Valentina Carvalho
Eu acordei com uma dor latejante na cabeça, mal conseguindo abrir os olhos devido à intensa claridade que fazia minhas têmporas pulsarem. Tentei me situar no ambiente ao meu redor e percebi que estava em um quarto luxuoso, com uma cama dossel majestosa, cortinas negras e uma parede de vidro que levava a uma sacada com sofás e arcos. Era como se eu tivesse sido transportada para um palácio sombrio e desconhecido.A confusão tomou conta de mim e a pergunta ecoou em minha mente: "Onde eu estou?". Lembrei-me vagamente das últimas horas, quando reservei o hotel e um homem misterioso segurava uma placa com o meu nome. Recordo-me de ter entrado no carro com ele e, pensei que ele tinha sido enviado pelo hotel, algum serviço de transfer. O próximo fragmento de memória que surgiu foi o homem borrifando algo em meu rosto, fazendo-me desmaiar.O desespero tomou conta de mim ao perceber que estava presa naquele quarto. Corri até a porta e tentei abri-la, girando freneticamente o trinco, mas ela estava trancada. Meu coração acelerou e a sensação de pânico se intensificou. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto eu me perguntava como cheguei a esse pesadelo.Senti-me impotente e vulnerável, sem ter ideia de quem poderia estar por trás disso ou qual era o propósito de me manter aprisionada. A angústia e a incerteza se misturaram, criando uma tempestade de emoções dentro de mim. Eu me encostei na porta, as lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto. Levei as mãos ao rosto molhado, tentando conter o desespero que tomava conta de mim. Como eu havia chegado a esse lugar? Será que eu tinha caído em alguma armadilha cruel? Essas perguntas ecoavam em minha mente, aumentando ainda mais a minha angústia.Decidi seguir até a sacada, em busca de uma possível saída. Talvez eu pudesse pular dali e procurar ajuda, talvez até mesmo ir direto para a polícia. Minha bolsa, contendo meu passaporte, estava comigo. Era irônico pensar que essa seria minha primeira viagem para fora do Brasil e eu me encontrava em uma situação tão desesperadora.Ao chegar na sacada, percebi que a porta de vidro que dava acesso ao parapeito estava aberta. Um raio de esperança surgiu dentro de mim, alimentando a ideia de que talvez eu pudesse escapar dali. Mas quando olhei para baixo, meu coração afundou. A altura era assustadora demais.— Droga, é alto demais - murmurei para mim mesma, sentindo um misto de frustração e medo. Eu sabia que pular dali seria um risco enorme, poderia até mesmo ser fatal. A sensação de impotência me envolveu novamente, fazendo com que eu me sentisse ainda mais aprisionada.Estou determinada a fugir do quarto pela sacada. Amarro um lençol bem firme em uma das extremidades da sacada e jogo o lençol, que começa a balançar de um lado para o outro com o vento. Me preparo para descer pela corda improvisada, mas quando coloco o pé no parapeito, percebo que estou descalça e meu pé escorrega, deixando-me pendurada e balançando de um lado para o outro.— Merda, eu vou cair daqui e me esborrachar no chão.Desesperada, tento me segurar e solto alguns gritos. A situação fica ainda mais complicada quando um pássaro pousa no parapeito da sacada e me observa atentamente. O que eu não esperava era que ele fosse se aliviar e seu cocô caísse bem na minha cabeça!— Ah, não, seu pássaro, filho da mãe, eu não acredito que você fez isso.O desespero toma conta de mim enquanto tento pensar rápido para sair dessa situação. Estou a vários metros do chão e a ideia de cair me aterroriza. Segurando firmemente no lençol, tento subir novamente, mas meus braços pequenos e finos mal conseguem aguentar o meu peso. Preciso encontrar uma solução, e rápido.Decido que não estou em um filme de ação, mas isso não me impede de tentar algo arriscado. Com coragem, decidi me jogar no quarto de baixo, na esperança de que a porta esteja aberta e eu consiga escapar dessa situação.— Ah, meu Deus, me ajude a fugir desse lugar - sussurro em desespero, rezando para que meu plano idiota dê certo e eu consiga sair dessa situação desconhecida.Com as pernas enroladas no lençol, tomo uma grande inspiração e me lanço no ar. O tempo parece passar em câmera lenta e meu coração dispara e sinto um misto de medo e empolgação, enquanto tento descer.Faltava pouco para eu chegar próximo ao quarto de baixo, quando o lençol que eu achava que tinha prendido fortemente começou a se soltar. O tecido escorregadio fez com que minha jornada se tornasse ainda mais rápida, meu corpo descendo centímetros a cada segundo, deixando-me pendurada entre o quarto em que estava e o debaixo. O lençol não iria durar muito tempo e eu sabia que tinha que ser ágil, ou... eu não queria nem pensar no que poderia acontecer.— Quando eu disse que queria morrer ontem, eu estava brincando, hein, era tudo brincadeira, eu juro.Enquanto tento me segurar desesperadamente, flashes do dia anterior invadem minha mente quando ela havia dito que sua vida estava acabada e que morrer seria a única solução para os seus problemas.Logo a imagem do meu noivo com a prima dele, tomando banho juntos no apartamento que seria a nossa casa, me atinge como um soco no estômago. Eu nunca esperava que tudo fosse acontecer tão rápido. A dor da traição e a sensação de ter meu coração partido às vésperas do casamento me fez desejar a morte, mas agora, tudo o que eu queria era sair dessa situação e dar o troco naquele imbecil.A adrenalina corre em minhas veias enquanto meu corpo balança no ar, lutando para se manter firme. Eu me agarro ao lençol com todas as forças que tenho, sentindo meus braços doerem e minha respiração acelerar. É uma mistura de medo, raiva e determinação que me impulsiona a continuar lutando.Com o tempo se esgotando, vejo a sacada aberta no quarto de baixo. É a minha única chance de escapar. Reúno toda a coragem que tenho e me impulsiono para frente.O ar sopra em meu rosto enquanto eu voou, sentindo uma mistura de liberdade e pavor. Por um instante, sinto como se estivesse voando, mas a realidade logo me atinge, o lençol se solta e eu grito como louca e fecho meus olhos, esperando o baque com o chão.De repente, sinto um aperto ao redor da minha cintura, como se estivesse nos braços de alguém forte. Sinto até mesmo um perfume bom e másculo que me faz pensar que estou sonhando. Abro um olho de cada vez, esperando ver o chão, mas em vez disso, vejo um par de olhos preocupados me encarando.— Você?Valentina Carvalho— O que você estava fazendo? - ele me pergunta.— Eu estava tentando fugir, me prenderam no quarto lá em cima - tentei explicar para ele - Eu peguei o carro que o hotel tinha me enviado, mas o homem me dopou e eu acordei naquele quarto lá em cima - aponto com o dedo - Eles prenderam você também?Eu nunca imaginei que fosse ver aquele rosto novamente, mas ali estava ele, o cara que eu tinha esbarrado no aeroporto e beijado no banheiro do avião. Meu coração dispara ao vê-lo, e não posso negar que uma parte de mim tem vontade de beijá-lo novamente. Seus olhos verdes me olham com estranheza, como se não entendesse o que estou pensando.— Você também está preso aqui? - pergunto, tentando disfarçar a emoção em minha voz - Venha, vamos ver se a porta está aberta.Sem pensar duas vezes, seguro a mão dele e o puxo em direção à porta. Sinto uma conexão instantânea com ele, como se estivéssemos destinados a nos encontrar novamente. — Vamos, não podemos ficar aqui parados, dig
Valentina CarvalhoEu engoli seco, sem saber o que aquele homem queria comigo. Eu estava tão abalada com toda aquela história. Meu pai estava doente e eu precisava falar com o médico e sair daquele lugar. Precisava de dinheiro, talvez Danilo pudesse ajudar. E o casamento? Tivemos tantos gastos.— Me esqueci desse envelope, coelhinha. A conta bancária do seu pai - ele disse, me entregando um envelope.Com as mãos trêmulas, abri o envelope e lá estava o que eu temia. Papai estava sem dinheiro. Não que fôssemos ricos algum dia, mas ele tinha uma reserva e gastou tudo com o casamento dos meus sonhos, pois ele não quis que Danilo arcasse com tudo sozinho.— Sua família está em apuros, seu pai doente e, pelo que falei com o médico, há uma esperança - ele disse, olhando para mim. — Um tratamento nos Estados Unidos.Mas como meu pai conseguiria fazer esse tratamento? Nós não tínhamos dinheiro, e mesmo que eu tentasse conseguir um empréstimo, o valor não seria suficiente.— Eu preciso de uma e
Valentina CarvalhoEle estava de costas para mim. Quando aquele homem apareceu na porta, me gerou um misto de surpresa e pânico. Ele era tão diferente de tudo naquele país, parecia um peixe fora d'água, assim como eu. Não conseguia identificar sua nacionalidade, chinês, japonês ou coreano, eu não tinha certeza.— Sou Park Joon-Ho, serei seu guarda-costas, senhora - ele disse, com um leve sotaque. Eu desci da mesa e me arrumei rapidamente, ainda um pouco atordoada.— O que um japonês está fazendo na Turquia sendo meu cão de guarda? - resmunguei baixinho, mas ele ouviu para minha surpresa.— Não sou japonês, senhora. Sou coreano - ele corrigiu, sem parecer ofendido.— Me desculpe - fiquei corada - Eu preciso aprender seu nome - eu disse, um pouco envergonhada.— Joon-Ho, pode me chamar assim, é como todos aqui me chamam - ele abriu a porta para mim - Vou levá-la até seu quarto, a equipe já está te esperando.— Que equipe? - perguntei, um pouco confusa.Joon-Ho era alto e tinha braços fo
Emir AksoyA pressão estava cada vez maior. Eu estava aos pés da minha mulher, a minha esposa, entregando-lhe jóias como uma forma de mostrar minha devoção. Essa era a imagem que eu queria que ficasse gravada na mente de todos e nas fotos que eles tiravam. Afinal, eu era o Herdeiro, o Baba, o líder supremo da máfia turca e tinha que mostrar meu amor à mulher à minha frente.O conselho da máfia sempre exercia uma grande pressão sobre mim. Eles esperavam que eu escolhesse minha noiva e constituísse minha família, garantindo assim a continuidade do sangue da minha linhagem. Todos os que tinham filhas na idade de se casar me perguntavam se eu iria escolher uma delas como minha esposa. Eles viam nisso uma oportunidade de elevar o posição de suas famílias dentro do clã, de se tornarem parte do meu poderoso império.Mas eu não era um homem que seguia as regras cegamente. Quando assumi o cargo de Herdeiro, eu já sabia das obrigações que vinham com ele. Eu estava determinado a não deixar que o
Valentina CarvalhoA noite estava repleta de risos e alegria, mas eu estava sentada em silêncio, observando. Eu estava cheia de ouro, presente tradicional na Turquia para as noivas. Meu pescoço estava pesado com as joias e os dedos cheios de anéis. Estava me sentindo uma rainha, e por alguns momentos, eu sorri.Emir, o noivo, parecia feliz. Ele estava dançando e cantando com seus amigos, completamente alheio ao meu estado de espírito. Eu sempre sonhei com o meu casamento dos sonhos com Danilo.Eu tinha planejado tudo com tanto cuidado. Escolhi um dos melhores DJs, organizei o repertório de músicas e comprei várias coisas para usarmos enquanto dançávamos. Mas o destino, parece, tinha outros planos para mim.Joon-Ho, assim como eu, observávamos tudo, um de cada canto. Ele parecia tão perdido em pensamentos quanto eu, seus olhos puxados estavam fixos na dança que se desenrolava diante de nós. Emir estava no centro, dançando uma dança típica turca. Ele batia os pés no chão, os braços dado
Valentina Carvalho A porta se abriu abruptamente, e ali estava ela. A mulher que eu tinha visto com Emir lá embaixo, apenas alguns minutos atrás. Tudo aconteceu tão rápido que mal tive tempo de reagir. Ela jogou algum tipo de líquido vermelho em meu rosto, manchando meu vestido. Em um piscar de olhos, ela estava em cima de mim, me batendo e puxando meu cabelo, deixando o meu penteado acabado.— Sua vadia, roubou meu noivo de mim... Ele não vai ficar com você… - Ela gritou, a raiva transbordando em sua voz.Eu estava em choque, sem saber como reagir, pois não tive tempo de me defender e de repente, a mulher mais velha entrou, os olhos cheios de fúria. Ela falava em um tom alto e agitado, as palavras saindo de sua boca como uma enxurrada. Eu não conseguia entender nada do que ela dizia, mas o tom de sua voz era suficiente para me assustar e ver o quanto ela estava irritada.Ao seu lado, a outra moça, que chamava Emir de irmão, tentava separar desesperadamente a briga. Ela estava clarame
Valentina Carvalho Os dedos de Emir roçaram nas minhas costas, enviando um frio que percorreu minha espinha, fazendo-me fechar os olhos. Ele desabotoou cada botão do meu vestido com uma paciência e delicadeza que me surpreenderam.Como era possível que somente as mãos de Emir me faziam sentir assim? Um leve toque dele me fazia explodir em meio a sensações, e como eu ansiava por suas carícias.Cada carícia de Emir despertava em mim uma enxurrada de sensações. Era como se cada toque dele acendesse uma pequena chama dentro de mim, uma chama que crescia e se espalhava, aquecendo cada parte do meu corpo.Quando ele passava os dedos pelos meus cabelos, era como se uma onda de calma me envolvesse, afastando todas as minhas preocupações e medos. Quando ele segurava minha mão, eu sentia uma conexão profunda, um sentimento de pertencimento que eu nunca tinha experimentado antes.Ele depositou um beijo suave no meu ombro, deixando um rastro de fogo que parecia consumir minha pele. Foi um gesto
Emir AksoySaborear Valentina era algo inimaginável para mim. Eu simplesmente não conseguia me manter longe dela, como se fosse uma força irresistível que me puxava para perto. Cada vez que nossas peles se misturavam, era como se uma explosão de sensações tomasse conta de mim, uma experiência que eu sabia que nunca iria esquecer.Valentina era como uma fruta fresca, recém-tirada do pé, pronta para ser saboreada. Seu sabor era único, trazendo uma saciedade a todos os meus desejos mais profundos. Cada toque, cada beijo, era como uma mordida suculenta em uma fruta madura, liberando um doce néctar que me deixava ansiando por mais.Nossos corpos se entrelaçavam em uma dança apaixonada, movendo-se em perfeita harmonia. Cada carícia, cada suspiro compartilhado, era uma expressão intensa do nosso amor e desejo um pelo outro.O champanhe que escorria por sua pele, misturando-se com o suor, trazia um sabor exótico e excitante. Era como se cada gota de champanhe fosse um convite para explorar ai