O capitão levantou-se.— Eu lhe entendo. Mais uma coisa antes de eu ir embora. É apenas uma formalidade, é claro, mas já que estou aqui, poderia ver o passaporte da srta. "Hort"?Ashilley ficou gelada, mas Taylor permaneceu tranquilo.— Nossos passaportes estão em um cofre no Banco de Yahren. Uma vez que não planejamos deixar seu belo país, achamos que lá era o lugar mais seguro para guardá-los. — Taylor olhou para o relógio. — É uma pena, mas o banco ainda não abriu.— Talvez eu possa acompanhá-lo até lá mais tarde.— Certamente, se não se incomodar com o fato de se deslocar até lá para assumir a responsabilidade.O policial pareceu, de repente, ser cauteloso.— Acho que não compreendi.— Os jornais podem chegar à conclusão errônea de que eu e "Sheyla" somos suspeitos de alguma coisa. O senhor deve admitir que é pouco usual um oficial de sua posição executar verificações de passaporte.— É pouco provável que a imprensa tome conhecimento do fato.— Talvez não sai
Taylor fez tanta questão de que Ashilley comprasse um vestido de noiva que decidiu acompanhar e ajudar ela na escolha.— Não é necessário — ela protestou. — Você já me comprou tantas roupas! Eu posso usar um dos vestidos que tenho.— Não há nada adequado nas peças que comprei. Não sabia, na ocasião, que nosso relacionamento floresceria tão depressa.Ashilley sentia-se péssima. Além de sua própria situação, havia o fato de Taylor estar sendo obrigado a um casamento que não escolheu e sem qualquer maneira de evitar tal fato. Se tentassem cancelar a cerimônia, o capitão Khallid cairia sobre eles como um tigre faminto e todo plano seria descoberto.— Não preciso de nada especial — ela murmurou. — Afinal, aquele não seria um casamento de verdade.— Uma vez que este pode ser o único casamento de que eu tomarei parte, gostaria de fazer tudo da maneira correta.Ashilley baixou os olhos e fingiu examinar as unhas.— Com certeza você voltará a se casar algum dia.— Isso depende muito de
— Nenhuma explicação vai ser necessária, porque eu vou junto com você. Quando conseguir tirar você do país, não haverá mais razão para eu ficar aqui. Preciso voltar para casa e trabalhar. Para todos os efeitos, estaremos retornando juntos aos Estados Unidos. Depois, quando eu voltar a vê-los... Bem, quantos casamentos são duradouros hoje em dia?— Você tem resposta para tudo, não é? A julgar pela ideia que você faz do casamento, fico feliz pelo nosso não ser de verdade. —ela falou cruzando os braços.— Mas ele é, minha querida. — Ele colocou o braço em torno dela e conduziu-a para a porta. — Vamos lá! Temos um vestido de noiva para comprar!Os três dias seguintes foram tão corridos que Ashilley não teve tempo de se preocupar com suas relações pessoais com Taylor. Viu-se envolvida nos intermináveis detalhes de um casamento, arranjos que, normalmente, tomariam várias semanas.Havia o cardápio a ser discutido com o buffet, a decisão a respeito das flores para a decoração, convites a
Ashilley o encarou e fez um sinal afirmativo com a cabeça. Ele nunca a machucaria de propósito, mas será que percebia o quanto ela era vulnerável?— Não vou negar que gostaria de fazer de nossa noite de núpcias uma realidade, já que algo me diz que seria simplesmente sensacional — ele continuou, sorrindo. — É irônico pensar que minha esposa será a única mulher fora do meu alcance. Mas, pelo menos, podemos ser amigos, não é?— É claro. Espero que seja sempre assim.— Pode contar com isso. Se algum dia você precisar de mim, quero que prometa que vai me chamar, não importa onde eu estiver.Ashilley tentou sorrir.— A julgar pela minha habilidade de me meter em complicações, essa oferta será um tanto trabalhosa para você.— É o mínimo que alguém pode fazer por sua primeira esposa — ele respondeu, com uma expressão ao mesmo tempo triste e doce.A despedida de solteira de Ashilley foi um lanche organizado na sexta-feira à tarde em torno da piscina da espaçosa residência de M
Antes que ela pudesse raciocinar sobre o que iria acontecer, Taylor a beijou. Foi um beijo convencional, mais um arrepio percorreu todo o seu corpo. O toque dos lábios firmes pareceu despertar algo que estava adormecido dentro dela, mesmo sabendo que ele fazia apenas o que era esperado de um homem que se casaria no dia seguinte. O contato foi breve e Taylor endireitou o corpo imediatamente.— Você pode fazer melhor que isso — brincou Katarina.— É claro — ele respondeu, acariciando o rosto de Ashilley. — Mais não diante de uma plateia. Se quiserem romances, leiam meus livros.— Qualquer um pode fazer isso — reclamou Margô. — Nós queremos informações mais secretas. Por exemplo, onde vão passar a lua-de-mel? Ainda não perguntamos a "Sheyla".— Receio que nossa lua-de-mel tenha que ser adiada. Não podemos deixar Yahren no momento.— Não deixe que ele a engane com isso, "Sheyla"— avisou Mônica. — Eles fazem todo o tipo de promessa antes de casar e só nos dão desculpas depois. Faça
— Casamentos não são tão irreversíveis hoje em dia.— "Sheyla"! Que jeito de falar na véspera de seu casamento! — Mônica sorriu, compreensiva. — É apenas a velha síndrome da armadilha de que eu estava lhe falando.Ashilley percebeu que aquela era uma boa ocasião para construir as bases da futura anulação, que Mônica pensaria ser um divórcio.— Você tem que admitir que vários casamentos não dão certo.— O de vocês vai dar. Qualquer pessoa pode ver que estão apaixonados.— Isso não é suficiente para manter uma relação. Você já deve ter visto Taylor se apaixonar por várias mulheres e, depois, descobrir que não gostava delas tanto quanto imaginava.— Não era amor e ele nunca fingiu que fosse. "Sheylla", espero que você não o esteja condenando pelas mulheres que teve no passado.— Não, claro que não.— O que ele sente por você é mais do que atração física. É por isso que eu sei que o casamento vai durar. Nunca vi Taylor tão... protetor, tão cuidadoso com alguém.— Sim, eu sei.— U
— Não preciso de nada para me ajudar a lembrar de você — falou.O dedo de Taylor continuava a trilha torturante em torno da corrente de platina.— Mesmo assim, eu gostaria que você ficasse com ele.— Não posso aceitar. — As mãos de Ashilley apertaram o lençol, tentando juntar toda a força de vontade. — Como eu explicaria a Ravier?O brilho sumiu dos olhos de Taylor, deixando-os frios. Ele baixou a mão e levantou-se.— Nunca pensou em lhe dizer a verdade? — Ao ver que ela não respondia, ele sorriu com ironia. — Não daria certo. Políticos não estão acostumados a lidar com a verdade, não é?Ashilley permaneceu imóvel na cama, observando o futuro marido sair chateado do quarto. Mais do que qualquer coisa no mundo, ela queria chamar ele de volta, abraçar ele com força e dizer que o amava muito e que estava apaixonada. Admitia, por fim, o que não podia mais negar.Porém, obrigou-se a ficar quieta, pois sabia que não poderia esperar nada daquela situação a não ser a dor.Conforme se a
— E quem você vai fingir que eu sou?— É difícil fazer uma escolha — ele respondeu, com um sorriso maldoso.Ashilley estremeu ao perceber a pouca importância que Travis dava às inúmeras mulheres que haviam passado pela vida dele.Talvez um homem como ele não estivesse tempo de aprender a amar.— O que vocês dois estão fazendo juntos? — A voz de Mônica interrompeu a tensão. Ela atravessava o gramado em direção a eles. — Não sabem que dá azar o noivo ver a noiva antes do casamento?Taylor virou-se para recebê-la.— Nós não somos supersticiosos. Acreditamos em construir nossa própria sorte.— Certo, mas se o padre não aparecer ou um dos convidados ficar bêbado e cair no bolo, não digam que eu não avisei. — Mônica voltou-se para Ashilley. — Como está a noiva hoje?— Combativa — Taylor respondeu por ela, com rapidez.— O que eu disse? É esta a razão pela qual o casal não deve se ver. Se começarem a brigar e cancelarem o casamento, as únicas pessoas satisfeitas serão os comerciante