Depois que as duas covardes fugiram de mim, eu corri o mais rápido que pude para o que eu achava que era o norte, mas eu estava completamente perdida. Precisava voltar e achar Fin, eu não sabia se ele estava ferido e precisava de ajuda, eu evitava pensar no pior enquanto andava na escuridão sem rumo, o dia logo amanheceria e eu poderia ter uma visão melhor de onde estava.Depois de umas duas horas caminhando o sol finalmente começava a sair, as árvores de copas altas atrapalhavam a maior parte da luz entrar, a floresta onde eu estava parecia ter ficado mais fria a medida que eu avançava, uma leve neblina cobria o solo, e eu comecei a ouvir um barulho que parecia água. Caminhei na direção do som e era de fato um riacho, eu estava morrendo de sede, depois de encher minha barriga olhei meu reflexo na água, eu estava horrível. Minha pele estava coberta de sangue seco e sujeira, minhas roupas rasgadas e imundas e meu cabelo completamente desgrenhado.Lavei meu rosto na água gelada e meu ca
Samantha e Fin começaram sua caminhada um dia depois de se encontrarem, o pássaro havia seguido a essência de Aisling e acabou encontrando o acampamento abandonado e os homens mortos em estado deplorável na floresta, pelas duas cabeças encontradas no local Sam soube que eram apenas queles os mortos, eles não tinham certeza se eram as mesmas pessoas que sequestraram Ash já que Fin havia descrito pelo menos cinco, entretanto o pássaro reconheceu a essência de Ash em um pedaço de roupa rasgado perto dos corpos dilacerados.Sam ficou desesperada ao ver os corpos pelos olhos do pássaro, ela temeu que o de sua amiga estivesse em algum lugar próximo, mas o pássaro encontrou apenas aquele pedaço de pano que pertencia a Aisling. Eles seguiram o caminho à cavalo até o acampamento e perceberam que aquela trilha não fazia parte dos mapas e que o caminho que estavam seguindo voltava um pouco possivelmente levando de volta para Vellezia.Revistando o acampamento eles encontraram alguns pertences ab
A energia que cercava o lugar era densa, era algo que eu nunca tinha visto antes em toda a minha vida, não que eu tivesse vivido muita coisa presa no Instituto. Mas aquilo era colossal, se estendia por quilômetros a perder de vista pelo campo, era translúcida e brilhava uma cintilância encantadora, mas nada se podia ver através. Era como as águas de um rio cheio de cristais no fundo, era lindo.Saindo da floresta eu caminhei para mais perto, a grama verde parecia ainda mais viva a medida que eu chegava perto da coisa, quando me dei conta eu estava há menos de dois metros e aquilo me puxava como um inseto para a luz. Eu parei para admirar aquela magia que exalava poder ancestral, tudo estava estranhamente silencioso, não havia barulho de pássaros ou qualquer outro animal e isso nunca indicava um bom sinal, porém mesmo sabendo que deveria sair dali eu não consegui, aquela coisa parecia cantar baixinho uma melodia triste quando eu me aproximava mais, até que um som assustador se sobressa
As nuvens escuras de tempestade rodeavam as montanhas do norte como um mau agouro, o vento frio e forte afugentava os moradores da aldeia que se escondiam dentro de suas casas pequenas, trancando portas e janelas e acendendo lareiras, as mães abraçavam suas crianças fazendo-as ficar em silêncio. Não era estranho as tempestades nas montanhas, mas aquele dia tinha uma aura diferente, todos podiam sentir, humano ou não, tendo magia ou não, havia um aviso no ar de que alguma coisa estava prestes a acontecer. Da torre oeste do palácio, o imperador olhava pela janela as primeiras gotas de chuva e o reflexo de um raio que acabara de cair, ele podia jurar que no piscar da luz nas nuvens asas grandes batiam na direção deles. Mas não podia ser, ele pensou, talvez fosse o nervosismo que havia se instalado nos últimos meses desde a visita ao oráculo de Sohros, aquela visão confusa de sangue e escuridão assombrava seus sonhos todas as noites desde então. Sua esposa a imperatriz e seus dois filhos
Minha cabeça latejava como se um punhal estivesse atravessando meu cérebro, os gritos dos cavaleiros treinando ao fundo pareciam distantes quando uma pontada cruel vinha e me deixava tonta. Sam era só suspiros ao meu lado admirando os rapazes que à àquela altura já estavam sem camisa e cobertos de suor, o calor naquele dia em particular estava insuportável, choveria em breve eu tinha certeza, apesar do céu claro e sem nuvens aquele clima abafado só podia significar uma coisa: uma tempestade muito feia estava chegando.Mas não era apenas o clima que me dizia isso, eu podia sentir que algo se aproximava, sorrateiro e agourento, os sonhos que eu havia tendo ultimamente eram mau presságio, o arrepio que subia pela minha espinha vez ou outra também. Sam sabia que eu andava preocupada e tentava ao máximo me distrair, nesse dia fora o treinamento externo, no dia anterior o passeio para buscar ervas medicinais na floresta, a semana toda uma ocupação diferente. No fim isso também era para dist
Me afastei assustada da fonte e caí com a bunda no chão, Sam parecia ter se recuperado do choque inicial, ela me levantou e me puxou apressada._ Vamos, você precisa ir para o seu quarto, ninguém pode ver isso Ash, entendeu?_ Por que? – Fiquei ainda mais assustada com o tom preocupado que ela havia dito aquilo. – Para Sam! – Puxei meu braço do seu aperto e paramos perto da entrada dos corredores. Ela segurou meus braços e olhou pra mim séria._ Aisling, as pessoas desse lugar não podem ver seus olhos, vamos para um lugar seguro e eu te explico.Eu nunca havia visto ela agir daquela maneira tão séria, ela era naturalmente mandona, cresceu como uma princesa e sempre teve tudo o que quis, mas nunca tinha usado aquele tom de ordem, não comigo.Encontramos alguns alunos no caminho, mas nenhum reparou em nós, a maioria estava nas salas de aula e conseguimos chegar ao meu quarto no andar onde eu morava com Lenora, Sam trancou a porta quando entramos. Ela então ficou um pouco mais calma e
Lenora me olhou pensativa por dois segundos antes de sair sem dizer nada, Sam e eu nos encaramos confusas mas não levou muito tempo até que Lenora retornasse com dois frascos em suas mãos. Ela parecia cansada, ela sempre parecia, mas naquele dia parecia mais, Lenora me ofereceu os frascos que ela segurava, um pequeno com um liquido azul claro e um maior com um líquido vermelho._ Isso vai te ajudar com as dores de cabeça, - ela disse me passando o liquido vermelho primeiro- beba o frasco todo, e esse aqui - ela disse oferecendo o menor - você pinga uma gota em cada olho, vai fazer com que eles voltem a cor normal. Aquilo foi estranho, ela já tinha exatamente o que eu precisava mesmo sem saber o que tinha acontecido, minha expressão deve ter deixado claro meus pensamentos pois ela continuou. _ Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, era uma questão de tempo até seu selo se desgastar. Eu só não esperava que fosse tão rápido. Ela se sentou em minha cama e olhou para mim
Lenora, Sam e eu combinamos que enquanto a formatura não chegasse nós agiríamos como se nada tivesse normalmente, tomei a poção de líquido vermelho para ajudar com as dores de cabeça que minha mãe me deu na noite anterior e pinguei uma gota da azul em cada olho, que era apenas um glamour para que ninguém visse a cor dos meus olhos. Naquela manhã eu havia acordado bem melhor, finalmente tinha dormido o suficiente e me sentia físicamente normal, mentalmente por outro lado eu estava perturbada. Não prestei atenção à aula de poções o suficiente e acabei explodindo o pequeno caldeirão, poções não eram meu forte então a professora não ficou impressionada, fui derrubada pelo menos três vezes no tatame no treinamento de luta o que já era uma coisa incomum, acabei inventando que estava com dores de cabeça novamente e ele pareceu acreditar e me dispensou mais cedo, saindo do vestiário vejo alguém encostado na parede a minha frente, era Fin, o garoto prodígio, eu o ignorei e passei por ele mas