Ana estava exausta quando seu plantão finalmente acabou. O dia tinha sido longo, com emergências constantes e pacientes que exigiam sua total atenção. Apesar do cansaço físico, sua mente continuava a trabalhar incansavelmente, processando tudo o que havia acontecido nas últimas horas. O colar de Márcia, as revelações obscuras sobre Lucas e Nicolas, e a perigosa obsessão que Lucas nutria por ela. Tudo estava entrelaçado de uma forma que deixava Ana com uma sensação de que, a qualquer momento, algo poderia desmoronar. Ela deixou o hospital, e dirigiu até o apartamento. A noite estava fria, e o vento cortante a fez encolher-se dentro do casaco. Sabia que não podia confrontar Lucas ainda, mas precisava de mais pistas, de algo concreto. Talvez essa noite fosse sua chance. Quando chegou ao apartamento, encontrou Lucas sentado no sofá, relaxado, mas com aquele olhar sempre atento, que nunca deixava de monitorar seus movimentos. O apartamento estava aquecido e silencioso, um contraste confo
Após o jantar enigmático, Ana e Lucas retornaram ao apartamento em um silêncio pesado. O carro deslizava pelas ruas de Nova York, mas a mente de Ana estava em uma velocidade muito maior. Aquele objeto não era um simples acessório, e agora mais do que nunca, Ana tinha certeza de que ele escondia segredos perigosos.Assim que chegaram ao apartamento, Lucas a conduziu pela cintura, com um toque mais possessivo do que carinhoso. Ele não parecia nervoso, mas Ana podia sentir a tensão irradiando de seu corpo.— Vou tomar um banho, — ele disse, soltando-a suavemente. — Volto já. — Seus olhos demoraram-se em Ana por mais alguns segundos, antes de se afastar.Ela apenas assentiu, observando-o desaparecer pelo corredor em direção ao banheiro. 'Sua mente estava em turbilhão. Ela sabia que essa noite não terminaria assim, não com a reação contida de Lucas. Ele sabia algo, mas ainda estava jogando, tentando entender até onde ela havia chegado com suas investigações. O colar era uma peça-chave, m
Após a declaração de Lucas, o silêncio entre eles tornou-se ainda mais denso. Ana, com o copo de vinho na mão, permaneceu imóvel. A tensão que havia pairado no ar desde o momento em que entraram no apartamento parecia ter se solidificado em algo quase tangível. O colar em seu pescoço parecia pesar mais a cada segundo que passava.Ela tentava compreender o que Lucas queria dizer. Medo? Não era medo que a impedia de confiar nele — era a certeza de que algo muito maior estava acontecendo nos bastidores, algo que ela não conseguia ver completamente. E agora, mais do que nunca, sabia que Lucas estava no centro desse turbilhão.— Por que você acha que eu teria medo de você, Lucas? — Ana finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas firme. Ela sentiu que precisava desafiá-lo, mesmo que por dentro estivesse nervosa.Lucas levantou os olhos para encontrá-la, e havia algo de diferente neles. Um brilho gélido, quase calculista, que fez o estômago de Ana revirar. Ele pousou sua taça sobre a m
O som insistente do telefone pareceu congelar o tempo. O nome de Márcia brilhava na tela, mas o olhar de Lucas era como uma corrente de gelo, puxando-a de volta para o momento presente. Ana hesitou, sentindo o coração disparar, como se o simples ato de atender ou ignorar aquela ligação pudesse decidir seu destino.— Ana, — Lucas repetiu, sua voz agora com uma intensidade controlada. — Não atenda.Ela podia sentir o poder por trás daquelas palavras, o comando implícito. Era como se, naquele segundo, todo o ar do apartamento tivesse sido sugado. Ela engoliu em seco, tentando disfarçar o nervosismo. Cada instinto em seu corpo gritava que algo estava terrivelmente errado.Mas Ana sabia que, se não atendesse a ligação, poderia perder uma oportunidade crucial de obter informações. Márcia tinha sido clara antes: aquele colar não era apenas um enfeite, e Lucas, apesar de todo o charme e da suposta proteção, escondia mais do que estava disposto a admitir. A tensão de Lucas era a prova viva de
Ana leu a mensagem com uma crescente sensação de desespero. Seu coração martelava no peito, como se estivesse prestes a explodir. Ela tinha que tomar uma decisão rápida, definitiva. As palavras de Márcia estavam gravadas em sua mente: "Ele não é quem você pensa que é." Mas Lucas... o Lucas que estava ali diante dela, com os olhos sombrios e a dor evidente, era realmente a ameaça que Márcia queria que ela acreditasse?Ana olhou para Lucas. Ele a observava, esperando, como se pudesse ler seus pensamentos, ou talvez temesse o que ela faria a seguir. Seus dedos apertaram o telefone com tanta força que as juntas ficaram brancas. A sala parecia ter encolhido, o ar pesado com o silêncio opressor.— O que ela disse? — Lucas perguntou, a voz baixa, mas com uma pontada de preocupação.Ana hesitou. Márcia havia jogado uma carta poderosa, e agora Lucas também. Ela estava presa entre as versões conflitantes de uma verdade que, por mais assustadora que fosse, precisava ser desvendada. Lucas não era
A batida seca na porta ecoou pelo apartamento como se estivesse quebrando algo inevitável, carregado de uma tensão que fez o sangue de Ana congelar. Cada segundo parecia se arrastar, como se o próprio tempo estivesse hesitante diante do que estava por vir. Lucas estava rígido, a postura de um predador encurralado, pronto para atacar. Seu olhar para a porta era o de quem sabia que o perigo estava prestes a atravessá-la.— Ana, não abra. — A voz dele era baixa, mas cheia de urgência e poder.Ana sentia o turbilhão de emoções dentro de si — revelações, ameaças, incertezas. Cada batida de seu coração pulsava em seus ouvidos, ecoando as palavras de Márcia: "Você fez sua escolha."Outra batida, mais forte e implacável.— Ana! — A voz do outro lado era de Márcia, cheia de fúria contida. — Abra essa porta agora!Lucas deu um passo à frente, posicionando-se entre Ana e a porta. Ele estava completamente focado, cada músculo tenso. A tensão no ar parecia sufocar.— Você não pode confiar nela, —
A luta entre Lucas e Nicolas foi feroz e caótica, deixando o grande apartamento pequno, com o clima sufocante de tanta violência. O som dos corpos se batedo ecoava pelas paredes, e o revólver escorregou da mão de Nicolas, deslizando pelo chão até parar do outro lado da sala, como um predador esperando o momento certo para atacar. Ana estava paralisada, sentindo o coração martelar dentro do peito, como se quisesse explodir. Ela assistia em choque enquanto os irmãos caíam no chão, lutando com intensidade, como se cada soco e chute fosse alimentado por anos de ódio reprimido. A imagem de Lucas que ela tinha construído, o homem complexo, mas protetor, que tentava escapar de seu passado sombrio, estava em jogo, e as palavras de Márcia ainda ecoavam em sua mente, confundindo ainda mais. Lucas não era perfeito, mas não era o monstro que Nicolas pintava. Ana sentia isso em seu íntimo. Ele havia lutado para fugir do controle de Nicolas, da escuridão que cercava seu passado, e agora estava enf
Todos ficaram paralizados pelo som do disparo, que parecia eterno. Nicolas congelou, seus olhos arregalados fixos em Ana, enquanto ela sentia o revólver pesado e imóvel em suas mãos. O choque dominava o ambiente, e o silêncio era opressor. Ninguém sabia ao certo quem havia sido atingido. Lucas foi o primeiro a se mover, correndo para perto de Ana, seus olhos cheios de preocupação, enquanto ele segurava seus ombros com firmeza. — Você está bem? — a voz dele estava carregada de urgência e emoção. Ana não conseguiu responder de imediato. Sua mente estava turva, as mãos trêmulas pelo peso do que acabava de acontecer. Ela olhou ao redor, tentando entender o que havia acontecido. O corpo de Nicolas estava caído ao lado da parede, um filete de sangue escorrendo de seu ombro. O tiro havia passado de raspão, mas havia sido suficiente para interromper sua investida. Nicolas gemeu de dor, mas o sorriso cínico ainda não havia desaparecido de seu rosto. Mesmo ferido, ele parecia se alimentar