Em seu escritório, estava Noah. Sentado em sua poltrona de couro, tomando uma dose de sua bebida preferida, após uma reunião cansativa com alguns acionistas do ramo. Dava uma pausa na pilha de papéis que estavam em sua mesa e nos pensamentos que borbulhavam a todo vapor. Um certo amigo o acompanhava. O moreno bebericava seu whisky quando resolveu interromper o silêncio do ambiente.
— Quer dizer que sua filha vai morar com você? — James perguntou, com um sorriso malicioso estampando seu rosto. — Sim! Estou tão feliz! — o loiro fala, com os olhos brilhando e um sorriso de orelha a orelha. — Estou morrendo de saudades da minha pequena. Se bem que… ela já está com dezenove anos. Nossa! Como o tempo passa rápido…
O moreno sorri para o amigo, mas a expressão que faz os pêlos do amigo se eriçarem e o loiro faz uma careta, já esperando pelo pior:
— Diz logo o que se passa nessa sua mente pervertida, Barker.
— Noah, pensa comigo. Sua filha está indo para a universidade. Certamente ela vai frequentar festas, conhecer pessoas interessantes… entende onde eu quero chegar, né? O moreno sugere, com um sorriso divertido no rosto, e o loiro revira os olhos. — Uma casa repleta de novinhas, desfilando de biquíni, com bebida e sexo liberado… Um verdadeiro paraíso! — Barker mordeu os lábios e o loiro o encarou, incrédulo.
— James, é da minha menininha que estamos falando, cara! Tem noção da merda que está dizendo? Essas fantasias depravadas estão adoecendo seu cérebro!
— Noah, não me entenda mal! A Olivia é como uma filha pra mim. Mas fala sério, ela tem dezenove anos. Está no auge da juventude e com certeza já deve ter tido os seus namoros, suas transas. — Noah ficou corado pensando nessa possibilidade. Por mais que soubesse que sua filha tinha crescido, imaginá-la nessas situações o constrangia de formas inimagináveis. — Você tem que encarar os fatos e saber que as coisas não serão exatamente como antes. Ela vai ter o espaço dela, vai fazer novas amizades… isso é inevitável. Inclusive, se a Olivia conhecer alguma beldade que queira experimentar coisas novas ou ter uma companhia mais madura, estarei sempre à disposição — disse, com um sorriso de canto.
— Cara, essa sua obsessão por sexo não é normal. Por isso a Natalie te deixou. A coitada tinha de andar de lado pelo tamanho dos chifres que você colocou na cabeça dela. Ainda bem que o seu filho, Sebastian, parece ter mais juízo que você.
O moreno bufou:
— Pegou pesado. Mas pelo menos a minha vida sexual não anda uma merda. Noah, cara. Faz quanto tempo que você não transa?
— Você fala como se eu não tivesse vida, porra! Eu transo sim, só não sou um pervertido como você, que não pode ver um rabo de saia que já está com o pau na mão! E agora, além de pervertido, está tendo caso com garotas que tinham idade de ser sua filha. Elas podiam ser namoradas do Sebastian, por Deus!
— Ah meu amigo, o Sebastian, que tem muito a aprender com o pai. E outra, as novinhas de hoje são fogosas e topam tudo. Meu estilo de vida pode até não te agradar, mas tá escrito na sua testa que há muito tempo você não tem uma noite decente. Faz muito tempo que você não come um… diz para seu melhor amigo, diz. Noah arregalou os olhos e corou na mesma hora, desviando o olhar do amigo. — Olha ai! Você não me engana! Mas cá entre nós, sexo baunilha já era! Depois de Cinquenta Tons de Cinza, a mulherada está cada vez mais sedenta e os coroas sabem trabalhar melhor!
— Tudo bem, faz tempo que não tenho relações, mas não sou tão puritano quanto você pensa! — O loiro fala irritado, olhando para o amigo.
— Pra mim, você nunca foi santo. Afinal, um pervertido conhece outro, meu caro. Mas você é certinho demais. Veja a sua secretária, por exemplo. Ela é uma mulher bonita e dá o maior mole pra você, cara. Porra, pega ela aqui nessa mesa e come gostoso. Tu é que manda por aqui, tá esperando o quê? — O loiro arregala os olhos e sente uma veia saltar de sua testa.
— James, por Deus! Ela trabalha pra mim e estamos em um ambiente profissional!
— Melhor ainda, Noah! Fica tudo em casa… Olha só, eu desisto. Não está mais aqui quem falou. Você é um cara boa pinta, rico, tem um bom papo… não devia estar sozinho. Mas se é assim que você quer ficar, que seja. Se me der licença, vou buscar minha gata na faculdade. A programação de hoje é sair pra jantar e terminar a noite num motel com muita putaria! — O moreno diz por fim e sai da sala, com um sorriso orgulhoso nos lábios.
Noah permaneceu imóvel, pensando em tudo o que o seu amigo tinha falado. Ele sabia que James tinha razão em muita coisa e isso o fez suspirar angustiado. Fazia cinco meses que não transava. O loiro estava tão focado na fusão das empresas que nem tinha tempo para pensar em mulher. Quando acordava excitado, recorria a tão famosa e íntima punheta. Era até hilário para um homem como ele, com trinta e sete anos e dono de um império a se orgulhar, tendo como única companhia sua própria mão para se aliviar.
Noah Fitzgerald era um homem que não passava despercebido. Com seu 1,90m de altura e um corpo esculpido por treinos rigorosos, ele exalava uma presença magnética. Adepto de corridas matinais e um apaixonado praticante de muay thai, seu físico refletia sua disciplina e energia. As madeixas loiras e ligeiramente rebeldes combinavam com os olhos de um azul cortante, o tipo de beleza que arrancava olhares e suspiros involuntários por onde passava.
Mas, por trás da imagem de perfeição, havia um homem que carregava cicatrizes invisíveis. Desde o divórcio com Amélia, mãe de sua filha Olivia, Noah havia perdido a fé em relacionamentos. Dez anos se passaram e ele ainda via o casamento desfeito como um lembrete de que o amor podia ser tão destrutivo quanto sedutor.
Ele seguiu sua vida, mas nunca se permitiu ir fundo novamente. Namoros breves surgiram e desapareceram, como ondas que vinham e iam sem deixar marcas. Nada durava mais do que alguns meses, afinal, ele não queria mais riscos, tampouco dores de cabeça. Sua energia estava focada em duas coisas: a gestão da sua empresa e sua filha. Olivia era seu mundo. Um pai coruja assumido, Noah queria aproveitar essa nova oportunidade para correr atrás do tempo perdido.
Mas o destino, imprevisível como sempre, parecia ter outros planos. Porque, às vezes, quando estamos ocupados demais evitando o amor, ele encontra uma forma inesperada de se infiltrar… e virar tudo de cabeça para baixo.
O que Noah não sabia era que sua vida prestes a entrar em uma encruzilhada que nem toda a disciplina e preparo físico poderiam prever. Porque o amor verdadeiro, quando b**e à porta, raramente pede permissão para entrar.
Olivia desembarcou em Chicago e desceu pela escada rolante do aeroporto, procurando seu pai com os olhos. Rondava o ambiente até que seu olhar aterrissou em uma cabeleira loira familiar. Sorriu largo ao se deparar com a figura alta que segurava uma placa com os dizeres: “Seja bem vinda, princesinha do papai”. Seu pai realmente não mudava, pensou a loira. Continuava carinhoso, do jeito mais brega e fofo. A alegria era tanta que saiu correndo e se jogou nos braços do pai, como se tivesse oito anos outra vez. Ali, nos braços dele, era como se o tempo não tivesse passado. Sentindo o calor do mais velho, ela fechou os olhos e sorriu. Ela continuava sendo a mesma garotinha de sempre.— Papai! Que saudade de você! — A loira sorriu, passando os olhos pela roupa do pai. Ele vestia uma calça jeans e uma camisa polo branca. Nos pés, um par de tênis e pendurado na gola, um clássico Ray Ban preto. Ele estava, na linguagem dos jovens, descolado. Por um momento, a garota se perdeu em seus pensamen
No dia seguinte, Olivia saiu cedo para seu primeiro dia de aula. Estava animada, não só com o novo ambiente, mas para inaugurar o "presentinho" que seu pai havia lhe dado, um Atlas Cross Sport, um carrão de primeira qualidade. Um pequeno exagero do qual provavelmente sua mãe reclamaria, mas ela estava achando o máximo. "Se não puder mimar minha própria filha, de que vale mesmo ter todo esse dinheiro?", foi o argumento do mais velho. Para a loira tudo aquilo era empolgante demais para negar. Chegando lá, mesmo contra a sua vontade, acabou chamando a atenção de todos ao redor. Afinal, a loira era dona de uma beleza única e dirigia um carro possante e bem chamativo. A Fitzgerald ia ingressar na faculdade de psicologia, era um sonho desde criança. A mente humana sempre foi algo que a fascinou e essa afinidade só cresceu ainda mais depois do divórcio dos pais, em que ela vivenciou de perto aquela situação e as consequências dela. Foi um período difícil para menor, mas com a ajuda da Dra.
O ambiente aconchegante e intimista os envolveu assim que entraram. Uma música suave tocava ao fundo, e o cheiro de especiarias preenchia o ar. Se sentaram e depois que os pedidos foram feitos, a Fitzgerald resolveu iniciar a conversa:— Papai… — Noah olha a filha com atenção. — É que… pensei em dar uma festa de boas vindas aos meus colegas lá em casa nesse final de semana. Nossa casa é bem grande, tem uma área com piscina, salão de jogos… seria divertido conhecer as pessoas da minha turma melhor. Pode ser? O mais velho se surpreendeu com a pergunta. Não imaginava que teria de lidar com isso tão rápido. Ao se deparar com os olhinhos pidões da filha, suavizou a expressão: — E como seria a organização dessa festa, minha filha? Posso pedir alguma ajuda à sua tia Savannah. Ela trabalha com isso e é a melhor nesse ramo. — Olivia riu dos exageros do pai, mas achou fofa sua tentativa de mimá-la:— Pai, não preciso de uma promoter pra organizar uma festa de calouros, pelo amor de Deus —
Chegado o grande dia, Olívia estava eufórica. Tudo estava organizado, o DJ já estava no local e Noah tinha providenciado um profissional para ficar responsável pela churrasqueira e pelos petiscos. O bar que foi montado já estava abastecido. Ele tinha conversado com a filha sobre o cuidado com o excesso de bebidas e pedido para que não houvesse brincadeiras próximo à piscina. Noah chegaria em casa ao fim da tarde e passaria direto para o seu quarto de maneira discreta. Queria deixar os mais jovens à vontade. James até tentou participar da festinha, mas Noah, conhecendo o amigo pervertido, o dispensou logo.Olivia já estava vestida com o seu biquíni azul claro. A parte de cima era de cortininha e embaixo tinha lacinhos laterais. Uma saída de banho branca, meio transparente, complementava o look. Estava de um lado para o outro, recebendo os convidados, ansiosa. Kira, sua mais nova e fiel amiga, estava com ela desde cedo. A loira vestia um short jeans curto e uma blusa de malha branca. Iv
A festa rolava solta, regada a muita bebida, dança e pegação. Os pensamentos de Kira estavam longe, especificamente no loiro que invadiu o quarto da amiga. Ela resolveu por um minuto esquecê-lo e se divertir. Acabou tendo que aguentar as investidas de Ethan a festa inteira e se rendeu a uns beijos quentes com ele, na tentativa de conter sua excitação. Verdade seja dita, o capitão do time não era nada mal. No outro dia estavam já de pé, prontas para a faculdade. A festa havia sido numa quinta feira e as duas estavam sentadas à mesa, comendo e conversando. Na verdade, apenas Olivia tagarelava, comentando como a festa tinha sido maravilhosa e que Henry tinha uma pegada incrível. Kira, por sua vez, estava ansiosa para ver novamente o loiro, mas nada disse a respeito. Esperava o momento de perguntar à amiga sobre o homem quando, de repente, um cheiro amadeirado surgiu no recinto e a morena fechou os olhos, se entregando àquelas sensações que lhe davam um frenesi. O perfume trazia uma memó
Kira tentava a todo custo se concentrar na aula da professora Lauren, mas o loiro de olhos azuis surgia na sua mente e a conduzia para um mar de luxúria e desejo. — Pois bem, pessoal. O trabalho deverá ser entregue até a próxima aula. Obrigada a todos e foi um prazer conhecê-los! — Proferiu a professora e logo se retirou do ambiente. — Olivia, podemos fazer esse trabalho juntas? — Claro, Kira. Que maravilha! Mas, eh… lembra do tal representante de Londres? Meu pai teve a grande ideia de se oferecer para ciceroneá-lo essa semana. Me falou aqui por mensagem. Na verdade, me ofereceu, né? Então, vou ficar meio atolada durante esses dias, passeando com ele e fazendo sala, enquanto meu pai trabalha. Argh, eu mato esse velhote, que raiva! Ser babá de coroa, era só o que me faltava. Kira riu das caras e bocas da amiga enquanto avaliava sua agenda. Então, perguntou:— E como faremos?— Bem… você poderia ir dormir lá em casa, que tal? Sei que eles terão algumas noites de reuniões fora, ent
O telefone vibra na minha mão, interrompendo meus pensamentos enquanto reviso alguns textos da faculdade. Ao ver o nome da minha irmã, Alina, meu coração aquece. Atendo com um sorriso antes mesmo de dizer alô.— Kira! , ela exclama com uma animação que faz meus lábios se curvarem automaticamente.— O que foi, Alina? Está explodindo de felicidade. — brinco, encostando-me ao sofá.— Fui pedida em casamento! — grita, e eu quase consigo ver seu sorriso reluzindo do outro lado da linha.— Não acredito! Alina, isso é maravilhoso! — respondo, sentindo minha felicidade genuína por ela atravessar a voz.— Ele preparou tudo com tanto carinho, Kira… Era o pôr do sol, flores, e ele até tocou nossa música no violão. Foi perfeito… A voz dela se embarga um pouco, de pura emoção.— Você merece tudo isso e muito mais, irmãzinha. Estou tão feliz por você.Conversamos por mais alguns minutos, ela me conta detalhes sobre o anel, sobre como se sente. Falo o quanto estou orgulhosa e mal posso esperar pa
Saio da sala de reuniões com um suspiro aliviado. A fusão com os coreanos avança e, embora cada detalhe ainda precise ser minuciosamente analisado, sinto que as peças estão finalmente se encaixando. Passo pela recepção e aceno para a equipe, enquanto meu celular vibra com a ligação que estou esperando.— Noah Fitzgerald.— Senhor Fitzgerald, aqui é o Blake, do estúdio de arquitetura. Estamos no local e queríamos confirmar algumas mudanças para o quarto da sua filha.Minha expressão suaviza ao ouvir isso. Olivia finalmente vai voltar para casa.— Pode falar, Blake.— A estrutura principal está concluída, mas gostaria de saber se deseja algo personalizado, talvez uma área de estudo integrada ou um espaço para hobbies.Olho para a parede de vidro que dá vista para a cidade enquanto a voz do arquiteto me preenche. Imagino Olívia sorrindo ao ver tudo pronto.— Sim, quero algo confortável e funcional. Ela vai precisar de um canto para se concentrar. Além disso, coloquem alguns detalhes mode