Capítulo 732
Sílvio costumava sonhar com o dia em que seria elogiado pelos pais. Mas esse dia nunca chegou. Ele não teve infância. Enquanto os outros meninos da sua idade brincavam no parque, tiravam fotos ou se divertiam em passeios, ele passava os dias limpando mesas, servindo pratos e recolhendo louça. Suas mãos, que deveriam ser macias e delicadas como as de qualquer criança, cedo ganharam calos finos, cicatrizes de um trabalho que nunca combinou com sua pouca idade.

Os clientes do pequeno restaurante sempre diziam que o pai de Sílvio era um homem exemplar. Mas o pai dele só era assim com os outros. Com ele, o tratamento era diferente, marcado pela disciplina rígida e uma educação severa.

— O seu pai é um excelente cozinheiro! — Diziam os fregueses.

Mas Sílvio nunca teve o privilégio de provar os pratos que o pai preparava. Toda vez que desejava algo, via aquilo ser vendido para um cliente. Quando criança, ele adorava queijo, mas o queijo nunca era suficiente: sempre acabava na mesa de alguém.
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