Após o jantar enigmático, Ana e Lucas retornaram ao apartamento em um silêncio pesado. O carro deslizava pelas ruas de Nova York, mas a mente de Ana estava em uma velocidade muito maior. Aquele objeto não era um simples acessório, e agora mais do que nunca, Ana tinha certeza de que ele escondia segredos perigosos.Assim que chegaram ao apartamento, Lucas a conduziu pela cintura, com um toque mais possessivo do que carinhoso. Ele não parecia nervoso, mas Ana podia sentir a tensão irradiando de seu corpo.— Vou tomar um banho, — ele disse, soltando-a suavemente. — Volto já. — Seus olhos demoraram-se em Ana por mais alguns segundos, antes de se afastar.Ela apenas assentiu, observando-o desaparecer pelo corredor em direção ao banheiro. 'Sua mente estava em turbilhão. Ela sabia que essa noite não terminaria assim, não com a reação contida de Lucas. Ele sabia algo, mas ainda estava jogando, tentando entender até onde ela havia chegado com suas investigações. O colar era uma peça-chave, m
Após a declaração de Lucas, o silêncio entre eles tornou-se ainda mais denso. Ana, com o copo de vinho na mão, permaneceu imóvel. A tensão que havia pairado no ar desde o momento em que entraram no apartamento parecia ter se solidificado em algo quase tangível. O colar em seu pescoço parecia pesar mais a cada segundo que passava.Ela tentava compreender o que Lucas queria dizer. Medo? Não era medo que a impedia de confiar nele — era a certeza de que algo muito maior estava acontecendo nos bastidores, algo que ela não conseguia ver completamente. E agora, mais do que nunca, sabia que Lucas estava no centro desse turbilhão.— Por que você acha que eu teria medo de você, Lucas? — Ana finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas firme. Ela sentiu que precisava desafiá-lo, mesmo que por dentro estivesse nervosa.Lucas levantou os olhos para encontrá-la, e havia algo de diferente neles. Um brilho gélido, quase calculista, que fez o estômago de Ana revirar. Ele pousou sua taça sobre a m
O som insistente do telefone pareceu congelar o tempo. O nome de Márcia brilhava na tela, mas o olhar de Lucas era como uma corrente de gelo, puxando-a de volta para o momento presente. Ana hesitou, sentindo o coração disparar, como se o simples ato de atender ou ignorar aquela ligação pudesse decidir seu destino.— Ana, — Lucas repetiu, sua voz agora com uma intensidade controlada. — Não atenda.Ela podia sentir o poder por trás daquelas palavras, o comando implícito. Era como se, naquele segundo, todo o ar do apartamento tivesse sido sugado. Ela engoliu em seco, tentando disfarçar o nervosismo. Cada instinto em seu corpo gritava que algo estava terrivelmente errado.Mas Ana sabia que, se não atendesse a ligação, poderia perder uma oportunidade crucial de obter informações. Márcia tinha sido clara antes: aquele colar não era apenas um enfeite, e Lucas, apesar de todo o charme e da suposta proteção, escondia mais do que estava disposto a admitir. A tensão de Lucas era a prova viva de
Ana leu a mensagem com uma crescente sensação de desespero. Seu coração martelava no peito, como se estivesse prestes a explodir. Ela tinha que tomar uma decisão rápida, definitiva. As palavras de Márcia estavam gravadas em sua mente: "Ele não é quem você pensa que é." Mas Lucas... o Lucas que estava ali diante dela, com os olhos sombrios e a dor evidente, era realmente a ameaça que Márcia queria que ela acreditasse?Ana olhou para Lucas. Ele a observava, esperando, como se pudesse ler seus pensamentos, ou talvez temesse o que ela faria a seguir. Seus dedos apertaram o telefone com tanta força que as juntas ficaram brancas. A sala parecia ter encolhido, o ar pesado com o silêncio opressor.— O que ela disse? — Lucas perguntou, a voz baixa, mas com uma pontada de preocupação.Ana hesitou. Márcia havia jogado uma carta poderosa, e agora Lucas também. Ela estava presa entre as versões conflitantes de uma verdade que, por mais assustadora que fosse, precisava ser desvendada. Lucas não era
A batida seca na porta ecoou pelo apartamento como se estivesse quebrando algo inevitável, carregado de uma tensão que fez o sangue de Ana congelar. Cada segundo parecia se arrastar, como se o próprio tempo estivesse hesitante diante do que estava por vir. Lucas estava rígido, a postura de um predador encurralado, pronto para atacar. Seu olhar para a porta era o de quem sabia que o perigo estava prestes a atravessá-la.— Ana, não abra. — A voz dele era baixa, mas cheia de urgência e poder.Ana sentia o turbilhão de emoções dentro de si — revelações, ameaças, incertezas. Cada batida de seu coração pulsava em seus ouvidos, ecoando as palavras de Márcia: "Você fez sua escolha."Outra batida, mais forte e implacável.— Ana! — A voz do outro lado era de Márcia, cheia de fúria contida. — Abra essa porta agora!Lucas deu um passo à frente, posicionando-se entre Ana e a porta. Ele estava completamente focado, cada músculo tenso. A tensão no ar parecia sufocar.— Você não pode confiar nela, —
A luta entre Lucas e Nicolas foi feroz e caótica, deixando o grande apartamento pequno, com o clima sufocante de tanta violência. O som dos corpos se batedo ecoava pelas paredes, e o revólver escorregou da mão de Nicolas, deslizando pelo chão até parar do outro lado da sala, como um predador esperando o momento certo para atacar. Ana estava paralisada, sentindo o coração martelar dentro do peito, como se quisesse explodir. Ela assistia em choque enquanto os irmãos caíam no chão, lutando com intensidade, como se cada soco e chute fosse alimentado por anos de ódio reprimido. A imagem de Lucas que ela tinha construído, o homem complexo, mas protetor, que tentava escapar de seu passado sombrio, estava em jogo, e as palavras de Márcia ainda ecoavam em sua mente, confundindo ainda mais. Lucas não era perfeito, mas não era o monstro que Nicolas pintava. Ana sentia isso em seu íntimo. Ele havia lutado para fugir do controle de Nicolas, da escuridão que cercava seu passado, e agora estava enf
Todos ficaram paralizados pelo som do disparo, que parecia eterno. Nicolas congelou, seus olhos arregalados fixos em Ana, enquanto ela sentia o revólver pesado e imóvel em suas mãos. O choque dominava o ambiente, e o silêncio era opressor. Ninguém sabia ao certo quem havia sido atingido. Lucas foi o primeiro a se mover, correndo para perto de Ana, seus olhos cheios de preocupação, enquanto ele segurava seus ombros com firmeza. — Você está bem? — a voz dele estava carregada de urgência e emoção. Ana não conseguiu responder de imediato. Sua mente estava turva, as mãos trêmulas pelo peso do que acabava de acontecer. Ela olhou ao redor, tentando entender o que havia acontecido. O corpo de Nicolas estava caído ao lado da parede, um filete de sangue escorrendo de seu ombro. O tiro havia passado de raspão, mas havia sido suficiente para interromper sua investida. Nicolas gemeu de dor, mas o sorriso cínico ainda não havia desaparecido de seu rosto. Mesmo ferido, ele parecia se alimentar
O apartamento ficou estranhamente silencioso depois que as sirenes e as vozes agitadas desapareceram. Era como se o caos tivesse deixado um rastro invisível no ar, e tanto Lucas quanto Ana sentiam o peso disso. O silêncio entre eles era carregado de coisas não ditas, e Lucas sabia que, por mais que prometesse, o que Ana precisava era de ações, não palavras.Ele a olhou mais uma vez, observando as marcas de tensão em seu rosto, e se levantou lentamente.— Eu vou resolver tudo isso, — ele repetiu baixinho, mais para si mesmo do que para ela, antes de caminhar até a janela.Lá fora, a cidade de Nova York seguia sua vida, como se nada tivesse acontecido. Mas, dentro daquele apartamento, o mundo de Ana e Lucas havia mudado irreversivelmente.Lucas observava a rua abaixo, o som distante do trânsito misturando-se com os pensamentos caóticos em sua mente. Ele sabia que Nicolas não desistiria facilmente. O que havia acontecido naquela noite era apenas o início de algo maior, e ele precisava se