Algumas horas passaram e Daniel estava em frente ao espelho em seu quarto esperando o melhor momento para sair rumo ao velório de Júlio na igreja da cidade sem que ninguém o visse, o mesmo pretendia ir até ao velório para poder despedir-se mesmo que fosse a distância. Até que de repente o mesmo escutou o som de três toques em sua porta que logo despertaram sua atenção. Prontamente o mesmo virou-se, caminhando em direção à porta que até então estava fechada. A passos lentos Daniel alcançou a porta que logo girou a maçaneta, e lá estava sua prima e melhor amiga Rimema, a filha de Constância Maria.
_ Rimena._ Disse com feição de espanto. _ O que faz aqui? indagou completando.
A linda moça de cabelos castanhos e longos, olhos castanhos e grandes suspirou exalando tristeza e de seguida disse.
____ Já soube do que aconteceu, e sei o quanto amava Júlio Valência e o quanto ele o amava também. Dizer que entendo sua dor séria uma mentira, pois não saberia o que faria caso perdesse Heitor, meu amor. Tudo que posso dize-lo é que estou aqui e comigo podes contar, sempre.Naquele momento dos olhos de Daniel escorreram lágrimas e sem existar o mesmo abraçou rapidamente Rimema, que não se conteve em lágrimas, enquanto retribuia o abraço de seu primo. Após o abraço demorado, ambos se desvencilharam limpando de seguida às lágrimas em seus rostos.
__ Entre._ Disse Daniel puxando Rimema para o interior de seu quarto.Rimema sentou-se à borda da cama, e Daniel puxou a cadeira da escrivaninha onde sentou-se de seguida. Naquele momento o vento fresco e húmido entrava pelas janelas abertas fazendo às cortinas esvoaçarem pelos lados, bem como trazendo o perfume das rosas do jardim ao redor do casarão.
__ Mamãe e meu irmão Rhodolfo foram estão lá na sala, eles vão ao velório na igreja da cidade juntamente à seus pais, imaginei que fosse precisar de minha ajuda.___ disse Rimema._____ E vou precisar sim, tenho que me despedir de Júlio, pior agora que meu pai pretende m****r-me para Portugal está noite._____ Mas porquê?_____ Ele têm medo que eu conte para para todos que foi ele quem matou Júlio.Atônita Rimena levantou-se de imediato da borda da cama.
_ Então quer dizer que não foi Júlio quem tentou mata-lo? perguntou. ____ Pois é isto que está a circular pela cidade de Rosa Branca, que seu pai sofreu um atentado do filho do capataz da Fazenda.____ Claro que não Rimena , eu estava lá e presenciei tudo, foi meu pai quem matou Júlio a sangue frio. Porquê motivo Júlio tentaria matar meu pai?____ vosmicê têm razão, Júlio jamais teria coragem de tirar a vida de alguém, mas seu pai sim.Rimema começou a ficar com à respiração ofegante, à mesma caminhou em direção ao espelho, onde agarrou forte as duas bordas da cômoda, ficando de cabeça baixa e olhos fechados . Por trás Daniel aproximou-se com feição de preocupação colocando de seguida sua mão por trás do ombro dela.
__ Rimena, vosmicê está bem?_ perguntou. _ De repente ficaste pálida. ____ concluiu.Dos olhos fechados de Rimena começaram a escorrer lágrimas acompanhadas do som do seu choro e nariz fungado, o que aumentou ainda mais à preocupação em Daniel atrás de si.
Rimena, Rimena. insistiu.____ fale comigo por favor, estou começando à ficar ainda mais preocupado.Naquele instante, Rimena começou a erguer lentamente sua cabeça, até deixar evidente o reflexo de seu rosto ao espelho. Daniel afastou Para o lado direito para poder vê-la melhor, no que o fez perguntar-lhe novamente o motivo da sua mudança repentina._____ Acho que está na hora de vosmicê saber de toda à verdade, a verdade que escondi e me atormentou por muito tempo, algo que tenho vergonha e nojo de mim mesma.Daniel arregalou seus olhos e de seguida perguntou.
De que verdade vosmicê está à falar?Desde meus 14 anos eu sou violentada e sofro calada com isso. Afirmou aumentando à intensidade de suas lágrimas. eu juro que não quis, eu juro Daniel, ele me obrigou, chegava até à ameaçar matar você, e todo mundo que eu amo caso eu contasse para alguém.__ Como assim Rimema?_ indagou incrédulo. _ vosmicê não é culpada pelo erros desse homem, muito pelo contrário à vítima és tu, mas agora me fale, quem é esse homem e porquê ele me usou para cometer esse acto sujo contra vosmicê?Lentamente Rimena virou-se para trás tomando a atenção de Daniel que esperava sedento por uma resposta sua.
__ Fala!__ Esbravejou Daniel. Quem foi o homem que fez isso contra você, tenho a máxima certeza que não é Heitor.lágrimas caíam do olhos de Rimena e ela nada conseguia dizer por mais que este fosse seu maior desejo naquele momento, até que Daniel começou à juntar os pontos, lembrando todas às vezes em que Rimena se recusava à estar em ambientes que seu pai Afonso estivesse, das vezes em que ela esquivou o que parecia ser um simples beijo na testa daquele que era seu então tio.Agora tudo faz sentido._ afirmou Daniel de olhos arregalados._ Foi ele, meu pai quem te violentou.Sim, foi ele, Afonso Azarova é o grande causador da minha desgraça. Cuspiu Rimena às palavras entaladas em sua garganta._ E isso teve consequências, ele havia parado,mas a dois meses atrás ele voltou a violar-me.Enquanto isso acontecia, Constância Maria de vestido preto, subia às escadas rumo ao quarto de Daniel com intuito de chamar Rimena, enquanto andava pelo corredor a mesma começou a escutar vozes altas, o que acabou tomando sua atenção, rapidamente constância intensificou seus passos seguindo o som das vozes, até que à mesma chegou a porta do quarto de Daniel onde conteve-se ao toque, após prestar atenção em toda à conversa que lá havia.
__ Consequências?_ indagou Daniel dentro do quarto.A violação cometida pelo crápula de seu pai contra mim, resultou nisso. afirmou colocando sua mão por cima de seu ventre, fazendo com que Daniel arregalasse ainda mais seus olhos.__ Você está grávida?_ indagou Daniel e naquele exato momento constância adentrou ao quarto, fazendo com que todos que lá estavam presentes tomassem sua atenção com feição de susto.Mamãe. Afirmou Rimena.Constância Maria estava completamente atônita com o que acabará de ouvir. A passos lentos a mesma adentrou ao quarto sem tirar sua atenção em Rimena, que a está altura à encarava assustada e com medo do que viria a acontecer a seguir, pois, o segredo por ela guardado por dois meses havia sido descoberto e pela pior pessoa possível, sua mãe .Daniel por sua vez estava atordoado, olhando a reacção de Rimena ao mesmo tempo em que prestava atenção em constância Maria, sua tia._ Será que estou louca e tive uma alucinação._ Afirmou Constância. ____ Não, não,não. _Esbravejou várias aos berros enquanto abanava a cabeça em tom de negação.Eu não estou louca.__ Vociferou.____ Mamãe eu. _____ Tentou Rimema._ Isso é verdade?_ indagou cortando-à. _____ Vosmicê espera um filho de seu tio Afonso?Nã
Algum tempo depois, Afonso estava sozinho dentro do casarão após o sucedido, Constância Maria havia levado Rimena e Rhodolfo para casa deles, e Eva seus dois filhos, Daniel e Pedro para a igreja rumo ao velório de Júlio Valência.Afonso estava sentado em frente a cadeira de sua mesa, em seu escritório, o mesmo fumava seu charuto convicto de que nada o pudesse acontecer._ Eva não fará nada do que disse._ Sussurrou.____ Voltará mansa como sempre e tudo passará de um mal entendido, quanto ao filho de Rimena, mandarei abortar e tudo isto ficará no esquecimento.…Nada há de me acontecer. * * *Enquanto isso, dentro do carro dirigido pelo motorista da Fazenda, Eva e seus filhos estavam no banco traseiro, no meio dos dois irmãos estava a matriarca chorando em silêncio , enquanto Daniel contemplava à paisagem
A igreja acabou por ficar em silêncio observando Daniel caminhar rumo ao caixão. Enquanto isso acontecia José Alfredo adentrou ao espaço discretamente, onde optou por ficar nos últimos acentos da igreja. Alguns minutos depois, Daniel chegava ao caixão de Júlio, o mesmo travou seus passos e de seguida suspirou para reunir forças suficientes , nesse instante Daniel colocou a ponta do dedo na borda do caixão, e lentamente começou a deslizar o dedo enquanto caminhava a passos lentos. Ao chegar ao fim, lá estava o Júlio Valência com a pele pálida, neste momento Daniel colocou a mão sobre sua boca, com intuito de controlar às lágrimas, no que foi inevitável, elas caíram.Daniel pousou sua mão sobre o rosto de Júlio, todos lhe observavam em silêncio,e Eva chorava em silêncio ao vê-lo sofrer em tais proporções._ O que há de ser dos sonhos que juntos acordarmos?_ questionou Daniel em tom sussurrante, enquanto pas
6 Meses depois.Rosa Branca, Janeiro de 1939.Depois de todo o ocorrido, haviam se passado exatos seis meses e muita coisa havia mudado. Aquela altura o assassino de Afonso Azarova continuava incógnito para todos. Eva seguia sua vida tentando digerir tudo, porém a mesma já se via pronta a recomeçar sua vida ao lado de alguém e esse alguém era José Alfredo de Assunção Valência , o tio de Júlio Valência.Constância Maria havia levado Rimena para são Paulo logo após a morte de Afonso, sua ideia era que está tivesse o bebê por lá, sem que ninguém soubesse que um dia ela esteve grávida, e após o nascimento a criança fosse entregue a roda dos desvairidos, e não à Eva como constância havia feito Rimena acreditar meses atrás.Daniel por sua vez seguia amargurado, e nada mais em sua vida fazia sentido algu
Rosa Branca.Janeiro de 1948.Todo um passado ficou para trás por mais cicatrizes e marcas que este havia causado. Como se um novo livro estivesse a ser aberto, dando inicio a leitura de mais uma nova história carregada de emoções e traços do último capítulo, do então passado carregado de dor e sofrimento. Sim isso mesmo, o verdadeiro início dessa história começa agora, Janeiro de 1948 em Rosa Branca.Narrado por Eva.Entre às pernas de José Alfredo, eu estava sentada na grama verde do campo distante da Fazenda. José tinha suas costas repousadas ao tronco da árvore frondosa, e ao lado estava nosso cavalo de cor castanha degustando do capim que ali havia. Nossos cabelos esvoaçavam pelo vento, enquanto podíamos escutar o som dos pássaros ao redor ao ceu azul, bem como nas árvores. Ao horizonte eu podia ver uma imensidão de grama preenchendo meus olhos, e a
A apreensividade havia tomado conta de todos os presentes, Eva por sua vez se encontrava de olhos arregalados bem como Rimena e José Alfredo com suas atenções tomadas à Daniel que à aquela altura esperava cedendo por uma resposta de Pedro. Naquele mesmo espaço constância Maria e Rodolpho levantaram-se de seus acentos, não acreditando no que estava diante de seus olhos a acontecer .Responda.Vociferou Daniel. ____ Quem pensa que é.Pedro estufou o peito, suspirou e de seguida caminhou em direção de Daniel, aquela altura ambos estavam à poucos passos de distância, até que Pedro respondeu._Sou tudo aquilo que você não é, e com certeza jamais será, um homem, seu mariquinhas._ Retire o que disse.__ Afirmou Daniel fechando seu punho para conter a raiva que estava a sentir, no que culminou na aceleração de sua respiração.
Narrado por Daniel.Nossos olhos haviam se cruzado e parado no tempo. Sabe aquele momento em que tudo parece deixar de existir e somente à pessoa em frente a ti passa a ser o centro do seu universo?Bom, era assim que eu estava me sentindo, como se ele fosse tudo, a ponto de roubar todos os meus pensamentos, sendo capaz de esvaziar todo o resto que pudesse estar ou querer ganhar espaço na minha mente.Até que acordei daquele momento completamente sem significado para mim, e com certeza para ele também._ Você está me seguindo?_ perguntei fechando o rosto.Naquele instante José Alfredo afastou-se para trás com feição de indignação, e em sua testa formaram-se linhas fortes de expressão. ___ Claro que não!…. eu que te pergunto, o que você veio fazer aqui, justament
Narrado por Daniel.Os olhos de minha mãe continuavam depositados em mim e José Alfredo. Eu estava apreensivo procurando por uma resposta, e talvez eu não devesse procurar nada, mas sim falar a verdade, do que teria acontecido para estarmos daquele jeito, molhados e com as botas repletas de terra. ___ Espero por uma resposta vossa.____ insistiu. ____ Aonde estiveram? ___ No Rio. ___ Respondi sem rodeios. ___ A essa hora da madrugada?Naquele momento José Alfredo aproximou-se e disse._ Na verdade foi uma coincidência Eva._ Afirmou._ Eu e Daniel nos encontramos no rio por acaso, eu queria refrescar a cabeça depois do que aconteceu na festa, e acho que Daniel também!….não foi isso que aconteceu Daniel?_ indagou tomando minha atenção, na expectativa que eu confirmasse o que ele havia dito._ Sim mamãe, foi isso mesmo que