Capitulo 3

 Era hoje, a sua segunda semana de residência no Hospital Geral de Nova York, onde aconteceu um tumulto incomum naquela noite, ocorreu um acidente violento envolvendo moto, vários carros e um caminhão, onde encheu a emergência de pacientes em estado crítico. 

O som das sirenes de ambulâncias se misturava ao clamor das pessoas, criando um cenário caótico. 

Ana, uma jovem médica residente, pele clara, cabelos castanhos, preso em um rabo de cavalo com um laço de cetim rosa pink, mal conseguia parar para respirar. 

Ela corria de um paciente a outro, suas mãos hábeis se movendo rapidamente para suturar ferimentos, aplicar medicações e acalmar aqueles em pânico. 

Entre os muitos rostos que atendia, um em especial se destacava.

– Dra. Ana! Dra. Ana! Preciso de ajuda aqui! – gritou a enfermeira chefe Márcia, apontando para um paciente masculino, que estava sendo trazido em uma maca. 

Sangue escorria de um ferimento profundo em seu abdômen.

– Estou indo! – respondeu Ana, aproximando-se rapidamente. – Precisamos estabilizá-lo e levá-lo para a cirurgia imediatamente. – Acrescentou.

Enquanto Dra. Ana trabalhava incansavelmente para salvar o paciente, ela não pôde deixar de notar o quão familiar ele parecia. 

Durante um breve momento em que seus olhos se encontraram, viu que seu paciente era Lucas, e, naquele instante, eles sentiram uma conexão instantânea.

Horas depois, com Lucas finalmente estabilizado e na sala de cirurgia, Ana saiu pelos corredores, exausta. 

Ela encostou-se na parede, tentando processar os eventos da noite, mas a calmaria durou pouco. De repente, uma série de tiros ecoou pelo hospital, e os alarmes de segurança dispararam.

- O que está acontecendo? - perguntou Ana para Márcia, uma colega enfermeira, que parecia tão assustada quanto ela. 

- São tiros. Parece que um grupo armado invadiu o hospital, - respondeu Márcia, a enfermeira. 

- Eles estão procurando por alguém. - acrescentou.

Ana sentiu um frio na espinha. Imediatamente, pensou em Lucas, por seu comportamento ser estranho. Se caso aqueles homens estivessem atrás dele, ele estaria em grave perigo.

Sem hesitar, correu em direção à sala de cirurgia e encontrou um cenário de caos. Os invasores estavam tentando entrar, e o cirurgião-chefe, Dr. Eron, fazia o possível para mantê-los afastados. 

– Ana, precisamos tirá-lo daqui! – gritou Dr. Eron, referindo-se a Lucas. 

Ana sentiu o seu coração batendo forte. 

– Vamos usar a saída de emergência, é nossa única chance. – Sugeriu ela, tremendo e com as suas pernas bambas.

Com a ajuda do Dr. Eron e de alguns enfermeiros, eles conseguiram mover Lucas para uma maca móvel. Os invasores, percebendo a movimentação, começaram a atirar. 

Ana pegou uma bandeja de metal e a usou como escudo improvisado, enquanto empurrava a maca em direção à saída. A tensão estava no auge. Os corredores, que antes eram refúgios de cura, agora eram campos de batalha. 

Ana sentiu uma bala passar raspando por seu braço, mas ela não parou. A determinação para salvar Lucas, era maior que o seu medo. Finalmente, eles chegaram à saída de emergência. Do lado de fora, a polícia havia chegado e começava a cercar o hospital. 

Ana e Dr. Eron empurrava a maca com Lucas para fora, onde os paramédicos os aguardavam. 

– Levem-no para um lugar seguro e continuem a cirurgia, – disse Ana, com a sua voz firme apesar do caos ao seu redor. 

Enquanto Lucas era levado para uma ambulância, Ana sentiu as pernas fraquejarem, mas manteve-se de pé, olhou ao seu redor, viu que os invasores haviam fugido e não foram detidos pela polícia, sentiu raiva, mas se manteve firme, respirou profundamente, se levantou e voltou para o hospital para ajudar organizar o caos que havia sido criado. 

Dias depois, o hospital voltava ao seu ritmo normal, mas as marcas do incidente ainda estavam frescas, as memórias apareciam a todo momento gerando incertezas e muito medo. 

– E agora, o que será deste lugar?! Devemos Trabalhar com medo?! – dizia Ana, para a enfermeira Márcia. 

– Um dia de cada vez Dra. Ana. Um dia de cada vez! – Respondeu Márcia.

Ana visitava Lucas regularmente, agora em um quarto seguro e protegido. Mas Ana, cheia de perguntas em sua mente, se interessou em saber mais sobre Lucas. 

''Porque estavam atrás dele no hospital? - Porque ele parece misterioso? Intenso?! Me intimida.'' – pensava Ana, a todo momento.

[...]

 Era mais uma noite comum, e Ana, como de costume, foi visitar Lucas e avaliar seu estado antes de ir para casa.

Ele ainda estava sedado e monitorado por um monitor multiparâmetros, sua respiração lenta e constante, sendo a única companhia no quarto escuro.

Ana se aproximou da cama, ajustando o lençol ao redor dele, o olhar perdido em pensamentos sobre o que ele poderia estar escondendo. Mas naquela noite, algo estava diferente, sentia uma sensação desconfortável se instalando, um pressentimento que ela não conseguia ignorar.

Enquanto fazia suas checagens finais como de costume, algo no corredor chamou sua atenção. Uma sombra se movia lentamente. Ana parou, seu corpo ficou tenso, e, observou que alguém estava ali, e ela sabia que não era outro médico ou enfermeiro pela forma como se movia. Ela podia sentir o perigo no ar.

Ana voltou rapidamente para o quarto de Lucas, fechando a porta suavemente, o silêncio era pesado e sufocante. Seu coração batia mais rápido quando ela ouviu passos suaves se aproximando, logo, a  maçaneta da porta girou lentamente, e o pânico tomou conta dela.

A porta se abriu, revelando uma figura sombria. O homem entrou, se movia como a calma de um predador. Vestido de preto, parecia se fundir com as sombras do quarto. Em sua mão, segurava uma seringa, Ana se escondeu atrás da cortina, mal conseguindo respirar, seus olhos arregalados, apavorada, com medo.

‘’Ai meu Deus’’ – pensava Ana.

O homem se aproximou de Lucas, a seringa pronta para ser injetada. Ele sussurrou, sua voz fria e sem emoção nenhuma.

— Você nunca deveria ter voltado, Lucas. Isso termina aqui.

Ana sentiu o pavor apertar seu peito. Ela sabia que tinha que agir, mas o medo a paralisava. Reunindo toda a coragem que conseguiu, ela derrubou uma prateleira próxima, fazendo um barulho alto pelo quarto. O homem parou abruptamente, seus olhos varrendo a sala em busca da origem do som.

— Quem está aí? — ele rosnou.

Ana, com o coração batendo descontroladamente, sabia que tinha apenas segundos para fazer algo. Olhava ao seu redor procurando por alguma coisa que pudesse usar como arma, e seus olhos se fixaram em um suporte de soro fisiológico.

Sem pensar duas vezes, ela o agarrou e, com toda a força que tinha, bateu o suporte na cabeça do homem. O impacto o fez cambalear, surpreso e momentaneamente atordoado, ele se levantou rapidamente, seus olhos brilharam sentindo uma raiva mortal, ficou muito furioso.

— Você vai pagar por isso, — ele disse, sua voz carregada de ameaça — Vai se arrepender. — dizia com olhar de ódio.

Desesperada, Ana correu em direção à porta, mas ele a alcançou antes que ela pudesse sair, empurrando-a contra a parede, tirou uma  faca que estava fixa no sinto de sua calça, e, colocou perto de seu rosto, perigosamente e disse: — Ninguém interfere nos meus negócios, — disse, com seus olhos brilhando de loucura fria.

‘’Ele sabe muito bem o que quer, não tem preocupação ou medo algum!‘’ – pensou Ana.

Ana lutou e, desesperada, mordeu a mão dele, conseguindo se libertar por um breve instante. Foi o suficiente para destrancar a porta e correr para o corredor, seus passos ecoando enquanto o pânico a impulsionava.

O homem a seguiu por um tempo, mas parou abruptamente, percebendo que continuar poderia atrair atenção indesejada. Então, ele a observou por um momento e saiu pela saída de emergência sem ser detectado.

Ana, ofegante e totalmente em choque, observou quando ele sumiu na escuridão. Ela tremia, não sabia se chamava alguém, ou se seria melhor manter segredo, mas se confortava ao saber que Lucas estava vivo. Mesmo assim, perguntas sombrias assombravam sua mente. 

‘’Quem era aquele homem? Por que queria matar Lucas? E o que Lucas estava escondendo?’’ – pensava Ana.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo