Basílio fechou a pasta com um movimento brusco e a jogou sobre a mesa. — Não está satisfeito? Podemos negociar de novo. — Disse Sílvio, sem rodeios. Basílio lançou-lhe um olhar frio e retrucou:— Sílvio, você acha que todo mundo só pensa em dinheiro como você? Sílvio balançou a cabeça, claramente desconfortável:— Não foi isso que eu quis dizer. Eu realmente quero ser seu amigo. Era quase trágico. Aos trinta anos, Sílvio não tinha um único amigo verdadeiro. Ele queria a amizade de Basílio porque enxergava nele um certo caráter que admirava. Muitos já haviam tentado se aproximar de Sílvio, mas ele nunca dera importância. Sempre achou que não precisava de amigos, que amizades só atrapalhavam. Mas a cirurgia de Lúcia havia mudado algo dentro dele. Basílio soltou uma risada cínica:— Amizade com seu rival? Você tá louco? Sílvio sustentou o olhar:— Eu confio no seu caráter.— Poupe seus elogios, Sílvio. Não quero ser seu amigo. Estou te ajudando só por causa da Lúcia. Isso não
Basílio curvou os lábios em um leve sorriso:— Foi o Sílvio que mandou você me dar isso? — O Sr. Sílvio e a Sra. Lúcia estão prestes a se casar. Estas são as lembrancinhas de casamento, distribuídas a todos os funcionários do Grupo Baptista. Sr. Basílio, esta é a sua. A secretária colocou a caixinha de doces na mão de Basílio e rapidamente se afastou. Basílio olhou para a pequena caixa em suas mãos, que parecia pesar uma tonelada. A garota que ele gostava estava prestes a se casar com seu cavaleiro. Era hora de ele sair de cena com dignidade.Quando as portas do elevador se abriram, Basílio deu um passo para dentro sem olhar para trás. No mesmo momento, Lúcia chegava ao escritório, bem na hora do almoço. Assim que abriu a porta, foi recebida pelo olhar fixo de Arthur, que estava sendo repreendido por Sílvio. Ele sorriu ao vê-la:— Sra. Lúcia, é incrível como você se recuperou bem, parece até que nunca passou por nada. — Quem é você? — Lúcia franziu a testa. Arthur estreit
Sílvio segurou o cigarro entre os dedos e hesitou por um instante. Ele sabia que Lúcia e Giovana tinham rompido feio no passado. As duas eram grandes amigas, mas isso fazia tempo. Agora, com Lúcia órfã e sem nenhum amigo, Sílvio ponderou que talvez a presença de Giovana pudesse trazer alguma alegria. Afinal, ela havia ajudado financeiramente a ele no passado, e sua índole não deixava a desejar. — Sim. Vocês já foram muito próximas. — Respondeu Sílvio com uma voz gentil. Essa confirmação fez com que Lúcia relaxasse visivelmente diante de Giovana, e a própria Giovana soltou um suspiro de alívio. — O que faz aqui? — Perguntou Sílvio, olhando diretamente para Giovana. — Ah, eu... Eu comecei a namorar alguém. Está indo muito bem, e talvez a gente se case. Resolvi dar uma olhada nas coisas antes. — Mentiu Giovana, tentando soar casual. Ao ouvir sobre o possível casamento, Sílvio pareceu se aliviar. Ele sabia que a havia decepcionado, não cumprindo sua promessa de se casar com ela.
— Claro. — Lúcia pegou o celular, abriu o aplicativo e rapidamente adicionou Giovana como amiga. No caminho de volta, enquanto Sílvio dirigia, Lúcia o observou de lado:— A Giovana gosta de você, não é?Os dedos de Sílvio, firmes no volante, se apertaram levemente. — Lúcia... — Ela é sua ex? — Lúcia arriscou, lançando um olhar curioso. Sílvio respondeu com sinceridade: — Ela já me ajudou uma vez, assim como Basílio te ajudou muito. — Mas ela gosta de você. Hoje ela não parava de te olhar daquele jeito... — Lúcia comentou, com uma pontinha de ciúmes evidente. A mão grande de Sílvio alcançou a dela, entrelaçando seus dedos com firmeza:— Mas a única pessoa que eu sempre amei foi você. Ao ouvir isso, um rubor intenso tomou conta das orelhas de Lúcia. Era uma declaração? Aquele ciúme incômodo pareceu diminuir, sendo substituído por um calor doce que espalhou-se pelo seu peito. O silêncio pairou no ar. De repente, o celular de Lúcia, que estava no espaço da porta do passage
Outros homens, quando ficavam ricos, a primeira coisa que fazem era arrumar uma amante. Mas o Sílvio não. Ele nem sequer cogitou isso. Pelo contrário, para cumprir a promessa que me fez, acabou sofrendo um acidente de carro no caminho de volta e quase perdeu a vida. Lúcia pensava, com o coração apertado: ”Um marido tão bom, que me ama tanto, como ele pode ter ficado tão inseguro, tão vulnerável? Deve ser culpa minha, por não ser compreensiva, por ser tão insensível. Eu sou uma ingrata! ”Consumida pela culpa e pelo remorso, misturados com uma ternura crescente por Sílvio, Lúcia mordeu o lábio antes de falar:— Foi só força de expressão, você pode ficar tranquilo. Não vou recuperar minha memória. — Mesmo? — Sílvio perguntou, com um tom quase infantil, enquanto deixava transparecer uma expressão ainda mais sofrida. Lúcia, achando que ele não acreditava nela, respondeu apressada: — Claro que sim! Sílvio, eu só quero que você seja feliz. Se você for feliz, eu não me importo de conti
— Não sabe mesmo? — Sílvio perguntou. O calor de sua respiração morna roçou no rosto de Lúcia, que imediatamente sentiu o rosto arder e o coração acelerar. Os traços de Sílvio estavam tão próximos, quase ao alcance de um toque. A água quente da ducha caía sobre os dois, escorrendo por seus corpos. Lúcia observava o caminho das gotas: elas deslizavam pela ponte do nariz perfeitamente esculpido dele, pelas pestanas densas e curvas, e pelos lábios finos e convidativos. Ela já o havia olhado incontáveis vezes, mas, naquele instante, com ele tão perto, era como se o coração dela batesse mais rápido, como na primeira vez. Sílvio era exatamente o tipo de homem que fazia seu coração disparar. Durante o dia, um cavalheiro elegante; à noite, um amante experiente, que sabia exatamente o que fazer na cama. Naquele momento, a lembrança da última vez que haviam estado juntos invadiu sua mente: ela mordeu de leve o pomo de Adão dele, e a cena lhe arrancou um sorriso involuntário. Tentando dis
Lúcia teve um sonho maravilhoso, daqueles que aquecem o coração. No sonho, ela estava com o pai, a mãe e… Sílvio. Eles celebravam o casamento, recebendo os parabéns dos convidados. Depois, tiveram uma filha. A família cresceu e agora eram cinco, vivendo em uma casa espaçosa, cercados de alegria. No sonho, Sílvio cuidava das crianças, trocando fraldas e correndo de um lado para o outro, completamente ocupado, mas com um sorriso no rosto. Era uma cena tão doce que ela não queria que acabasse.No entanto, foi despertada por um raio de sol que atravessou a cortina, tocando seu rosto. Do lado de fora, os pássaros, em pares, saltitavam nos galhos próximos à janela. Cantavam e, em sua imaginação, piscavam para ela como se estivessem trazendo boas notícias. Talvez fosse o reflexo da felicidade que sentia, que a fazia até achar aquele barulho agradável. Para ela, os pássaros estavam anunciando que tudo ia bem, que seu casamento finalmente seria comemorado como merecia.O celular vibrou ao lado
Sílvio tinha acabado de sair para o trabalho quando Lúcia também decidiu sair de casa. A curiosidade a consumia. O que Giovana estava tramando dessa vez? Sua rotina era entediante, e observar uma palhaçada poderia ser, no mínimo, um passatempo divertido. Ela caprichou na maquiagem, escolheu uma saia de couro elegante que transbordava sofisticação e calçou saltos altos. Com ares de quem sabia o próprio valor, seguiu até a confeitaria cujo endereço Giovana havia enviado. O lugar era charmoso, ideal para quem queria tirar boas fotos. Giovana, que já carregava certa inveja da beleza natural de Lúcia, sentiu-se ainda mais incomodada ao vê-la entrar. Os olhos de Lúcia, como sempre, pareciam carregar um magnetismo irresistível, e sua postura confiante naquele visual impecável era impossível de ignorar. Giovana, que vestia uma peça cara, algo próximo dos dez mil reais, havia se preparado para impressionar. Contudo, ao notar o colossal anel de diamante no dedo de Lúcia um "pequeno" presente