Lúcia ficou perplexa, lembrando de como ele adorava a comida que ela fazia. — Lúcia, não me fale do passado, só de lembrar eu fico enjoado. — Zombou ele.— Seus pais morreram por causa de um curto-circuito. Por que você culpa meu pai por isso? — Lúcia gritou. — Você diz que meu pai é um assassino, cadê as provas? Você tem provas?Sílvio estava lendo documentos e, ao ouvir isso, jogou a pasta na mesa com força, levantou-se rapidamente e caminhou até ela, agarrando seu queixo: — Você ainda tem coragem de me pedir provas? Quer me irritar mais? Tá com vontade de morrer mais rápido?— Me diga, o que realmente aconteceu? — Lúcia sentia uma dor excruciante no queixo, seu rosto se contorcendo.Ela viu a raiva nos olhos dele, como um furacão. Ele soltou seu queixo com violência, quase fazendo-a cair. Ela se segurou na mesa e ouviu ele dizer com desprezo. — Idiota, seu cérebro foi comido por um cachorro? Aquele velho era esperto, como ele conseguiu ter uma filha tão estúpida? O que você desco
Sandra franziu o rosto:— Lúcia, foi o Sílvio que te encheu a cabeça com baboseiras de novo? Você acredita nele e não confia mais no que eu digo?— Não é isso...— Nossa família nunca teve parentes, amigos ou negócios no Bairro das Árvores. Não há motivo para irmos àquele lugar. Seu pai sempre foi um homem bom, um grande filantropo. Caso contrário, ele nunca teria adotado aquele ingrato do Sílvio como filho, e muito menos teria insistido para você se casar com ele, contra a minha vontade. Seu pai agora está em coma, a família Baptista está em ruínas. Você precisa ter a cabeça no lugar para saber em quem acreditar. — Sandra chorava, a voz embargada. — Nossa família não aguenta mais problemas, minha filha.— Mãe, eu acredito em você. E acredito no papai. — Lúcia abraçou a mãe, tentando acalmá-la.Mas por que a mãe mentiria? Ela realmente não sabia ou estava escondendo algo?Dez anos atrás, numa noite chuvosa e tempestuosa, seu pai recebeu um telefonema e desceu apressadamente.Ela tinha
Lavou o rosto com água fria, mas ainda sentia um leve enjoo.Ela se forçou a beber um copo de água morna e começou a se sentir um pouco melhor.Para descobrir mais sobre o motorista de seu pai, Paulo, Lúcia contratou um detetive particular. Ele foi rápido e, naquela mesma noite, trouxe as informações:— Srta. Lúcia, o motorista do seu pai, Paulo, realmente abriu uma pequena empresa em sua cidade natal e estava indo muito bem. Mas agora a empresa faliu.— Se estava indo tão bem, por que faliu? — Lúcia percebeu o problema imediatamente.O detetive explicou pelo telefone:— A empresa de Paulo foi envolvida em um esquema de fraude telefônica, com um prejuízo de cinco milhões. Ele foi condenado a dez anos de prisão. O tribunal confiscou todos os seus bens.— Quando ele foi preso?— De acordo com os registros, Paulo foi preso há um ano. A data exata é...Ao ouvir a data, Lúcia ficou paralisada. Seria coincidência?Paulo foi preso no mesmo dia em que seu pai caiu da escada e entrou em coma.S
Descobriu que ele já a odiava tanto assim, só de ouvir a voz dela, sua expressão mudava instantaneamente.Lúcia não insistiu. Sabia que, fosse sorte ou azar, não tinha como escapar do destino.Meia hora depois, o carro parou em frente a uma prisão masculina.Sílvio, impaciente, mandou que ela descesse do carro e a arrastou para dentro da prisão. Os guardas reconheceram Sílvio e acenaram para ele, cumprimentando-o.Depois de trocar algumas palavras com os guardas, Sílvio entregou Lúcia a eles, que a levaram para dentro.Um grupo de homens usando uniformes de detentos estava brigando. Vários deles espancavam um homem que estava no chão, batendo nele com socos, chutes e até com um banco.O homem no chão apenas se encolhia, protegendo a cabeça com as mãos, sem revidar.O guarda apitou, e os brigões se dispersaram instantaneamente.O guarda disse ao homem no chão: — Alguém quer falar com você, levanta daí.— Quem quer me ver? — O homem levantou a cabeça e viu Lúcia ao lado do guarda, fican
Paulo inicialmente não queria contar a verdade para Lúcia. Só depois de muita insistência, de seus gritos e até de vê-la ajoelhar-se em súplica, ele finalmente cedeu. Tremendo, ele a levantou e, chorando, disse:— Srta. Lúcia, fui eu. Tudo foi obra minha, seu pai, o Sr. Abelardo, não tem nada a ver com isso. O Sr. Sílvio não me processou até agora porque destruí todas as provas. Ele não tem como atingir o Sr. Abelardo. Fique tranquila, eu nunca colocaria você ou seu pai em apuros. Se eu tiver que morrer por isso, assim será. — Srta. Lúcia, sinceramente, eu só desejo que você tenha paz e felicidade. Não se envolva mais nisso.Ao lembrar dessas palavras, Lúcia não conseguia conter as lágrimas. Em seus ouvidos, ressoava a voz rouca e cheia de ódio de Sílvio:— Há mais de dez anos, meu pai tinha um pequeno restaurante. Apesar de ser um negócio modesto, vivíamos bem. Naquela noite, como hoje, começou a nevar de repente. Meu pai saiu para fazer compras e foi atropelado. Quando o encontramo
— Cala a boca! — Lúcia gritou, tomada pelo desespero, tentando novamente tapar os ouvidos. Ela não queria ouvir, não queria saber de nada. Mas as maldições venenosas de Sílvio, como serpentes, infiltravam-se em seus ouvidos, penetrando seu coração: — Meu pai era um homem honesto! Nunca fez nada de errado! E foi queimado vivo por ordem do seu pai! Ele não é um monstro? Ele não é um monstro?— Lúcia, desde o momento que te vi pela primeira vez, eu quis te estrangular com minhas próprias mãos, sabia? E eu ainda tinha que fingir que te amava, te beijar, dividir a cama com você! Todas as noites eu sonhava com a morte horrível da minha família! Sonhava com minha mãe me chamando de traidor, me dizendo que eu era um ingrato por não vingar a morte deles!— Esperei um ano inteiro por este dia! Nosso jogo está apenas começando! Lúcia, você não terá uma morte fácil! Aquele velho também não terá uma morte fácil! Sua família inteira não terá um bom fim!As palavras de Sílvio fizeram a garganta de
Ela olhou ao redor. A estrada asfaltada era estreita, com largura suficiente para apenas um carro passar.Ao lado da estrada, havia uma horta grande e ampla, envolta na escuridão densa da noite, transmitindo uma sensação de tranquilidade e desolação infinitas.Não havia uma alma viva, muito menos um carro.Lúcia tinha a palma da mão cheia de pequenos e finos cacos de vidro, e a dor fazia as lágrimas escorrerem dos seus olhos.Levantar-se do chão era difícil, especialmente com um braço deslocado. Ela precisava sair dali e ir para o hospital.Embora fosse início da primavera, a temperatura noturna ainda era gelada.Lúcia usava um par de tênis esportivos e caminhava com dificuldade.As solas dos tênis eram duras, e seus pés estavam dormentes, sem sensibilidade.O que fazer agora?Que lugar infernal era aquele...Lúcia deu um sorriso amargo. Sílvio realmente a odiava, caso contrário, por que a deixaria em um lugar tão deserto e isolado?Um carro preto voltou e parou em frente a ela.Não pr
Ao sair do hospital, Sílvio continuou a seguir em frente, em direção ao carro preto estacionado na rua.Sua postura era reta e ele vestia um belo terno preto.No entanto, havia algo nele que dava a sensação de que ele se sentia solitário e cansado, mas ainda assim se segurava. — Sílvio…Ele parou em seus passos.Ela o olhou fixamente pelas costas: — Obrigada por me revelar a verdade hoje. E ainda mais grata por me trazer ao hospital.Se não fosse por sua carona, ela ainda estaria presa lá. — Eu fiz isso apenas para te atormentar ainda mais, não se iluda. — Ele bufou e continuou a andar.Sílvio não saiu imediatamente de carro, mas ficou sentado no banco do passageiro, observando fixamente a figura de Lúcia enquanto ela atravessava a rua.Seu olhar era complexo, algo que os outros não poderiam entender.Pegou o ceular e ligou para Leopoldo: — Mande alguém vigiar Lúcia.— Sim, Presidente Sílvio.De volta à Mansão do Baptista.Lúcia se encolhia no canto da cama do quarto, com as luzes