Abelardo sorriu, afagando os cabelos da filha.— Posso conversar, mas só por cinco minutos.— Pai, dinheiro não é tudo na vida. Se você ficar doente de tanto trabalhar, de que adianta todo esse esforço? A saúde é o mais importante.— Lúcia, seu pai já está velho. Eu te tive tarde. — Ele disse, suspirando.A menina olhou para ele, sem entender.— E o que isso tem de mais?— Significa que o tempo passa mais rápido para mim do que para você. Eu preciso garantir que você e sua mãe tenham uma vida boa. Dinheiro não compra tudo, mas, sem ele, as dificuldades da vida podem ser implacáveis. Quero que você e sua mãe vivam felizes, sem preocupações.— Pai, eu não entendo o que você está dizendo.— Não precisa entender, Lúcia. O que importa é que eu e sua mãe amamos você mais do que qualquer coisa no mundo. Nunca faríamos algo que pudesse te machucar.— Eu também amo você e a mamãe! — A pequena Lúcia sorriu, e, de repente, deu um beijo estalado na bochecha de Abelardo.Aquele beijo derreteu o cor
Do outro lado da linha, a voz de Sílvio soou grave e firme:— Sim, fui eu.— Que sinceridade... — Lúcia respondeu, irritada.Ele riu do outro lado:— Fui eu quem fez isso. Por que eu não admitiria?— E por que você não admite que matou alguém? Está com medo de ir para a cadeia? — Lúcia apertou o telefone com força, soltando uma risada sarcástica.— Lúcia, eu não matei ninguém! — Ele a interrompeu, em tom de advertência.Lúcia mordeu o lábio, furiosa. Claro que ele jamais admitiria. Como ele confessaria ser culpado de um crime? Que ele era o verdadeiro vilão?Ela não queria continuar discutindo sobre isso, então mudou o assunto:— Com que direito você pegou a carta que meu pai me deixou?— A carta ainda está no cofre. Eu não me interessei em lê-la.— Então devolve! — Lúcia retrucou, com um sorriso frio.Mas ele não respondeu diretamente. Ao invés disso, desviou o assunto:— Você já jantou?Lúcia bufou, impaciente. Sempre voltava para essa questão, como se ele estivesse obcecado com a id
— Afinal, a senhora não é como eu, uma pessoa simples. A senhora é uma dama, esposa de um CEO. Eu sou apenas uma mulher sem importância. — Marina disse, com um leve sorriso triste.As palavras tocaram Lúcia profundamente. Ela sentiu uma súbita onda de calor no coração.— E mais. — Marina continuou. — Se seus pais estivessem te vendo de onde quer que estejam agora, com certeza não gostariam de te ver se maltratando desse jeito. Nenhum pai ou mãe quer ver sua filha querida sofrer. Se eu fosse eles, meu coração estaria em pedaços. Então, por favor, pense neles. Faça isso pelos seus pais... E pelo seu filho. Guardar mágoa não vale a pena, e brincar com a própria saúde é perigoso.Marina fez uma pausa, e depois acrescentou:— E lembre-se, a senhora ainda tem coisas inacabadas para resolver.Essas palavras fizeram Lúcia despertar. Sim, ela ainda tinha assuntos pendentes. Seu pai havia morrido injustamente, sem paz. E o assassino, Sílvio, continuava impune. Ela precisava lutar, encontrar um a
Giovana semicerrava os olhos, quase esquecendo de se esquivar quando os dedos de Dr. Arthur roçaram sua pele. O toque áspero de seus dedos calejados a enojava, mas ela segurou o asco e perguntou:— Que boa notícia?— Quando chegarmos lá, você vai saber. — Ele respondeu com um sorriso enigmático.O carro seguiu até a mansão particular de Dr. Arthur, uma construção imponente, no estilo de um castelo, com mais de mil metros quadrados de área e um grande lago termal natural.Giovana nunca tinha estado ali antes. Ela sempre achou que Dr. Arthur, mesmo trabalhando com Sílvio, não teria feito tanto dinheiro assim. Mas, vendo aquele luxo, percebeu que ele tinha mais do que ela imaginava. No entanto, sua surpresa foi breve. Ela estava mais interessada no que ele tinha a dizer.— E então, qual é a notícia? — Giovana insistiu, tentando arrancar dele a informação.Dr. Arthur apenas sorriu e jogou um biquíni em suas mãos:— Calma, meu bem. Não precisa ter pressa.Em seguida, ele a agarrou pela cint
Os olhos de Giovana brilhavam, como se estivessem cheios de pequenas estrelas. Ela mal conseguia conter a empolgação e pediu a Arthur que contasse todos os detalhes.Quando ele terminou de explicar, Giovana estava radiante:— Isso é perfeito! Quem disse que o mal não compensa? Nós estamos muito bem, não estamos? Até o destino está do nosso lado! Eu tentei tantas vezes dar um fim em Abelardo, e ele sempre escapava... Mas agora está claro que o deus tinha outros planos. Ele morreu diante de Sílvio, sem ninguém mais por perto. Agora, Sílvio está completamente encrencado! Não importa o que ele faça, não vai conseguir provar sua inocência. E eu, com jeitinho, sussurrando coisas no ouvido dele... Ele vai acabar caindo nos meus braços, sim! Mesmo que eu não consiga conquistá-lo, Lúcia com certeza vai culpar Sílvio por tudo. Com Abelardo e a esposa mortos, não tem mais volta para eles!— Mas Lúcia está mesmo com câncer? — Giovana perguntou, impaciente.Dr. Arthur assentiu:— Sim, e além disso,
Giovana semicerrava os olhos, exibindo um sorriso malicioso:— Quando sua esposa e seu filho já estiverem mortos, aí a gente conversa. Você sabe que eu não vou ficar sendo amante pra sempre, sem nome, sem título. Isso não é moralmente correto, tenho medo de que o céu me castigue.— Você lá tem moral? — Dr. Arthur retrucou, com o cigarro nos lábios, sem perder a oportunidade de provocá-la.Giovana, no entanto, não se ofendeu. Continuou falando sem filtro:— Sua esposa e seu filho estão saudáveis, não é? Não parece que eles vão adoecer ou morrer tão cedo. Então, Arthur, por que não manter as coisas como estão? Não está bom assim?Dr. Arthur tirou o cigarro da boca, ainda pela metade, e o esmagou no cinzeiro. Com uma mão firme, segurou o queixo de Giovana, forçando-a a abrir a boca, e a beijou com intensidade.Giovana mal teve tempo de reagir quando uma densa nuvem de fumaça de segunda mão invadiu seus pulmões. Ela tentou se desvencilhar, torcendo o rosto em desgosto. O cheiro do cigarro,
Assim que Marina saiu, Lúcia chamou um táxi e foi até o escritório de Eduardo.O escritório ficava no coração da cidade, em um dos bairros mais nobres, e era bem maior do que ela esperava. Parecia que Eduardo realmente tinha alcançado o sucesso.O lugar era sofisticado, e o próprio Eduardo tinha uma sala exclusiva, espaçosa e bem decorada. As paredes estavam repletas de cartas de agradecimento de clientes satisfeitos.Lúcia explicou tudo o que queria a Eduardo, que a ouvia com atenção. De vez em quando, ele franzia a testa, outras vezes sorria, e, em certos momentos, seu semblante se tornava sério.Ele fazia perguntas, tirava dúvidas e, quando finalmente terminaram a conversa, Eduardo, com seu terno bem alinhado e gravata impecável, olhou para o relógio e sugeriu:— Lúcia, que tal almoçarmos juntos? Podemos continuar discutindo o caso.— Acho melhor não. Você deve estar muito ocupado. Não quero atrapalhar. — Lúcia hesitou, tentando recusar.Ela precisava voltar logo. Se Marina chegasse
Lúcia ficou satisfeita ao perceber que ele não recusou imediatamente o seu pedido. Ela entendia a situação de Eduardo, afinal, ele era um advogado muito renomado.Se ainda fosse a herdeira da família Baptista, se seus pais ainda estivessem vivos, talvez ela tivesse mais segurança. Mas agora tudo havia mudado. Ela não tinha mais as mesmas cartas na manga, nem o mesmo poder.Além disso, Eduardo nunca havia perdido um caso, e com o poder que Sílvio tinha agora, ela compreendia que Eduardo não tinha por que arriscar sua reputação e carreira enfrentando Sílvio por alguém que, no fim das contas, não significava tanto assim para ele.Se ganhasse, tudo bem, mas se perdesse, Eduardo também sairia prejudicado.Portanto, Lúcia compreendia e respeitava a decisão dele.— Então, agradeço desde já. — Lúcia disse, esboçando um sorriso discreto.Eduardo sorriu de volta:— Nós somos colegas de faculdade, não precisa agradecer. Vamos! Um brinde!Lúcia ergueu seu copo, que estava apenas com água, e brindo