Eu respirei fundo o cheiro de um oceano salino que subia as minhas narinas. Era como se fossemos encontrar o mar a qualquer momento andando por aquele lugar. Com toda certeza ninguém conseguiria nos achar ali há não ser que fossem bem minuciosos. Dava para ver que havia outras rochas assim como a que atravessamos cobrindo o local, mas por aquela ainda assim dava para um punhado do deserto. — Isso é uma paisagem e tanto. — Falei sorrindo. — Sim. É um lugar perfeito para clarear as idéias. Ninguém conhece essa rocha em especial. Só eu, e agora você! — Ele falou se sentando. — Eu venho aqui quando estou de saco cheio de tudo. — E você fica de saco cheio? — Aquela pergunta saiu sem que eu ao menos pudesse pensar. — É claro que eu fico. Sou como você só que como um experimento por mais tempo e fui feito para viver numa jaula! Isso me torna mais compreensível com toda a situação. — Ele deu de ombros olhando as estrelas. — Mas isso não significa que eu não gostaria de ser livre. Passar un
Eu nunca pensei que pudesse me apaixonar – se é que posso chamar assim – por alguém, numa situação tão complicada e confusa quanto eu estava agora. Nosso beijo era como um encontro de almas desesperadas! Gael passou sua mão pela minha cintura e me puxou para mais perto, eu cedi ficando o mais próximo do seu corpo quanto podia... Nossos corações batiam num compasso completamente acelerado, nossas respirações se tornaram ofegantes a cada passo em que sua língua passeava pela minha boca. Quando já estávamos sem fôlego, nos afastamos, dava para sentir o clima quente no ar e eu nunca havia sentido tanto fogo quanto eu sentia quando estava perto dele. — Eu estou sendo desrespeitoso? — Ele perguntou aparentemente preocupado. — Não. — Sussurrei, tentando recuperar o fôlego que aquele momento havia roubado dos meus pulmões. — Ok. — Ele falou me abraçando e enterrando sua cabeça em meu pescoço. Aquele gesto me fez relaxar de uma forma surpreendente, e quando pensei que era tudo, ele se leva
— Sabe o que é mais engraçado? É ver você aí se julgando melhor do que eu apenas porque teve o privilégio de saber desde o começo que era uma anomalia genética. Mas; sabe o que é mais engraçado ainda, é que você me julgou pela aparência. — Me levantei e me aproximei dela enquanto Jane e Gael me olhavam atentos. — Mas; eu não cheguei aqui tão fácil quanto você está pensando, e o único motivo pelo qual eu não me livrei tão fácil do anormal de olhos brancos é que ele estava com uma arma e eu não. Mas eu fiz boxe aos cinco anos e tiro ao alvo aos quinze anos. Pois é, eu fui muito bem ensinada a como me defender! — Eu falei abrindo um sorrisinho ao final. — Você sabe empunhar uma arma? — Ela abriu um sorriso irônico. — Está duvidando? — Perguntei encarando–a seriamente. — É que parece tão blefe. — Loren falou com um sorrisinho de deboche. — Tudo bem. — Falei saindo de perto dela. — Vamos fazer negócios aqui então. Vocês me dão uma arma e um alvo, se eu acertar. Eu vou nessa missão! — Fa
O resto do dia foi bastante tranquilo, O Gael permaneceu um pouco afastado enquanto eu ajudava a Jane com a comida, era uma casa com mais ou menos quinze pessoas, mas a maioria fingia que eu era invisível. Volta e meia o Gael passava por mim com piscadelas e brincadeirinhas e logo se afastava novamente para fazer alguma outra coisa. À noite depois do jantar eu tomei um banho e resolvi descer já que estava morrendo de tédio em meu quarto, estavam algumas pessoas do lado de fora, as crianças brincando e um grupinho de pessoas conversando e Gael era um deles. Então; me sentei no batente da casa e fiquei ali com fone de ouvido e celular observando as estrelas. Eu havia ligado para os meus pais mais cedo e eles pareciam estar se divertindo e não faziam a mínima idéia do que havia acontecido! Liguei também para as minhas amigas e avisei que eu estava na casa de uma tia por algum tempo e logo estaria de volta. Elas ficaram super tristes, mas também viajariam então estava tudo bem. O Gael v
Eu nem precisei do despertador para acordar, acordei eram 00:30h e depois não consegui dormir mais. Meu coração estava acelerado, mas eu sabia que tudo aquilo era porque eu poderia tocar o Gael novamente. Desci as escadas bem devagar e sem barulhos para que não corresse o risco de alguém me ver. Meu corpo estava cheio de adrenalina e eu estava me sentindo dentro de um filme de investigação onde eu era a vilã que estava fugindo. Quando cheguei até a porta parei para ver se alguém estava no meu encalço então abri a porta devagarzinho e sai, para a minha surpresa o Gael já estava do lado de fora sentado no batente completamente perdido em pensamentos. Fiquei na ponta dos pés e fui até ele colocando as mãos para tapar a sua visão. — Quem você acha que é? – Sussurrei em seu ouvido e senti os pelos de seu pescoço se arrepiarem. Ele tirou as minhas mãos do rosto e antes que respondesse qualquer coisa ele me pegou pela mão e me puxou em direção ao fundo da casa. — Vem... — Ele disse me pux
ALLY Nós passamos a semana bastante focados com essa missão, treinávamos toda tarde. Éramos uma equipe de quatro, eu e o Gael e mais dois componentes. Eu não sabia exatamente qual seria a missão, mas foquei em treinar o máximo que eu podia para depois descobrir o que eu faria. Um dia antes de viajarmos sentamos nós quatro e a Jane na sala de reuniões. — Então, o que iremos fazer? — Eu perguntei o que eu queria saber desde quando soube que teria uma missão. — Bom, como todos sabemos terá um transporte de crianças a caminho do laboratório. Antigamente eram apenas duas pessoas quem conduziam para não levantar suspeitas. Mas; eles reforçaram com quatro pessoas por causa do nosso último seqüestro. Dessa vez; serão dois conduzindo o caminhão e mais dois na traseira juntamente com as crianças. — Isso é fácil. – Um cara loiro com mais ou menos um e oitenta de altura falou. — Não, não. — Jane falou encarando a cada um de nós. — Eles estão espertos e por isso uma mulher é preciso aqui. El
As mamadeiras ficaram mornas, então as peguei e subi novamente para o quarto dos bebês. Quando cheguei Jane estava carregando a menininha. — Está pronta! — Falei indo olhar os outros bebês que estavam acordados. — Ótimo. — Jane falou. — São tão lindos! — São mesmo, quantos meses eles têm? — Perguntei encarando cada um deles. — Pela ficha;eles têm três meses, nasceram todos ao mesmo tempo. Esses dois meninos são gêmeos. — Ela falou dando de ombros e colocando a menina no berço. — Quais são os nomes deles? — Perguntei pegando um dos meninos para dar mamadeira. — Eles não têm nome, são tratados por números. São objetos para a sociedade. — Jane falou pegando o outro menino para dar mamadeira e deixando a menina por último. — E eles já têm uma família nova? — Perguntei preocupada com a situação. — Sim. — Ela falou. — Os gêmeos tem uma nova família que vai levá-los embora hoje. Temos um casal pronto para assumir nova identidade. Mas; a menina ainda não. Estamos esperando uma nova fam
Depois daquele evento tudo aconteceu muito rápido, eu me forcei a ficar quieta apenas sequestrando crianças enquanto a sociedade estava mantendo meus pais em cativeiro. Conversei com a Jane e então nos dedicamos a bolar um plano que realmente fizesse efeito para mostrar a eles que nós também estávamos no jogo. Pensamos em cada detalhe para que realmente desse certo, o plano seria colocar câmeras nas salas de reuniões mais importantes do laboratório e explodir uma das salas de experimentos, a sala central. Pedi que me deixassem ir, mas era arriscado demais. Repassamos o plano durante um mês e selecionamos um grupo de seis pessoas, entre elas estava a Loren. Treinamos os mínimos detalhes de como seria e sabíamos que tínhamos pouco tempo para fazer tudo acontecer. Mais ou menos dez minutos entre disparar o alarme de incêndio, colocar as câmeras e os explosivos, passar pelo portão antes que tudo fosse bloqueado e então depois de certa distância explodir o local certo. Todos estavam ciente