De volta ao seu apartamento, Ana estava um caco. Sentada no sofá, com uma xícara de café e um cobertor naquele dia frio que fazia em Nova York, onde ficou revivendo todos os momentos várias vezes em sua mente, lutando para entender como havia perdido o controle de si mesma , com a culpa e a vergonha a consumindo.
Seu celular começou a vibrar com mensagens de suas amigas, que haviam visto as notícias sobre o tiroteio no hospital. Gabriele: Oi, Ana! Vi as notícias sobre o tiroteio. Você está bem? Me avisa. Renata: Ana, que susto! Você está segura? Por favor, me diga que está tudo bem. Elen: Ana, não consigo parar de pensar em você desde que vi as notícias. Como você está? Ana suspirou, sentindo o carinho e a preocupação das amigas. Sabia que precisava responder, mas as emoções ainda estavam muito intensas. ‘’Ai, Ai, se elas soubessem que não foi só o tiroteio’’ – suspirava Ana, chorando. Mesmo assim, Ana pegou o celular e começou a digitar, com as lágrimas caindo sobre a tela. Ana: Oi, meninas. Estou bem fisicamente, mas foi um dia muito difícil. O tiroteio foi assustador. Obrigada pela preocupação. Preciso de um tempo sozinha. Gabriele: Oh, Ana, sinto muito que você tenha passado por isso. Quer que a gente vá até aí? Podemos levar algo para você comer e fazer companhia. Renata: Sim, Ana, estamos aqui para você. Elen: Ana, entendemos que você precisa de um tempo sozinha, mas saiba que estamos aqui para qualquer coisa, viu?! Ana: Obrigada, de verdade. Vocês são as melhores. Acho que preciso de um tempo sozinha hoje. Podemos nos encontrar amanhã? Gabriele: Claro, Ana. Respeitamos seu espaço. Renata: Amanhã então. Se cuide e tente descansar um pouco. Elen: Amanhã estaremos juntas. Estamos a uma mensagem de distância. As mensagens das amigas confortaram Ana, e aqueceram seu coração. Ela colocou o celular de lado, fechou os olhos e tentou se concentrar em sua respiração, sabia que precisaria ser forte, mas também sabia que tinha um suporte sólido ao seu lado. [...] Ao amanhecer, com os olhos inchados de tanto chorar, seu estômago em nós, Ana se levantou e estava determinada a encontrar alguma paz que ainda restasse dentro de si, para encarar o dia. Se arrumou e foi para o hospital, enquanto Ana se dirigia para a sala dos residentes, Márcia apareceu no corredor. — Bom dia, Dra. Ana Steele — disse Márcia com um tom de voz que transbordava falsidade. — Dormiu bem? Ou o peso da consciência atrapalhou seu sono? Ana, surpresa e desconfortável, tentou manter a calma. — Bom dia, Márcia. Se você tem algo a dizer, diga logo. Márcia se aproximou, seu olhar frio e calculista. — Eu vi você e o Lucas ontem. Sei que vocês se beijaram. Isso não é algo que uma médica de respeito faria, não é mesmo? Ana sentiu um calafrio. — Márcia, por favor, não tire conclusões precipitadas. Foi um momento de fraqueza. — Fraqueza? — riu Márcia. — Chame como quiser. Mas eu não acho que o conselho médico verá da mesma forma. A menos que... você colabore comigo. — O que você quer, Márcia? — perguntou Ana, tentando esconder o pânico. — Simples — disse Márcia, com um sorriso venenoso. — Quero que você me cubra nos plantões noturnos por um mês. E, se eu precisar de alguma ajuda extra, você estará à disposição. Caso contrário, esse vídeo vai direto para o conselho médico. Lucas, que estava passando pelo corredor e ouviu parte da conversa, parou para observar. Seus olhos cheios de raiva, sua expressão se tornando sombria. Ele não podia acreditar no que estava ouvindo. Márcia estava chantageando Ana! Lucas pensava: ‘’Isso não pode ficar assim. Márcia está aproveitando a situação para manipular Ana. Isso precisa parar agora.’’ Enquanto Lucas observava a cena, ele viu Ana lutar para responder. — Tudo bem, Márcia — disse Ana, finalmente. — Eu farei o que você está pedindo. Márcia sorriu triunfante. — Ótimo. Eu sabia que você era inteligente, Dra. Ana. Não me decepcione. Márcia continuou caminhando no corredor, ainda sorrindo, mas com uma ponta de incerteza nos olhos. Ana olhou para Márcia, agradecida, mas também preocupada. ‘’Será que ela realmente não fará nada, se eu cumprir com o que disse?’’ – Ana pensava alto desesperadamente.Olá amigos! Me falem se estão gostando do livro. Deixe sua opinião, ela é muito importante para mim. Abraço. <3
Em meio ao caos que estava acontecendo, era necessário que a equipe médica e de enfermagem, se reunissem para uma reunião, e assim fizeram. Estavam todos reunidos na sala de descanso dentro da UTI, uma pequena e discreta sala onde os momentos de tranquilidade eram raros, o silêncio era quebrado apenas pelo sutil zumbido dos aparelhos, e única iluminação que tinha, vinha da lâmpada fraca sobre a mesa, que lançava sombras discretas nos rostos cansados.Dr. James, diretor do hospital, ajeitou o jaleco, abaixou os óculos sobre o nariz, tomou seu lugar na mesa, olhou para todos presentes e começou a falar.– Prezados, – começou James, com uma voz firme. – Vamos dar início à reunião. Como vocês sabem, a situação de segurança do nosso hospital está se deteriorando e precisamos encontrar uma solução imediatamente.– Deteriorando? Isso é um eufemismo! – interrompeu Dr. John, com um tom ácido. – Já tivemos dois grandes incidentes graves. E quem vocês acham que ficará lidando com essas crises
Era de manhã e a sala de recuperação estava tranquila. O homem que invadiu a UTI estava sedado, imobilizado e monitorado. Ele começava a despertar, confuso. Dra. Ana, acompanhada por Dr. John entraram na sala com uma expressão de profissionalismo e empatia, prontos para uma conversa delicada. Nicolas Beck, irmão gêmeo de Lucas, despertou na sala de recuperação, perdido e com a voz rouca. — Onde estou? O que aconteceu? — perguntou ele. A Dra. Ana, com um sorriso tranquilizador, respondeu: — Você está na sala de recuperação. Tivemos que sedá-lo após um episódio intenso para garantir sua segurança e a dos outros. Nicolas tentou se sentar, mas sentiu a restrição das faixas e recuou, frustrado. — Eu… Eu não lembro de nada. O que eu fiz? Dr. John, com um tom calmo, explicou: — Você teve um surto devido ao estresse e invadiu a UTI atrás do seu irmão Lucas. Precisamos entender o que aconteceu para ajudá-lo. Como você se chama? — Nicolas Beck. Sim, somos irmãos gêmeos — respondeu ele
Ana se sentia um lixo, literalmente, já não bastava o terror nos dias que estava vivendo, agora teria que lidar com as ameaças de Márcia. Ela se sentia exausta e desanimada, trabalhou muito nesses dias, e ainda teria que cobrir Márcia nos turnos da noite, e ficar disponível caso ela resolvesse precisar dela. ''Lamentável essa minha situação, viu! Praticamente um mês de residência, e a minha vida se encontra de ponta cabeça. Fala sério. – Ana pensava absurdamente, com sentimento de raiva. Durante o dia, Ana enviou mensagens para suas amigas, avisando que não poderiam se encontrar por alguns longos dias pela frente, pois estaria de plantão cobrindo Márcia. No entanto, ao entrar na sala dos residentes, encontra suas amigas. Sabiam que Ana era forte e não diria logo de cara que precisaria de ajuda, então, elas haviam antecipado o encontro, indo até o hospital, já que Ana não poderia sair. Estavam visivelmente preocupadas e não concordavam com as desculpas de Ana. — Ana, você está bem?
Ana precisava falar com Lucas sobre o beijo, mas a coragem parecia lhe escapar. Cada segundo que passava parecia arrastar-se por uma eternidade. Sua mente estava um caos, mas ela sabia que não podia adiar essa conversa. Ana parou diante da porta do quarto de Lucas, sentindo o coração bater mais rápido do que gostaria de admitir. ‘’Como eu vim parar aqui? Como deixei isso acontecer?’’ – Pensou, tentando controlar a corrente de emoções que a dominava. Ela sabia que precisava ser firme, manter a postura, mas as palavras que tinha ensaiado pareciam escapar por entre os dedos. Respirou fundo, tentando acalmar-se antes de entrar, mas a sua respiração era irregular. ‘’Você consegue, Ana. É só um paciente. Só um paciente que… ‘’ Mas a mentira que tentava contar a si mesma não parecia convencer nem sua mente mais racional. Atravessou a porta, sentindo um peso no peito. — Lucas, podemos conversar? — Sua voz saiu mais fraca do que esperava, traindo a confiança que tentava emular. Lucas, de
Enquanto Ana pensava em Lucas após a conversa tensa que tiveram, ela ouviu passos firmes se aproximando. Ao levantar os olhos, avistou o Dr. John ao final do corredor. Seu sorriso habitual se ampliou, tornando-se quase predatório, quando seus olhos pousaram em Ana. Dr. John era conhecido no hospital não apenas por suas habilidades médicas, mas também por sua reputação duvidosa entre as mulheres. Ele era o típico médico assanhado, sempre à espreita de qualquer oportunidade para dar em cima das jovens e belas funcionárias do hospital. Suas investidas eram frequentes e, muitas vezes, indesejadas. Ana sabia disso, assim como todas as outras mulheres que tentavam evitá-lo. Sua presença costumava despertar desconforto e até mesmo repulsa. — Dra. Ana! — chamou ele, sua voz carregada com um tom de falsa doçura, enquanto seus olhos percorriam o corpo dela de maneira nada sutil. — Que bom encontrar você por aqui. Preciso dizer, você está especialmente encantadora hoje. ''Ele nunca perde uma
O laço de cetim rosa pink no cabelo de Ana, parecia um toque de cor em um dia que já começava sombrio. Sua mente estava mergulhada em pensamentos enquanto trabalhava. A conversa com Lucas ainda pairava em sua memória, e a tensão entre eles parecia aumentar a cada encontro. Quando ela passou em frente ao quarto de Lucas, ele estava sentado, com uma expressão que parecia calma, mas havia algo em seus olhos que sugeria o contrário. Ao vê-la, Lucas levantou o olhar, mas tentou esconder a tensão em seus olhos, como se não quisesse que ela percebesse o tumulto interno que o dominava. Ana hesitou por um segundo antes de decidir entrar. O coração batia forte em seu peito, mas ela sabia que precisava manter a compostura. — Bom dia, Lucas, — disse ela, forçando um sorriso que mal disfarçava sua inquietação. Sua voz soou tranquila, mas por dentro, ela estava nervosa, o ar ao redor deles estava carregado, quase palpável. Lucas olhou para ela, tentando esconder a verdadeira intensidade de se
Ana chegou em casa exausta. O dia no hospital teria sido longo, e sua mente estava cheia de pensamentos confusos sobre Lucas. Sentindo-se sufocada, decidiu que precisava de uma distração. Foi quando suas três amigas, ligaram, insistindo para que saíssem naquela noite. – Você precisa se divertir, Ana! Vamos dançar e esquecer um pouco os problemas, – Elen sugeriu com entusiasmo. Ana hesitou por um momento, mas sabia que as amigas estavam certas. Logo, elas estavam se arrumando e rindo enquanto escolhiam suas roupas. – Essa vai ser uma noite para relaxar, – Renata comentou, animada, enquanto Ana passava uma maquiagem leve e colocava um vestido que raramente usava. A noite começou cheia de energia leve e descontraída. As quatro entraram no bar, criando um ambiente perfeito para deixar os problemas de lado. Ana tentava se soltar, dançando com suas amigas, rindo e bebendo mais do que o habitual. Gabriele puxou Ana para o centro da pista, – Vamos, Ana! Esqueça tudo e só sinta a música!
O sol mal começava a iluminar o apartamento de Ana quando ela foi despertada por um barulho sutil. Seus olhos ainda pesados de sono se abriram lentamente. Um som insistente fazia eco em sua mente. Quando finalmente conseguiu focar, percebeu que era o toque do celular ao lado de sua cama. — Alô… — Ana atendeu, sua voz arrastada, ainda lutando para lembrar onde estava. — Atrasada? — a voz de Márcia soou do outro lado da linha, fria e impregnada de sarcasmo. — O quê? — Ana respondeu, ainda confusa. Seus olhos se arregalaram ao ver o relógio na mesa de cabeceira. — Que horas são? — Ana, Ana… — a voz de Márcia ficou mais cortante. — Desse jeito, você não está facilitando as coisas para nós. Eu vou precisar ser mais clara com você. Ou você chega no hospital em 17 minutos, ou eu vou fazer da sua vida um inferno. Antes que Ana pudesse responder, ouviu o som seco do telefone sendo desligado. Ela ficou por um momento imóvel, a mente tentando processar as palavras de Márcia. Lentamente, a re