Lúcia sentiu um frio na espinha.“Droga. Ontem à noite eu estraguei tudo por causa da bebida.”— O café da manhã está pronto. Fiz tudo do jeito que você gosta. — Disse Sílvio, com um sorriso servil no rosto.Lúcia lançou um olhar frio para ele:— Já acordou? Então pode ir embora.— Lúcia, você vai mesmo fingir que nada aconteceu? — O sorriso dele desapareceu no mesmo instante. Com o olhar perdido, ele mordeu os lábios, tentando disfarçar a decepção.Na mente de Lúcia, a resposta era clara:“Não tenha pena de homem. Isso nunca acaba bem.”Ela saiu da cama, pegou a camisola que estava jogada no chão e a vestiu de qualquer jeito:— Somos dois adultos, Sílvio. Uma noite juntos não deveria ser algo surpreendente, certo?— Ontem foi só uma noite qualquer para você? — Ele piscou, tentando conter as lágrimas que já começavam a se formar. Ele achava que aquilo significava que ela o tinha perdoado.Lúcia soltou uma risada seca:— E o que mais seria?Na hora de sair, Sílvio, em um tom quase humil
O vinho descia queimando, mas não apagava a dor. Pelo contrário, fazia tudo parecer ainda mais pesado. O vento forte fazia as janelas de vidro tremerem, como se quisessem ceder a qualquer momento.Lá fora, em meio à chuva que caía sem piedade, a voz de Sílvio ecoava na noite:— Lúcia, abre a porta! Vamos conversar, por favor!— Eu não vou deixar você se casar com outro homem! Você não pode fazer isso comigo!— Lúcia, a pessoa que você ama sou eu! Sempre fui eu! No passado, agora e no futuro vai ser a mesma coisa! Abre os olhos!— Lúcia, eu sei que você está aí dentro. Sei que consegue me ouvir. Você pode me odiar, me culpar, me ignorar… mas se casar com outro homem? Isso, não!Lúcia estava encostada na janela, observando a figura desolada dele lá em baixo. Ela ergueu a cabeça e, sem pensar muito, virou o resto do vinho que estava em sua taça. O líquido desceu queimando sua garganta, deixando-a ainda mais amarga. Seus olhos se encheram de lágrimas e, antes que pudesse contê-las, elas es
Lúcia pensou consigo mesma:“Depois que me casar, serei uma boa esposa. Vou me esforçar para amá-lo, o mais rápido possível.”O dia amanheceu.Ela levantou, preparou o café da manhã e chamou Basílio para comer com ela.Após o café, Lúcia fez uma maquiagem leve, vestiu um discreto vestido rosa-claro e prendeu o cabelo de forma simples, usando um pequeno clipe para segurar as mechas atrás das orelhas. Colocou um par de brincos delicados e calçou sapatos baixos. Pegou a bolsa, revisou os documentos necessários e saiu da casa ao lado de Basílio.No jardim da mansão, Sílvio ainda estava lá. A chuva havia cessado, e o sol começava a brilhar. No entanto, sua roupa preta ainda gotejava água, como se a noite inteira tivesse grudado nele.Lúcia não esperava que ele tivesse ficado ali por tanto tempo. Parece que ele realmente não tem nada de mais importante para fazer, pensou, acelerando os passos e fingindo que não o viu.— Lúcia, não se case com ele. — Implorou Sílvio, bloqueando seu caminho. A
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co
Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.Na maca, o pai come