Ana entrou no hospital sentindo o peso da madrugada e das palavras de Lucas ainda gravadas em sua mente.''Vou tentar caminhar rápido pelos corredores, na esperança de não ser notada, mas sei que não vai adiantar muito. Márcia, com certeza vai estar me esperando'' – Ana pensou.Assim que virou o corredor principal, lá estava ela. Encostada na parede, braços cruzados, com aquele sorriso cínico e desdenhoso que só Márcia soubia fazer.— Ah, doutora Ana, finalmente de volta ao mundo real? — A voz de Márcia cortou o ar como uma faca afiada. — Acha que pode simplesmente aparecer quando quiser e tudo ficará bem?Ana sentiu o estômago revirar.''Tente respirar fundo, mantenha a calma e não deixe a Márcia perceber que suas palavras estão te afetando.'' – Ana pensou.— Eu tive um imprevisto, mas estou aqui agora e pronta para trabalhar — respondeu Ana, mantendo o tom profissional.Márcia riu, um som curto e cheio de desprezo.— "Pronta para trabalhar"? — repetiu ela, imitando o tom de Ana com
Era uma manhã cinzenta e úmida quando Lucas, ainda no apartamento de fuga, sentou-se à mesa, o apartamento pequeno e úmido era um refúgio temporário, mas ele sabia que precisava se mover rapidamente para garantir sua segurança.Ele retirou o celular descartável da bolsa e, com um olhar preocupado, discou o número de seu contato mais confiável.A linha estava carregada de uma eletricidade nervosa quando a voz do outro lado finalmente atendeu. — Sim? — a voz do interlocutor era baixa e controlada. — O que você precisa?Lucas respirou fundo. — Preciso de um novo apartamento, um que seja seguro e discreto. O lugar onde estou não é mais adequado. Estou sendo seguido e não posso ficar.— Entendido. — A voz respondeu com uma eficiência calma. — Pode me dizer o que você tem em mente para a nova localização? Alguma preferência?Lucas olhou pela janela, observando a cidade molhada e cinza. — Deve ser em um local reservado, longe da agitação. Preciso de algo com segurança reforçada e que passe
Ao chegar no apartamento de Lucas, Ana se viu diante de um edifício moderno. A arquitetura era uma combinação de vidro e aço, com um design arrojado que exalava luxo e descrição ao mesmo tempo. O porteiro, em um uniforme impecável, a cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso cortês. — Senhor Lucas, Doutora Ana. — balançou a cabeça em sinal de cumprimento e abriu o portão para eles. Ana entrou no prédio e imediatamente foi recebida com muita elegância e segurança. O ambiente era decorado com móveis sofisticados e obras de arte contemporânea, tudo cuidadosamente escolhido para refletir um padrão de vida elevado. No saguão, alguns funcionários estavam ocupados organizando caixas e alguns móveis. Lucas, vestido de maneira casual porém sofisticada, estava ao lado de uma das recepcionistas, que rapidamente se afastou para dar passagem a Ana. — Bem-vinda ao meu novo lar, Ana. — Lucas disse, com um sorriso que mesclava alívio e cordialidade. — Espero que o lugar seja do seu agrad
Após o beijo, Ana sentiu a necessidade de se afastar e pensar. Com uma despedida rápida, ela foi até o quarto que Lucas havia preparado para ela. O espaço era luxuoso, com uma cama grande e lençóis macios, o tipo de quarto que só se vê em revistas de decoração. "Claro, ele tem que ser exagerado em tudo," – pensou Ana, observando a vista da cidade pela janela ampla. No banheiro, a água quente do chuveiro ajudou a aliviar a tensão acumulada, mas não os pensamentos confusos. "Casamento... hum? Isso virou algum tipo de filme de espionagem?" – ela refletia, enquanto o vapor preenchia o ambiente. Enrolada em um roupão macio, Ana se sentou na beira da cama, observando a cidade iluminada. A vista era calma, mas dentro dela, as dúvidas rodavam como uma tempestade. Lucas bateu na porta e, sem esperar muito, entrou. — Espero que o quarto esteja do seu agrado — disse, a voz um pouco mais séria do que de costume. — E sobre o casamento... Será amanhã bem cedo. Ana, ainda enrolada no roupão, o
Entrando no pronto socorro, sua mente ainda estava dividida entre o casamento apressado daquela manhã e o turbilhão de emoções que se seguiu. Mal havia dado o primeiro passo na sala, e lá estava Márcia, com aquele olhar carregado de desprezo. — Olha só quem chegou — disse Márcia, o tom carregado de sarcasmo. — Achei que você tinha sumido no mundo, Ana. Parece que alguém está muito ocupada ultimamente, né? Ana respirou fundo, já sem paciência para os ataques constantes de Márcia. "De novo isso?" – pensou, lutando para não revirar os olhos. — Tenho trabalho a fazer, Márcia. — Ana respondeu friamente, enquanto organizava os papéis em sua mesa. — Diferente de você, que parece ter todo o tempo do mundo pra cuidar da vida dos outros. — Ah, não se faça de santa, Ana. — Márcia se aproximou, com um sorriso venenoso. — Só porque conseguiu essa residência, acha que pode pisar em todo mundo? Você ainda vai ver como as coisas funcionam por aqui. A arrogância sempre volta pra morder a gente. An
Lucas estava sentado em seu luxuoso escritório, um copo de whisky na mão, os olhos fixos na vista panorâmica da cidade. Mas sua mente estava longe, atormentada pelas informações que acabava de receber. Um de seus antigos contatos havia alertado: Dr. John, aquele mesmo imbecil que já havia ultrapassado dos limites com Ana, estava se aproximando dela novamente. Lucas sentiu o seu sangue ferver, tomando conta do seu corpo. "Ele ousa se aproximar dela de novo...?" — pensava, apertando o copo com tanta força que parecia prestes a estourar. Seu passado sombrio, que ele tanto tentava enterrar, parecia prestes a ressurgir. Lucas havia prometido que seria uma vida diferente em Nova York. Estava tentando ser discreto, afastar-se da violência que uma vez dominava seus dias. Mas certas situações exigiam ações, e ele não iria ficar de braços cruzados enquanto outro homem achava que poderia fazer o que bem entendesse com Ana. “Estou tentando mudar” – Lucas pensou, com seus olhos fixos na cidade a
Ana estava no hospital, pronta para voltar para o apartamento onde agora morava com Lucas. O dia tinha sido cansativo, e tudo o que ela queria era tomar um banho quente e dormir. Quando o motorista chegou, ela se acomodou no banco de trás, sentindo-se aliviada. — Vamos direto para o apartamento? — perguntou o motorista, enquanto ligava o carro. Ana hesitou por um momento. Estava tão imersa na nova rotina que quase esqueceu de algo importante. — Ah, eu preciso passar no meu antigo apartamento primeiro. Quero pegar algumas coisas, disse ela, pensando em seu pijama de gatinho, uma camisola velha e comprida, até os pés. Não era nada bonito, mas era confortável, e ela não conseguia dormir sem ela. O motorista assentiu, mudando o percurso. Quando chegaram ao apartamento antigo, Ana subiu rapidamente, pegando algumas roupas, seus itens de higiene, e, claro, a sua camisola de gatinho. Ao vê-lo, sorriu sozinha. "Nada sensual, mas é a minha favorita'' – pensou. ''Mas porque teria que ser s
Ana entrou no hospital naquela manhã com a mente acelerada, cheia de compromissos e preocupações, como se o próprio som de seus passos estivesse tentando acompanhar sua mente lotada. As cirurgias programadas para o dia exigiam sua atenção total, mas algo parecia fora do lugar. Ao passar pelo setor de cirurgia, um vazio incomum tomou conta de sua rotina: a sala do Dr. John estava vazia."Ele sempre está aqui, especialmente a essa hora", pensou Ana, sentindo um leve desconforto.Com a sobrancelha esquerda arqueada, ela seguiu para o balcão onde as enfermeiras trocavam conversas discretas e risadas quase altas.— Meninas, vocês viram o Dr. John? — perguntou Ana, tentando manter a voz calma. — Preciso da assinatura dele para os procedimentos de hoje.O silêncio que seguiu à sua pergunta foi quase palpável. As enfermeiras se entreolharam, hesitando, e Ana sentiu uma onda de inquietação crescer dentro de si. Uma delas, finalmente, quebrou o silêncio.— Você não ficou sabendo, doutora? – res