Valentina Carvalho
— O que você estava fazendo? - ele me pergunta.— Eu estava tentando fugir, me prenderam no quarto lá em cima - tentei explicar para ele - Eu peguei o carro que o hotel tinha me enviado, mas o homem me dopou e eu acordei naquele quarto lá em cima - aponto com o dedo - Eles prenderam você também?Eu nunca imaginei que fosse ver aquele rosto novamente, mas ali estava ele, o cara que eu tinha esbarrado no aeroporto e beijado no banheiro do avião. Meu coração dispara ao vê-lo, e não posso negar que uma parte de mim tem vontade de beijá-lo novamente. Seus olhos verdes me olham com estranheza, como se não entendesse o que estou pensando.— Você também está preso aqui? - pergunto, tentando disfarçar a emoção em minha voz - Venha, vamos ver se a porta está aberta.Sem pensar duas vezes, seguro a mão dele e o puxo em direção à porta. Sinto uma conexão instantânea com ele, como se estivéssemos destinados a nos encontrar novamente. — Vamos, não podemos ficar aqui parados, digo ao cara bonitão ao meu lado - Precisamos encontrar uma saída.A adrenalina corre em minhas veias e ele sorriu, não entendi aquela reação dele, enquanto estávamos em perigo e o homem rindo. Será que eu disse algo engraçado?Desci as escadas, vez ou outra algum segurança passava e eu me encolhia na escada para não ser vista, já o grandalhão descia como se fosse um rei. E a casa realmente parecia um palácio.— Não deixe eles verem você ou não vamos conseguir sair daqui - puxo ele para que ninguém nos veja.Assim que encontrei o caminho para o primeiro andar, meus olhos se fixaram na grande porta de saída. Um sorriso involuntário se formou em meus lábios. Em pouco tempo, eu estaria livre daquele lugar. Se o bonitão não quisesse ir comigo, eu daria um jeito de sair dessa prisão.Mas o homem à minha frente tinha outros planos. Sem dizer uma palavra, ele desceu as escadas. Enquanto eu me dirigia à porta, senti braços fortes me envolverem e, de repente, estava jogada sobre seus ombros.— O que você tá fazendo? - gritei, começando a bater nele para me soltar.Ignorando meus protestos, ele me levou até um escritório. Entrou, trancou a porta e me colocou sentada em uma cadeira. Levantei-me imediatamente, o pânico se instalando. Ele estava com o pessoal do hotel? Minha mente era uma bagunça de perguntas sem respostas.— Valentina Carvalho - como meu nome saiu da boca dele fez meu coração parar. Imediatamente, me virei para encarar o rosto bonito que estava sentado na poltrona, olhando para mim. - Não tente fugir, minha coelhinha assustada - ele me entrega um lenço - Seu cabelo está sujo, acho que algum pássaro fez cocô em você.— Que merda é essa de coelhinha? Quem está me prendendo nessa casa? - minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria.Ele se inclinou para frente, seus olhos escuros fixos nos meus. — Temos muito o que conversar.O suspense se instalou no ar, deixando um gosto amargo de medo e incerteza. Eu estava presa, mas não sabia por quê. E o homem à minha frente parecia ser a única pessoa que poderia me dar as respostas que eu tanto procurava.— Valentina Carvalho, 25 anos, administra uma empresa de móveis no interior de São Paulo - ele começou, fazendo uma pausa enquanto eu arregalava os olhos em choque. — Foi traída pelo noivo, o seu casamento estava marcado para daqui a cinco dias e estão todos a sua procura.— Como você... Sabe de tudo isso? - minha voz mal passava de um sussurro.— Você é um livro aberto, querida. Descobri sobre sua vida antes mesmo de colocar os pés em Istambul. Sei que gastou suas economias para comprar a passagem e que é a filha mais velha...— O que você quer comigo? - interrompi, a confusão e o medo se misturando em minha voz. — Por que você pesquisou sobre minha vida e o mais importante, o que eu estou fazendo aqui?Ele riu, um som baixo e rouco que enviou calafrios pela minha espinha. — Para uma garota que todos pensam ser uma boba, você faz perguntas demais - ele se levantou e encostou na mesa de mogno do escritório, cruzando os braços. — Antes que você comece a tentar fugir, sua mãe já sabe que você está comigo. Sente-se, vamos conversar um pouco.— Você falou com a minha mãe? - minha voz saiu estrangulada, a realidade da situação começando a se instalar.Ele apenas acenou com a cabeça, um sorriso misterioso brincando em seus lábios. Eu estava presa, e o homem à minha frente parecia ter todas as respostas. Mas eu estava pronta para ouvir? Ainda não sabia. Mas uma coisa era certa: eu precisava descobrir o que estava acontecendo. E rápido.O homem que eu quase tinha transado no banheiro do avião sabia tudo sobre minha vida. Acho que sabia o valor exato de quanto eu tenho no banco. Como ele sabia que meu noivo havia me traído? Arrumei meus óculos, sentindo a necessidade de entender o que estava acontecendo ali naquele escritório.— Como sabe da traição do meu noivo? - minha voz tremia, misturando-se com a confusão e o desespero.Ele apenas sorriu de forma irônica. — Acho que todos sabiam, minha querida, menos você. Sua mãe me contou. Ela estava preocupada com você, e seu ex-noivo estava lá no momento em que liguei. Também falei com ele.— Você falou com o Danilo? - minha voz saiu trêmula, a decepção se misturando com a raiva.Ele assentiu, sua expressão impassível. — Como você pode ficar tantos anos, noiva de um cara como aquele Valentina? - Ele voltou até a mesa, sentou-se e abriu uma gaveta. Em seguida, retirou um envelope e me entregou. — Dentro deste envelope tem algo que seu pai e sua mãe esconderam de você. Abra.Com as mãos trêmulas, peguei o envelope e abri, retirando vários papéis de lá de dentro. Eram exames médicos. Meus olhos percorreram cada um deles, e o diagnóstico dizia que aquela pessoa estava com câncer. Mas foi quando olhei o nome escrito que um buraco se abriu em meu peito. Eu não podia ter ideia de que tudo isso estava acontecendo bem debaixo dos meus olhos, e eu não havia percebido.— De onde você tirou isso? - minha voz saiu embargada pelas lágrimas que começavam a inundar meus olhos.Ele inclinou a cabeça, seu olhar penetrante. — Do hospital onde seu pai faz tratamento.— Ele está com câncer? - minha voz falhou, a dor se espalhando por todo o meu ser. — E por que não me disseram nada?— Eu não posso responder a essa pergunta. Sei que seus pais estão passando por uma crise financeira.Recuei na poltrona, me sentindo frágil e desamparada. Meu olhar se perdeu em algum ponto vago da sala. Eu tinha pegado minhas economias e ido para a Turquia, enquanto meus pais estavam enfrentando dificuldades financeiras. Meu pai precisava de cada centavo para seu tratamento.— Seu pai, além do tratamento, gastou o resto do dinheiro no seu casamento, e a conta bancária dele está vazia. - as palavras do homem ecoaram em minha mente, como uma faca afiada cortando meu coração.Não pude acreditar no que estava ouvindo. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e a dor se misturava com a culpa. Como minha família pôde esconder a doença do meu pai de mim? Como pude ser tão ingênua e não perceber o que estava acontecendo ao meu redor?Chorei na frente do homem que acabara de conhecer, desabando sob o peso da revelação. Minha vida tinha virado de cabeça para baixo em questão de minutos. Agora, eu precisava encontrar uma maneira de lidar com os segredos revelados e consertar os erros que cometi. Mas será que ainda há tempo?— Preciso voltar para o Brasil - disse decidida, me levantando e indo em direção à porta do escritório.Mas ele se colocou em meu caminho, bloqueando minha saída. Seu olhar era intenso, cheio de mistério e talvez até um pouco de perigo.— Minha coelhinha, você não vai sair daqui - sua voz soou firme e autoritária. E dei um passo para trás.Fiquei perplexa. Como assim eu não ia sair dali? O que ele estava planejando afinal? A confusão em minha mente só aumentava.— O quê? Como não vou sair daqui? - perguntei, minha voz carregada de desespero e frustração. — Afinal, o que eu estou fazendo aqui?Ele sorriu de forma enigmática, como se soubesse algo que eu não sabia. — Eu quero ajudá-la Valentina. Sente-se, coelhinha, e ouça o que eu tenho para lhe propor. Garanto a você que será benéfico para nós dois.Um ar de suspense pairava no escritório, deixando-me curiosa e, ao mesmo tempo, temerosa. O que ele estava tramando? Será que eu poderia confiar nele? Minha mente estava cheia de dúvidas, mas algo me dizia que eu não tinha muitas opções. Eu precisava ouvir o que ele tinha a dizer, mesmo que isso significasse entrar em território desconhecido.Valentina CarvalhoEu engoli seco, sem saber o que aquele homem queria comigo. Eu estava tão abalada com toda aquela história. Meu pai estava doente e eu precisava falar com o médico e sair daquele lugar. Precisava de dinheiro, talvez Danilo pudesse ajudar. E o casamento? Tivemos tantos gastos.— Me esqueci desse envelope, coelhinha. A conta bancária do seu pai - ele disse, me entregando um envelope.Com as mãos trêmulas, abri o envelope e lá estava o que eu temia. Papai estava sem dinheiro. Não que fôssemos ricos algum dia, mas ele tinha uma reserva e gastou tudo com o casamento dos meus sonhos, pois ele não quis que Danilo arcasse com tudo sozinho.— Sua família está em apuros, seu pai doente e, pelo que falei com o médico, há uma esperança - ele disse, olhando para mim. — Um tratamento nos Estados Unidos.Mas como meu pai conseguiria fazer esse tratamento? Nós não tínhamos dinheiro, e mesmo que eu tentasse conseguir um empréstimo, o valor não seria suficiente.— Eu preciso de uma e
Valentina CarvalhoEle estava de costas para mim. Quando aquele homem apareceu na porta, me gerou um misto de surpresa e pânico. Ele era tão diferente de tudo naquele país, parecia um peixe fora d'água, assim como eu. Não conseguia identificar sua nacionalidade, chinês, japonês ou coreano, eu não tinha certeza.— Sou Park Joon-Ho, serei seu guarda-costas, senhora - ele disse, com um leve sotaque. Eu desci da mesa e me arrumei rapidamente, ainda um pouco atordoada.— O que um japonês está fazendo na Turquia sendo meu cão de guarda? - resmunguei baixinho, mas ele ouviu para minha surpresa.— Não sou japonês, senhora. Sou coreano - ele corrigiu, sem parecer ofendido.— Me desculpe - fiquei corada - Eu preciso aprender seu nome - eu disse, um pouco envergonhada.— Joon-Ho, pode me chamar assim, é como todos aqui me chamam - ele abriu a porta para mim - Vou levá-la até seu quarto, a equipe já está te esperando.— Que equipe? - perguntei, um pouco confusa.Joon-Ho era alto e tinha braços fo
Emir AksoyA pressão estava cada vez maior. Eu estava aos pés da minha mulher, a minha esposa, entregando-lhe jóias como uma forma de mostrar minha devoção. Essa era a imagem que eu queria que ficasse gravada na mente de todos e nas fotos que eles tiravam. Afinal, eu era o Herdeiro, o Baba, o líder supremo da máfia turca e tinha que mostrar meu amor à mulher à minha frente.O conselho da máfia sempre exercia uma grande pressão sobre mim. Eles esperavam que eu escolhesse minha noiva e constituísse minha família, garantindo assim a continuidade do sangue da minha linhagem. Todos os que tinham filhas na idade de se casar me perguntavam se eu iria escolher uma delas como minha esposa. Eles viam nisso uma oportunidade de elevar o posição de suas famílias dentro do clã, de se tornarem parte do meu poderoso império.Mas eu não era um homem que seguia as regras cegamente. Quando assumi o cargo de Herdeiro, eu já sabia das obrigações que vinham com ele. Eu estava determinado a não deixar que o
Valentina CarvalhoA noite estava repleta de risos e alegria, mas eu estava sentada em silêncio, observando. Eu estava cheia de ouro, presente tradicional na Turquia para as noivas. Meu pescoço estava pesado com as joias e os dedos cheios de anéis. Estava me sentindo uma rainha, e por alguns momentos, eu sorri.Emir, o noivo, parecia feliz. Ele estava dançando e cantando com seus amigos, completamente alheio ao meu estado de espírito. Eu sempre sonhei com o meu casamento dos sonhos com Danilo.Eu tinha planejado tudo com tanto cuidado. Escolhi um dos melhores DJs, organizei o repertório de músicas e comprei várias coisas para usarmos enquanto dançávamos. Mas o destino, parece, tinha outros planos para mim.Joon-Ho, assim como eu, observávamos tudo, um de cada canto. Ele parecia tão perdido em pensamentos quanto eu, seus olhos puxados estavam fixos na dança que se desenrolava diante de nós. Emir estava no centro, dançando uma dança típica turca. Ele batia os pés no chão, os braços dado
Valentina Carvalho A porta se abriu abruptamente, e ali estava ela. A mulher que eu tinha visto com Emir lá embaixo, apenas alguns minutos atrás. Tudo aconteceu tão rápido que mal tive tempo de reagir. Ela jogou algum tipo de líquido vermelho em meu rosto, manchando meu vestido. Em um piscar de olhos, ela estava em cima de mim, me batendo e puxando meu cabelo, deixando o meu penteado acabado.— Sua vadia, roubou meu noivo de mim... Ele não vai ficar com você… - Ela gritou, a raiva transbordando em sua voz.Eu estava em choque, sem saber como reagir, pois não tive tempo de me defender e de repente, a mulher mais velha entrou, os olhos cheios de fúria. Ela falava em um tom alto e agitado, as palavras saindo de sua boca como uma enxurrada. Eu não conseguia entender nada do que ela dizia, mas o tom de sua voz era suficiente para me assustar e ver o quanto ela estava irritada.Ao seu lado, a outra moça, que chamava Emir de irmão, tentava separar desesperadamente a briga. Ela estava clarame
Valentina Carvalho Os dedos de Emir roçaram nas minhas costas, enviando um frio que percorreu minha espinha, fazendo-me fechar os olhos. Ele desabotoou cada botão do meu vestido com uma paciência e delicadeza que me surpreenderam.Como era possível que somente as mãos de Emir me faziam sentir assim? Um leve toque dele me fazia explodir em meio a sensações, e como eu ansiava por suas carícias.Cada carícia de Emir despertava em mim uma enxurrada de sensações. Era como se cada toque dele acendesse uma pequena chama dentro de mim, uma chama que crescia e se espalhava, aquecendo cada parte do meu corpo.Quando ele passava os dedos pelos meus cabelos, era como se uma onda de calma me envolvesse, afastando todas as minhas preocupações e medos. Quando ele segurava minha mão, eu sentia uma conexão profunda, um sentimento de pertencimento que eu nunca tinha experimentado antes.Ele depositou um beijo suave no meu ombro, deixando um rastro de fogo que parecia consumir minha pele. Foi um gesto
Emir AksoySaborear Valentina era algo inimaginável para mim. Eu simplesmente não conseguia me manter longe dela, como se fosse uma força irresistível que me puxava para perto. Cada vez que nossas peles se misturavam, era como se uma explosão de sensações tomasse conta de mim, uma experiência que eu sabia que nunca iria esquecer.Valentina era como uma fruta fresca, recém-tirada do pé, pronta para ser saboreada. Seu sabor era único, trazendo uma saciedade a todos os meus desejos mais profundos. Cada toque, cada beijo, era como uma mordida suculenta em uma fruta madura, liberando um doce néctar que me deixava ansiando por mais.Nossos corpos se entrelaçavam em uma dança apaixonada, movendo-se em perfeita harmonia. Cada carícia, cada suspiro compartilhado, era uma expressão intensa do nosso amor e desejo um pelo outro.O champanhe que escorria por sua pele, misturando-se com o suor, trazia um sabor exótico e excitante. Era como se cada gota de champanhe fosse um convite para explorar ai
Valentina CarvalhoTrês dias. Três dias longos e solitários desde que Emir desapareceu de vista. Três dias de refeições silenciosas na grande mesa de jantar, sozinha em uma casa repleta de seguranças armados até os dentes. Eles andavam de um lado para o outro, sempre ocupados, sempre em alerta. Joon-Ho, sempre por perto, sempre calado. Se havia uma coisa que eu tinha certeza naquele momento, era que eu viveria esse casamento sozinha.— Afinal, é um casamento de mentira essa merda toda, Valentina. Acorda garota - eu disse em voz alta para mim mesma.A lembrança da noite que passamos juntos ainda estava fresca em minha mente. Depois de fazermos amor, ele parecia tão... tão, Emir. Então, ele simplesmente foi embora. Me deixou sozinha naquele quarto grande e frio, sem entender por que fui abandonada. Emir havia me prometido um casamento, uma união verdadeira e ao que pude perceber a única verdade é que ele me usaria quando precisasse. Ele mexia com cada parte do meu corpo, aquele filho da