Gabriel ainda estava imerso no turbilhão de sensações causado pelos intensos hormônios de Gilbert, mas ele não esperava pela reação seguinte. Gilbert sentiu o coração apertar, o peito sufocar, e, com a mão tensa e as veias saltadas, afastou com força os braços de Gabriel, rompendo o abraço de maneira brusca. Gabriel sentiu uma onda de vazio no peito, que se espalhou por todo o corpo, deixando seus membros rígidos e sem ação. — Ele está aqui, tia Maia. — Gilbert respondeu com tranquilidade, o tom neutro como se nada tivesse acontecido. Ele se virou e caminhou até a porta, abrindo-a sem hesitar. Do lado de fora, Maia o esperava com um sorriso no rosto. — Eu sabia que ele estaria por aqui. Dá para perceber de longe que vocês dois se dão muito bem. — Ela comentou, casualmente. Gilbert piscou, quase imperceptivelmente, mas apenas respondeu com um sorriso discreto. — Gabriel, venha comigo. Quero falar com você. — Maia chamou o sobrinho com um gesto, ainda sorrindo. Gabriel sent
A tia Maia tinha razão. No passado, ele foi desregrado, inconsequente, vivendo apenas para aproveitar o momento, sem pensar nas consequências. Gabriel era como um barco à deriva, navegando sem rumo, em busca apenas do prazer imediato. Mas agora, ele queria algo mais. Ele desejava que seu barco errante encontrasse, para sempre, o porto seguro que era Gilbert. No entanto, Maia havia decidido desenterrar o passado, jogá-lo de volta em seu rosto, como uma ferida que não cicatrizava, para arrancá-lo de seus devaneios e trazê-lo de volta à realidade. — Tia, eu... — Gabriel, o que você fazia lá fora, como vivia, como se divertia, não era problema meu. Seu pai e seu irmão nunca se importaram, e, como eu me casei e saí da sua casa, também não era da minha conta. — Maia estreitou os olhos, o tom severo e direto. — Mas Gilbert é o pilar da nossa família Bastos. Ele é o filho mais velho, o herdeiro em quem seu tio depositou todas as esperanças. Você não tem o direito de envolvê-lo nos seus
Jair causou um grande problema ao ordenar a demolição forçada do vilarejo para construir o resort. A confusão foi enorme, e ele estava completamente perdido, sem saber como lidar com a situação. A crise de imagem só não tomou proporções maiores porque Tiago conseguiu abafá-la a tempo. Naquela manhã, no escritório da presidência, Tiago estava tão furioso que quase derrubou o lugar inteiro na frente dos dois filhos que ainda lhe restavam. — Onde estava sua cabeça? Aqui no nosso país já não podemos fazer remoções forçadas, e você resolve ir para o exterior demolir um vilarejo? O que você acha que tem lá fora, um faroeste sem polícia, sem governo? — Tiago esbravejou, cerrando os dentes enquanto pressionava o dedo indicador contra a testa de Jair, forçando-o a recuar. — Burro! Você quer acabar com a família Moura de uma vez por todas? Diogo, que estava ao lado, ajustou os óculos de armação dourada e manteve um sorriso discreto, sem dizer nada. Jair, no entanto, estava vermelho de ve
Naquele momento, diante das acusações de Tiago, Jair finalmente percebeu que havia cavado sua própria cova. Desde pequeno, ele utilizava manipulações para domesticar Gael, transformando-o em uma ferramenta sob o seu controle. Mas nunca passou por sua cabeça que essa situação pudesse ser usada contra ele por Diogo. A morte de Gael o colocou diretamente na posição de bode expiatório. Toda a dor de Tiago pela perda do filho, e a frustração por não poder se vingar, foram descarregadas em Jair, que acabou carregando um peso que talvez nem fosse seu. — Pai, calma. É importante não se exaltar. Faz mal para a saúde. — Diogo se aproximou rapidamente para ajudar Tiago a se sentar no sofá. Com uma expressão tranquila, ele se virou para Jair e começou a falar com um tom aparentemente conciliador. — Irmão, acho que você está me interpretando mal. De fato, eu investiguei aquele terreno, mas não comentei nada com você porque sabia que poderia parecer que eu estava tentando interferir no seu pro
Tiago estava tão transtornado que parecia um homem à beira de um colapso na UTI. — Inútil... Jair... Você é um completo inútil! Jair, ao ver no celular que a opinião pública estava esmagadoramente a favor de Diogo, quase atirou o aparelho contra a parede em um acesso de fúria. — Diogo... Foi você, não foi? Foi você quem vazou essa história para a imprensa! — Irmão, será que você pode pensar com clareza pelo menos uma vez? — Diogo respondeu com um sorriso contido, balançando a cabeça como quem repreendia uma criança. — Qual seria o meu benefício em expor isso? Que vantagem eu teria em prejudicar você ou a família Moura? Gastar energia para te derrubar só para me prejudicar também? Seria como cortar a própria carne. Mais que isso, eu nem preciso fazer nada. Você já faz um bom trabalho se sabotando sozinho. — Diogo! Seu covarde traiçoeiro! — Jair rugiu, completamente tomado pela raiva, a ponto de quase perder o controle. Por trás das lentes de seus óculos, Diogo manteve a expr
Cauã estava confuso, sem entender. — Sr. Diogo, se o senhor resolvesse agora o problema em País T, não seria mais fácil acabar com Jair de uma vez e assumir logo a presidência? Diogo balançou a cabeça, com um sorriso discreto e calculado. — Tiago é um homem naturalmente desconfiado. Se eu mostrasse muita proatividade agora, ele começaria a questionar minhas intenções. — Diogo girou a taça de vinho em suas mãos, o líquido vermelho refletindo a luz baixa do ambiente. — Mas se eu der um passo para trás e deixar Jair no centro do palco, Tiago vai me enxergar como alguém equilibrado, que sabe a hora de recuar e priorizar o bem maior da família. — E se... — Cauã hesitou, franzindo o cenho. — E se Jair conseguir resolver essa situação? — Você realmente acha que eu vou deixar isso acontecer? — Diogo cruzou as pernas com elegância, enquanto um sorriso frio surgia em seus lábios. Ele inclinou a taça levemente, observando o vinho girar, antes de dar um pequeno gole. — A família Bastos j
No momento, a família Moura estava em completo desespero, enquanto Charles também estava atolado de trabalho, quase sem tempo para respirar.A saúde de Érico havia acabado de se estabilizar. Depois de lidar com os assuntos do futuro sogro, Charles começou a se dedicar intensamente à criação da fundação de caridade em homenagem à sua mãe. Apesar de ela já ter falecido há muitos anos, ele fazia questão de organizar tudo com grande empenho, como uma forma de demonstrar sua devoção filial.— Sr. Charles, os preparativos para o jantar beneficente estão quase concluídos. Ainda faltam a aprovação do local, a lista de convidados e alguns outros detalhes para o senhor revisar e definir. — Disse Dante, entregando um arquivo cuidadosamente preparado.Charles pegou o arquivo, examinando-o com atenção. Depois de um momento de silêncio, perguntou com frieza:— O Felipe tem dado algum sinal ultimamente?— Nada de anormal, mas tem algo suspeito. — Respondeu Dante, inclinando-se para a frente e baixand
Dante ficou completamente boquiaberto. Quando foi que o sempre refinado e elegante Sr. Charles tinha comido de forma tão desleixada? Parecia mais um... Porco. Ah, não, ele corrigiu o pensamento imediatamente: parecia o Benjamin possuído!— Veja só como a Sra. Marques se preocupa com o senhor. Ela sabe que, quando está ocupado, esquece até de comer, então já deixa tudo providenciado. — Dante não resistiu a puxar o saco. — Com uma esposa assim, quem precisa de mais alguma coisa?— Só faltou uma coisa para ser perfeito: não foi Vivia que trouxe para mim pessoalmente. — Charles finalmente terminou de mastigar e tomou um gole de água, claramente faminto. Se Olívia tivesse trazido o almoço pessoalmente, quem sabe, depois de comer, ele ainda pudesse “comer” outra coisa... O homem pensou nisso e, só de imaginar, seus lábios se curvaram em um sorriso satisfeito, como se o dia já tivesse ganhado um novo brilho.— Antes, a Sra. Marques já trouxe comida e até sobremesas para o senhor várias