O som insistente do telefone pareceu congelar o tempo. O nome de Márcia brilhava na tela, mas o olhar de Lucas era como uma corrente de gelo, puxando-a de volta para o momento presente. Ana hesitou, sentindo o coração disparar, como se o simples ato de atender ou ignorar aquela ligação pudesse decidir seu destino.— Ana, — Lucas repetiu, sua voz agora com uma intensidade controlada. — Não atenda.Ela podia sentir o poder por trás daquelas palavras, o comando implícito. Era como se, naquele segundo, todo o ar do apartamento tivesse sido sugado. Ela engoliu em seco, tentando disfarçar o nervosismo. Cada instinto em seu corpo gritava que algo estava terrivelmente errado.Mas Ana sabia que, se não atendesse a ligação, poderia perder uma oportunidade crucial de obter informações. Márcia tinha sido clara antes: aquele colar não era apenas um enfeite, e Lucas, apesar de todo o charme e da suposta proteção, escondia mais do que estava disposto a admitir. A tensão de Lucas era a prova viva de
Ana leu a mensagem com uma crescente sensação de desespero. Seu coração martelava no peito, como se estivesse prestes a explodir. Ela tinha que tomar uma decisão rápida, definitiva. As palavras de Márcia estavam gravadas em sua mente: "Ele não é quem você pensa que é." Mas Lucas... o Lucas que estava ali diante dela, com os olhos sombrios e a dor evidente, era realmente a ameaça que Márcia queria que ela acreditasse?Ana olhou para Lucas. Ele a observava, esperando, como se pudesse ler seus pensamentos, ou talvez temesse o que ela faria a seguir. Seus dedos apertaram o telefone com tanta força que as juntas ficaram brancas. A sala parecia ter encolhido, o ar pesado com o silêncio opressor.— O que ela disse? — Lucas perguntou, a voz baixa, mas com uma pontada de preocupação.Ana hesitou. Márcia havia jogado uma carta poderosa, e agora Lucas também. Ela estava presa entre as versões conflitantes de uma verdade que, por mais assustadora que fosse, precisava ser desvendada. Lucas não era
A batida seca na porta ecoou pelo apartamento como se estivesse quebrando algo inevitável, carregado de uma tensão que fez o sangue de Ana congelar. Cada segundo parecia se arrastar, como se o próprio tempo estivesse hesitante diante do que estava por vir. Lucas estava rígido, a postura de um predador encurralado, pronto para atacar. Seu olhar para a porta era o de quem sabia que o perigo estava prestes a atravessá-la.— Ana, não abra. — A voz dele era baixa, mas cheia de urgência e poder.Ana sentia o turbilhão de emoções dentro de si — revelações, ameaças, incertezas. Cada batida de seu coração pulsava em seus ouvidos, ecoando as palavras de Márcia: "Você fez sua escolha."Outra batida, mais forte e implacável.— Ana! — A voz do outro lado era de Márcia, cheia de fúria contida. — Abra essa porta agora!Lucas deu um passo à frente, posicionando-se entre Ana e a porta. Ele estava completamente focado, cada músculo tenso. A tensão no ar parecia sufocar.— Você não pode confiar nela, —
A luta entre Lucas e Nicolas foi feroz e caótica, deixando o grande apartamento pequno, com o clima sufocante de tanta violência. O som dos corpos se batedo ecoava pelas paredes, e o revólver escorregou da mão de Nicolas, deslizando pelo chão até parar do outro lado da sala, como um predador esperando o momento certo para atacar. Ana estava paralisada, sentindo o coração martelar dentro do peito, como se quisesse explodir. Ela assistia em choque enquanto os irmãos caíam no chão, lutando com intensidade, como se cada soco e chute fosse alimentado por anos de ódio reprimido. A imagem de Lucas que ela tinha construído, o homem complexo, mas protetor, que tentava escapar de seu passado sombrio, estava em jogo, e as palavras de Márcia ainda ecoavam em sua mente, confundindo ainda mais. Lucas não era perfeito, mas não era o monstro que Nicolas pintava. Ana sentia isso em seu íntimo. Ele havia lutado para fugir do controle de Nicolas, da escuridão que cercava seu passado, e agora estava enf
Todos ficaram paralizados pelo som do disparo, que parecia eterno. Nicolas congelou, seus olhos arregalados fixos em Ana, enquanto ela sentia o revólver pesado e imóvel em suas mãos. O choque dominava o ambiente, e o silêncio era opressor. Ninguém sabia ao certo quem havia sido atingido. Lucas foi o primeiro a se mover, correndo para perto de Ana, seus olhos cheios de preocupação, enquanto ele segurava seus ombros com firmeza. — Você está bem? — a voz dele estava carregada de urgência e emoção. Ana não conseguiu responder de imediato. Sua mente estava turva, as mãos trêmulas pelo peso do que acabava de acontecer. Ela olhou ao redor, tentando entender o que havia acontecido. O corpo de Nicolas estava caído ao lado da parede, um filete de sangue escorrendo de seu ombro. O tiro havia passado de raspão, mas havia sido suficiente para interromper sua investida. Nicolas gemeu de dor, mas o sorriso cínico ainda não havia desaparecido de seu rosto. Mesmo ferido, ele parecia se alimentar
O apartamento ficou estranhamente silencioso depois que as sirenes e as vozes agitadas desapareceram. Era como se o caos tivesse deixado um rastro invisível no ar, e tanto Lucas quanto Ana sentiam o peso disso. O silêncio entre eles era carregado de coisas não ditas, e Lucas sabia que, por mais que prometesse, o que Ana precisava era de ações, não palavras.Ele a olhou mais uma vez, observando as marcas de tensão em seu rosto, e se levantou lentamente.— Eu vou resolver tudo isso, — ele repetiu baixinho, mais para si mesmo do que para ela, antes de caminhar até a janela.Lá fora, a cidade de Nova York seguia sua vida, como se nada tivesse acontecido. Mas, dentro daquele apartamento, o mundo de Ana e Lucas havia mudado irreversivelmente.Lucas observava a rua abaixo, o som distante do trânsito misturando-se com os pensamentos caóticos em sua mente. Ele sabia que Nicolas não desistiria facilmente. O que havia acontecido naquela noite era apenas o início de algo maior, e ele precisava se
Nicolas riu, um som baixo e frio que ecoou na escuridão ao redor. Ele deu mais alguns passos, se aproximando do carro amassado, como se tivesse todo o tempo do mundo. Sua presença era esmagadora, e Ana sentia o peso do olhar dele sobre ela, como se pudesse prever os próximos movimentos de Lucas.— Eu perdi? — ele repetiu, com desdém. — Lucas, você nunca entendeu como o jogo funciona, não é? Você pode correr, pode tentar escapar, mas no final, sempre vai acabar voltando para o mesmo lugar. — Nicolas estendeu os braços ao redor, como se apontasse para a escuridão em que estavam. — Aqui. Onde você e eu pertencemos.Lucas deu um passo para fora do carro, se posicionando entre Nicolas e Ana. O corpo de Lucas estava rígido, os punhos cerrados, mas seus olhos revelavam algo diferente. Ele estava cansado de fugir, cansado de se esconder. Ana percebeu que ele estava finalmente pronto para encarar o irmão, não com medo, mas com a determinação de alguém que não tinha mais nada a perder.— Isso a
O som distante de sirenes voltou a preencher o ar, indicando que a polícia estava finalmente chegando ao local. Lucas respirou fundo, sabendo que essa noite ainda não havia terminado. Eles teriam que explicar o que aconteceu, mas, pela primeira vez, ele sentiu que poderia encarar as consequências sem medo, sem precisar se esconder atrás do passado.— Vamos, — ele disse, pegando a mão de Ana com firmeza. — Precisamos sair daqui.Ana assentiu, e juntos, eles caminharam de volta ao carro, onde as luzes dos faróis ainda iluminavam o caminho à frente. Enquanto seguiam para a delegacia, ambos sabiam que a batalha com Nicolas poderia estar longe de acabar, mas, dessa vez, não estavam sozinhos. Estavam prontos para o que viesse.[...]Horas mais tarde, depois de uma longa conversa com os policiais e um depoimento exaustivo, Ana e Lucas finalmente voltaram para o apartamento. A atmosfera agora parecia diferente. A sensação de perigo ainda pairava no ar, mas havia também uma nova determinação e