Mas quando ela pediu que ele ajudasse a família Baptista, Sílvio foi tomado por lembranças dos ressentimentos passados.Sílvio se virou para sair.Lúcia, desesperada, frágil, bloqueou o caminho dele.Sob o olhar ligeiramente surpreso e perplexo de Sílvio, ela caiu de joelhos no chão. Caiu com determinação.Assim como naquela vez, em um dia de neve intensa, ajoelhada em frente ao prédio do Grupo Baptista. As pessoas só deixavam seu orgulho de lado quando eram empurradas ao limite, e isso era um sinal de amadurecimento.A única diferença era que, naquela ocasião, ele havia chamado uma porção de jornalistas para transmitir ao vivo e humilhá-la. Agora, apenas ele assistia à sua humilhação, sua dignidade em frangalhos.Para conseguir dinheiro para ajudar seu pai, Lúcia bateu a cabeça no chão três vezes, cada vez com mais força. O som ecoava pelo chão, e a testa de Lúcia começou a sangrar ao se chocar contra o chão, deixando uma mancha de sangue.Sua testa estava sangrando. Mas não importa
Ele examinou o caderno, que estava amassado, obviamente usado por um bom tempo.Ele estava curioso: O que ela estaria escrevendo naquele caderno que ele lhe dera? Segredos que ninguém conhecia? Confissões e arrependimentos sobre sua família?Ele estava prestes a abrir o caderno.A mulher na cama murmurava: — Sílvio... Sílvio...Sílvio colocou o caderno sobre a mesa, sem abri-lo. Ele pensou que eles tinham chegado a esse ponto. Não importava o que estivesse escrito ali, eles não poderiam voltar ao passado.Eles estavam errados desde o início, e não importava quanto lutassem, continuariam errados.O que Sílvio não sabia era que, naquele momento, ele parecia despreocupado e desinteressado pelo caderno, mas quando Lúcia morresse, ver o conteúdo do caderno o deixaria arrasado e enlouquecido.Lúcia ainda chamava seu nome. Incapaz de se controlar, Sílvio se aproximou dela, abaixando-se e colocando o ouvido perto de seus lábios, querendo ouvir o que ela queria dizer. — Sílvio, me ajude, cuid
Depois de se arrumar, Lúcia foi direto para o Grupo Baptista de carro. Ela estava no escritório da presidência, mas não viu Sílvio por perto. Onde será que ele estava? Normalmente ele não faltaria, já que era um workaholic.Nesse momento, Leopoldo entrou no escritório e ficou surpreso ao ver Lúcia no sofá: — Sra. Lúcia, o que a senhora está fazendo aqui?— Estou esperando o Sílvio. Onde ele está? — Lúcia se levantou apressada do sofá.Leopoldo pegou uns papéis da mesa: — O Presidente Sílvio está em uma reunião. Sra. Lúcia, a senhora machucou a testa?— Não é nada, foi só um acidente, escorreguei e bati. — Lúcia deu um leve sorriso. — Obrigada por se preocupar.Leopoldo insistiu: — A senhora não deveria ter ido ao médico? Pode dar tétano, não é nada bom.— É só um pequeno machucado, não é nada demais. — Lúcia desconversou e voltou a perguntar sobre Sílvio. — Quando será que ele vai sair da reunião?Leopoldo pensou um pouco: — Hoje vários clientes importantes vieram, então a reuniã
— A reunião deve acabar antes do final do expediente, Sra. Lúcia. Por que a senhora não volta para casa? Quando terminarmos, eu lhe mando uma mensagem e a senhora volta. — Sugeriu Leopoldo, achando que ela estivesse entediada. — Ou, se preferir, pode ir ao shopping para passar o tempo.Lúcia, entretanto, não pensava assim. Para evitar qualquer complicação, ela balançou a cabeça em negativa.Assim, ela permaneceu sentada desde as nove e meia da manhã até as dez da noite.Os funcionários do Grupo Baptista já tinham ido embora, mas Sílvio ainda não saíra da sala de reuniões.Ela não sabia se ele estava realmente ocupado ou se estava deliberadamente a evitando.Mas não importava, ela tinha tempo de sobra e podia esperar.Sentindo um enjoo repentino, ela correu do escritório do presidente até o banheiro, onde se apoiou na pia, vomitando sem parar.Seu rosto ficou vermelho, e ela sentia como se seus pulmões fossem sair pela boca, mas nada saía.Estranho, por que ela estava vomitando tanto ul
— Que promessa? — Perguntou ele.— Sílvio, você não vai negar, né? Ontem à noite, você disse que, se eu me ajoelhasse e implorasse, você consideraria ajudar a família Baptista a sair dessa.— Eu disse considerar, não prometer. Foi você que, sendo tola, decidiu se ajoelhar. Culpe a si mesma por isso.— Sílvio, você fez isso de propósito!— E essa não foi a única vez que você fez algo estúpido. Da última vez, você cortou os pulsos. Eu disse para você morrer e você realmente tentou. Nem sei quem foi o idiota que te salvou. Se fosse eu, nunca teria te resgatado. Pessoas que desprezam a própria vida merecem morrer! — Sílvio riu com desprezo.Lúcia sabia que ele era cruel, mas não imaginava que ele pudesse ser tão desumano e mudar de atitude tão rápido.Ela o encarou, tremendo de raiva: — Você está me enganando?— Estou, sim. E o que você vai fazer sobre isso? Lúcia, você não é mais aquela garota mimada e poderosa. Quem te dá coragem para gritar comigo? Sua mãe inútil? Seu pai moribundo na
— Quem te deu permissão para entrar no carro? Sai agora! — Sílvio disse, com um sorriso de escárnio, enquanto terminava de ajustar o cinto de segurança.Lúcia sentiu uma dor profunda no peito, mas disfarçou com um sorriso despreocupado: — Se quer que eu saia, então atenda ao meu pedido.— Você está delirando!— Sem problemas. Se você não aceitar, eu vou continuar te seguindo. Para onde você for, eu vou. Se eu não ficar constrangida, quem vai ficar é você. — Lúcia lançou-lhe um olhar confiante. — Este carro foi comprado depois do nosso casamento, então metade dele é meu. Estamos apenas separados no papel, mas ainda não divorciados oficialmente. Se eu não posso sentar no banco do passageiro, quem vai sentar? A Giovana?— Quer tanto me seguir? Então siga! — Sílvio disse, com o rosto frio, girando o volante abruptamente.Em uma curva acentuada, Lúcia quase foi arremessada contra o para-brisa, mas o cinto de segurança a segurou firmemente: — Sílvio, você sabe dirigir? Vai devagar!— Ou sa
Só porque ela colocou um pouco de comida no prato dele.Sílvio largou o garfo, fechou a caixa de pizza e jogou o prato no lixo com um estrondo.— Sílvio, eu preparei a comida com carinho e é assim que você me trata? — Lúcia levantou a cabeça, furiosa, olhando diretamente para ele.Ele apenas deu uma olhada de lado para Lúcia, com um tom sarcástico: — Eu te pedi pra fazer comida? Já terminou de comer? Se terminou, então sai daqui!Essa foi a segunda vez no dia que Sílvio mandou ela sair. A primeira foi quando ela entrou no carro dele.Lúcia sentiu uma dor no coração. Ela se esforçava tanto para fazer uma refeição para ele, mas recebia apenas desprezo. As lágrimas encheram seus olhos: — Sílvio, por favor, não fale assim comigo.— Isso é falar mal? Eu posso piorar, quer ouvir? Lúcia, se eu fosse seu pai, a primeira coisa que eu faria ao acordar seria te espancar até a morte! Ele está lá no hospital, quase morrendo, e você, em vez de cuidar dele, vem aqui, se humilhar na frente do seu in
Lúcia falava sem parar, mas ele não dava a mínima.Era mesmo ridículo, ela ainda esperava que ele tivesse alguma compaixão por ela.Um homem que mandou Olga matá-la, um marido que desejava a morte da própria esposa, como poderia ter qualquer sentimento de piedade?Lúcia enxugou as lágrimas, decidida: — Eu já disse, ou você aceita o que eu estou pedindo, ou eu vou ficar te seguindo, te atormentando. Se tem coragem, então me mate de uma vez.— Você perdeu a vergonha na cara?— Eu não preciso mais de vergonha. A partir de hoje, eu vou morar aqui.À noite, depois de tomar banho, Lúcia secou o cabelo e abriu a porta do quarto.Sílvio, vestindo um robe de seda cinza, estava deitado na cama lendo um livro.Ao ouvir os passos, ele levantou os olhos e viu Lúcia entrar, fechando o livro com um estalo: — Quem te deixou entrar? Sai daqui!Lúcia ignorou, com o rosto inexpressivo, caminhou até a cama, levantou o cobertor e sentou-se na beirada: — Nós ainda não nos divorciamos, então, claro que va