Capítulo 734
Sílvio segurava o cigarro entre os lábios. A fumaça escapava devagar, formando espirais no ar frio da noite. Por trás das lentes de seus óculos, seus olhos, cansados e sombrios, refletiam o peso de vinte anos de memórias.

“Pai... mãe... vocês estão bem aí em cima? Já se passaram vinte anos. Como será que estão no paraíso? Eu cresci... e vinguei vocês. Mas, sabem, não estou feliz. Estou tão cansado... tão exausto. Passei esses anos todos vivendo para a vingança. Fiz de tudo para não ter pesadelos à noite, para não ouvir vocês me acusando de ser ingrato. Mas, no processo, quase perdi o que há de mais importante na minha vida. Abelardo e a esposa dele morreram. Vocês os encontraram aí em cima? Pai, mãe... quero viver como uma pessoa normal. Quero envelhecer ao lado da mulher que amo, ter um filho, formar minha própria família. Rezem por mim, por favor. Rezem pela Lúcia, para que ela viva com saúde, em paz, sem preocupações. E, se puderem, rezem por mim também. Não deixem que ela recupere
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