Ele sequer teve tempo de voltar para casa e trocar de roupa antes de ser chamado por Tiago para ir ao hospital. Na suíte VIP, Tiago estava fora de si. Ao saber que o Grupo Moura havia perdido dois bilhões em poucos dias, ele começou a andar de um lado para o outro, furioso, até destruir metade do quarto. Mas o dinheiro perdido não era o maior problema. O mais grave era que o escândalo havia afetado diretamente um grande projeto no País F, que estava prestes a começar. A obra foi suspensa, e os órgãos reguladores locais anunciaram uma auditoria completa nas finanças e na legalidade dos contratos do Grupo Moura. Esse golpe era o mais difícil de engolir. — Pai... Calma. Não se exalte, isso faz mal à saúde. — Disse Jair, tentando soar conciliador, mas o tom de sua voz rouca e cansada traía o próprio estado de exaustão. Com o cabelo grudado de suor e a barba por fazer, ele parecia alguém que não dormia há dias. — Dinheiro a gente consegue recuperar, mas se não resolvermos esse problem
Jair ficou com a garganta travada, o rosto tão escuro quanto uma tempestade. Desde pequeno, ele havia sido moldado como o herdeiro natural da família Moura, preparado para comandar com autoridade e respeito. Durante tantos anos no topo, ele jamais havia engolido uma humilhação dessas ou suportado tamanha afronta. — Dido, já que você tem um plano, quando pretende colocá-lo em prática? — Tiago perguntou, ansioso. — Pai, eu posso ajudar a resolver, mas... Com que autoridade devo me apresentar? — Diogo suspirou, aparentando preocupação. — Não tenho ações no Grupo, e isso não é o problema. O principal é que eu sequer tenho um cargo. Se eu for conversar com as autoridades do País F, como devo me apresentar? Apenas como seu filho? — Isso é fácil! — A mão pesada de Tiago pousou sobre o ombro de Diogo com firmeza. — Amanhã mesmo emitirei um documento oficial nomeando você como diretor executivo do Grupo. Você participará das reuniões de alto escalão! E, se conseguir reativar o projeto n
A prisão de Gael virou o assunto mais comentado do país naquela noite. Como era de se esperar, a "brilhante" solução de Tábata para sair dos holofotes foi usar alguém ainda mais idiota e corrupto: Gael, que agora a substituía no centro do escândalo. Mas o maior prejudicado de todos era, sem dúvida, Tiago. O escândalo envolvendo os dois filhos tinha empurrado a família Moura para o fundo do poço. Não bastava Gael ser preso; ele ainda tinha protagonizado um show grotesco ao tirar a cueca em público e ser ridicularizado em rede nacional. Quando Tiago viu a cobertura ao vivo nos noticiários, seu rosto ficou lívido. O corpo perdeu as forças, e ele caiu para trás, como se o coração estivesse falhando. — Pai! Jair tentou correr para ampará-lo, mas Diogo, que estava mais perto, foi mais rápido. — Pai, sente-se! Respire fundo, com calma. — Diogo o ajudou a sentar-se no sofá, enquanto olhava para Jair com expressão de urgência. — Irmão, está esperando o quê? Vai chamar o médico ou nã
— Além disso, o que eu quero é conquistar tudo de forma legítima, passar pela porta da frente. Quero ser “herdeiro” de verdade, e não um presidente apontado pelas costas das pessoas. — Diogo ergueu levemente o queixo, exibindo um sorriso cheio de arrogância e convicção. — O que Jair mais valoriza é o cargo dele como presidente. Se eu puder derrubá-lo com minhas próprias mãos e esmagá-lo sob meus pés, essa será a vingança mais cruel que posso lhe dar. — Hahaha... Acredite, o velho já está começando a detestar o Jair. Esse dia que você tanto espera não vai demorar a chegar! — Cauã respondeu, genuinamente animado pelo chefe. Diogo fechou os olhos por um momento, deixando que uma onda de emoções o atingisse. Por dentro, algo doía como um maremoto prestes a explodir. — Érico sempre teve reservas sobre mim e Vivia. Ele nunca disse nada, mas sei que, no fundo, ele me julga por não ter posição na família Moura, por não ter ações. Ele não confia em mim o suficiente para deixar Vivia comig
Samara levou as mãos à boca, completamente atônita. O que ela tinha acabado de fazer? Desde que Benjamin começou a namorar com ela, nunca mais chegou perto de outra mulher. E agora, ela tinha abraçado outro homem? Será que tinha traído Benjamin? — De-desculpa... — Depois de gaguejar por alguns segundos, ela finalmente soltou um pedido de desculpas, mas nem sabia ao certo para quem estava se desculpando: para Vasco ou para Benjamin. — Srta. Samara, por que está pedindo desculpas? Se alguém aqui deve pedir desculpas, sou eu. Faz três dias que não tenho tempo pra tomar banho, será que não te incomodei com o meu cheiro? — Vasco riu, achando graça da expressão confusa e inocente da garota. — Senhorita! Stéphanie apareceu apressada ao ouvir o barulho. No momento em que viu Vasco, parou abruptamente, surpresa. — Sr. Vasco? O nome saiu de sua boca quase sem pensar. Vasco era conhecido por ser discreto, e poucas pessoas sabiam quem ele realmente era. Stéphanie só o reconheceu porq
Vasco olhou para Stéphanie. Stéphanie olhou de volta para Vasco, a expressão cada vez mais séria. Com um tom grave, perguntou: — Foi o senhor que chamou o Sr. Érico? Vasco arregalou os olhos, assumindo uma postura defensiva e séria: — Ei, não me difama! Sou filho do Érico, mas não sou traidor. Meu coração está com a Vivia, sempre! Stéphanie não conseguiu evitar um sorriso discreto diante da resposta bem-humorada dele e perguntou em voz baixa: — E agora? Abrimos a porta? Vasco enfiou as mãos nos bolsos, soltou uma risada curta e respondeu: — Se você não abrir, quer apostar quanto que meu pai arranca essa porta do lugar? Stéphanie sabia que não podia brincar com alguém do calibre de Érico. Respirou fundo, ajeitou a postura e abriu a porta. O que viu do outro lado a fez engolir em seco. O jardim da elegante mansão branco-esverdeada estava tomado por seguranças da família Bastos, todos de pé, imóveis, formando uma barreira opressiva. Érico estava parado na entrada,
Érico respirou fundo, tentando se controlar, mas o olhar severo e o punho fechado denunciavam sua irritação. Stéphanie, que normalmente não era de se divertir com qualquer coisa, teve que lutar contra a vontade de sorrir ao ver Érico e seu filho trocando farpas. Nesse instante, passos leves e hesitantes ecoaram pela sala. Samara apareceu carregando uma bandeja com xícaras de café, caminhando com cuidado até Érico. Colocou tudo sobre a mesa com delicadeza, antes de falar em um tom suave e educado: — Sr. Érico, Sr. Vasco, por favor, aceitem um café. Érico ergueu os olhos na direção dela, captando a doçura daquela voz meiga e o rosto delicado que parecia ter saído de uma pintura. Ele não conseguiu conter o sorriso caloroso que surgiu em seus lábios. — Ora, Samara? Que surpresa agradável te encontrar aqui. Veio visitar a Vivia? — Eu... Eu... — Samara corou na hora, as bochechas tingindo-se de um vermelho tímido. Ela não era boba, sabia que não podia dizer que estava morando al
— Ah, é? Achei que fosse algo mais sério. — Érico deu de ombros, como se aquilo não fosse grande coisa, e lançou um olhar quase motivador para Vasco. — O Benjamin ainda nem pediu a mão dela oficialmente. Vasco, ter goleiro no gol não quer dizer que não dá pra marcar. Você ainda tem chance. Vasco fechou os olhos e massageou as têmporas, exasperado. Ele queria desaparecer naquele exato momento. Antes que pudesse responder algo, passos rápidos e decididos ecoaram pela sala, interrompendo o clima. — Érico! Que palhaçada é essa de trazer um batalhão pra ocupar o jardim? Vai começar uma guerra, é? — Olívia entrou como um furacão, com uma das mãos na cintura e os olhos faiscando de irritação. Era evidente que o tempo e as mudanças em sua vida a haviam transformado. A Olívia de antes, que temia e evitava confrontar o pai, agora estava firme, confiante. O peso de ser filha de Érico e de lidar com a pressão do poder do Grupo Bastos não a assustava mais. Na noite anterior, enquanto esta