Sílvio a encarou profundamente, com os olhos fixos nos dela:— Se você está dizendo essas palavras frias e mentirosas só para me fazer desistir, Lúcia, você é muito ingênua. Desta vez, não importa o que aconteça, eu não vou abrir mão de você. Vou mostrar meu coração, pouco a pouco, até que você me perdoe.Lúcia e Basílio saíram juntos, parecendo um casal apaixonado.Sílvio ficou parado, observando enquanto Basílio, com sua postura impecável, abria a porta do passageiro para ela. Lúcia entrou no carro com um sorriso tranquilo, e o veículo seguiu pela estrada, desaparecendo de vista.No restaurante japonês, o ambiente era decorado exatamente como Lúcia gostava. A mesa estava repleta de pratos, todos escolhidos cuidadosamente para agradar o paladar dela.— Você lembra do que eu gosto de comer? — Lúcia perguntou, segurando os hashis, claramente surpresa. Na mesa, não havia um único prato que ela não apreciasse.Do outro lado da mesa, Basílio ergueu a mão elegante, pegou o copo d’água e res
Basílio era tão caloroso, tão cuidadoso, tão puro, tão perfeito. Ele era limpo demais, intocado pelas impurezas do mundo, enquanto ela, agora, sentia-se como uma pluma de algodão caída ao chão, desfeita e sem valor. Não era boa o suficiente para Basílio. Ele merecia alguém melhor, alguém que realmente combinasse com ele.— Destino... Basílio, encontre uma garota que realmente seja certa para você. — Disse Lúcia com um sorriso amargo.O rosto de Basílio endureceu por um momento antes de responder:— Mas você acabou de admitir, na frente do Sílvio, que estamos juntos.— Foi só para ele parar de me perseguir. Desculpe, Sr. Basílio, eu usei você. Este jantar, eu faço questão de pagar. Considere como um pedido de desculpas. — Disse Lúcia, cheia de remorso.Basílio a olhou fundo nos olhos, com uma sinceridade desarmante:— Eu sei disso, mas não me importo. Srta. Lúcia, todas as preocupações que você tem dentro de si, eu as conheço e entendo. Hoje em dia, o divórcio é algo comum. É apenas um
Basílio sorriu de forma leve e elegante. Após uma breve pausa, escolheu cuidadosamente as palavras antes de falar:— É claro que eu não sou completamente altruísta. Também tenho um pedido a fazer.— Que pedido? — Perguntou Lúcia.Basílio pegou o copo à sua frente, tomou um gole de água com a mesma graça de sempre e só então continuou:— Quero que a Srta. Lúcia seja justa comigo. Que me dê a chance de cuidar de você. Se eu tentar e falhar, eu aceito minha derrota. Mas não ter sequer a oportunidade de tentar... isso seria cruel demais. Por favor, me permita competir em pé de igualdade com Sílvio. Não favoreça tanto ele.A chuva fina caía do lado de fora do restaurante japonês, molhando o asfalto e deixando o chão escorregadio. Sob a sombra das árvores, um carro preto estava estacionado. O limpador de para-brisa trabalhava de forma intermitente, uma vez sim, outra não.Sílvio estava recostado no banco, observando através da janela aberta, com o vidro completamente abaixado. Do outro lado
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co
Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.Na maca, o pai come