Ela precisava contar aquele segredo para ele, senão realmente morreria de dor. — Sílvio, eu não vou...A porta da suíte presidencial foi batida, o celular de Sílvio tocou, ele atendeu e foi abrir a porta.As palavras de Lúcia ficaram presas na garganta como espinhas de peixe.Um minuto depois, Sílvio voltou, jogando um saco de papel na frente dela.O saco bateu em seus dedos, causando uma dormência instantânea.Roupas como suéter e jeans, meias e outros itens caíram do saco, espalhando-se pelo tapete.— Troque de roupa, tire essa maquiagem e vá embora. Se você não tem vergonha, eu tenho.Sílvio jogou um casaco branco sobre o rosto dela e voltou para o banheiro para se lavar.Quando terminou, Lúcia já havia trocado de roupa e foi ao banheiro remover a maquiagem.De repente, a dor no fígado passou, e ela percebeu que não precisava mais contar sobre sua doença, pois sabia que ele não se importaria.Depois de remover a maquiagem, ela saiu do banheiro e Sílvio já não estava mais lá.A cami
Sílvio percebeu de relance aquele pequeno gesto. Ela estava com vontade de vomitar ao vê-lo?O rosto dela estava pálido, tão pálido que não parecia normal, frágil como se pudesse desmoronar a qualquer momento.Sílvio abriu a boca, querendo perguntar o que havia de errado.Lúcia começou a tossir novamente, uma tosse tão forte que parecia que seus pulmões iam sair.Ela pressionava a mão contra a região do fígado, franzindo a testa de dor.— O que houve com você? — Ele finalmente não conseguiu conter a pergunta.A garganta de Lúcia estava cheia de gosto de sangue. Ela deu mais algumas tosses baixas e então levantou os olhos para ele:— Você ainda se importa com o que acontece comigo?— Só estou curioso para saber quando você vai morrer, afinal, o caixão que comprei para você já está guardado há muito tempo.Sílvio queria mostrar preocupação, mas suas palavras saíram distorcidas.Ele não podia se preocupar com ela, muito menos ser bom para ela. O ódio que sentia deveria fazê-lo desejar sua
No hospital, no consultório do médico.Lúcia, diante do médico, abriu o frasco de analgésicos e despejou um punhado de comprimidos brancos na palma da mão, engolindo-os de uma só vez.O médico encheu um copo com água e entregou a ela.Ela pegou o copo, sentindo um gosto amargo na boca, tão amargo que quase a fez vomitar.Rapidamente tomou um gole de água para engolir os comprimidos brancos que estavam em sua boca, só depois de dois copos de água o amargor começou a desaparecer.O médico observava seu rosto pálido, suas sobrancelhas franzidas se aprofundando ainda mais.— Srta. Lúcia, sua condição está se agravando. Uma única dose de analgésico não está mais surtindo efeito, será necessário dobrar a quantidade. Vou prescrever mais alguns frascos, por favor, não os perca. A situação está muito crítica desta vez.— Obrigada, doutor.Lúcia pegou os frascos de analgésicos, deu um sorriso fraco, fechou as tampas e colocou os três frascos dentro da sua bolsa.— Eu ainda recomendo que você con
— Você é amigo da Lúcia? — Indagou o médico, franzindo a testa.Lúcia parecia não ter muitos amigos, sempre vinha ao hospital sozinha. Quem seria esse homem, afinal?— Por que tanto rodeio? Fale logo o que eu perguntei. — Retrucou Sílvio, visivelmente irritado. — Ou prefere que o diretor do hospital venha pessoalmente perguntar?O médico sentiu um calafrio e entendeu na hora que não poderia desafiar aquele homem.Não podia revelar a situação da paciente sem autorização, então mentiu:— A Srta. Lúcia apenas comeu algo que não fez bem. Não é nada grave.Sílvio soltou uma risada sarcástica.“Então ela só comeu algo estragado.”Essa mulher não dizia uma verdade.A irritação interna de Sílvio diminuiu consideravelmente enquanto ele se virava e saía do consultório.Uma mulher robusta como ela, como poderia estar doente? Como poderia acontecer algo com ela?Nunca mais deveria acreditar nas palavras dela.Leopoldo, sem entender, seguiu Sílvio. Por que o chefe parecia tão carrancudo se Lúcia es
Sílvio ignorou-a e se inclinou para entrar no carro.Lúcia desceu os degraus correndo:— Sílvio, só preciso de dois minutos, por favor.— Presidente Sílvio, o senhor não está com pressa, dê dois minutos para a senhora Lúcia. — Leopoldo não pôde deixar de intervir.O olhar incisivo de Sílvio pousou sobre ele:— Some daqui.Leopoldo, apesar da bronca, conseguiu ganhar dois minutos para Lúcia. Ele se virou, sorrindo, e foi dar uma volta pelo jardim que havia ouvido falar existir ali nas proximidades do hospital, cheio de flores de todas as cores.Lúcia deu um passo em sua direção, tentando encontrar as palavras certas para começar. Mas ele se afastou um pouco, querendo manter distância.Esse pequeno gesto foi como uma agulha fina perfurando seus olhos, causando uma dor que quase a fez chorar.— Fale logo e não me toque. — O sorriso de Sílvio era cheio de desdém.Apesar de já ter ouvido suas palavras frias e cruéis inúmeras vezes, Lúcia ainda sentia dor. Ela não sabia quanto tempo mais lev
Sair para trabalhar, sem surpresas, nenhuma empresa estaria disposta a aceitá-la.No fim, ela ainda teria que pedir ajuda ao Sílvio.O desfecho era inevitável, então por que não maximizar os benefícios?Portanto, obter a promessa dele de proteger seu pai e a família Baptista para sempre era a forma mais segura, muito mais importante do que qualquer quantia em dinheiro.Quando ela esclarecesse que os pais de Sílvio não foram mortos por seu pai, o ódio de Sílvio pela família Baptista diminuiria, certo?Naquela noite, ela não dormiu, mas foi ao mercado comprar os ingredientes mais frescos para preparar o café da manhã que ele sempre adorou: croissant e ovos mexidos.Ela não sabia cozinhar. No início do relacionamento, era ele quem sempre cozinhava para ela.Ele cozinhava tão bem, tão bem que não deixava nada a desejar comparado aos restaurantes.Mas depois que ele começou a trabalhar no Grupo Baptista, seu pai deu-lhe uma atenção especial, e ele ficou cada vez mais ocupado, sem tempo para
Lúcia ficou perplexa, lembrando de como ele adorava a comida que ela fazia. — Lúcia, não me fale do passado, só de lembrar eu fico enjoado. — Zombou ele.— Seus pais morreram por causa de um curto-circuito. Por que você culpa meu pai por isso? — Lúcia gritou. — Você diz que meu pai é um assassino, cadê as provas? Você tem provas?Sílvio estava lendo documentos e, ao ouvir isso, jogou a pasta na mesa com força, levantou-se rapidamente e caminhou até ela, agarrando seu queixo: — Você ainda tem coragem de me pedir provas? Quer me irritar mais? Tá com vontade de morrer mais rápido?— Me diga, o que realmente aconteceu? — Lúcia sentia uma dor excruciante no queixo, seu rosto se contorcendo.Ela viu a raiva nos olhos dele, como um furacão. Ele soltou seu queixo com violência, quase fazendo-a cair. Ela se segurou na mesa e ouviu ele dizer com desprezo. — Idiota, seu cérebro foi comido por um cachorro? Aquele velho era esperto, como ele conseguiu ter uma filha tão estúpida? O que você desco
Sandra franziu o rosto:— Lúcia, foi o Sílvio que te encheu a cabeça com baboseiras de novo? Você acredita nele e não confia mais no que eu digo?— Não é isso...— Nossa família nunca teve parentes, amigos ou negócios no Bairro das Árvores. Não há motivo para irmos àquele lugar. Seu pai sempre foi um homem bom, um grande filantropo. Caso contrário, ele nunca teria adotado aquele ingrato do Sílvio como filho, e muito menos teria insistido para você se casar com ele, contra a minha vontade. Seu pai agora está em coma, a família Baptista está em ruínas. Você precisa ter a cabeça no lugar para saber em quem acreditar. — Sandra chorava, a voz embargada. — Nossa família não aguenta mais problemas, minha filha.— Mãe, eu acredito em você. E acredito no papai. — Lúcia abraçou a mãe, tentando acalmá-la.Mas por que a mãe mentiria? Ela realmente não sabia ou estava escondendo algo?Dez anos atrás, numa noite chuvosa e tempestuosa, seu pai recebeu um telefonema e desceu apressadamente.Ela tinha