Ashilley sentia o sangue ferver de raiva. Taylor sabia que aquilo ia acontecer e, a julgar por seu rosto, estava achando até divertido! Teve dificuldade para esconder a irritação quando alguém lhe perguntou:— Como você e Taylor se conheceram? Ashilley teve uma súbita inspiração.— Através do meu noivo. — Ela apreciou as expressões de espanto de todos os presentes, exceto Taylor, que parecia continuar se divertindo.— Seu noivo é escritor? — comentou uma das mulheres.— Não, ele está na política. Ele e Taylor se conhecem há anos. Um dia, quando estavam almoçando juntos, Ravier ficou sabendo que Taylor pretendia começar um livro ambientado na Antiguidade e me indicou como a pessoa ideal para auxiliá-lo. Taylor descobriu que eu tinha as qualificações necessárias e me trouxe junto com ele.— Eu pensei que você fazia as pesquisas sozinho — disse um homem, voltando-se para Taylor.— Quem dispensaria uma assistente com a aparência de "Sheylla"? — ele respondeu, com um sorriso nos lábi
— Se eles acreditaram em você, por que acha que seu noivo não acreditará?— Eu sei que acreditaria, mas não há razão para ele saber.— Começo a formar o quadro em minha cabeça. Se eu fosse você, pensaria duas vezes antes de me casar com esse sujeito. Parece um bobão.— Você não tem direito de dizer isso sem ao menos conhecê-lo — respondeu Ashilley, já cansada daquela conversa.— De uma coisa eu sei: se você fosse minha, eu ia querer que todo mundo soubesse disso.A atmosfera no carro fechado tornou-se subitamente muito íntima. Ashilley umedeceu os lábios, nervosa.— Ravier sabe que sou fiel e isso é tudo o que importa. Vamos entrar agora? Estou muito cansada.Enquanto se aprontava para dormir, Ashilley relembrou a, conversa com Taylor. Lamentava ter feito de seu Ravier fictício um homem tão fraco e dependente da opinião alheia. Já que estava inventando um noivo, era preferível ter criado alguém impetuoso e ousado, mas as coisas não haviam acontecido de uma maneira previsível. O
— Não sei. Ele poderia estar em qualquer lugar agora: em uma das lojas de departamentos, ou em outra rua. Foi um golpe de sorte darmos com ele no centro da cidade. Há tantos turistas por aqui que é difícil alguém ficar em evidência.— Will parecia mais um mendigo do que um turista. Havia uma moça com ele, você não viu?— Uma estrangeira?— Não, eu acho que ela era daqui.— Pode ter sido assim que ele nos despistou por tanto tempo. Se conheceu uma moça da cidade, ela pode estar escondendo ele. Bem, o importante é que ele apareceu. Logo devemos ter alguma notícia.— Oh, Taylor, isso seria maravilhoso!— É, seria fantástico — ele disse, olhando o rosto ansioso de Ashilley.Conforme Taylor havia previsto, naquela noite receberam um telefonema de um dos informantes. Will foi visto em um bairro perto do centro. Sua localização exata era desconhecida, mas estavam trabalhando nisso.— Podemos ir até lá procurá-lo? — pediu Ashilley, assim que Taylor lhe passou as informações.— Seria
O capitão levantou-se.— Eu lhe entendo. Mais uma coisa antes de eu ir embora. É apenas uma formalidade, é claro, mas já que estou aqui, poderia ver o passaporte da srta. "Hort"?Ashilley ficou gelada, mas Taylor permaneceu tranquilo.— Nossos passaportes estão em um cofre no Banco de Yahren. Uma vez que não planejamos deixar seu belo país, achamos que lá era o lugar mais seguro para guardá-los. — Taylor olhou para o relógio. — É uma pena, mas o banco ainda não abriu.— Talvez eu possa acompanhá-lo até lá mais tarde.— Certamente, se não se incomodar com o fato de se deslocar até lá para assumir a responsabilidade.O policial pareceu, de repente, ser cauteloso.— Acho que não compreendi.— Os jornais podem chegar à conclusão errônea de que eu e "Sheyla" somos suspeitos de alguma coisa. O senhor deve admitir que é pouco usual um oficial de sua posição executar verificações de passaporte.— É pouco provável que a imprensa tome conhecimento do fato.— Talvez não sai
Taylor fez tanta questão de que Ashilley comprasse um vestido de noiva que decidiu acompanhar e ajudar ela na escolha.— Não é necessário — ela protestou. — Você já me comprou tantas roupas! Eu posso usar um dos vestidos que tenho.— Não há nada adequado nas peças que comprei. Não sabia, na ocasião, que nosso relacionamento floresceria tão depressa.Ashilley sentia-se péssima. Além de sua própria situação, havia o fato de Taylor estar sendo obrigado a um casamento que não escolheu e sem qualquer maneira de evitar tal fato. Se tentassem cancelar a cerimônia, o capitão Khallid cairia sobre eles como um tigre faminto e todo plano seria descoberto.— Não preciso de nada especial — ela murmurou. — Afinal, aquele não seria um casamento de verdade.— Uma vez que este pode ser o único casamento de que eu tomarei parte, gostaria de fazer tudo da maneira correta.Ashilley baixou os olhos e fingiu examinar as unhas.— Com certeza você voltará a se casar algum dia.— Isso depende muito de
— Nenhuma explicação vai ser necessária, porque eu vou junto com você. Quando conseguir tirar você do país, não haverá mais razão para eu ficar aqui. Preciso voltar para casa e trabalhar. Para todos os efeitos, estaremos retornando juntos aos Estados Unidos. Depois, quando eu voltar a vê-los... Bem, quantos casamentos são duradouros hoje em dia?— Você tem resposta para tudo, não é? A julgar pela ideia que você faz do casamento, fico feliz pelo nosso não ser de verdade. —ela falou cruzando os braços.— Mas ele é, minha querida. — Ele colocou o braço em torno dela e conduziu-a para a porta. — Vamos lá! Temos um vestido de noiva para comprar!Os três dias seguintes foram tão corridos que Ashilley não teve tempo de se preocupar com suas relações pessoais com Taylor. Viu-se envolvida nos intermináveis detalhes de um casamento, arranjos que, normalmente, tomariam várias semanas.Havia o cardápio a ser discutido com o buffet, a decisão a respeito das flores para a decoração, convites a
Ashilley o encarou e fez um sinal afirmativo com a cabeça. Ele nunca a machucaria de propósito, mas será que percebia o quanto ela era vulnerável?— Não vou negar que gostaria de fazer de nossa noite de núpcias uma realidade, já que algo me diz que seria simplesmente sensacional — ele continuou, sorrindo. — É irônico pensar que minha esposa será a única mulher fora do meu alcance. Mas, pelo menos, podemos ser amigos, não é?— É claro. Espero que seja sempre assim.— Pode contar com isso. Se algum dia você precisar de mim, quero que prometa que vai me chamar, não importa onde eu estiver.Ashilley tentou sorrir.— A julgar pela minha habilidade de me meter em complicações, essa oferta será um tanto trabalhosa para você.— É o mínimo que alguém pode fazer por sua primeira esposa — ele respondeu, com uma expressão ao mesmo tempo triste e doce.A despedida de solteira de Ashilley foi um lanche organizado na sexta-feira à tarde em torno da piscina da espaçosa residência de M
Antes que ela pudesse raciocinar sobre o que iria acontecer, Taylor a beijou. Foi um beijo convencional, mais um arrepio percorreu todo o seu corpo. O toque dos lábios firmes pareceu despertar algo que estava adormecido dentro dela, mesmo sabendo que ele fazia apenas o que era esperado de um homem que se casaria no dia seguinte. O contato foi breve e Taylor endireitou o corpo imediatamente.— Você pode fazer melhor que isso — brincou Katarina.— É claro — ele respondeu, acariciando o rosto de Ashilley. — Mais não diante de uma plateia. Se quiserem romances, leiam meus livros.— Qualquer um pode fazer isso — reclamou Margô. — Nós queremos informações mais secretas. Por exemplo, onde vão passar a lua-de-mel? Ainda não perguntamos a "Sheyla".— Receio que nossa lua-de-mel tenha que ser adiada. Não podemos deixar Yahren no momento.— Não deixe que ele a engane com isso, "Sheyla"— avisou Mônica. — Eles fazem todo o tipo de promessa antes de casar e só nos dão desculpas depois. Faça