Olivia desembarcou em Chicago e desceu pela escada rolante do aeroporto, procurando seu pai com os olhos. Rondava o ambiente até que seu olhar aterrissou em uma cabeleira loira familiar. Sorriu largo ao se deparar com a figura alta que segurava uma placa com os dizeres: “Seja bem vinda, princesinha do papai”. Seu pai realmente não mudava, pensou a loira. Continuava carinhoso, do jeito mais brega e fofo. A alegria era tanta que saiu correndo e se jogou nos braços do pai, como se tivesse oito anos outra vez. Ali, nos braços dele, era como se o tempo não tivesse passado. Sentindo o calor do mais velho, ela fechou os olhos e sorriu. Ela continuava sendo a mesma garotinha de sempre.
— Papai! Que saudade de você! — A loira sorriu, passando os olhos pela roupa do pai. Ele vestia uma calça jeans e uma camisa polo branca. Nos pés, um par de tênis e pendurado na gola, um clássico Ray Ban preto. Ele estava, na linguagem dos jovens, descolado. Por um momento, a garota se perdeu em seus pensamentos. Seu pai era um homem bonito, gentil e com uma carreira consolidada. Não entendia o porquê dele nunca ter arrumado uma namorada. Percebendo o olhar da menor para ele, resolveu perguntar:
— Aprovou o visual?
— Adorei, tá tão bonitão! Por trás disso, tem alguma namorada? — Noah corou logo em seguida.
— Mas é claro que não, filha. Quis ficar bonito pra você! — Ele sorriu para a filha, pegando suas malas e se dirigindo ao carro. O mais velho colocou a mala em seu devido lugar, abriu a porta para ela e entrou no veículo, puxando o cinto de segurança. Olivia o observou, em seu jeito cavalheiro e alegre. Conversaram amenidades sobre Londres, onde ela morava, o fim do colégio e os humores eternamente tensos da mãe. Não se contendo de curiosidade, a loira resolveu perguntar algo mais:
— Papai… — Noah a olhou curioso, fazendo uma menção muda para que ela prosseguisse. — Por acaso… Você é gay?
— O quê? — Noah riu, fazendo a curva e enfiando o cartão de saída no guichê automático. Rindo da pergunta inusitada — Por que acha isso, minha filha?
— É que você é um homem jovem, bonito, rico… deveria estar pelo menos com uma namorada. Não teria problema se o senhor fosse. Mas sempre te vejo sozinho, pai. Me preocupo com você. Noah suspirou e prosseguiu:
— Olivia, o papai tem seus encontros, mas você me conhece, sabe que gosto de manter minha vida pessoal discreta. No dia que eu encontrar a mulher certa para mim, não deixarei de me envolver. Mas até agora, não passaram de encontros casuais. Veja sua mãe, ela não se casou novamente? Quem sabe o seu velho aqui não acabe arrumando alguém também, um dia? Tudo tem um tempo certo para acontecer, filha. Não se preocupe comigo. O mais velho sorri, acolhedor para a filha e puxa seu nariz de leve, fazendo a menor sorrir e o abraçar de lado.
— A mulher que entrar na sua vida e te perder é uma burra, pai. Você é um partidão!
Noah Fitzgerald lançou um sorriso carinhoso para a filha e balançou a cabeça.
— Você é a mais suspeita de todas as mulheres do mundo para dizer isso, minha filha.
Os dois riram juntos, o som leve e familiar preenchendo o espaço ao redor enquanto seguiam rumo à imponente mansão Fitzgerald.
Mas, à medida que a tarde avançava, as palavras de Olívia ecoavam na mente de Noah, como um mantra difícil de ignorar. Será que chegou o momento de se arriscar novamente? O pensamento o desconcertou mais do que gostaria de admitir. Ele passou tanto tempo se blindando contra o amor que se acostumou com a ideia de que estava bem assim. Mas e Olivia? Será que ela sentia falta de uma figura feminina em casa? Alguém em quem pudesse confiar, dividir segredos, pedir conselhos?
Noah esfregou o queixo com uma mistura de incerteza e frustração. Ele não era ingênuo — sabia que qualquer passo em falso poderia virar seu mundo de cabeça para baixo. Era cauteloso por natureza. Não se tratava de ser exigente demais… apenas de evitar se machucar novamente.
Talvez fosse hora de sair mais, socializar, deixar os muros que construiu ao redor de si caírem um pouco. James, seu melhor amigo e parceiro de escapadas ocasionais, certamente ficaria empolgado com a ideia. Mas James era… bem, James. O tipo de amigo que resolveria a “vida amorosa” de Noah com uma apresentação duvidosa, provavelmente uma jovem aventureira que traria mais confusão do que ele já conseguia administrar.
Noah riu baixo, balançando a cabeça. Só a ideia já parecia um desastre anunciado.
Suspirando, olhou ao redor da sala silenciosa, o crepitar da lareira sendo a única companhia. Ele sabia que não podia se fechar para sempre, mas será que ainda tinha espaço para o amor em sua vida? Ou o medo de perder o controle sempre falaria mais alto?
No dia seguinte, Olivia saiu cedo para seu primeiro dia de aula. Estava animada, não só com o novo ambiente, mas para inaugurar o "presentinho" que seu pai havia lhe dado, um Atlas Cross Sport, um carrão de primeira qualidade. Um pequeno exagero do qual provavelmente sua mãe reclamaria, mas ela estava achando o máximo. "Se não puder mimar minha própria filha, de que vale mesmo ter todo esse dinheiro?", foi o argumento do mais velho. Para a loira tudo aquilo era empolgante demais para negar. Chegando lá, mesmo contra a sua vontade, acabou chamando a atenção de todos ao redor. Afinal, a loira era dona de uma beleza única e dirigia um carro possante e bem chamativo. A Fitzgerald ia ingressar na faculdade de psicologia, era um sonho desde criança. A mente humana sempre foi algo que a fascinou e essa afinidade só cresceu ainda mais depois do divórcio dos pais, em que ela vivenciou de perto aquela situação e as consequências dela. Foi um período difícil para menor, mas com a ajuda da Dra.
O ambiente aconchegante e intimista os envolveu assim que entraram. Uma música suave tocava ao fundo, e o cheiro de especiarias preenchia o ar. Se sentaram e depois que os pedidos foram feitos, a Fitzgerald resolveu iniciar a conversa:— Papai… — Noah olha a filha com atenção. — É que… pensei em dar uma festa de boas vindas aos meus colegas lá em casa nesse final de semana. Nossa casa é bem grande, tem uma área com piscina, salão de jogos… seria divertido conhecer as pessoas da minha turma melhor. Pode ser? O mais velho se surpreendeu com a pergunta. Não imaginava que teria de lidar com isso tão rápido. Ao se deparar com os olhinhos pidões da filha, suavizou a expressão: — E como seria a organização dessa festa, minha filha? Posso pedir alguma ajuda à sua tia Savannah. Ela trabalha com isso e é a melhor nesse ramo. — Olivia riu dos exageros do pai, mas achou fofa sua tentativa de mimá-la:— Pai, não preciso de uma promoter pra organizar uma festa de calouros, pelo amor de Deus —
Chegado o grande dia, Olívia estava eufórica. Tudo estava organizado, o DJ já estava no local e Noah tinha providenciado um profissional para ficar responsável pela churrasqueira e pelos petiscos. O bar que foi montado já estava abastecido. Ele tinha conversado com a filha sobre o cuidado com o excesso de bebidas e pedido para que não houvesse brincadeiras próximo à piscina. Noah chegaria em casa ao fim da tarde e passaria direto para o seu quarto de maneira discreta. Queria deixar os mais jovens à vontade. James até tentou participar da festinha, mas Noah, conhecendo o amigo pervertido, o dispensou logo.Olivia já estava vestida com o seu biquíni azul claro. A parte de cima era de cortininha e embaixo tinha lacinhos laterais. Uma saída de banho branca, meio transparente, complementava o look. Estava de um lado para o outro, recebendo os convidados, ansiosa. Kira, sua mais nova e fiel amiga, estava com ela desde cedo. A loira vestia um short jeans curto e uma blusa de malha branca. Iv
A festa rolava solta, regada a muita bebida, dança e pegação. Os pensamentos de Kira estavam longe, especificamente no loiro que invadiu o quarto da amiga. Ela resolveu por um minuto esquecê-lo e se divertir. Acabou tendo que aguentar as investidas de Ethan a festa inteira e se rendeu a uns beijos quentes com ele, na tentativa de conter sua excitação. Verdade seja dita, o capitão do time não era nada mal. No outro dia estavam já de pé, prontas para a faculdade. A festa havia sido numa quinta feira e as duas estavam sentadas à mesa, comendo e conversando. Na verdade, apenas Olivia tagarelava, comentando como a festa tinha sido maravilhosa e que Henry tinha uma pegada incrível. Kira, por sua vez, estava ansiosa para ver novamente o loiro, mas nada disse a respeito. Esperava o momento de perguntar à amiga sobre o homem quando, de repente, um cheiro amadeirado surgiu no recinto e a morena fechou os olhos, se entregando àquelas sensações que lhe davam um frenesi. O perfume trazia uma memó
Kira tentava a todo custo se concentrar na aula da professora Lauren, mas o loiro de olhos azuis surgia na sua mente e a conduzia para um mar de luxúria e desejo. — Pois bem, pessoal. O trabalho deverá ser entregue até a próxima aula. Obrigada a todos e foi um prazer conhecê-los! — Proferiu a professora e logo se retirou do ambiente. — Olivia, podemos fazer esse trabalho juntas? — Claro, Kira. Que maravilha! Mas, eh… lembra do tal representante de Londres? Meu pai teve a grande ideia de se oferecer para ciceroneá-lo essa semana. Me falou aqui por mensagem. Na verdade, me ofereceu, né? Então, vou ficar meio atolada durante esses dias, passeando com ele e fazendo sala, enquanto meu pai trabalha. Argh, eu mato esse velhote, que raiva! Ser babá de coroa, era só o que me faltava. Kira riu das caras e bocas da amiga enquanto avaliava sua agenda. Então, perguntou:— E como faremos?— Bem… você poderia ir dormir lá em casa, que tal? Sei que eles terão algumas noites de reuniões fora, ent
Três dias depois, Kira tocava a campainha da mansão Fitzgerald novamente. Foi recebida pela amiga loira na mesma animação de sempre. Foram direto para o quarto. Antes de começar os estudos, Olivia queria contar um segredo e uma fofoca para ela— Kira, amiga, preciso te contar uma coisa — disse a loira, falando baixinho. — Ontem eu e o Henry, nos pegamos e foi maravilhoso. Estávamos nas mãos bobas e estava divertido, mas…— Mas… — incentivou Kira para que a loira continuasse.— Na hora H, eu amarelei — ela falou com pesar. Kira olhou para a amiga meio confusa — Sabe o que é, amiga, é que eu… bem, eu sou virgem ainda. — A loira arregalou os olhos e não cons
Se assustou. Teria acontecido algo com Olivia? Deu um passo à frente, angustiado, quando viu no sorriso dela que, bem ao contrário da filha, não corria nenhum risco. Mas ele sim, prestes a cair à beira de um abismo a qualquer minuto.— Olivia mandou eu vir no lugar dela lhe dar um beijo de boa noite, tio Noah.Noah riu anasalado, balançando a cabeça, nervoso. A garota sabia ser perigosa, não podia negar.— Acho que você não pode substituir minha filha nessa tarefa, querida.— Por que não? — Kira chegou muito perto do loiro, tão mais alto que ela, que teve que olhar para cima, com o nariz empertigado. Kira e Olivia estavam cada dia mais amigas, faziam tudo juntas, Olivia engatou um relacionamento sério com Henry e por causa disso, ficou preocupada com sua amiga "sozinha". Então colocou na cabeça que iria arrumar um "bofe" para ela e vivia arrumando festas e propostas de balada para chamar a amiga. Não que Kira precisasse de ajuda ou que não ficasse com ninguém, mas é que ultimamente apenas um certo loiro rondava seus pensamentos e ela já não tinha interesse em nenhum garoto de seu convívio.— Kira, minha amiga, vamos a uma balada hoje na boate Coliseu. Por causa de uns sócios do meu pai querido, consegui entradas Vip Capítulo 12 - Pensamentos impuros