Tudo começa com a primeira palavra... TUDO! E se a sua vida fosse o branco de uma página esperando para ser escrita por você mesmo, o que você escreveria? Se todos os acontecimentos dependessem da sua permissão para acontecer, você seria o que é hoje? E ao se olhar no espelho, você se orgulha do que se tornou? Talvez o controle que tanto esperamos de tudo nunca nos levem a nada. E se escrever por si só for um salto no escuro para um precipício profundo do qual não temos conhecimento?
Como acreditar que num futuro próximo algo vai parecer estar certo se mesmo no controle ou não, tudo parece tão errado? E se o que tanto você enxerga dentro de si um dia for resumido a nada? E se um belo dia você acordar e perceber que tudo em sua vida era apenas uma grande mentira, que você não passa de uma mera peça do destino jogada num tabuleiro sem volta, e tudo que você achava que era seu tem dono? E se o dono da sua vida não for você? Já se perguntou se tudo não passa de um proposito maior? Ou se talvez tudo que está acontecendo sejam apenas acontecimentos aleatórios para no final se encontrarmos com a morte... E se não existir outro lado? E se a morte for o último contato?
O que você fez aqui ou deixou de fazer vai mudar alguma coisa nesse roteiro maluco do acaso? Talvez sim, talvez não. Mas, como apagar as dúvidas dolorosas que a vida nos traz? Escolhas boas ou escolhas ruins, somos julgados por todas e como escolher as que vêm para o bem? Estamos tão desesperados que não percebemos que tudo no final pode ser nada. Não somos donos de nada, não controlamos nada, não decidimos nada, e se não formos nada? Então, do que adianta as escolhas?
...
Em nunca soube qual era o meu real proposito de vida e nunca ao menos me perguntei, como filha única de pais adotivos, sempre tive todo amor do mundo. Meus pais sempre foram o tipo de casal mais apaixonados que poderia existir na face da terra, daqueles que andam abraçados pela calçada e que riem alto sem se preocupar com o que vem a seguir. Eu sempre acreditei no amor e sempre quis um amor igual ao deles, capaz de contagiar ao próximo como contagiou a mim. Tudo sempre foi muito perfeito, eu fazia uma faculdade incrível com as melhores amigas que conheci lá e já tive, Lorena e Luísa. Não éramos tão populares, mas também não éramos as excluídas, tínhamos os nossos segredos como todo jovem e os crushs que queríamos para a festa de final de ano da Faculdade, esse era o nosso primeiro ano de festa. Mas, eu não cheguei a ir à festa, eu ao menos cheguei até metade do caminho. Eu morava numa cidade pequena de São Paulo e já estava acostumada a não ser uma garota normal, aos cinco anos de idade eu já fazia aula de defesa pessoal e aos quinze anos meu pai me levava para aula de tiro ao alvo. Nunca fiquei doente como as pessoas ficam, bem desenvolvida e uma das melhores alunas, fui considerada uma garota prodígio por conta do meu QI elevadíssimo. Mas; com pais como os meus, é muito fácil se sentir a garota mais especial e normal do mundo.
Tudo começou com o primeiro ano da Faculdade, estávamos sentadas eu; a Luísa e a Lorena no pátio espreitando os garotos e suas babaquices do outro lado do pátio.
— Com quem você acha que o Caio vai ficar? — Lou — Apelido que eu havia dado para a Lorena — Falou animada o encarando de relance.
— Você, obviamente! — Falei dando um sorrisinho malicioso.
— E você Ally, com quem vai ficar? Não fala nada. — Luísa falou me encarando debochadamente.
— Com ninguém. Na verdade, não quero ir. — Falei dando de ombros. Era verdade; eu não tinha nenhum crush, na verdade eu ainda sonhava com o meu príncipe encantado e não havia nenhum garoto ali que chegasse aos pés do meu pai. Que me tirasse o fôlego, que me desse o mesmo frio na barriga que minha mãe dizia sentir quando estava ao lado do amor da vida dela e além do mais, eu não gostava de lugares públicos e cheios, me dava à sensação de que eu estava sempre sendo observada.
— Ah, não acredito nisso! Todo mundo vai. Você tem dezenove anos, precisa sair, aproveitar a vida adulta! — Lou falou rindo.
— Minha mãe sempre disse que eu não sou todo mundo e ainda não quero amadurecer tão rápido, mas e você? O John já deu algum sinal? — Perguntei tentando tirar o alvo de mim.
— Ainda não, acho que ele vai com a Bruna. — Ela falou com uma expressão meio triste no rosto ao falar da menina mais popular do colégio.
— Claro que não, se ele fizer isso ele é um babaca! Na verdade, acho que ele ainda pensa muito no beijo apaixonado de vocês lá na quadra! — Falei tentando aumentar a autoestima dela.
— Será? — Ela falou meio apreensiva.
— Claro amiga. — Lu falou me encarando com um olhar meio duvidoso. — Ele realmente seria um idiota se não ficasse com você. Você merece mais!
— Verdade. — Afirmei.
Ficamos conversando sobre isso e logo depois fomos embora, faltavam apenas uma semana para a festa e estavam todos animados para acontecer, menos eu! Esse ano a festa seria mais cedo no mês de novembro, um mês antes do ano novo pois todos estariam aproveitando seu recesso e viajando. Os próprios alunos haviam organizado essa festa.
Fiz algumas tarefas da casa, estudei um pouco e esperei meus pais para o jantar. Era tradição familiar jantarmos todos a mesa.
— Como foi seu dia? — Minha mãe perguntou quando já estávamos todos à mesa.
— Tranquilo. — Respondi enquanto dava minha primeira garfada na panqueca que meu pai havia feito.
— E por que essa expressão pensativa? Aqui em casa só aceitamos expressões alegres. — Meu pai falou soltando uma piscadela para mim.
— Está todo mundo animado para a festa de final de ano. — Falei dando de ombros.
— E você não? — Minha mãe perguntou — ainda meio confusa com aquela minha afirmação.
— Não. — Falei sem muitos rodeios.
— E por que não meu bem? Eu e sua mãe fomos os reis do baile na escola sabia? — Ele falou num tom orgulhoso na voz.
— Pai, eu já não estou mais na escola, e aqui não tem baile, só uma festinha! E eu ainda não encontrei o amor da minha vida, não estarei com ele na festa. E já tenho quase vinte anos! VINTE ANOS! — Falei demonstrando minha frustração.
— Mas meu amor, você SÓ tem dezenove anos, ainda tem muito tempo para encontrar o amor da sua vida. — Minha mãe falou com um sorriso carinhoso no rosto.
— Mas vocês se encontraram no colegial. E nossa; eu estou tão nova né? — Falei os encarando como se minha vida fosse acabar com aquela acusação.
—Para cada pessoa o amor acontece com um tempo, no meu caso aconteceu no colegial com o seu pai. Mas o seu pode acontecer na faculdade, ou na esquina, ou em algum outro lugar... — Minha mãe falou com toda paciência do mundo.
— Meu amor, um dia você vai perceber que a vida ainda dá muitas festas para você se preocupar com a primeira. Para o amor não é preciso pressa. Fora que ainda há o ano que vem! — Meu pai falou com o brilho no olhar que me fazia admirá-lo.
— Tá bom, mas não vou para a festa. — Falei decidida.
— Mas é claro que vai. — Minha mãe falou.
— Não quero ir. — Falei com birra.
— Não pode perder seu ritual de amadurecimento. Você tem que aproveitar enquanto ainda é jovem, sair, dançar, se divertir com seus amigos... Daqui a pouco vai estar morando sozinha, ou trabalhando e tudo vai passar muito rápido! — Meu pai falou dando de ombros.
— Tá boom; eu vou, mas só para vocês pararem de encher meu saco. E não vou sair dessa casa tão cedo, esqueça isso! — Falei revirando os olhos e deixando escapar um sorriso, eu sabia que eles me fariam ir até no último momento.
— Eba!! Pode morar aqui só até os cinquenta. — Minha mãe falou piscando para o meu pai num tom descontraído.
— Não faz diferença, eu e sua mãe viajamos tempo suficiente para fazer coisas interessantes! — Meu pai falando rindo.
— Obrigada por me contar suas intimidades pai, e verdade, passam tanto tempo fora que eu já moro sozinha! — Falei fingindo está indignada.
— Não exagera filha, com dezenove anos, você já já vai estar testando as coisas interessantes, usa camisinha e me conta tudo! — Minha mãe falou com a boca cheia e um sorriso.
— Ah não mãe, dá pra parar! Eu quero terminar de jantar. — Falei a encarando.
Terminamos o nosso jantar aos risos e a vida seguiu seu curso.
A semana passou rapidamente e eu escolhi um vestido que minha mãe disse ser perfeito. Não vi muita diferença. Tiraram quinhentas fotos minhas, e lá fui eu a caminho da festa.Eu pedi um Uber e esperei, dentro de dez minutos o motorista parou a minha frente. Quando eu entrei notei que algo estava estranho. Dei boa noite; eram apenas sete horas, me sentei no banco do passageiro atrás do motorista. Segui olhando pela janela esperando o meu destino, a faculdade ficava um pouquinho distante da minha casa e eu não quis pegar ônibus. Notei que o motorista seguia por uma rua deserta e aquilo estava me deixando nervosa. Abri minha bolsa discretamente onde eu carregava um spray de pimenta e um estilete.— Eu acredito que o Senhor esteja seguindo o caminho errado. — Falei, observando sua expressão pelo espelho da frente.— Estou no caminho certo. Allyssa Garcia, não é? — Ele ergueu
A semana passou rapidamente e eu escolhi um vestido que minha mãe disse ser perfeito. Não vi muita diferença. Tiraram quinhentas fotos minhas, e lá fui eu a caminho da festa. Eu pedi um Uber e esperei, dentro de dez minutos o motorista parou a minha frente. Quando eu entrei notei que algo estava estranho. Dei boa noite; eram apenas 19hrs, me sentei no banco do passageiro atrás do motorista. Segui olhando pela janela esperando o meu destino, a faculdade ficava um pouquinho distante da minha casa e eu não quis pegar ônibus. Notei que o motorista seguia por uma rua deserta e aquilo estava me deixando nervosa. Abri minha bolsa discretamente onde eu carregava um spray de pimenta e um estilete. — Eu acredito que o Senhor esteja seguindo o caminho errado. — Falei, observando sua expressão pelo espelho da frente. — Estou no caminho certo. Allyssa Garcia, não é? — Ele ergueu os olhos e me olhou pelo mesmo espelho. Meu coração entrou em choque, ele tinha a íris de seus olhos na cor branca, co
— Seus pais estão em casa agora, lhe esperando. Suas amigas: Luísa e Lorena, estão na festa que está sendo dada na faculdade em que você faz administração, também lhe esperando. Eu sei onde você mora e estuda, e eles também. Eu não vou lhe machucar, mas eles vão. E tem mais vindo aí. Ou você me solta e seguimos adiante ou volta para casa ou para a festa e causa uma chacina com todos que você ama. Eles não vão parar. — Ele disse após reverter à situação e me prender ao chão enquanto segurava as minhas mãos e ficava por cima. — Como sei que também não vai me machucar? — Eu falei sabendo que dali eu não conseguiria sair, eu realmente estava imobilizada. — Eu sei que é pedir muito, mas preciso que confie em mim. Ally. Estou tentando proteger você. — Ele falou respirando fundo e soltando minhas mãos. — Se eu quisesse lhe matar já tinha metido uma bala em sua cabeça. — Tá. — Recuperei o fôlego enquanto o encarava, Ele havia me chamado pelo nome íntimo, nome que só a minha família chamava
Olhei para a tela do celular por um segundo e depois disquei o número de minha mãe na tela. Meus olhos encheram de lagrimas ao ouvir o Alô descontraído no outro lado da linha. — Mãe... — Falei tentando segurar as lágrimas, tudo que eu queria era gritar socorro! Mas, se tudo que aquele cara havia dito fosse verdade eu não poderia pôr minha família e amigos em perigo. — Oi meu bem, já está vindo? — Ela falou, deu para escutar a voz do meu pai atrás avisando que já estava bem tarde. — Eu vou dormir na casa da Lu hoje! — Falei. — Mas meu amor, eu e seu pai vamos viajar pela manhã, não queremos ir sem falar com você! — Ela falou com um tom triste na voz. — Eu sei mãe, é que ela levou um fora e sabe como é né, amigos são para essas baboseiras. — Falei com um sorriso magoado no rosto. — Tá bom, mas promete que vai chegar antes de irmos? — Ela falou. — Claro que vou, para vocês me apertarem quase me esmagando antes de ir. — Falei triste. — Ah meu amor, te amamos e por isso queremos te
Enquanto ele foi até o balcão, eu disquei o número de minha mãe na tela e esperei até que ela atendesse. — Oi mãe. — Falei. — Bom dia. — Oi meu amor, como está a Lu? — Minha mãe perguntou. — Está bem, eu acho. Não vou conseguir chegar aí a tempo. — Falei pensando na desculpa do engarrafamento que provavelmente não colaria. — Eu sei meu bem, estou vendo aqui o acidente que está gerando um engarrafamento terrível, eu sinto muito! Mas não vamos poder esperar que acabe. — Ela falou com um tom preocupado. — É, pois é. — Falei confusa por não saber como um acidente de grande repercussão poderia estar acontecendo naquele momento e como o Gael sabia disso. — Mas, te amamos meu amor e vamos morrer de saudades. Logo vamos estar de volta com nossas explosões de abraços. — Minha mãe falou. — Seu pai está mandando um beijo. — Manda outro para ele. Amo muito mesmo vocês. Se divirtam muito nessa viagem tá bom? — Falei sentindo a voz embargar ao pensar que talvez eu nunca mais fosse ver meus pa
Fechei a porta do banheiro e respirei fundo tentando não sorrir ao vê-lo falar daquela maneira. Vesti a calcinha que ainda estava na etiqueta e me dei conta de que não tinha sutiã porque o vestido não precisava. Coloquei a camisa que ele havia me dado, “será só por uma noite, tudo bem. ” Tentei me convencer de que não tinha problema dormir de calcinha e camisa masculina com um desconhecido, se ele não havia me estuprado até aquele momento não iria fazer isso agora, e eu estava completamente ridícula naquela roupa. — Peguei algo para a gente comer. — Ele falou quando eu sai do banheiro. — Legal... — Falei indo de braços cruzados até a cama. — Tá, quer assistir alguma coisa? — Ele falou me olhando de baixo para cima e desviando o olhar para a TV. Sua voz estava mais tranquila agora. — Pode ser. — Falei tentando me distrair em meio ao constrangimento. Ele ligou a tevê e estava passando FRIENDS, ficamos sentados na cama comendo e assistindo e por um momento eu me esqueci o que estava
Quando chegamos mais perto da casa, uma mulher de olhos brancos desceu para nos atender. Ela tinha uma altura mediana, era morena e de cabelos cacheados, os olhos pareciam se infiltrar dentro de mim de tão penetrantes e por um momento eu senti medo. Será que ele havia me levado para o mestre dos meus sequestradores? — Olá, seja bem-vinda Ally. — Ela abriu um sorriso gentil me mostrando o caminho para dentro da casa. — Como sabe meu nome? — Perguntei confusa, só podia ser um sonho maluco, não era possível. — Me chamo Jane, eu te conheço há muito tempo, mas você não deve se lembrar de mim. Ela continuou sorrindo, era uma mulher quase perfeita, seus cabelos batiam na cintura e ela usava um vestido longo branco. Aquilo era assustador. — Tá, não lembro mesmo. — Falei entrando. — Vou lhe mostrar o seu quarto e amanhã conversaremos mais, deve estar muito cansada. Tudo bem? — Ela falou. — Tá. — Dei de ombros. A segui passando por uma sala enorme e subindo uma escadaria que dava para doi
— Eu sei que agora essa história não faz sentido, mas você vai entender um dia. Infelizmente esse plano foi à frente e você foi criada de um ventre materno, porém foi modificada pela ciência e deu certo. Você já ficou doente alguma vez em sua vida? — Não pode ser. Por que isso aconteceu só agora? — Perguntei confusa. — Porque você já está com quase vinte anos, e eles estão ficando loucos pela nova geração. Um grupo de rebeldes cientistas se juntou com alguns Eléctrons, e resolvemos que seqüestraríamos as crianças da sociedade para que eles não continuassem com os experimentos. Mas; eles não param, continuam tentando e tentando incansavelmente, por isso estão lhe caçando agora. — Ela pegou os temperos e colocou numa panela ficando de costas para mim. — Mas, todos os Eléctrons têm os mesmos olhos que os seus? Por que eu não tenho? — Perguntei sentindo minha cabeça dá um nó. — Sim, somente você e uma outra pessoa não tem. Esses olhos são provenientes da mutação genética que sofrem, po