A direção era para as colinas verdes, Karina ia visitar Catarino. Quando chegou, Cecília estava arrumando o quarto. — Sra. Barbosa, já chegou. — Sim. Onde está o Catarino? Cecília apontou para o quarto de Catarino e, em voz baixa, disse: — O Dr. Amílcar está fazendo uma terapia com ele. Agora não é conveniente interromper. Pode se sentar e esperar um pouco. — Tudo bem. Cecília trouxe-lhe um copo de água e comentou: — O estado do Catarino melhorou muito, o Dr. Amílcar é realmente um médico muito competente. — Deve ser difícil cuidar dele assim. — Não, é meu trabalho. Karina sorriu levemente: — Esta noite eu fico com o Catarino. Você pode ir descansar. Quando terminar de arrumar tudo, pode ir embora e voltar amanhã. — Isso... — Cecília ficou surpresa. — Será que isso é adequado? — Claro. — Karina assentiu com um sorriso. — O Catarino só quer a minha presença quando me vê, e você, aqui, não tem muito o que fazer. Vá descansar logo. — Então, obrigada, Sra. Bar
Segurar a Mão? Que pedido estranho era aquele? Ademir estava louco? Mas Karina não queria acompanhar a loucura dele. — Você está bem mesmo? Se não, eu não entro... Antes que pudesse terminar de falar, Ademir deu alguns passos à frente, segurou a mão dela e a puxou com força para dentro de seu peito. Ela quase caiu, mas se apoiou em seus braços e levantou o olhar para ele, sentindo suas mãos apertadas com firmeza em torno das suas. Os dedos entrelaçados. Karina estava muito confusa e irritada: — Já está tão tarde, você está louco? — Eu estou louco? Ademir estava realmente perto de perder o juízo! Os olhos dele estavam congelados, sem expressão alguma de afeto. Segurando a mão de Karina, ele a levou até seus lábios e falou, com um tom gélido: — Você é minha esposa, você é minha! Ninguém, além de mim, pode tocar em você! Sabe disso, não sabe? — Você enlouqueceu? Quem foi que tocou em mim? — Karina rebateu, sem pensar, quase como um reflexo. Será que Ademir es
Embora Karina falasse com calma, seu coração estava esmagado. A dor era intensa, ela sentia como se algo estivesse rasgando por dentro. Mas quanto mais doía, mais ela se mantinha lúcida. Empurrando Ademir gentilmente contra seu peito, ela começou a afastá-lo lentamente: — Vai embora, já está muito tarde, eu preciso dormir. Ela forçou um semblante cansado. Ademir resistiu por um momento, mas não teve escolha a não ser soltá-la. — Me deixe em paz, é melhor para nós dois. Ademir, viver com duas pessoas vai te cansar. — Karina disse isso e se virou, entrando para dentro da casa de repouso. Ademir ficou parado, observando o seu rosto com um olhar perdido, sem saber o que fazer. Deveria deixá-la ir? Ele já havia feito isso antes, mas agora... Agora ele não conseguia mais. Ele não conseguia deixá-la partir. Ele não conseguia abrir mão dela! No dia seguinte, Cecília chegou de manhã bem cedo, pegando o primeiro metrô. Ao chegar, viu o carro de luxo estacionado em frente à
A mala já estava arrumada. Embora, na verdade, não houvesse muito o que arrumar. Karina puxou a mala e a bolsa de viagem, colocando-as na porta. Ao levantar os olhos, viu Patrícia, que a observava com uma expressão triste. — Você realmente vai embora? — Sim. — Karina sorriu. — Não posso ficar aqui para sempre, é hora de partir. Daqui a alguns meses, o bebê vai nascer. A casa na Rua de Francisco Antônio foi onde encontraram um lugar para morar. Além disso, o dinheiro da conta bancária que Lucas lhe deu era suficiente para cobrir as despesas de Catarino com a viagem ao exterior. E ainda sobrava dinheiro, o que Karina poderia usar para contratar uma pessoa para cuidar do bebê. Quando ela tiver o filho e se recuperar do parto, vai continuar trabalhando, terá uma renda, e a vida não será um problema. Era impossível negar, o pai de Karina realmente ajudou quando ela estava em uma situação difícil. Patrícia entendia tudo isso. — Eu só... Vou sentir sua falta. — Não é
— Sim, Ademir! A Rua de Francisco Antônio não estava muito distante da Rua Alameda, ambas localizadas perto do Hospital J. Lucas estacionou o carro no estacionamento do condomínio, embaixo do prédio. Pegou a bagagem e caminhou à frente: — Você trouxe a chave? Eu não tenho chave extra. — Eu trouxe. Os dois subiram as escadas, um na frente, o outro atrás. Karina abriu a porta e acendeu as luzes. Era a segunda vez dela ali, e tudo estava completamente diferente. Após a reforma, o lugar parecia novo, com uma aparência renovada. As instalações estavam todas completas. Lucas colocou a bagagem no quarto e saiu para perguntar: — Gostou? — Gostei. — Karina confirmou, acenando com a cabeça. — Que bom... — Lucas soltou um suspiro de alívio, mas logo franziu a testa e, com uma das mãos, pressionou suavemente o abdômen. Karina percebeu e notou que ele não estava com uma aparência muito boa. Ele já não estava com a saúde boa, e ainda havia ajudado a carregar as malas, o
— Eu te ajudo a levantar.— Tudo bem. — Karina ajudou Lucas, levantando-o lentamente.Ademir olhava cada vez mais irritado, sua raiva crescendo a ponto de já não conseguir mais controlá-la.— Karina, solte! Você solta ele! Não te permito que toque nele, ouviu?Seus olhos estavam incendiados, prestes a explodir a qualquer momento.— Você precisa ir embora! — Karina, com medo de Ademir bater em Lucas, não se atrevia a deixar ele ali e apressava-o. — Vai logo!— Mas, Karina... — Lucas hesitou um pouco, preocupado com a segurança dela.— Eu disse para você ir! — Karina franzia a testa, negando com a cabeça. — Não fale mais nada, eu vou resolver isso sozinha! Você quer ficar e ser agredido também?— Está bem.Sem alternativas, Lucas decidiu se afastar.— Quer ir embora? — Ademir estava tomado pela fúria, e quanto mais Karina tentava proteger Lucas, mais ele se enfurecia. Mas não era só raiva. — Vamos ver se você tem coragem de ir!— Ademir! — Karina se colocou na frente de Lucas. — Você não
Karina ficou paralisada, olhando fixamente para as costas de Ademir, sem saber o que fazer."Ele vai pensar? Como ele vai pensar?"...Depois daquele dia, Karina passou a morar na Rua de Francisco Antônio.Todos os dias, ela ia a pé para o Hospital J, vivendo de acordo com o plano que havia feito.E Ademir não voltou mais para perturbá-la.No entanto, não sabia por que, mas Karina sentia algo estranho, uma sensação de medo que a tomava sem explicação.Ela não conseguia identificar exatamente o que era.Naquela tarde, durante o intervalo, Karina decidiu pegar um táxi até as colinas verdes.Ao chegar, o segurança na porta a olhou, surpreso.— Irmã do Catarino, o que você está fazendo aqui?Karina, sem perceber nada estranho, ouviu o segurança continuar.— Será que o Catarino deixou algo por aqui? Você veio pegar?— O quê?A frase parecia completamente errada.Karina franziu a testa e perguntou:— O Catarino deixou alguma coisa aqui? Onde?— O quê? — O segurança estava tão confuso quanto
Karina estava parada na janela do corredor, preparada para esperar por um longo tempo.Mas, ao contrário do que imaginava, Ademir apareceu rapidamente, depois de acalmar Vitória.— Karina.Ela virou-se, encarando Ademir diretamente.Sem rodeios, perguntou:— Onde está o Catarino? O que você fez com ele?Embora sua expressão estivesse calma, as mãos apertadas de Karina denunciavam suas verdadeiras emoções.Ademir observou tudo, franzindo a testa, mas falou com uma suavidade impressionante:— Em Colinas Verdes não era o melhor lugar para o tratamento especializado do Catarino. Eu o transferi para uma clínica mais adequada. Não se preocupe, a Cecília e o Amílcar estão com ele. O Catarino está bem.As palavras de Ademir foram astutas, desviando completamente da pergunta de Karina.Karina, irritada, aumentou o tom de voz:— Eu perguntei onde está o Catarino! Eu quero vê-lo!Já esperando a reação de Karina, Ademir a observava com a serenidade de sempre, olhando profundamente em seu rosto lim