20 de Junho de 1938.
Todas as histórias começam com o era uma vez, e está não seria diferente. Era uma vez, tudo começou em junho de 1938 em uma pequena cidade no interior de minas Gerais , chamada Rosa Branca . A cidade tinha sua economia centralizada na processadora de açúcar dos Azarova, a família mais rica em toda à região, o açúcar processado era extraido da cana de açúcar plantada na extensa e gigantesca fazenda dos Azarova. Com tudo a família Azarova gerava empregos para milhares de pessoas, tanto na fazenda com os camponêses, assim como na fábrica processadora.
A família Azarova era composta por, Afonso o patriarca, Eva a matriarca, Daniel o filho mais velho com seus 16 anos na altura e Pedro o filho mais novo de 10 anos e por sua vez o preferido de Afonso. A doce Eva tinha sua irmã, à única neste caso, A ambiciosa e invejosa constância Maria, que por sua vez tinha dois filhos, o primeiro e mais velho Rhodolfo que era uma cópia exacta sua e Rimena sua irmã gêmea porém diferente de seu irmão e mãe, mais ainda sim, igual ao seu falecido pai Cesar que tinha um coração grande e bondoso.
* * *
Uma manhã de sexta-feira se iniciava na fazenda Azarova,o sol naquele dia estava escaldante, o céu azul como o mar,e o ar fresco navegando por todos os cantos. Daniel estava em sua penteadeira em seu quarto, ultimando de se aprontar para descer para o café da manhã,lentamente o mesmo atravessava o pente dentre os fios cacheados dos seus cabelos pretos de forma intensa,enquanto focava-se em seus olhos castanhos refletidos ao espelho. Com seus labios carnudos,Daniel sorria levemente enquanto imaginava o dia anterior no Rio.
___ Que beijo doce vosmicê têm meu amor,pena que não possamos gritar ao mundo à intensidade de nosso amor. ___ Sussurrou aos suspiros enquanto lembrava-se de Júlio Valência o filho do capataz com quem tinha um romance secreto.
Enquanto navegava em seus pensamentos, Daniel escutou o som de pedras batendo em sua janela como se fossem um chamado, o que rapidamente despertou sua atenção, fazendo-lhe levantar e ir até a mesma, Daniel andava com trejeitos femininos a passos largos, o que despertava a atenção sobre sua orientação sexual, sendo por isso motivo de vergonha para Afonso seu pai.
Ao chegar a janela de cor branca, Daniel abriu às trancas, e logo uma onda de ar fresco invadiu todo o quarto revestido de móveis clássicos da época, como uma cômoda, um sofá de seda em frente a cama de casal que la tinha, o ar fez com que seus cabelos encaracolados até ao pescoço, esvoaçassem seguindo o rumo do vento. Em seus lábios surgiram sorrisos após seus olhos se preencherem com a visão de Júlio Valência com seus vinte anos na altura, em cima de um cavalo de pelo castanho.
Júlio retirou de sua cabeça o chapéu de vaqueiro, deixando em evidência seus cabelos de fios castanhos longos até depois do pescoço, contrastando com seus olhos verdes como esmeraldas cravadas em seu rosto definido, preenchido por sua barba rala por fazer . Do alto da janela Daniel sorriu e de baixo julio retribuiu deixando em evidência seus dentes bem alinhados. Em sinais olhando por todos os cantos, Daniel perguntou-lhe o que ele fazia ali aquela manhã, e em sinais Júlio valência respondeu que ele deveria descer para se encontrarem no Rio novamente.
___ Você é louco. ___ disse Daniel. ___ Por você. ___ Respondeu Júlio em tom baixo o que fez com que Daniel o percebesse através da leitura labial.
Daniel logo deu-lhe sinal para que este fosse em frente, pois ele o encontraria em poucos minutos, Júlio Valência acatou o pedido, virou o cavalo e começou a cavalgar rumo ao Rio próximo a fazenda. Rapidamente Daniel correu em direção ao espelho,deu uma vista de olhos sobre o terno marrom e os sapatos de cor preta que havia colocado, e para completar pegou o chapéu de cor castanha que estava no chapeleiro ao lado e colocou em sua cabeça. A passos largos e com seus trejeitos,Daniel saiu do quarto, desceu às escadas com seus olhos fixados a porta, ao chegar ao piso térreo de madeira polida, ele começou a andar com cuidado,pois não queria que ninguém o visse sair aquela hora,o que foi em vão, o mesmo derrubou um vaso de flores que estava em uma mesinha,despertando à atenção de Eva,Afonso e o pequeno Pedro na mesa de jantar.
____ O que foi isso?___ perguntou Eva pousando a xícara de café à mesa. ____ Eu vou ver.___ afirmou Afonso levantando da mesa.
Do outro lado Daniel correu em direção à porta,o mesmo estava prestes a girar a maçaneta quando escutou o som da voz grave de seu pai atrás de si.
____ Posso saber para onde vosmicê pensa que vai à essa hora?
Trêmulo Daniel engoliu em seco e de seguida virou-se para trás assustado,no que deparou-se com o senhor de cabelo castanho e grisalho, um bigode exagerado, e uma barriga saliente de baixo da camisa de cor preta.
____ Papai. ___ disse Daniel de olhos arregalados. ____ Creio que há de ter uma resposta para mim. ____ Eu...Bom, eu vou tomar fresca pelo jardim, gosto de escutar o som dos pássaros pela manhã e. ____ Pare com isso por favor Daniel…vosmicê deveria apreciar coisas mais masculinas como o futebol por exemplo , tomar fresca pelo jardim é coisa de mulhrerzinha, não basta à vergonha que me faz passar quando caminha ao meu lado pela cidade. ____Meu pai, não tenho culpa do que às pessoas dizem sobre mim.___Rebateu indignado. ____ Têm sim…esses seus trejeitos, essa sua voz, esse teu jeito sensível….definitivamente você é uma vergonha para o sobrenome Azarova…seu irmão Pedro sim, ele será digno de meu nome para prosseguir com meu legado. ____ Eu não sou obrigado a escutar isso. ___ afirmou tentando conter às lágrimas prestes à cair.
Naquele instante, Eva sua mãe surgiu na sala, com um fatinho de cor verde esmeralda, seu cabelo castanho preso em um penteado tradicional para senhoras casadas.
____ O que está à acontecer aqui?___ perguntou. ____ Algo que não aconteceria se você não tivesse educado mal seu filho.___ Afirmou Afonso tomando sua atenção. ____ Como assim?
Aos berros e completamente exaltado, Afonso disse.
____ Do mariquinhas do seu filho que quer ir tomar fresca pelo jardim escutando o som dos pássaros. A culpa disso é sua Eva, sempre mimou Daniel o mantendo de baixo de sua saia, e graças a isso ele é assim...um mariquinhas.
Às lágrimas nesse momento já caiam dos olhos de Daniel, Eva por sua vez escutava seu marido completamente indignada e cheia de raiva .
_ Não fale assim de meu filho._ Gritou.___ Ao menos eu cuidei de nosso filho e você Afonso aonde estava, ….Em uma cama suja com alguma das vagabundas de suas amantes,você pensa que não sei?____ este não é o problema aqui.____ Não pense que não sei dos seus casos….se suportei todos esses anos ao seu lado,foi porquê não tive escolha….agora saiba que eu estou farta disso, e não vou permitir mais que vosmicê humilhe e maltrate Daniel._ Ou o quê? indagou Afonso pegando seu braço bruscamente.____ Esqueço que vosmicê é o pai de meus filhos….A doce Eva que vosmicê conheçe acaba de morrer agora,portanto não se meta com meus filhos ou eu acabo com você.Eva puxou seu braço e de seguida tomou à atenção em direção a porta aonde estava Daniel, porém o mesmo já havia desaparecido de suas vistas.
* * *
Daniel aquela altura estava em cima de um cavalo de pelo branco que havia levado nos estábulos da Fazenda, o mesmo cavalgava rumo ao Rio pela estrada de terra rodeada de cana de açúcar , de seus olhos joravam lágrimas de dor e raiva com tudo o que acabará de ouvir de seu pai.
Algum tempo depois Daniel chegava ao Rio, o mesmo desceu do cavalo prendendo-o à uma árvore frutífera próxima à margem. Daniel retirou seus sapatos, dobrando de seguida suas calças até ao joelho. A alguns metros de distância estava Júlio Valência de costas opostas a margem sentado sobre uma pedra, o mesmo sentiu o cheiro do perfume de Daniel se aproximando, o que fez-lhe virar-se de imediato para trás com um sorriso ao rosto, porém o mesmo fechou-se após este ver os olhos marejados e a feição de tristeza que Daniel trazia consigo.
_ Meu amor o que aconteceu?__ perguntou preocupado se levantando da pedra.Naquele momento, Daniel travou seus passos deixando que à intensidade de suas lágrimas viessem à tona. Júlio nada pensou se não caminhar até si, ao chegar diante de Daniel o mesmo começou a limpar suas lágrimas com a ponta de seus dedos enquanto o perguntava o que lhe teria acontecido para estar a chorar, sem responder, Daniel o abraçou, e sem exitar Júlio envolveu-lhe em seus braços. Em meio ao abraço Júlio não mais perguntava nada, apenas acariciava os cabelos de Daniel deixando que suas mentes viajassem ao som da corrente da água, dos pássaros ao redor e das folhas das árvores movidas pelo vento.
* * *Enquanto isso, na fazenda Azarova, após a discussão com Eva, Afonso subiu as escadas pocesso de raiva, o mesmo caminhava pelo corredor rumo ao seu quarto, até que acabou por travar em frente ao quarto de Daniel que estava com a porta entre aberta. Lentamente Afonso adentrou ao quarto, caminhou pelo mesmo, tocando os móveis, até que chegou à cômoda e lá tinha uma caixa de cor creme, com detalhes de desenhos florais e anjos, que o chamou atenção. ____ Que homem têm caixinhas assim em seus aposentos?___ perguntou-se em tom de indignação.
Afonso pegou na caixa e de seguida disse.
_ Resta saber o que tera aqui dentro, com certeza lacinhos…definitivamente Eva é uma péssima mãe.Lentamente ele abriu a caixa, no que acabou por se deparar, com várias cartas perfumadas.
__ De quem serão essas cartas. murmurou.Afonso caminhou em direção ao sofá em frente a cama, sentou-se ao mesmo deixando a caixa ao lado depois de ter pego uma das cartas que lá tinham , abriu o envelope retirando o pedaço de pepel, e de seguida começou à ler o conteúdo que lá estava escrito." 23 de Abril de 1938Tenho em minha mente o tempo todo, a cor de seus olhos castanhos.
Em tudo quanto toque e veja, uma parte de você, uma parte de seu sorriso tão lindo quanto a água cristalina do Rio em que nos entregamos sem medo, por completo e por nossas almas em eternidade.Poderíamos estar juntos agora mas infelizmente não podemos. Deus sabe o quanto sonho com o dia em que juntos acordaremos Pela manhã, talvez este sonho jamais aconteça, mais ainda sim estarei firme e cheio de esperanças para mudar o futuro óbvio que nos é guardado.Te espero amanhã pela tarde em nosso Rio.
Do seu sempre e eterno amor.Júlio Valência. "
Afonso ficou completamente horrorizado com o que acabará de ler, sua respiração já estava ofegante e seus olhos dilatados de raiva. Rapidamente levantou-se pegando a caixa de cartas consigo. Minutos depois o mesmo estava a descer o último degrau da escada cheio de raiva enquanto gritava pelo nome de Eva e do capataz da Fazenda Amadeu, o pai de Júlio Valência.
____ Afonso o que foi desta vez?___ indagou Eva surgindo da sala de jantar.
Naquele momento Afonso jogou-lhe a carta a cara juntamente com à caixa, espalhando todas às outras cartas ao chão.
____ Olha isso…olha, quero ver se agora irá defender seu filhinho querido.Rapidamente Eva agachou-se ao chão pegando a carta lida anteriormente por Afonso. Ela levantou-se lendo-a , o que fez com que seus olhos começarem a ficar arregalados a cada segundo em que cruzava pelas frases. Ao terminar à leitura, Eva tomou a atenção de Afonso com feição de susto.
_ Agora me dará razão Eva?_ indagou aos berros____….com certeza Daniel deve estar agora nos braços do filho do capataz naquele Rio maldito e é para lá que eu vou. ____ Como assim nos braços de meu filho?___ perguntou Amadeu atônito após surgir na porta do casarão.
Afonso virou-se tomando sua atenção e de seguida disse.
____ Isso mesmo que vosmicê acaba de escutar, nossos filhos têm um romance e sei lá se isso pode ser chamado de romance…o facto é que acabarei com essa pouca vergonha e será hoje.Afonso caminhou em direção ao escritório,chegando ao mesmo retirou da gaveta da secretaria, uma arma que começou a testar à mesma de seguida, pela porta surgiu Eva que logo ficou horrorizada ao ver Afonso com a arma em suas mãos .
Afonso o que fará com esta arma ?Limpar meu nome…nome este que seu filho pretende jogar na lama.__ Daqui você não sai Afonso_ Afirmou se colocando no meio da porta como uma barreira _Não deixarei que tire a vida de Daniel muito menos de Júlio Valência. Por Deus Afonso ,eles são só dois garotos.Afonso nada disse, caminhou em direcção dela, ao chegar diante,Afonso lhe pegou pelo braço e de imediato impuro-lhe , fazendo-a cair ao chão.
Na parte exterior da Fazenda, Afonso entrou em seu carro fusca vermelho ligou o motor arrancando em direção ao rio. Amadeu para salvar seu filho subiu em seu cavalo e logo foi atrás de Afonso.
Com dores Eva correu até a saida do casarão, chegando a mesma deparou-se com a visão do carro de Afonso mergulhando a estrada de terra.
* * *
Um tempo depois, Daniel estava mais calmo sentado na perna de Júlio que estava apoiado à pedra próxima à margem do Rio. Enquanto isso Júlio acariciava seu rosto em silêncio esperando que Daniel falasse alguma coisa, neste caso o real motivo causador de suas lágrimas.
____ Você está mais calmo agora? ___ sussurrou Júlio.____ Sim estou.____ E não vai me contar o quê aconteceu?____ Meu pai…____ o que ele fez,ele te machucou? Bateu em você ?____ Não…mais vontade não lhe faltou com certeza.____ O que foi que ele fez?____ Me chamou por nomes que só de lembrar…sinto como se fossem flechas atravessando minha carne.…Meu pai me odeia Júlio, acha que sou uma aberração, uma vergonha para a família Azarova.____ Doi-me saber que sofres e nada posso fazer para aliviar sua dor.____ Vosmicê pode sim.____ posso?___ perguntou entusiasmado._ Sim._ Respondeu sorrindo.____ E como eu faria isso?Daniel nada disse, apenas colocou ao redor de seu pescoço seus braços, de seguida e calmamente selou seus lábios aos lábios se Júlio que por sua vez, apertava sua cintura.Naquele instante enquanto se beijavam, Daniel escutou o som da voz de Afonso gritando seu nome. O beijo foi cessado e o coração de ambos batia tão forte como se fosse sair de suas bocas a qualquer instante. Lentamente Daniel virou-se para trás assustado no que acabou por se deparar com seu pai a alguns metros de distância e com uma arma apontada em sua direção.
____ Papai.___ murmurou atordoado. ____ Há de pagar muito caro por isso.____ Gritou Afonso pocesso de raiva. ____ Ambos pagaram.____ concluiu carregando à arma.
Na fazenda Azarova, Eva chorava com suas mãos apoiadas a sacada da varanda olhando à estrada de terra vermelha,enquanto rezava em seu interior que nada de ruim acontecesse. Quando de repente à mesma tremeu após escutar o som de dois tiros.
As margens do Rio, estava Júlio Valência ensanguentado com sua cabeça apoiada às pernas de Daniel que chorava acariciando seu rosto. Entretanto Afonso estava a metros de distância com a arma em suas mãos apontando a terra molhada a baixo de seus pés. Do peito de Júlio jorava sangue que escorria nas águas do rio e com isso sendo levada pela correnteza, seus olhos estavam entre abertos deixando escorrer resquícios de lágrimas, porém, seus lábios haviam formado um lindo sorriso por ter salvo seu amado Daniel da morte._ Porquê você fez isso?_ Questionou Daniel deixando que lágrimas escorresem.____ Porquê!.…Eu deveria estar em seu lugar agora….eu deveria ter tomado este tiro.___ Não me arrependo do que tenha feito.____ Afirmou Júlio. ____ Se o tempo voltasse para trás, no momento em que seu pai puxou o gatilho da arma, ainda sim teria me colocado em seu lugar._ Isto não é justo__ Vociferou._ A Morte não te pode levar de mi
Algumas horas passaram e Daniel estava em frente ao espelho em seu quarto esperando o melhor momento para sair rumo ao velório de Júlio na igreja da cidade sem que ninguém o visse, o mesmo pretendia ir até ao velório para poder despedir-se mesmo que fosse a distância. Até que de repente o mesmo escutou o som de três toques em sua porta que logo despertaram sua atenção. Prontamente o mesmo virou-se, caminhando em direção à porta que até então estava fechada. A passos lentos Daniel alcançou a porta que logo girou a maçaneta, e lá estava sua prima e melhor amiga Rimema, a filha de Constância Maria._ Rimena._ Disse com feição de espanto._ O que faz aqui?indagou completando.A linda mo&c
Constância Maria estava completamente atônita com o que acabará de ouvir. A passos lentos a mesma adentrou ao quarto sem tirar sua atenção em Rimena, que a está altura à encarava assustada e com medo do que viria a acontecer a seguir, pois, o segredo por ela guardado por dois meses havia sido descoberto e pela pior pessoa possível, sua mãe .Daniel por sua vez estava atordoado, olhando a reacção de Rimena ao mesmo tempo em que prestava atenção em constância Maria, sua tia._ Será que estou louca e tive uma alucinação._ Afirmou Constância. ____ Não, não,não. _Esbravejou várias aos berros enquanto abanava a cabeça em tom de negação.Eu não estou louca.__ Vociferou.____ Mamãe eu. _____ Tentou Rimema._ Isso é verdade?_ indagou cortando-à. _____ Vosmicê espera um filho de seu tio Afonso?Nã
Algum tempo depois, Afonso estava sozinho dentro do casarão após o sucedido, Constância Maria havia levado Rimena e Rhodolfo para casa deles, e Eva seus dois filhos, Daniel e Pedro para a igreja rumo ao velório de Júlio Valência.Afonso estava sentado em frente a cadeira de sua mesa, em seu escritório, o mesmo fumava seu charuto convicto de que nada o pudesse acontecer._ Eva não fará nada do que disse._ Sussurrou.____ Voltará mansa como sempre e tudo passará de um mal entendido, quanto ao filho de Rimena, mandarei abortar e tudo isto ficará no esquecimento.…Nada há de me acontecer. * * *Enquanto isso, dentro do carro dirigido pelo motorista da Fazenda, Eva e seus filhos estavam no banco traseiro, no meio dos dois irmãos estava a matriarca chorando em silêncio , enquanto Daniel contemplava à paisagem
A igreja acabou por ficar em silêncio observando Daniel caminhar rumo ao caixão. Enquanto isso acontecia José Alfredo adentrou ao espaço discretamente, onde optou por ficar nos últimos acentos da igreja. Alguns minutos depois, Daniel chegava ao caixão de Júlio, o mesmo travou seus passos e de seguida suspirou para reunir forças suficientes , nesse instante Daniel colocou a ponta do dedo na borda do caixão, e lentamente começou a deslizar o dedo enquanto caminhava a passos lentos. Ao chegar ao fim, lá estava o Júlio Valência com a pele pálida, neste momento Daniel colocou a mão sobre sua boca, com intuito de controlar às lágrimas, no que foi inevitável, elas caíram.Daniel pousou sua mão sobre o rosto de Júlio, todos lhe observavam em silêncio,e Eva chorava em silêncio ao vê-lo sofrer em tais proporções._ O que há de ser dos sonhos que juntos acordarmos?_ questionou Daniel em tom sussurrante, enquanto pas
6 Meses depois.Rosa Branca, Janeiro de 1939.Depois de todo o ocorrido, haviam se passado exatos seis meses e muita coisa havia mudado. Aquela altura o assassino de Afonso Azarova continuava incógnito para todos. Eva seguia sua vida tentando digerir tudo, porém a mesma já se via pronta a recomeçar sua vida ao lado de alguém e esse alguém era José Alfredo de Assunção Valência , o tio de Júlio Valência.Constância Maria havia levado Rimena para são Paulo logo após a morte de Afonso, sua ideia era que está tivesse o bebê por lá, sem que ninguém soubesse que um dia ela esteve grávida, e após o nascimento a criança fosse entregue a roda dos desvairidos, e não à Eva como constância havia feito Rimena acreditar meses atrás.Daniel por sua vez seguia amargurado, e nada mais em sua vida fazia sentido algu
Rosa Branca.Janeiro de 1948.Todo um passado ficou para trás por mais cicatrizes e marcas que este havia causado. Como se um novo livro estivesse a ser aberto, dando inicio a leitura de mais uma nova história carregada de emoções e traços do último capítulo, do então passado carregado de dor e sofrimento. Sim isso mesmo, o verdadeiro início dessa história começa agora, Janeiro de 1948 em Rosa Branca.Narrado por Eva.Entre às pernas de José Alfredo, eu estava sentada na grama verde do campo distante da Fazenda. José tinha suas costas repousadas ao tronco da árvore frondosa, e ao lado estava nosso cavalo de cor castanha degustando do capim que ali havia. Nossos cabelos esvoaçavam pelo vento, enquanto podíamos escutar o som dos pássaros ao redor ao ceu azul, bem como nas árvores. Ao horizonte eu podia ver uma imensidão de grama preenchendo meus olhos, e a
A apreensividade havia tomado conta de todos os presentes, Eva por sua vez se encontrava de olhos arregalados bem como Rimena e José Alfredo com suas atenções tomadas à Daniel que à aquela altura esperava cedendo por uma resposta de Pedro. Naquele mesmo espaço constância Maria e Rodolpho levantaram-se de seus acentos, não acreditando no que estava diante de seus olhos a acontecer .Responda.Vociferou Daniel. ____ Quem pensa que é.Pedro estufou o peito, suspirou e de seguida caminhou em direção de Daniel, aquela altura ambos estavam à poucos passos de distância, até que Pedro respondeu._Sou tudo aquilo que você não é, e com certeza jamais será, um homem, seu mariquinhas._ Retire o que disse.__ Afirmou Daniel fechando seu punho para conter a raiva que estava a sentir, no que culminou na aceleração de sua respiração.