pessoas. — Diogo ergueu levemente o queixo, exibindo um sorriso cheio de arrogância e convicção. — O que Jair mais valoriza é o cargo dele como presidente. Se eu puder derrubá-lo com minhas próprias mãos e esmagá-lo sob meus pés, essa será a vingança mais cruel que posso lhe dar. — Hahaha... Acredite, o velho já está começando a detestar o Jair. Esse dia que você tanto espera não vai demorar a chegar! — Cauã respondeu, genuinamente animado pelo chefe. Diogo fechou os olhos por um momento, deixando que uma onda de emoções o atingisse. Por dentro, algo doía como um maremoto prestes a explodir. — Érico sempre teve reservas sobre mim e Vivia. Ele nunca disse nada, mas sei que, no fundo, ele me julga por não ter posição na família Moura, por não ter ações. Ele não confia em mim o suficiente para deixar Vivia comig
Samara levou as mãos à boca, completamente atônita. O que ela tinha acabado de fazer? Desde que Benjamin começou a namorar com ela, nunca mais chegou perto de outra mulher. E agora, ela tinha abraçado outro homem? Será que tinha traído Benjamin? — De-desculpa... — Depois de gaguejar por alguns segundos, ela finalmente soltou um pedido de desculpas, mas nem sabia ao certo para quem estava se desculpando: para Vasco ou para Benjamin. — Srta. Samara, por que está pedindo desculpas? Se alguém aqui deve pedir desculpas, sou eu. Faz três dias que não tenho tempo pra tomar banho, será que não te incomodei com o meu cheiro? — Vasco riu, achando graça da expressão confusa e inocente da garota. — Senhorita! Stéphanie apareceu apressada ao ouvir o barulho. No momento em que viu Vasco, parou abruptamente, surpresa. — Sr. Vasco? O nome saiu de sua boca quase sem pensar. Vasco era conhecido por ser discreto, e poucas pessoas sabiam quem ele realmente era. Stéphanie só o reconheceu porq
Vasco olhou para Stéphanie. Stéphanie olhou de volta para Vasco, a expressão cada vez mais séria. Com um tom grave, perguntou: — Foi o senhor que chamou o Sr. Érico? Vasco arregalou os olhos, assumindo uma postura defensiva e séria: — Ei, não me difama! Sou filho do Érico, mas não sou traidor. Meu coração está com a Vivia, sempre! Stéphanie não conseguiu evitar um sorriso discreto diante da resposta bem-humorada dele e perguntou em voz baixa: — E agora? Abrimos a porta? Vasco enfiou as mãos nos bolsos, soltou uma risada curta e respondeu: — Se você não abrir, quer apostar quanto que meu pai arranca essa porta do lugar? Stéphanie sabia que não podia brincar com alguém do calibre de Érico. Respirou fundo, ajeitou a postura e abriu a porta. O que viu do outro lado a fez engolir em seco. O jardim da elegante mansão branco-esverdeada estava tomado por seguranças da família Bastos, todos de pé, imóveis, formando uma barreira opressiva. Érico estava parado na entrada,
Érico respirou fundo, tentando se controlar, mas o olhar severo e o punho fechado denunciavam sua irritação. Stéphanie, que normalmente não era de se divertir com qualquer coisa, teve que lutar contra a vontade de sorrir ao ver Érico e seu filho trocando farpas. Nesse instante, passos leves e hesitantes ecoaram pela sala. Samara apareceu carregando uma bandeja com xícaras de café, caminhando com cuidado até Érico. Colocou tudo sobre a mesa com delicadeza, antes de falar em um tom suave e educado: — Sr. Érico, Sr. Vasco, por favor, aceitem um café. Érico ergueu os olhos na direção dela, captando a doçura daquela voz meiga e o rosto delicado que parecia ter saído de uma pintura. Ele não conseguiu conter o sorriso caloroso que surgiu em seus lábios. — Ora, Samara? Que surpresa agradável te encontrar aqui. Veio visitar a Vivia? — Eu... Eu... — Samara corou na hora, as bochechas tingindo-se de um vermelho tímido. Ela não era boba, sabia que não podia dizer que estava morando al
— Ah, é? Achei que fosse algo mais sério. — Érico deu de ombros, como se aquilo não fosse grande coisa, e lançou um olhar quase motivador para Vasco. — O Benjamin ainda nem pediu a mão dela oficialmente. Vasco, ter goleiro no gol não quer dizer que não dá pra marcar. Você ainda tem chance. Vasco fechou os olhos e massageou as têmporas, exasperado. Ele queria desaparecer naquele exato momento. Antes que pudesse responder algo, passos rápidos e decididos ecoaram pela sala, interrompendo o clima. — Érico! Que palhaçada é essa de trazer um batalhão pra ocupar o jardim? Vai começar uma guerra, é? — Olívia entrou como um furacão, com uma das mãos na cintura e os olhos faiscando de irritação. Era evidente que o tempo e as mudanças em sua vida a haviam transformado. A Olívia de antes, que temia e evitava confrontar o pai, agora estava firme, confiante. O peso de ser filha de Érico e de lidar com a pressão do poder do Grupo Bastos não a assustava mais. Na noite anterior, enquanto esta
A atmosfera na sala de estar ficou pesada de repente. Vasco sabia que não havia nada que pudesse ser dito para mudar aquela situação. Qualquer tentativa de argumentar só pioraria as coisas. Sem fazer barulho, ele saiu discretamente. Stéphanie também puxou Samara pela mão e deixou o casal e Érico a sós para conversarem. Charles sentia a respiração presa no peito. Sua mão trêmula começou a se mover, quase alcançando a de Olívia, mas ele hesitou no último segundo. Os dedos pararam no ar antes de se fecharem em um punho, frustrados. “Vivia... Eu realmente não quero que você vá.” — Ele murmurava em pensamento. Charles nunca foi um covarde. Quando amava, fazia isso com intensidade, e quando odiava, era com ferocidade. Mas, diante de Érico, havia algo que o esmagava: culpa. Não apenas por tudo o que havia feito com Olívia durante os três anos de casamento, mas também pelo sofrimento que infligira indiretamente ao pai dela. A perda do filho que Olívia carregava, as feridas que ela te