— Eu sei que agora essa história não faz sentido, mas você vai entender um dia. Infelizmente esse plano foi à frente e você foi criada de um ventre materno, porém foi modificada pela ciência e deu certo. Você já ficou doente alguma vez em sua vida? — Não pode ser. Por que isso aconteceu só agora? — Perguntei confusa. — Porque você já está com quase vinte anos, e eles estão ficando loucos pela nova geração. Um grupo de rebeldes cientistas se juntou com alguns Eléctrons, e resolvemos que seqüestraríamos as crianças da sociedade para que eles não continuassem com os experimentos. Mas; eles não param, continuam tentando e tentando incansavelmente, por isso estão lhe caçando agora. — Ela pegou os temperos e colocou numa panela ficando de costas para mim. — Mas, todos os Eléctrons têm os mesmos olhos que os seus? Por que eu não tenho? — Perguntei sentindo minha cabeça dá um nó. — Sim, somente você e uma outra pessoa não tem. Esses olhos são provenientes da mutação genética que sofrem, po
Eu peguei o prato e comecei a comer na esperança de terminar logo para poder conversar, garfada depois de garfada fui descobrindo que estava morta de fome. Esqueci que Gael estava ali me olhando e devorei o prato em poucos minutos, finalizando com o copo de suco que estava também na bandeja. Respirei fundo e o encarei. — Podemos conversar agora? — Falei esperando a resposta. — Claro. — Ele falou com um sorriso descontraído. — Como você se sentiu quando descobriu que era apenas parte de um experimento macabro? — Perguntei curiosa para saber a resposta. — Eu já sabia desde o começo, fui criado com os líderes. Éramos como... uma família! Eles nos diziam que fazíamos parte de um plano maior, que iríamos salvar o mundo. Eram bem convincentes, mas eu não sou parte de um experimento! Eu sou mais do que isso, eu sou um ser humano só que criado de uma forma diferente. Fui contra o plano deles, vivia fugindo ou burlando os testes até que ouvi atrás da porta o plano dos rebeldes, fui o primei
Depois de algum tempo deitada na cama pensando se ia ou não ia enquanto encarava os acessórios, decidi que iria. Tomei um banho e coloquei o vestido florido, depois coloquei um brinquinho de florzinha e um colar com o pingente de uma orquídea, soltei os cabelos e coloquei a presilhinha no formato de flor ao lado. Eu estava me achando praiana o suficiente, então finalizei com um batom rosinha que encontrei. Mas, eu não tinha nenhuma sandália. Fiquei sentada na cama esperando que alguém notasse que eu não apareci para que eu pudesse pedir uma sandália, até que eu lembrei que a sandália que usei no baile era até bonitinha. Então calcei e sai do quarto um pouco ansiosa. “O que será que ela queria falar com ele? ”Me peguei pensando algumas vezes enquanto descia as escadas da casa em direção ao lado de fora, não havia encontrado ninguém então fui até o fundo para ver, mas nada estava acontecendo. Me sentei na bancada da porta da frente e fiquei esperando que alguém viesse me buscar. “Será
As arvores e flores já enfeitavam naturalmente o lugar, havia rochas com pessoas encostadas e tinham acrescentado alguns panos no chão com algumas almofadas para que as pessoas sentassem. E debaixo de uma arvore imensa havia uma mesa com várias frutas e petiscos para que pudéssemos nos servir, tinha vinhos que pareciam caros, uísque e refrigerantes. Fiquei me perguntando quantas vezes eles viajavam para comprar tudo àquilo porque era impossível que surgisse um mercado do outro lado da mata. Quer dizer; eu não sabia, até porque nada mais parecia impossível! — O lugar ficou muito bonito! — Falei para Gael que se sentou num dos panos ao meu lado. — Sim, o pessoal se dedica muito para os luais que temos. É uma forma de diversão e tanto para as pessoas que não podem visitar a cidade de vez em quando. — As pessoas daqui vão até a cidade? — Perguntei, a gente praticamente viajou para estar lá. — Claro que vão. Ninguém aqui é prisioneiro, exceto que somos caçados, mas isso dá para disfarça
— Ele realmente é. — Ela falou. — Que bom então. — Eu abri um sorriso educado. — Não é tão ruim quanto parece. Essas pessoas agradecem por estar aqui. Sabe, no fundo somos agraciados por existirmos e ainda estarmos vivos. Vamos acabar com os inimigos e seremos livres. Mas, aqui continuará sendo nossa casa. — Jane sorriu, ela realmente parecia feliz. — Somos uma família aqui, respeitamos, concordamos e discordamos algumas vezes. Mas temos o nosso próprio estilo de vida e diversão. Você acabará gostando de ficar conosco. — Tudo bem. Mas eu amo a minha família, e não quero ficar longe deles. Agradeço a gentileza, mas quando acabar eu não irei estar mais aqui, eu estarei ao lado das pessoas que conheço e amo, era aonde eu queria estar se tivesse escolha. — Falei; eu não queria ser grosseira, mas eu não estava ali por vontade própria e queria deixar aquilo bem claro. — Tudo bem, mas não tenha medo da gente. Divirta–se essa noite, e se permita se sentir em casa. — Ela abriu um sorriso ge
Eu respirei fundo o cheiro de um oceano salino que subia as minhas narinas. Era como se fossemos encontrar o mar a qualquer momento andando por aquele lugar. Com toda certeza ninguém conseguiria nos achar ali há não ser que fossem bem minuciosos. Dava para ver que havia outras rochas assim como a que atravessamos cobrindo o local, mas por aquela ainda assim dava para um punhado do deserto. — Isso é uma paisagem e tanto. — Falei sorrindo. — Sim. É um lugar perfeito para clarear as idéias. Ninguém conhece essa rocha em especial. Só eu, e agora você! — Ele falou se sentando. — Eu venho aqui quando estou de saco cheio de tudo. — E você fica de saco cheio? — Aquela pergunta saiu sem que eu ao menos pudesse pensar. — É claro que eu fico. Sou como você só que como um experimento por mais tempo e fui feito para viver numa jaula! Isso me torna mais compreensível com toda a situação. — Ele deu de ombros olhando as estrelas. — Mas isso não significa que eu não gostaria de ser livre. Passar un
Eu nunca pensei que pudesse me apaixonar – se é que posso chamar assim – por alguém, numa situação tão complicada e confusa quanto eu estava agora. Nosso beijo era como um encontro de almas desesperadas! Gael passou sua mão pela minha cintura e me puxou para mais perto, eu cedi ficando o mais próximo do seu corpo quanto podia... Nossos corações batiam num compasso completamente acelerado, nossas respirações se tornaram ofegantes a cada passo em que sua língua passeava pela minha boca. Quando já estávamos sem fôlego, nos afastamos, dava para sentir o clima quente no ar e eu nunca havia sentido tanto fogo quanto eu sentia quando estava perto dele. — Eu estou sendo desrespeitoso? — Ele perguntou aparentemente preocupado. — Não. — Sussurrei, tentando recuperar o fôlego que aquele momento havia roubado dos meus pulmões. — Ok. — Ele falou me abraçando e enterrando sua cabeça em meu pescoço. Aquele gesto me fez relaxar de uma forma surpreendente, e quando pensei que era tudo, ele se leva
— Sabe o que é mais engraçado? É ver você aí se julgando melhor do que eu apenas porque teve o privilégio de saber desde o começo que era uma anomalia genética. Mas; sabe o que é mais engraçado ainda, é que você me julgou pela aparência. — Me levantei e me aproximei dela enquanto Jane e Gael me olhavam atentos. — Mas; eu não cheguei aqui tão fácil quanto você está pensando, e o único motivo pelo qual eu não me livrei tão fácil do anormal de olhos brancos é que ele estava com uma arma e eu não. Mas eu fiz boxe aos cinco anos e tiro ao alvo aos quinze anos. Pois é, eu fui muito bem ensinada a como me defender! — Eu falei abrindo um sorrisinho ao final. — Você sabe empunhar uma arma? — Ela abriu um sorriso irônico. — Está duvidando? — Perguntei encarando–a seriamente. — É que parece tão blefe. — Loren falou com um sorrisinho de deboche. — Tudo bem. — Falei saindo de perto dela. — Vamos fazer negócios aqui então. Vocês me dão uma arma e um alvo, se eu acertar. Eu vou nessa missão! — Fa