Capítulo 3 -Novidades a vista

Em seu escritório, estava Noah. Sentado em sua poltrona de couro, tomando uma dose de sua bebida preferida, após uma reunião cansativa com alguns acionistas do ramo. Dava  uma pausa na pilha de papéis que estavam em sua mesa e nos pensamentos que borbulhavam a todo vapor. Um certo amigo o acompanhava. O moreno bebericava seu whisky quando resolveu interromper o silêncio do ambiente.

— Quer dizer que sua filha vai morar com você? — James perguntou, com um sorriso malicioso estampando seu rosto.  — Sim! Estou tão feliz! — o loiro fala, com os olhos brilhando e um sorriso de orelha a orelha. — Estou morrendo de saudades da minha pequena. Se bem que… ela já está com dezenove anos. Nossa! Como o tempo passa rápido… 

O moreno sorri para o amigo, mas a expressão que  faz os pêlos do amigo se eriçarem e o loiro faz uma careta, já esperando pelo pior:

— Diz logo o que se passa nessa sua mente pervertida, Barker.

— Noah, pensa comigo. Sua filha está indo para a universidade. Certamente ela vai frequentar festas,  conhecer pessoas interessantes… entende onde eu quero chegar, né? O moreno sugere, com um sorriso divertido no rosto, e o loiro revira os olhos. — Uma casa repleta de novinhas, desfilando de biquíni, com bebida e sexo liberado… Um verdadeiro paraíso! — Barker mordeu os lábios e o loiro o encarou, incrédulo.  

— James, é da minha menininha que estamos falando, cara! Tem noção da merda que está dizendo? Essas fantasias depravadas estão adoecendo seu cérebro! 

— Noah, não me entenda mal! A Olivia é como uma filha pra mim. Mas fala sério, ela tem dezenove anos. Está no auge da juventude e com certeza já deve ter tido os seus namoros, suas transas. — Noah ficou corado pensando nessa possibilidade. Por mais que soubesse que sua filha tinha crescido, imaginá-la nessas situações o constrangia de formas inimagináveis. —  Você tem que encarar os fatos e saber que as coisas não serão exatamente como antes. Ela vai ter o espaço dela, vai fazer novas amizades… isso é inevitável. Inclusive, se a Olivia conhecer alguma beldade que queira  experimentar coisas novas ou ter uma companhia mais madura, estarei sempre à disposição — disse, com um sorriso de canto.   

— Cara, essa sua obsessão por sexo não é normal. Por isso a Natalie te deixou. A coitada tinha de andar de lado pelo tamanho dos chifres que você colocou na cabeça dela. Ainda bem que o seu filho, Sebastian, parece ter mais juízo que você. 

 O moreno bufou:

—  Pegou pesado. Mas pelo menos a minha vida sexual não anda uma merda. Noah, cara. Faz quanto tempo que você não transa?

— Você fala como se eu não tivesse vida, porra! Eu transo sim, só não sou um pervertido como você, que não pode ver um rabo de saia que já está com o pau na mão! E agora, além de pervertido, está tendo caso com garotas que tinham idade de ser sua filha. Elas podiam ser namoradas do Sebastian, por Deus!

—  Ah meu amigo, o Sebastian, que tem muito a aprender com o pai. E outra, as novinhas de hoje são fogosas e topam tudo. Meu estilo de vida pode até não te agradar, mas tá escrito na sua testa que há muito tempo você não tem uma noite decente. Faz muito tempo que você não come um… diz para seu melhor amigo, diz.  Noah arregalou os olhos e corou na mesma hora, desviando o olhar do amigo. — Olha ai! Você não me engana! Mas cá entre nós, sexo baunilha já era! Depois de Cinquenta Tons de Cinza, a mulherada está cada vez mais sedenta e os coroas sabem trabalhar melhor! 

— Tudo bem, faz tempo que não tenho relações, mas não sou tão puritano quanto você pensa! — O loiro fala irritado, olhando para o amigo.

— Pra mim, você nunca foi santo. Afinal, um pervertido conhece outro, meu caro. Mas você é certinho demais. Veja a sua secretária, por exemplo. Ela é uma mulher bonita e dá o maior mole pra você, cara. Porra, pega ela aqui nessa mesa e come gostoso. Tu é que manda por aqui, tá esperando o quê? — O loiro arregala os olhos e sente uma veia saltar de sua testa.

— James, por Deus! Ela trabalha pra mim e estamos em um ambiente profissional!

— Melhor ainda, Noah! Fica tudo em casa… Olha só, eu desisto. Não está mais aqui quem falou. Você é um cara boa pinta, rico, tem um bom papo… não devia estar sozinho. Mas se é assim que você quer ficar, que seja. Se me der licença, vou buscar minha gata na faculdade. A programação de hoje é sair pra jantar e terminar a noite num motel com muita putaria! — O moreno diz por fim e sai da sala, com um sorriso orgulhoso nos lábios. 

Noah permaneceu imóvel, pensando em tudo o que o seu amigo tinha falado. Ele sabia que James tinha razão em muita coisa e isso o fez suspirar angustiado. Fazia cinco meses que não transava. O loiro estava tão focado na fusão das empresas que nem tinha tempo para pensar em mulher. Quando acordava excitado, recorria a tão famosa e íntima punheta. Era até hilário para um homem como ele, com trinta e sete anos e dono de um império a se orgulhar, tendo como única companhia sua própria mão para se aliviar.

Noah Fitzgerald era um homem que não passava despercebido. Com seu 1,90m de altura e um corpo esculpido por treinos rigorosos, ele exalava uma presença magnética. Adepto de corridas matinais e um apaixonado praticante de muay thai, seu físico refletia sua disciplina e energia. As madeixas loiras e ligeiramente rebeldes combinavam com os olhos de um azul cortante, o tipo de beleza que arrancava olhares e suspiros involuntários por onde passava.

Mas, por trás da imagem de perfeição, havia um homem que carregava cicatrizes invisíveis. Desde o divórcio com Amélia, mãe de sua filha Olivia, Noah havia perdido a fé em relacionamentos. Dez anos se passaram e ele ainda via o casamento desfeito como um lembrete de que o amor podia ser tão destrutivo quanto sedutor.

Ele seguiu sua vida, mas nunca se permitiu ir fundo novamente. Namoros breves surgiram e desapareceram, como ondas que vinham e iam sem deixar marcas. Nada durava mais do que alguns meses, afinal, ele não queria mais riscos, tampouco dores de cabeça. Sua energia estava focada em duas coisas: a gestão da sua empresa e sua filha. Olivia era seu mundo. Um pai coruja assumido, Noah queria aproveitar essa nova oportunidade para correr atrás do tempo perdido. 

Mas o destino, imprevisível como sempre, parecia ter outros planos. Porque, às vezes, quando estamos ocupados demais evitando o amor, ele encontra uma forma inesperada de se infiltrar… e virar tudo de cabeça para baixo.

O que Noah não sabia era que sua vida prestes a entrar em uma encruzilhada que nem toda a disciplina e preparo físico poderiam prever. Porque o amor verdadeiro, quando b**e à porta, raramente pede permissão para entrar.

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