Capítulo 2 - Destino?

Saí da empresa em um ritmo frenético, checando o relógio no painel do carro enquanto atravessava a cidade. Los Angeles estava particularmente caótica, mas nada poderia me atrasar naquele dia. A matrícula de Olívia precisava ser entregue na Universidade da Califórnia, e eu havia prometido cuidar disso pessoalmente. Era o mínimo que eu podia fazer, já que ela estava prestes a deixar sua vida na Europa para morar comigo.

Estacionei na vaga mais próxima que encontrei e saí do Volvo, ajustando meus óculos escuros. O sol brilhava forte, mas o vento trazia um frescor típico da costa. Caminhei a passos largos, minha mente já pensando nos documentos e na reunião marcada com a reitoria. O campus estava agitado, jovens por toda parte, conversando, rindo, alguns com fones de ouvido. Por um instante, pensei no que me aguardava com Olívia e senti um misto de ansiedade e alegria.

Foi então que senti o impacto.

Uma jovem trombou comigo e quase derrubou a pasta que eu segurava. Ela estava de cabeça baixa, os cabelos loiros caindo como uma cortina sobre seu rosto.

— Desculpe… — murmurou rapidamente, sem nem levantar o olhar.

Antes que eu pudesse responder, ela correu em direção ao prédio principal, esguia e apressada como uma faísca.

Fiquei parado por um segundo, acompanhando-a com o olhar até que desaparecesse na multidão. Sorri, surpreso com a pressa dela e me perguntando se Olívia também era assim desajeitada quando estava distraída. Talvez fosse um sinal da energia que eu precisaria me acostumar a lidar.

Ajeitei a pasta e continuei em direção à reitoria, ainda com aquele sorriso bobo no rosto. Cada passo fazia meu coração bater mais rápido. Amanhã, finalmente, minha princesinha estaria aqui.

— Amanhã minha princesinha vai chegar! — murmurei, sentindo uma onda de felicidade inundar meu peito.

Para alguém que sempre se orgulhou de controlar cada detalhe de sua vida, eu nunca estive tão ansioso para me perder na bagunça de ser pai novamente.

✲ ✲ ✲

A manhã estava sendo um caos completo. Entrei na reitoria da universidade com a pasta apertada contra o peito, meus dedos levemente trêmulos. Hoje era o grande dia. A inscrição no curso de psicologia com a professora Lauren era um dos meus maiores sonhos desde que pisei em solo americano. Ela era uma referência na área e eu sabia que as vagas na turma dela eram disputadíssimas.

Esperei ser chamada e me aproximei do balcão quando ouvi:

— Senhorita Ivanov?

— Sim, sou eu. — Sorri, tentando esconder minha ansiedade.

A senhora Sanches, uma mulher de óculos de armação grossa e expressão serena, começou a revisar meus papéis. Meu coração disparou. Ela folheou cada documento com paciência e, de repente, seu olhar mudou.

— Senhorita Ivanov, infelizmente não poderemos dar andamento à sua matrícula porque precisamos do seu documento de transferência. Sinto muito.

Senti como se o chão tivesse se aberto sob meus pés.

— Como assim? — minha voz saiu mais baixa do que eu esperava. Eu sabia exatamente o que era aquele documento, mas ele estava em algum canto perdido da minha papelada em casa. Como pude esquecer algo tão importante?

— Preciso dele para finalizar o seu registro — reforçou ela com um sorriso empático, mas isso não diminuiu a minha frustração.

Respirei fundo, tentando manter a calma.

— Tudo bem, senhora Sanches. Vou providenciar o que falta.

Guardei meus documentos na pasta com cuidado, mas por dentro, eu estava uma bagunça. Sai apressada, sem querer olhar para ninguém, apenas com um pensamento martelando: E se eu perdesse a vaga? E se não conseguisse entrar na turma da professora Lauren?

Quando cheguei à porta, senti um impacto e minha pasta quase caiu. Esbarrei em algo… ou melhor, alguém.

Minha respiração travou. Era um homem alto, de ombros largos. A fragrância amadeirada, intensa e elegante, atingiu meus sentidos e meu corpo inteiro reagiu antes mesmo que eu conseguisse pensar.

Corada e envergonhada, murmurei:

— Desculpe…

Sem levantar o olhar, saí correndo sem esperar resposta. Meu coração parecia querer saltar pela boca.

Droga, Kira!

Só queria desaparecer. Mas o que eu não sabia é que o destino já tinha seus próprios planos para mim.

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