Valentina Carvalho
Eu engoli seco, sem saber o que aquele homem queria comigo. Eu estava tão abalada com toda aquela história. Meu pai estava doente e eu precisava falar com o médico e sair daquele lugar. Precisava de dinheiro, talvez Danilo pudesse ajudar. E o casamento? Tivemos tantos gastos.— Me esqueci desse envelope, coelhinha. A conta bancária do seu pai - ele disse, me entregando um envelope.Com as mãos trêmulas, abri o envelope e lá estava o que eu temia. Papai estava sem dinheiro. Não que fôssemos ricos algum dia, mas ele tinha uma reserva e gastou tudo com o casamento dos meus sonhos, pois ele não quis que Danilo arcasse com tudo sozinho.— Sua família está em apuros, seu pai doente e, pelo que falei com o médico, há uma esperança - ele disse, olhando para mim. — Um tratamento nos Estados Unidos.Mas como meu pai conseguiria fazer esse tratamento? Nós não tínhamos dinheiro, e mesmo que eu tentasse conseguir um empréstimo, o valor não seria suficiente.— Eu preciso de uma esposa e você está, digamos, em uma situação complicada e precisa de dinheiro. Você é atraente e, com uma pequena transformação e um pouco de estilo, você pode ser a minha candidata perfeita - ele disse, se aproximando de mim.Eu fiquei atônita. O que ele estava sugerindo?— Você vai se casar comigo e eu vou pagar o tratamento do seu pai. Uma troca justa - ele disse, colocando suas mãos de cada lado da poltrona onde eu estava sentada. — Na verdade, coelhinha, você não tem muitas opções, só aceitar se casar comigo e salvar o seu pai?Meu coração estava acelerado, minhas mãos suadas. E eu fiquei com tanta raiva. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Casar com aquele homem? Fazer um acordo tão desesperado? Será que eu era capaz de tomar uma decisão tão drástica para salvar a vida do meu pai?Eu me levantei da poltrona, tentando encontrar forças para falar.— Eu... eu não sei - disse, com a voz trêmula. — É uma decisão muito difícil. Eu preciso pensar.Ele sorriu de forma arrogante, como se já soubesse a resposta.— Pensar, Coelhinha. Isso não está em questão. Lembre-se, o tempo está correndo e a vida do seu pai está em jogo - ele disse, pegando seu celular e fazendo uma ligação. — Alô, sim, estou com ela - ele me entrega o telefone.— Alô - escuto a voz de minha mãe - Mamãe, o que está acontecendo?— Seu pai está no hospital, quando ele soube que você fugiu com o Emir ele desmaiou - um silêncio - Filha, seu pai está com… A pressão alta. Você pode voltar para casa, conversar com o Danilo, pois ele está desolado com a sua fuga com outro homem e com o fim do noivado e do casamento, gastamos tanto dinheiro Valentina…— Eu vou voltar, mamãe, diga para o papai que logo eu estarei em casa.— Estamos aguardando você. Seu pai não está bem e ele quer falar com você.— Eu vou voltar, mamãe - desliguei o telefone - Você disse que eu fugi? - questionei o homem à minha frente que ao que parece se chama Emir.— Era melhor sua mãe pensar que você fugiu, pois se apaixonou por mim e não porque o seu noivo te traiu. Mesmo todos sabendo que seu namorado perfeito e rico te trai com a cidade toda. Você vai poder se vingar.— Emir, esse é o seu nome? Você é um grande canalha.— Sem elogios querida, você vai voltar para o seu quarto e vai se arrumar, vamos nos casar daqui a uma hora.Eu estava sendo chantageada, isso era claro. Não tinha como sair dali e não tinha outra opção a não ser aceitar o que Emir estava me propondo.— Emir Aksoy, esse é o meu nome. Assim que você assinar o contrato de casamento, o seu pai vai de helicóptero para São Paulo e quando ele se estabilizar vai para os Estados Unidos, está tudo no contrato. Preciso de você durante um período e depois você estará livre para ir embora e terá uma boa situação financeira - ele disse, com uma expressão séria.— Preciso saber de mais alguma coisa? - perguntei, tentando manter a calma.— Teremos um casamento como qualquer outro. A nossa interação no banheiro do avião foi para ter certeza se tínhamos atração um pelo, outro e pude constatar que temos - ele caminhou até onde eu estava e eu dei passos para trás até chegar na porta do escritório - Esteja ciente que vamos dormir juntos Valentina. Como marido e mulher.— E se eu não quiser dormir com você? - olhei fixamente para o rosto dele.Ele deu um sorriso, se aproximou ainda mais, eu prendi a respiração. Como esse homem mexia tanto comigo? Era como se cada parte do meu corpo pertencesse a ele.— Coelhinha, você vai implorar para que eu possua você - ele encostou a boca em meu ouvido - Para que eu toque seu corpo todo.Os olhos dele foram até a minha boca e eu olhei para aqueles lábios carnudos. Ele então colou a sua boca na minha. Sua boca era tão suculenta, era como uma comida gostosa que você quer sempre provar.Emir segurou meus cabelos, e o beijo se intensificou. As mãos correm pela lateral do corpo e minhas pernas entrelaçaram o corpo dele. Emir me leva até a mesa e me coloca lá em cima. Seu peito é forte e másculo, e como ele é alto.Ele arqueia seu corpo sobre o meu, mas como um ímã eu não consigo me soltar desse homem. Ele é o meu algoz e eu estou aqui beijando o homem que me aprisionou num quarto e me chantageou. Num momento de realidade eu empurro Emir.Eu estava em choque, porque eu estava beijando, Emir Aksoy? Uma parte de mim estava se rendendo a ele e estava me odiando por isso. Eu sabia que estava entrando em um acordo perigoso, mas eu não tinha outra opção. Eu precisava salvar meu pai.Emir se afasta de mim e eu digo rapidamente.— Eu... eu vou assinar o contrato - digo com a voz trêmula e a respiração ofegante.— Eu sei, você não tem outra escolha - ele ajeita seu terno que está desalinhado.Ele sorriu, como se já soubesse a resposta.— Ótimo, Coelhinha. Vamos nos casar daqui a uma hora, não se atrase, pois eu odeio atrasos - ele disse, saindo do escritório.Eu fiquei ali, sozinha, sentada naquela mesa, com a mente cheia de dúvidas e o coração acelerado. Eu estava prestes a me casar com um homem que mal conhecia, mas eu faria qualquer coisa para salvar meu pai.— Olá - olhei assustada para a porta e desci da mesa rapidamente, eu estava envergonhada - Eu vim ajudá-la.— Quem é você?Valentina CarvalhoEle estava de costas para mim. Quando aquele homem apareceu na porta, me gerou um misto de surpresa e pânico. Ele era tão diferente de tudo naquele país, parecia um peixe fora d'água, assim como eu. Não conseguia identificar sua nacionalidade, chinês, japonês ou coreano, eu não tinha certeza.— Sou Park Joon-Ho, serei seu guarda-costas, senhora - ele disse, com um leve sotaque. Eu desci da mesa e me arrumei rapidamente, ainda um pouco atordoada.— O que um japonês está fazendo na Turquia sendo meu cão de guarda? - resmunguei baixinho, mas ele ouviu para minha surpresa.— Não sou japonês, senhora. Sou coreano - ele corrigiu, sem parecer ofendido.— Me desculpe - fiquei corada - Eu preciso aprender seu nome - eu disse, um pouco envergonhada.— Joon-Ho, pode me chamar assim, é como todos aqui me chamam - ele abriu a porta para mim - Vou levá-la até seu quarto, a equipe já está te esperando.— Que equipe? - perguntei, um pouco confusa.Joon-Ho era alto e tinha braços fo
Emir AksoyA pressão estava cada vez maior. Eu estava aos pés da minha mulher, a minha esposa, entregando-lhe jóias como uma forma de mostrar minha devoção. Essa era a imagem que eu queria que ficasse gravada na mente de todos e nas fotos que eles tiravam. Afinal, eu era o Herdeiro, o Baba, o líder supremo da máfia turca e tinha que mostrar meu amor à mulher à minha frente.O conselho da máfia sempre exercia uma grande pressão sobre mim. Eles esperavam que eu escolhesse minha noiva e constituísse minha família, garantindo assim a continuidade do sangue da minha linhagem. Todos os que tinham filhas na idade de se casar me perguntavam se eu iria escolher uma delas como minha esposa. Eles viam nisso uma oportunidade de elevar o posição de suas famílias dentro do clã, de se tornarem parte do meu poderoso império.Mas eu não era um homem que seguia as regras cegamente. Quando assumi o cargo de Herdeiro, eu já sabia das obrigações que vinham com ele. Eu estava determinado a não deixar que o
Valentina CarvalhoA noite estava repleta de risos e alegria, mas eu estava sentada em silêncio, observando. Eu estava cheia de ouro, presente tradicional na Turquia para as noivas. Meu pescoço estava pesado com as joias e os dedos cheios de anéis. Estava me sentindo uma rainha, e por alguns momentos, eu sorri.Emir, o noivo, parecia feliz. Ele estava dançando e cantando com seus amigos, completamente alheio ao meu estado de espírito. Eu sempre sonhei com o meu casamento dos sonhos com Danilo.Eu tinha planejado tudo com tanto cuidado. Escolhi um dos melhores DJs, organizei o repertório de músicas e comprei várias coisas para usarmos enquanto dançávamos. Mas o destino, parece, tinha outros planos para mim.Joon-Ho, assim como eu, observávamos tudo, um de cada canto. Ele parecia tão perdido em pensamentos quanto eu, seus olhos puxados estavam fixos na dança que se desenrolava diante de nós. Emir estava no centro, dançando uma dança típica turca. Ele batia os pés no chão, os braços dado
Valentina Carvalho A porta se abriu abruptamente, e ali estava ela. A mulher que eu tinha visto com Emir lá embaixo, apenas alguns minutos atrás. Tudo aconteceu tão rápido que mal tive tempo de reagir. Ela jogou algum tipo de líquido vermelho em meu rosto, manchando meu vestido. Em um piscar de olhos, ela estava em cima de mim, me batendo e puxando meu cabelo, deixando o meu penteado acabado.— Sua vadia, roubou meu noivo de mim... Ele não vai ficar com você… - Ela gritou, a raiva transbordando em sua voz.Eu estava em choque, sem saber como reagir, pois não tive tempo de me defender e de repente, a mulher mais velha entrou, os olhos cheios de fúria. Ela falava em um tom alto e agitado, as palavras saindo de sua boca como uma enxurrada. Eu não conseguia entender nada do que ela dizia, mas o tom de sua voz era suficiente para me assustar e ver o quanto ela estava irritada.Ao seu lado, a outra moça, que chamava Emir de irmão, tentava separar desesperadamente a briga. Ela estava clarame
Valentina Carvalho Os dedos de Emir roçaram nas minhas costas, enviando um frio que percorreu minha espinha, fazendo-me fechar os olhos. Ele desabotoou cada botão do meu vestido com uma paciência e delicadeza que me surpreenderam.Como era possível que somente as mãos de Emir me faziam sentir assim? Um leve toque dele me fazia explodir em meio a sensações, e como eu ansiava por suas carícias.Cada carícia de Emir despertava em mim uma enxurrada de sensações. Era como se cada toque dele acendesse uma pequena chama dentro de mim, uma chama que crescia e se espalhava, aquecendo cada parte do meu corpo.Quando ele passava os dedos pelos meus cabelos, era como se uma onda de calma me envolvesse, afastando todas as minhas preocupações e medos. Quando ele segurava minha mão, eu sentia uma conexão profunda, um sentimento de pertencimento que eu nunca tinha experimentado antes.Ele depositou um beijo suave no meu ombro, deixando um rastro de fogo que parecia consumir minha pele. Foi um gesto
Emir AksoySaborear Valentina era algo inimaginável para mim. Eu simplesmente não conseguia me manter longe dela, como se fosse uma força irresistível que me puxava para perto. Cada vez que nossas peles se misturavam, era como se uma explosão de sensações tomasse conta de mim, uma experiência que eu sabia que nunca iria esquecer.Valentina era como uma fruta fresca, recém-tirada do pé, pronta para ser saboreada. Seu sabor era único, trazendo uma saciedade a todos os meus desejos mais profundos. Cada toque, cada beijo, era como uma mordida suculenta em uma fruta madura, liberando um doce néctar que me deixava ansiando por mais.Nossos corpos se entrelaçavam em uma dança apaixonada, movendo-se em perfeita harmonia. Cada carícia, cada suspiro compartilhado, era uma expressão intensa do nosso amor e desejo um pelo outro.O champanhe que escorria por sua pele, misturando-se com o suor, trazia um sabor exótico e excitante. Era como se cada gota de champanhe fosse um convite para explorar ai
Valentina CarvalhoTrês dias. Três dias longos e solitários desde que Emir desapareceu de vista. Três dias de refeições silenciosas na grande mesa de jantar, sozinha em uma casa repleta de seguranças armados até os dentes. Eles andavam de um lado para o outro, sempre ocupados, sempre em alerta. Joon-Ho, sempre por perto, sempre calado. Se havia uma coisa que eu tinha certeza naquele momento, era que eu viveria esse casamento sozinha.— Afinal, é um casamento de mentira essa merda toda, Valentina. Acorda garota - eu disse em voz alta para mim mesma.A lembrança da noite que passamos juntos ainda estava fresca em minha mente. Depois de fazermos amor, ele parecia tão... tão, Emir. Então, ele simplesmente foi embora. Me deixou sozinha naquele quarto grande e frio, sem entender por que fui abandonada. Emir havia me prometido um casamento, uma união verdadeira e ao que pude perceber a única verdade é que ele me usaria quando precisasse. Ele mexia com cada parte do meu corpo, aquele filho da
Valentina Carvalho Aksoy — Sou o seu marido, Valentina. O cara que vai foder com você todas às vezes que eu quiser.— Emir, exijo que você me fale quem é você de verdade - eu o encaro - Eu já apanhei duas vezes de pessoas que eu nem mesmo conheço, nem o meu próprio pai nunca me deu um tapa na cara, como essas pessoas invadem essa merda de casa cheia de segurança e me bate? Eu me casei com você para ser um saco de pancadas?Ainda sentia as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto, a sensação de vergonha queimando em meu peito. Como eu podia ter me metido nessa loucura toda? Emir, me olhava fixamente.— Valentina, sem questionamentos. Eu vou pedir para cuidarem melhor de você.— Cuidar melhor de mim? Você acha mesmo que todo mundo que entra aqui pode vir me bater? Você não sabe nem mesmo quem entra na sua casa, que merda de segurança é essa?— O seu segurança é o Joon-Ho e não eu - ele pegou a arma na mão - Devo meter uma bala na cabeça dele para que você não apanhe das pessoas e ele