Valentina CarvalhoEu acordei com uma dor latejante na cabeça, mal conseguindo abrir os olhos devido à intensa claridade que fazia minhas têmporas pulsarem. Tentei me situar no ambiente ao meu redor e percebi que estava em um quarto luxuoso, com uma cama dossel majestosa, cortinas negras e uma parede de vidro que levava a uma sacada com sofás e arcos. Era como se eu tivesse sido transportada para um palácio sombrio e desconhecido.A confusão tomou conta de mim e a pergunta ecoou em minha mente: "Onde eu estou?". Lembrei-me vagamente das últimas horas, quando reservei o hotel e um homem misterioso segurava uma placa com o meu nome. Recordo-me de ter entrado no carro com ele e, pensei que ele tinha sido enviado pelo hotel, algum serviço de transfer. O próximo fragmento de memória que surgiu foi o homem borrifando algo em meu rosto, fazendo-me desmaiar.O desespero tomou conta de mim ao perceber que estava presa naquele quarto. Corri até a porta e tentei abri-la, girando freneticamente o
Valentina Carvalho— O que você estava fazendo? - ele me pergunta.— Eu estava tentando fugir, me prenderam no quarto lá em cima - tentei explicar para ele - Eu peguei o carro que o hotel tinha me enviado, mas o homem me dopou e eu acordei naquele quarto lá em cima - aponto com o dedo - Eles prenderam você também?Eu nunca imaginei que fosse ver aquele rosto novamente, mas ali estava ele, o cara que eu tinha esbarrado no aeroporto e beijado no banheiro do avião. Meu coração dispara ao vê-lo, e não posso negar que uma parte de mim tem vontade de beijá-lo novamente. Seus olhos verdes me olham com estranheza, como se não entendesse o que estou pensando.— Você também está preso aqui? - pergunto, tentando disfarçar a emoção em minha voz - Venha, vamos ver se a porta está aberta.Sem pensar duas vezes, seguro a mão dele e o puxo em direção à porta. Sinto uma conexão instantânea com ele, como se estivéssemos destinados a nos encontrar novamente. — Vamos, não podemos ficar aqui parados, dig
Valentina CarvalhoEu engoli seco, sem saber o que aquele homem queria comigo. Eu estava tão abalada com toda aquela história. Meu pai estava doente e eu precisava falar com o médico e sair daquele lugar. Precisava de dinheiro, talvez Danilo pudesse ajudar. E o casamento? Tivemos tantos gastos.— Me esqueci desse envelope, coelhinha. A conta bancária do seu pai - ele disse, me entregando um envelope.Com as mãos trêmulas, abri o envelope e lá estava o que eu temia. Papai estava sem dinheiro. Não que fôssemos ricos algum dia, mas ele tinha uma reserva e gastou tudo com o casamento dos meus sonhos, pois ele não quis que Danilo arcasse com tudo sozinho.— Sua família está em apuros, seu pai doente e, pelo que falei com o médico, há uma esperança - ele disse, olhando para mim. — Um tratamento nos Estados Unidos.Mas como meu pai conseguiria fazer esse tratamento? Nós não tínhamos dinheiro, e mesmo que eu tentasse conseguir um empréstimo, o valor não seria suficiente.— Eu preciso de uma e
Valentina CarvalhoEle estava de costas para mim. Quando aquele homem apareceu na porta, me gerou um misto de surpresa e pânico. Ele era tão diferente de tudo naquele país, parecia um peixe fora d'água, assim como eu. Não conseguia identificar sua nacionalidade, chinês, japonês ou coreano, eu não tinha certeza.— Sou Park Joon-Ho, serei seu guarda-costas, senhora - ele disse, com um leve sotaque. Eu desci da mesa e me arrumei rapidamente, ainda um pouco atordoada.— O que um japonês está fazendo na Turquia sendo meu cão de guarda? - resmunguei baixinho, mas ele ouviu para minha surpresa.— Não sou japonês, senhora. Sou coreano - ele corrigiu, sem parecer ofendido.— Me desculpe - fiquei corada - Eu preciso aprender seu nome - eu disse, um pouco envergonhada.— Joon-Ho, pode me chamar assim, é como todos aqui me chamam - ele abriu a porta para mim - Vou levá-la até seu quarto, a equipe já está te esperando.— Que equipe? - perguntei, um pouco confusa.Joon-Ho era alto e tinha braços fo
Emir AksoyA pressão estava cada vez maior. Eu estava aos pés da minha mulher, a minha esposa, entregando-lhe jóias como uma forma de mostrar minha devoção. Essa era a imagem que eu queria que ficasse gravada na mente de todos e nas fotos que eles tiravam. Afinal, eu era o Herdeiro, o Baba, o líder supremo da máfia turca e tinha que mostrar meu amor à mulher à minha frente.O conselho da máfia sempre exercia uma grande pressão sobre mim. Eles esperavam que eu escolhesse minha noiva e constituísse minha família, garantindo assim a continuidade do sangue da minha linhagem. Todos os que tinham filhas na idade de se casar me perguntavam se eu iria escolher uma delas como minha esposa. Eles viam nisso uma oportunidade de elevar o posição de suas famílias dentro do clã, de se tornarem parte do meu poderoso império.Mas eu não era um homem que seguia as regras cegamente. Quando assumi o cargo de Herdeiro, eu já sabia das obrigações que vinham com ele. Eu estava determinado a não deixar que o
Valentina CarvalhoA noite estava repleta de risos e alegria, mas eu estava sentada em silêncio, observando. Eu estava cheia de ouro, presente tradicional na Turquia para as noivas. Meu pescoço estava pesado com as joias e os dedos cheios de anéis. Estava me sentindo uma rainha, e por alguns momentos, eu sorri.Emir, o noivo, parecia feliz. Ele estava dançando e cantando com seus amigos, completamente alheio ao meu estado de espírito. Eu sempre sonhei com o meu casamento dos sonhos com Danilo.Eu tinha planejado tudo com tanto cuidado. Escolhi um dos melhores DJs, organizei o repertório de músicas e comprei várias coisas para usarmos enquanto dançávamos. Mas o destino, parece, tinha outros planos para mim.Joon-Ho, assim como eu, observávamos tudo, um de cada canto. Ele parecia tão perdido em pensamentos quanto eu, seus olhos puxados estavam fixos na dança que se desenrolava diante de nós. Emir estava no centro, dançando uma dança típica turca. Ele batia os pés no chão, os braços dado
Valentina Carvalho A porta se abriu abruptamente, e ali estava ela. A mulher que eu tinha visto com Emir lá embaixo, apenas alguns minutos atrás. Tudo aconteceu tão rápido que mal tive tempo de reagir. Ela jogou algum tipo de líquido vermelho em meu rosto, manchando meu vestido. Em um piscar de olhos, ela estava em cima de mim, me batendo e puxando meu cabelo, deixando o meu penteado acabado.— Sua vadia, roubou meu noivo de mim... Ele não vai ficar com você… - Ela gritou, a raiva transbordando em sua voz.Eu estava em choque, sem saber como reagir, pois não tive tempo de me defender e de repente, a mulher mais velha entrou, os olhos cheios de fúria. Ela falava em um tom alto e agitado, as palavras saindo de sua boca como uma enxurrada. Eu não conseguia entender nada do que ela dizia, mas o tom de sua voz era suficiente para me assustar e ver o quanto ela estava irritada.Ao seu lado, a outra moça, que chamava Emir de irmão, tentava separar desesperadamente a briga. Ela estava clarame
Valentina Carvalho Os dedos de Emir roçaram nas minhas costas, enviando um frio que percorreu minha espinha, fazendo-me fechar os olhos. Ele desabotoou cada botão do meu vestido com uma paciência e delicadeza que me surpreenderam.Como era possível que somente as mãos de Emir me faziam sentir assim? Um leve toque dele me fazia explodir em meio a sensações, e como eu ansiava por suas carícias.Cada carícia de Emir despertava em mim uma enxurrada de sensações. Era como se cada toque dele acendesse uma pequena chama dentro de mim, uma chama que crescia e se espalhava, aquecendo cada parte do meu corpo.Quando ele passava os dedos pelos meus cabelos, era como se uma onda de calma me envolvesse, afastando todas as minhas preocupações e medos. Quando ele segurava minha mão, eu sentia uma conexão profunda, um sentimento de pertencimento que eu nunca tinha experimentado antes.Ele depositou um beijo suave no meu ombro, deixando um rastro de fogo que parecia consumir minha pele. Foi um gesto