Tábata, com o rosto contorcido de ódio, não conseguia desviar os olhos da expressão fria e calculista de Diogo. — Me ajudar? — Ela riu, uma risada amarga e cheia de rancor. — Eles são monstros, mas você não é? Ah, claro... Você não é um monstro comum. Você é uma cobra! Frio, traiçoeiro e infinitamente mais cruel! Diogo não demonstrou qualquer sinal de irritação. Pelo contrário, o sorriso em seu rosto apenas se ampliou, carregado de sarcasmo. — Eu nunca me considerei um exemplo de virtude, irmã. Mas, veja bem, até mesmo os animais mais desprezíveis têm algum instinto de proteger os seus. Eu, por outro lado, sempre tive dificuldade em ser tão duro com meu próprio sangue. É por isso que estou aqui, para estender uma mão amiga. E, convenhamos, quem mais veio te visitar? Quem mais se lembrou de você neste buraco imundo? Você ainda acredita que faz parte da família Moura? Vendo que Tábata continuava a resistir à sua proposta, Diogo decidiu dar o golpe final. — Pense bem, irmã. Você
Cauã perguntou com cuidado, quase testando o terreno: — Sr. Diogo, aquela maluca... Está disposta a colaborar com o senhor? — Eu pessoalmente fui falar com ela. Como poderia dar errado? — Diogo arqueou uma sobrancelha, exibindo uma confiança que beirava a arrogância. — Então já devo parabenizá-lo antecipadamente. — Respondeu Cauã, com um sorriso servil. — Mais uma pedra no caminho removida. Quando Gael cair, Jair não estará longe de seguir o mesmo destino. E aí, o velho Tiago não terá mais ninguém em quem confiar. Só vai restar o senhor. Toda a família Moura será sua, como se já estivesse no bolso. — Assim espero. — Diogo estreitou os olhos, levantando o olhar para o céu negro e infinito. Seus pensamentos estavam cheios de ambição, mas também de uma sombra de algo mais profundo. — O chefe me deu tudo o que tenho hoje. Só quero garantir que não vou decepcioná-lo. Cauã lembrou-se de algo e apressou-se em informar: — Ah, senhor, acabei de receber uma mensagem. Sua aeronave par
Era Olívia e Charles! Era difícil de acreditar que o sempre elegante e altivo bilionário, acostumado a viver no topo do mundo, estivesse ali, sentado em um carrinho de comida de rua no meio da noite, apenas para acompanhar a mulher que amava. Ele, que só consumia os carboidratos mais refinados, agora devorava com entusiasmo um prato simples de macarrão e ainda deixava Olívia, cheia de energia, enfiar na sua boca um espetinho gorduroso, deixando seus lábios brilhando de óleo. — Está gostoso? — Perguntou Olívia com um sorriso radiante, enquanto pegava um guardanapo para limpar delicadamente os lábios dele. Charles, no entanto, não conseguiu esperar. Assim que os lábios foram limpos, ele inclinou-se e roubou um beijo rápido dos lábios cor-de-rosa dela. — Uma delícia. Com você, qualquer coisa vira o melhor sabor do mundo. O beijo foi tão inesperado e barulhento que pintou um rubor intenso nas bochechas de Olívia, que ficaram tão vermelhas quanto uma maçã. Até a dona do carrinho,
Charles arregalou ligeiramente os olhos, enquanto uma onda de eletricidade percorreu todo o seu corpo, arrepiando-o dos pés à cabeça. Suas mãos quentes seguraram firmemente a nuca dela e, com uma leve pressão, ele aprofundou o beijo, incapaz de controlar seus próprios instintos. A dona do carrinho, ocupada recolhendo os pratos e talheres, fingiu não notar a cena. Mas, claro, sabia muito bem o que estava acontecendo. Aquele beijo doce e apaixonado, cheio de entrega, foi como uma faca atravessando o coração de Diogo. A cena que ele presenciava não só machucava os olhos, mas também rasgava sua alma. Cauã, que também assistia à cena, suspirou pesadamente, a expressão abatida. Sabia que, no mundo, quase tudo era possível de conquistar com esforço e estratégia. Poder, dinheiro, status — tudo podia ser planejado e alcançado. Mas o amor... Ah, o amor era a única exceção. Diogo havia dado tudo de si por aquela mulher, feito o impossível para conquistá-la. E, ainda assim, Olívia havia
Ele sequer teve tempo de voltar para casa e trocar de roupa antes de ser chamado por Tiago para ir ao hospital. Na suíte VIP, Tiago estava fora de si. Ao saber que o Grupo Moura havia perdido dois bilhões em poucos dias, ele começou a andar de um lado para o outro, furioso, até destruir metade do quarto. Mas o dinheiro perdido não era o maior problema. O mais grave era que o escândalo havia afetado diretamente um grande projeto no País F, que estava prestes a começar. A obra foi suspensa, e os órgãos reguladores locais anunciaram uma auditoria completa nas finanças e na legalidade dos contratos do Grupo Moura. Esse golpe era o mais difícil de engolir. — Pai... Calma. Não se exalte, isso faz mal à saúde. — Disse Jair, tentando soar conciliador, mas o tom de sua voz rouca e cansada traía o próprio estado de exaustão. Com o cabelo grudado de suor e a barba por fazer, ele parecia alguém que não dormia há dias. — Dinheiro a gente consegue recuperar, mas se não resolvermos esse problem
Jair ficou com a garganta travada, o rosto tão escuro quanto uma tempestade. Desde pequeno, ele havia sido moldado como o herdeiro natural da família Moura, preparado para comandar com autoridade e respeito. Durante tantos anos no topo, ele jamais havia engolido uma humilhação dessas ou suportado tamanha afronta. — Dido, já que você tem um plano, quando pretende colocá-lo em prática? — Tiago perguntou, ansioso. — Pai, eu posso ajudar a resolver, mas... Com que autoridade devo me apresentar? — Diogo suspirou, aparentando preocupação. — Não tenho ações no Grupo, e isso não é o problema. O principal é que eu sequer tenho um cargo. Se eu for conversar com as autoridades do País F, como devo me apresentar? Apenas como seu filho? — Isso é fácil! — A mão pesada de Tiago pousou sobre o ombro de Diogo com firmeza. — Amanhã mesmo emitirei um documento oficial nomeando você como diretor executivo do Grupo. Você participará das reuniões de alto escalão! E, se conseguir reativar o projeto n
A prisão de Gael virou o assunto mais comentado do país naquela noite. Como era de se esperar, a "brilhante" solução de Tábata para sair dos holofotes foi usar alguém ainda mais idiota e corrupto: Gael, que agora a substituía no centro do escândalo. Mas o maior prejudicado de todos era, sem dúvida, Tiago. O escândalo envolvendo os dois filhos tinha empurrado a família Moura para o fundo do poço. Não bastava Gael ser preso; ele ainda tinha protagonizado um show grotesco ao tirar a cueca em público e ser ridicularizado em rede nacional. Quando Tiago viu a cobertura ao vivo nos noticiários, seu rosto ficou lívido. O corpo perdeu as forças, e ele caiu para trás, como se o coração estivesse falhando. — Pai! Jair tentou correr para ampará-lo, mas Diogo, que estava mais perto, foi mais rápido. — Pai, sente-se! Respire fundo, com calma. — Diogo o ajudou a sentar-se no sofá, enquanto olhava para Jair com expressão de urgência. — Irmão, está esperando o quê? Vai chamar o médico ou nã
— Além disso, o que eu quero é conquistar tudo de forma legítima, passar pela porta da frente. Quero ser “herdeiro” de verdade, e não um presidente apontado pelas costas das pessoas. — Diogo ergueu levemente o queixo, exibindo um sorriso cheio de arrogância e convicção. — O que Jair mais valoriza é o cargo dele como presidente. Se eu puder derrubá-lo com minhas próprias mãos e esmagá-lo sob meus pés, essa será a vingança mais cruel que posso lhe dar. — Hahaha... Acredite, o velho já está começando a detestar o Jair. Esse dia que você tanto espera não vai demorar a chegar! — Cauã respondeu, genuinamente animado pelo chefe. Diogo fechou os olhos por um momento, deixando que uma onda de emoções o atingisse. Por dentro, algo doía como um maremoto prestes a explodir. — Érico sempre teve reservas sobre mim e Vivia. Ele nunca disse nada, mas sei que, no fundo, ele me julga por não ter posição na família Moura, por não ter ações. Ele não confia em mim o suficiente para deixar Vivia comig