Apaixonada pelo Inimigo - I
Apaixonada pelo Inimigo - I
Por: Nay Lisboa
Prefácio

Tudo começa com a primeira palavra... TUDO! E se a sua vida fosse o branco de uma página esperando para ser escrita por você mesmo, o que você escreveria? Se todos os acontecimentos dependessem da sua permissão para acontecer, você seria o que é hoje? E ao se olhar no espelho, você se orgulha do que se tornou? Talvez o controle que tanto esperamos de tudo nunca nos levem a nada. E se escrever por si só for um salto no escuro para um precipício profundo do qual não temos conhecimento?

 Como acreditar que num futuro próximo algo vai parecer estar certo se mesmo no controle ou não, tudo parece tão errado? E se o que tanto você enxerga dentro de si um dia for resumido a nada? E se um belo dia você acordar e perceber que tudo em sua vida era apenas uma grande mentira, que você não passa de uma mera peça do destino jogada num tabuleiro sem volta, e tudo que você achava que era seu tem dono? E se o dono da sua vida não for você? Já se perguntou se tudo não passa de um proposito maior? Ou se talvez tudo que está acontecendo sejam apenas acontecimentos aleatórios para no final se encontrarmos com a morte... E se não existir outro lado? E se a morte for o último contato?

 O que você fez aqui ou deixou de fazer vai mudar alguma coisa nesse roteiro maluco do acaso? Talvez sim, talvez não. Mas, como apagar as dúvidas dolorosas que a vida nos traz? Escolhas boas ou escolhas ruins, somos julgados por todas e como escolher as que vêm para o bem? Estamos tão desesperados que não percebemos que tudo no final pode ser nada. Não somos donos de nada, não controlamos nada, não decidimos nada, e se não formos nada? Então, do que adianta as escolhas?

                                                     ...

Em nunca soube qual era o meu real proposito de vida e nunca ao menos me perguntei, como filha única de pais adotivos, sempre tive todo amor do mundo. Meus pais sempre foram o tipo de casal mais apaixonados que poderia existir na face da terra, daqueles que andam abraçados pela calçada e que riem alto sem se preocupar com o que vem a seguir. Eu sempre acreditei no amor e sempre quis um amor igual ao deles, capaz de contagiar ao próximo como contagiou a mim. Tudo sempre foi muito perfeito, eu fazia uma faculdade incrível com as melhores amigas que conheci lá e já tive, Lorena e Luísa. Não éramos tão populares, mas também não éramos as excluídas, tínhamos os nossos segredos como todo jovem e os crushs que queríamos para a festa de final de ano da Faculdade, esse era o nosso primeiro ano de festa. Mas, eu não cheguei a ir à festa, eu ao menos cheguei até metade do caminho. Eu morava numa cidade pequena de São Paulo e já estava acostumada a não ser uma garota normal, aos cinco anos de idade eu já fazia aula de defesa pessoal e aos quinze anos meu pai me levava para aula de tiro ao alvo. Nunca fiquei doente como as pessoas ficam, bem desenvolvida e uma das melhores alunas, fui considerada uma garota prodígio por conta do meu QI elevadíssimo. Mas; com pais como os meus, é muito fácil se sentir a garota mais especial e normal do mundo.

Tudo começou com o primeiro ano da Faculdade, estávamos sentadas eu; a Luísa e a Lorena no pátio espreitando os garotos e suas babaquices do outro lado do pátio.

— Com quem você acha que o Caio vai ficar? — Lou — Apelido que eu havia dado para a Lorena — Falou animada o encarando de relance.

— Você, obviamente! — Falei dando um sorrisinho malicioso.

— E você Ally, com quem vai ficar? Não fala nada. — Luísa falou me encarando debochadamente.

— Com ninguém. Na verdade, não quero ir. — Falei dando de ombros. Era verdade; eu não tinha nenhum crush, na verdade eu ainda sonhava com o meu príncipe encantado e não havia nenhum garoto ali que chegasse aos pés do meu pai. Que me tirasse o fôlego, que me desse o mesmo frio na barriga que minha mãe dizia sentir quando estava ao lado do amor da vida dela e além do mais, eu não gostava de lugares públicos e cheios, me dava à sensação de que eu estava sempre sendo observada.

— Ah, não acredito nisso! Todo mundo vai. Você tem dezenove anos, precisa sair, aproveitar a vida adulta! — Lou falou rindo.

— Minha mãe sempre disse que eu não sou todo mundo e ainda não quero amadurecer tão rápido, mas e você? O John já deu algum sinal? — Perguntei tentando tirar o alvo de mim.

— Ainda não, acho que ele vai com a Bruna. — Ela falou com uma expressão meio triste no rosto ao falar da menina mais popular do colégio.

— Claro que não, se ele fizer isso ele é um babaca! Na verdade, acho que ele ainda pensa muito no beijo apaixonado de vocês lá na quadra! — Falei tentando aumentar a autoestima dela.

— Será? — Ela falou meio apreensiva.

— Claro amiga. — Lu falou me encarando com um olhar meio duvidoso. — Ele realmente seria um idiota se não ficasse com você. Você merece mais!

— Verdade. — Afirmei.

Ficamos conversando sobre isso e logo depois fomos embora, faltavam apenas uma semana para a festa e estavam todos animados para acontecer, menos eu! Esse ano a festa seria mais cedo no mês de novembro, um mês antes do ano novo pois todos estariam aproveitando seu recesso e viajando. Os próprios alunos haviam organizado essa festa.

Fiz algumas tarefas da casa, estudei um pouco e esperei meus pais para o jantar. Era tradição familiar jantarmos todos a mesa.

— Como foi seu dia? — Minha mãe perguntou quando já estávamos todos à mesa.

— Tranquilo. — Respondi enquanto dava minha primeira garfada na panqueca que meu pai havia feito.

— E por que essa expressão pensativa? Aqui em casa só aceitamos expressões alegres. — Meu pai falou soltando uma piscadela para mim.

— Está todo mundo animado para a festa de final de ano. — Falei dando de ombros.

— E você não? — Minha mãe perguntou — ainda meio confusa com aquela minha afirmação.

— Não. — Falei sem muitos rodeios.

— E por que não meu bem? Eu e sua mãe fomos os reis do baile na escola sabia? — Ele falou num tom orgulhoso na voz.

— Pai, eu já não estou mais na escola, e aqui não tem baile, só uma festinha! E eu ainda não encontrei o amor da minha vida, não estarei com ele na festa. E já tenho quase vinte anos! VINTE ANOS! — Falei demonstrando minha frustração.

— Mas meu amor, você SÓ tem dezenove anos, ainda tem muito tempo para encontrar o amor da sua vida. — Minha mãe falou com um sorriso carinhoso no rosto.

— Mas vocês se encontraram no colegial. E nossa; eu estou tão nova né? — Falei os encarando como se minha vida fosse acabar com aquela acusação.

—Para cada pessoa o amor acontece com um tempo, no meu caso aconteceu no colegial com o seu pai. Mas o seu pode acontecer na faculdade, ou na esquina, ou em algum outro lugar... — Minha mãe falou com toda paciência do mundo.

— Meu amor, um dia você vai perceber que a vida ainda dá muitas festas para você se preocupar com a primeira. Para o amor não é preciso pressa. Fora que ainda há o ano que vem! — Meu pai falou com o brilho no olhar que me fazia admirá-lo.

— Tá bom, mas não vou para a festa. — Falei decidida.

— Mas é claro que vai. — Minha mãe falou.

— Não quero ir. — Falei com birra.

— Não pode perder seu ritual de amadurecimento. Você tem que aproveitar enquanto ainda é jovem, sair, dançar, se divertir com seus amigos... Daqui a pouco vai estar morando sozinha, ou trabalhando e tudo vai passar muito rápido! — Meu pai falou dando de ombros.

— Tá boom; eu vou, mas só para vocês pararem de encher meu saco. E não vou sair dessa casa tão cedo, esqueça isso! — Falei revirando os olhos e deixando escapar um sorriso, eu sabia que eles me fariam ir até no último momento.

— Eba!! Pode morar aqui só até os cinquenta. — Minha mãe falou piscando para o meu pai num tom descontraído.

— Não faz diferença, eu e sua mãe viajamos tempo suficiente para fazer coisas interessantes! — Meu pai falando rindo.

— Obrigada por me contar suas intimidades pai, e verdade, passam tanto tempo fora que eu já moro sozinha! — Falei fingindo está indignada.

— Não exagera filha, com dezenove anos, você já já vai estar testando as coisas interessantes, usa camisinha e me conta tudo! — Minha mãe falou com a boca cheia e um sorriso.

— Ah não mãe, dá pra parar! Eu quero terminar de jantar. — Falei a encarando.

Terminamos o nosso jantar aos risos e a vida seguiu seu curso.

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