— Dra. Borges, não era isso que eu queria dizer... — Karina tentou explicar, mas a situação era complicada. Elas não faziam parte do mesmo setor, e Karina não sabia em detalhes o estado dos pacientes sob responsabilidade de Hana. Como poderia organizar os prontuários sem saber o que estava acontecendo com os pacientes?— Então, não fale mais nada! — Hana, impaciente, empurrou o prontuário para as mãos de Karina. — Vá logo organizar isso! Não fique arrumando desculpas! Eu tenho compromissos, vou embora agora!— Dra. Borges...Mas Hana não respondeu e simplesmente se virou, saindo apressada.Karina, com o prontuário nas mãos, não sabia o que fazer.Mas o que Karina poderia fazer? Não tinha escolha, a única coisa que podia fazer era ajudar organizando os documentos.Nesse momento, seu celular tocou. Era uma ligação de Ademir.— Estou aqui embaixo. Você já desceu?Karina olhou para o prontuário que estava segurando:— Ainda não terminei, vou fazer hora extra. Não precisa me esperar.Após i
A expressão de Ademir já havia mudado:— Eu acho que é você quem não entende isso. Não importa o que aconteça, nada vai afetar o nosso relacionamento.Como poderia não afetar o nosso relacionamento?— Talvez para você não afete, mas para mim é diferente. — Karina disse, comprimindo os lábios. — Eu admito, você é uma pessoa realmente boa. Já gostei de você e até imaginei que poderíamos ficar juntos para sempre.— Você tem uma boa imaginação. — Ademir olhou para Karina e continuou. — Continue com esse pensamento, está tudo bem.Karina balançou a cabeça e, com um tom indiferente, disse:— Mas agora, eu desisti...— Não precisa... — Ademir ficou atordoado, tentou segurar a mão de Karina e a envolveu em sua palma. — Você não precisa desistir.Ademir suplicou para Karina, e sua atitude estava extremamente submissa.— Karina, eu estou apenas cuidando da Vitória. Eu realmente não tenho a intenção de que algo aconteça entre nós."Não aconteceu nada ainda?"Karina franziu a testa e perguntou:—
Após o jantar, Ademir, conforme combinado, levou Karina até a casa de Patrícia. Bruno já havia levado as malas.— Cheguei, vou subir. — Karina acenou com a mão e se virou para subir as escadas.De repente, sua mão foi segurada, e Ademir, olhando para frente, disse de maneira extremamente natural:— Esta é uma área de moradores antigos, e as luzes do corredor estão todas queimadas. Se você subir sozinha e cair, o que vai fazer?Ele era realmente atencioso e cuidadoso com tudo, não importava o que fosse. Com a situação deles agora, será que Ademir ainda precisava se preocupar com esses detalhes?Karina não queria mais resistir. Deixaria Ademir fazer o que quisesse. Com o tempo, ele entenderia que ela não estava apenas fingindo estar brava com ele....No dia seguinte, Karina estava extremamente ocupada.Pela manhã, uma montanha de documentos e prontuários a aguardavam. À tarde, ainda teria que ir para a clínica.Quando o expediente da manhã estava quase terminando, a grande movimentação
Karina olhou para o que estava em suas mãos e não pôde deixar de pensar: "Não é possível, o homem da Hana é bonito até demais." Hana, apesar de não ser uma pessoa fácil, tinha um gosto impecável para homens.Enquanto admirava, de repente, uma escuridão tomou conta de sua visão, seus olhos foram cobertos.Um suave aroma de perfume preencheu suas palmas, e ela sabia, sem nem sequer olhar, quem estava ali.Ademir retirou o folheto das mãos de Karina e só então a soltou:— Não olhe esse tipo de coisa, vai sujar seus olhos bonitos.Karina ficou sem palavras. Como assim, o Ademir apareceu de novo? Ela lhe lançou um olhar cheio de indagações, e ele, percebendo, deu um sorriso amargo."Você realmente não quer me ver, é?" Não que fosse culpa de Karina, mas sim de Ademir. Ele deveria ser mais gentil com ela.— Hoje à noite, não poderei jantar com você. — Ademir explicou. — Depois que terminar meu tratamento, tenho que ir para a resolver alguns assuntos de negócios.— Não precisa me dar satisfa
Ademir estava muito irritado.Seria por causa de Karina?— Karina... — Bruno hesitou por um longo tempo, mas finalmente se armou de coragem para falar. — Todos nós achamos que o Ademir realmente gosta de você, e ele tem sido muito bom para você.— É. — Karina assentiu, sem negar. — Ele é bom comigo, mas ele não é bom só comigo, ele também é muito bom com a Vitória, não? Não, talvez até mais do que comigo......No dia seguinte, Karina estava de folga, não precisando ir à clínica.Então, ela acabou dormindo até quase o meio-dia. Quando Patrícia saiu, deixou uma refeição para ela.Karina estava comendo tranquilamente quando recebeu uma ligação de Lucas.Ela atendeu e perguntou diretamente:— O que aconteceu?— Karina, onde você está? Podemos nos encontrar para conversar.Karina achou estranho. Lucas não estava muito ocupado com a Vitória, que estava tão gravemente ferida? Como ele ainda tinha tempo para vê-la?— Onde vamos nos encontrar?— Na rua dos fundos da Universidade J.— Certo.De
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu