Saio da sala de reuniões com um suspiro aliviado. A fusão com os coreanos avança e, embora cada detalhe ainda precise ser minuciosamente analisado, sinto que as peças estão finalmente se encaixando. Passo pela recepção e aceno para a equipe, enquanto meu celular vibra com a ligação que estou esperando.
— Noah Fitzgerald.
— Senhor Fitzgerald, aqui é o Blake, do estúdio de arquitetura. Estamos no local e queríamos confirmar algumas mudanças para o quarto da sua filha.
Minha expressão suaviza ao ouvir isso. Olivia finalmente vai voltar para casa.
— Pode falar, Blake.
— A estrutura principal está concluída, mas gostaria de saber se deseja algo personalizado, talvez uma área de estudo integrada ou um espaço para hobbies.
Olho para a parede de vidro que dá vista para a cidade enquanto a voz do arquiteto me preenche. Imagino Olívia sorrindo ao ver tudo pronto.
— Sim, quero algo confortável e funcional. Ela vai precisar de um canto para se concentrar. Além disso, coloquem alguns detalhes modernos. Ela merece o melhor.
— Perfeito, senhor. Mandaremos o esboço atualizado amanhã.
Desligo o telefone com um sorriso satisfeito e sigo para o estacionamento. É um daqueles dias ensolarados e quentes de Los Angeles. Ao passar por um grupo de estagiários, uma jovem de cabelos cacheados e vestido justo se aproxima com um sorriso confiante.
— Senhor Fitzgerald, eu ouvi falar que você é tão charmoso quanto brilhante. Posso confirmar que os boatos são verdadeiros?
Congelo por um segundo, surpreso com a audácia. Ela não parece ter mais de vinte anos. Poderia ser amiga da minha filha. Tento disfarçar o desconforto com um sorriso educado.
— Agradeço o… elogio, mas tenha um bom dia. — respondo, mantendo o tom leve, mas firme.
Ela ri baixinho, um tanto sem graça e segue seu caminho. Eu continuo andando, meneando a cabeça em negação. James adoraria essa história. Ele é o típico homem que não se importa com a diferença de idade e sempre dou risada ao vê-lo sair de confusões. Mas eu? Eu jamais faria isso.
Coloco os óculos escuros, tentando afastar a ideia. A juventude tem um brilho próprio, mas eu sempre achei antiético e imoral ultrapassar certos limites.
Entro no meu Volvo preto, ajusto o banco e ligo o carro. O motor ronca suavemente enquanto começo a dirigir em direção à minha casa. A imagem de Olívia tomando conta do quarto, redecorando com risos, preenche minha mente.
Mas, no fundo, sinto uma inquietação. Como se o destino estivesse preparando algo que eu não previa. Uma curva que eu nunca imaginei fazer.
E, sem saber, naquele instante silencioso entre um semáforo e outro, meu coração começa a se preparar para quebrar suas próprias regras.
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Terminei de organizar o último formulário e fechei a pasta com um suspiro aliviado. Todos os documentos para a faculdade estavam prontos. Demorou, mas agora tudo está no lugar. Deixo a pasta na escrivaninha improvisada e olho ao redor do meu pequeno apartamento com um sorriso discreto. É simples, mas é meu espaço, minha conquista.
Me jogo na cama, o colchão afunda levemente enquanto fico olhando para o teto. Não consigo evitar pensar em Alina. Minha irmã sempre foi a princesa da família, a garota dos contos de fadas que conseguiu seu “final feliz” com um belo anel no dedo e um noivo apaixonado. Lembro de sua voz radiante ao telefone quando me contou sobre o pedido de casamento. Fiquei feliz por ela, de verdade… mas ao mesmo tempo, uma pontinha de vazio se formou em meu peito. O que será que ela sente quando olha para ele? Segurança? Proteção? Talvez amor? Eu nunca senti isso com ninguém.
— Que drama, Kira. — murmuro para mim mesma.
Balanço a cabeça e pego o celular para espantar os pensamentos. Começo a rolar pelas redes sociais e como sempre, vejo fotos de casais sorridentes, amigos comemorando, viagens luxuosas. Mas algo específico me chama a atenção. Uma foto de Ekaterina, uma antiga amiga, com um homem visivelmente mais velho. Ele tinha cabelos grisalhos, uma barba bem aparada e um terno impecável.
— Nossa, Ekaterina está namorando com esse homem mais velho? Uau, quem diria! — solto uma risadinha surpresa.
Aperto a tela para ver melhor. O sorriso dela é radiante. Talvez não importe a idade, afinal. Por um instante, me pego pensando em como seria namorar um homem mais velho. Não um garoto cheio de hormônios e sem nada na cabeça, mas alguém gentil, interessante… e com histórias para contar.
Sem perceber, a lembrança de Benjamim, meu antigo professor de inglês, surge na minha mente. O jeito que ele explicava tudo com paciência, o tom de voz firme e ao mesmo tempo acolhedor. Ele era charmoso, sempre com aquele olhar tranquilo e atento. Minha primeira grande paixão. O homem que fez meu coração acelerar e também quem me ajudou a perder a virgindade de forma doce e sem pressa. Se ele tivesse me convidado para sair, eu teria aceitado sem pensar duas vezes.
Dou uma risada para mim mesma.
— Esquece isso, Kira! Enlouqueceu? Agora é só focar nos estudos, homens estão proibidos!
Afasto o celular e me levanto. O tapete macio sob meus pés me lembra que ainda estou firme no meu caminho. Caminho até o banheiro e ligo o chuveiro, deixando a água morna cair. Enquanto a espuma escorre pelas minhas costas, sinto o cansaço do dia começar a se dissolver.
Mas, mesmo com todos os planos e promessas que faço a mim mesma, algo no ar parece diferente. Como se um novo capítulo estivesse prestes a começar, mesmo sem meu consentimento. Algo me diz que a minha vida está prestes a mudar… e que um homem inesperado será a chave dessa mudança.
Saí da empresa em um ritmo frenético, checando o relógio no painel do carro enquanto atravessava a cidade. Los Angeles estava particularmente caótica, mas nada poderia me atrasar naquele dia. A matrícula de Olívia precisava ser entregue na Universidade da Califórnia, e eu havia prometido cuidar disso pessoalmente. Era o mínimo que eu podia fazer, já que ela estava prestes a deixar sua vida na Europa para morar comigo.Estacionei na vaga mais próxima que encontrei e saí do Volvo, ajustando meus óculos escuros. O sol brilhava forte, mas o vento trazia um frescor típico da costa. Caminhei a passos largos, minha mente já pensando nos documentos e na reunião marcada com a reitoria. O campus estava agitado, jovens por toda parte, conversando, rindo, alguns com fones de ouvido. Por um instante, pensei no que me aguardava com Olívia e senti um misto de ansiedade e alegria.Foi então que senti o impacto.Uma jovem trombou comigo e quase derrubou a pasta que eu segurava. Ela estava de cabeça ba
Em seu escritório, estava Noah. Sentado em sua poltrona de couro, tomando uma dose de sua bebida preferida, após uma reunião cansativa com alguns acionistas do ramo. Dava uma pausa na pilha de papéis que estavam em sua mesa e nos pensamentos que borbulhavam a todo vapor. Um certo amigo o acompanhava. O moreno bebericava seu whisky quando resolveu interromper o silêncio do ambiente.— Quer dizer que sua filha vai morar com você? — James perguntou, com um sorriso malicioso estampando seu rosto. — Sim! Estou tão feliz! — o loiro fala, com os olhos brilhando e um sorriso de orelha a orelha. — Estou morrendo de saudades da minha pequena. Se bem que… ela já está com dezenove anos. Nossa! Como o tempo passa rápido… O moreno sorri para o amigo, mas a expressão que faz os pêlos do amigo se eriçarem e o loiro faz uma careta, já esperando pelo pior:— Diz logo o que se passa nessa sua mente pervertida, Barker.— Noah, pensa comigo. Sua filha está indo para a universidade. Certamente ela vai
Olivia desembarcou em Chicago e desceu pela escada rolante do aeroporto, procurando seu pai com os olhos. Rondava o ambiente até que seu olhar aterrissou em uma cabeleira loira familiar. Sorriu largo ao se deparar com a figura alta que segurava uma placa com os dizeres: “Seja bem vinda, princesinha do papai”. Seu pai realmente não mudava, pensou a loira. Continuava carinhoso, do jeito mais brega e fofo. A alegria era tanta que saiu correndo e se jogou nos braços do pai, como se tivesse oito anos outra vez. Ali, nos braços dele, era como se o tempo não tivesse passado. Sentindo o calor do mais velho, ela fechou os olhos e sorriu. Ela continuava sendo a mesma garotinha de sempre.— Papai! Que saudade de você! — A loira sorriu, passando os olhos pela roupa do pai. Ele vestia uma calça jeans e uma camisa polo branca. Nos pés, um par de tênis e pendurado na gola, um clássico Ray Ban preto. Ele estava, na linguagem dos jovens, descolado. Por um momento, a garota se perdeu em seus pensamen
No dia seguinte, Olivia saiu cedo para seu primeiro dia de aula. Estava animada, não só com o novo ambiente, mas para inaugurar o "presentinho" que seu pai havia lhe dado, um Atlas Cross Sport, um carrão de primeira qualidade. Um pequeno exagero do qual provavelmente sua mãe reclamaria, mas ela estava achando o máximo. "Se não puder mimar minha própria filha, de que vale mesmo ter todo esse dinheiro?", foi o argumento do mais velho. Para a loira tudo aquilo era empolgante demais para negar. Chegando lá, mesmo contra a sua vontade, acabou chamando a atenção de todos ao redor. Afinal, a loira era dona de uma beleza única e dirigia um carro possante e bem chamativo. A Fitzgerald ia ingressar na faculdade de psicologia, era um sonho desde criança. A mente humana sempre foi algo que a fascinou e essa afinidade só cresceu ainda mais depois do divórcio dos pais, em que ela vivenciou de perto aquela situação e as consequências dela. Foi um período difícil para menor, mas com a ajuda da Dra.
O ambiente aconchegante e intimista os envolveu assim que entraram. Uma música suave tocava ao fundo, e o cheiro de especiarias preenchia o ar. Se sentaram e depois que os pedidos foram feitos, a Fitzgerald resolveu iniciar a conversa:— Papai… — Noah olha a filha com atenção. — É que… pensei em dar uma festa de boas vindas aos meus colegas lá em casa nesse final de semana. Nossa casa é bem grande, tem uma área com piscina, salão de jogos… seria divertido conhecer as pessoas da minha turma melhor. Pode ser? O mais velho se surpreendeu com a pergunta. Não imaginava que teria de lidar com isso tão rápido. Ao se deparar com os olhinhos pidões da filha, suavizou a expressão: — E como seria a organização dessa festa, minha filha? Posso pedir alguma ajuda à sua tia Savannah. Ela trabalha com isso e é a melhor nesse ramo. — Olivia riu dos exageros do pai, mas achou fofa sua tentativa de mimá-la:— Pai, não preciso de uma promoter pra organizar uma festa de calouros, pelo amor de Deus —
Chegado o grande dia, Olívia estava eufórica. Tudo estava organizado, o DJ já estava no local e Noah tinha providenciado um profissional para ficar responsável pela churrasqueira e pelos petiscos. O bar que foi montado já estava abastecido. Ele tinha conversado com a filha sobre o cuidado com o excesso de bebidas e pedido para que não houvesse brincadeiras próximo à piscina. Noah chegaria em casa ao fim da tarde e passaria direto para o seu quarto de maneira discreta. Queria deixar os mais jovens à vontade. James até tentou participar da festinha, mas Noah, conhecendo o amigo pervertido, o dispensou logo.Olivia já estava vestida com o seu biquíni azul claro. A parte de cima era de cortininha e embaixo tinha lacinhos laterais. Uma saída de banho branca, meio transparente, complementava o look. Estava de um lado para o outro, recebendo os convidados, ansiosa. Kira, sua mais nova e fiel amiga, estava com ela desde cedo. A loira vestia um short jeans curto e uma blusa de malha branca. Iv
A festa rolava solta, regada a muita bebida, dança e pegação. Os pensamentos de Kira estavam longe, especificamente no loiro que invadiu o quarto da amiga. Ela resolveu por um minuto esquecê-lo e se divertir. Acabou tendo que aguentar as investidas de Ethan a festa inteira e se rendeu a uns beijos quentes com ele, na tentativa de conter sua excitação. Verdade seja dita, o capitão do time não era nada mal. No outro dia estavam já de pé, prontas para a faculdade. A festa havia sido numa quinta feira e as duas estavam sentadas à mesa, comendo e conversando. Na verdade, apenas Olivia tagarelava, comentando como a festa tinha sido maravilhosa e que Henry tinha uma pegada incrível. Kira, por sua vez, estava ansiosa para ver novamente o loiro, mas nada disse a respeito. Esperava o momento de perguntar à amiga sobre o homem quando, de repente, um cheiro amadeirado surgiu no recinto e a morena fechou os olhos, se entregando àquelas sensações que lhe davam um frenesi. O perfume trazia uma memó
Kira tentava a todo custo se concentrar na aula da professora Lauren, mas o loiro de olhos azuis surgia na sua mente e a conduzia para um mar de luxúria e desejo. — Pois bem, pessoal. O trabalho deverá ser entregue até a próxima aula. Obrigada a todos e foi um prazer conhecê-los! — Proferiu a professora e logo se retirou do ambiente. — Olivia, podemos fazer esse trabalho juntas? — Claro, Kira. Que maravilha! Mas, eh… lembra do tal representante de Londres? Meu pai teve a grande ideia de se oferecer para ciceroneá-lo essa semana. Me falou aqui por mensagem. Na verdade, me ofereceu, né? Então, vou ficar meio atolada durante esses dias, passeando com ele e fazendo sala, enquanto meu pai trabalha. Argh, eu mato esse velhote, que raiva! Ser babá de coroa, era só o que me faltava. Kira riu das caras e bocas da amiga enquanto avaliava sua agenda. Então, perguntou:— E como faremos?— Bem… você poderia ir dormir lá em casa, que tal? Sei que eles terão algumas noites de reuniões fora, ent