4. Inesperado

Beatrice

Eu segurava o buquê com firmeza, estava me preparando para poder lançar o buquê, caminhando entre os convidados que sorriam e brindavam em celebração ao nosso casamento. As músicas suaves e agitadas eram um contraste meu e de Gabriel. O nervosismo ainda latejava em meu peito, como se algo estivesse prestes a acontecer.

Depois de cumprimentar alguns familiares e amigos, meus olhos captaram uma cena que me fez parar. Minha prima inclinada para perto de Gabriel, rindo de algo que ele disse. Sua postura sugere mais do que um simples cumprimento amigável.

"Você é mesmo muito diferente de como Beatrice te descrevia quando éramos crianças. Ela dizia que você era tímido e atrapalhado, mas agora... bem, agora é difícil tirar os olhos de você" ela disse, deixando a mão repousar por um instante no braço dele. Como essa cachorra tem coragem de fazer uma coisa dessas no dia do meu casamento, eu sabia que ela era piranha, mas porra?

Gabriel parecia desconfortável, forçando um sorriso enquanto tentava afastar-se educadamente. Não consegui mais observar aquilo em silêncio. Ajustei meu vestido, ergui o queixo e caminhei até eles. Cheguei por trás dela e falei:

"Amor, aqui está você!"  meu sorriso brilhante mascarava minha irritação. "Espero que esteja sendo um bom anfitrião. Vejo que conheceu minha prima, Julia"

Meus olhos cruzaram com os dela, minha presença foi suficiente para que ela se afastasse ligeiramente. Gabriel, aliviado, se virou para mim e segurou minha mão com firmeza.

"Você está deslumbrante, Beatrice." ele respondeu, com um sorriso que parecia mais sincero agora. "Obrigado por me salvar."

Eu apenas sorri, sentindo uma estranha satisfação em tê-lo resgatado daquela situação. Não pude notar que senti uma pontada de ciúmes naquela situação.

Dei um beijo na bochecha de Gabriel e sussurei que encontraria com ele mais tarde. Precisava encontrar Alex e Cat. Enquanto caminhava pelos jardins iluminados, avistei Alexandre, sozinho, encostado em uma árvore, olhando para o horizonte e fumando um cigarro, eu sabia que ele fazia isso quando estava pensativo ou nervoso, ele olhava para o céu como se buscasse respostas nas estrelas. Meu coração apertou. Eu precisava confrontá-lo.

"Alex, podemos conversar?" perguntei, aproximando-me.

Ele virou-se lentamente, um suspiro escapando de seus lábios antes de me encarar. 

"Claro, Trice. Sobre o quê?"

"Não se faça de desentendido. Eu vi o olhar que você lançou para Gabriel durante a cerimônia. O que foi aquilo?" Minhas palavras saíram mais rápidas do que eu pretendia. Eu não queria que ele lembrasse da nossa amizade colorida que aconteceram poucas vezes antes dele ficar com a Cat.

Alexandre desviou o olhar, cruzando os braços como se tentasse se proteger de algo. "Eu só... não gosto da ideia de você estar presa a algo que não escolheu. Você merece ser feliz e eu queria me certificar de que ele entende isso."

"Então, por que me incentivou a isso? Por que você acha que ele não entende? Gabriel tem sido... gentil" Falei sentindo-me estranhamente na defensiva.

Ele deu um sorriso amargo, algo que me desconcertou. 

"Espero que ele seja mais do que gentil, Trice. Porque se ele te machucar... você sabe que terá a mim."

Minhas mãos vacilaram por um instante, eu queria tocá-lo, mas, com certeza isso não seria bem visto pelas pessoas na festa, então, antes que eu pudesse responder, Alexandre mudou de assunto.

"A propósito, eu pedi Cat em namoro. Achei que deveria te contar." Aquilo me pegou de surpresa, eu me sentia... triste? 

"O quê?" Minha voz saiu mais alta do que eu esperava.

"Sim. Cat é... especial. Acho que ela merece alguém que veja isso e ela dava dicas sobre querer um relacionamento, então, por que não?" ele disse, com uma expressão indecifável.

Eu não sabia como responder. Parte de mim estava surpresa, enquanto outra parte tentava entender se ele estava sendo honesto ou apenas tentando desviar a atenção do assunto principal. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele se afastou com um aceno leve, deixando-me sozinha com meus pensamentos.

Gabriel

Eu estava do outro lado do jardim, conversando com meus amigos que chegaram atrasados, quando meus olhos foram atraídos para a árvore que Alexandre estava encostado.  Beatrice tinha o encontrado e ele agora pareciam envolvidos em uma conversa que parecia profundamente intensa.

Ela estava com os braços cruzados, demonstrando sua teimosia. Alexandre, por sua vez, mantinha aquele olhar confiante que sempre fazia Gabriel se questionar sobre as intenções dele. Ele tinha acabado de fumar seu cigarro jogando ele no chão.

Eu estava tentando me concentrar na conversa ao seu redor, mas sua preocupação com Beatrice perfuravam sua consciência. Eu sabia que Alexandre sentia algo por ela, principalmente depois daquele encontro no escritório.

Não era só ciúme que eu sentia. Também tinha o medo. Medo de que o que eles estavam começando a construir fosse frágil, de que ele não fosse suficiente para competir com a história e a química evidente entre os dois.

Apertei o copo de vidro na mão com mais força do que o necessário.

Um turbilhão de emoções o dominava: a insegurança, o ciúme e até a raiva de si mesmo por se deixar afetar tanto. Eu não podia negar que Alexandre parecia conhecer Beatrice em um nível que ele ainda estava tentando alcançar. Isso me fazia questionar se ela também via Alexandre como algo mais do que um amigo. 

Eu não podia deixar os meu pensamentos pessimistas me ganharem.

Respirei fundo, tentando recuperar a compostura. Eu precisava confiar em Beatrice, mas era difícil ignorar o nó no estômago.

Foi quando vi Alexandre a deixando sozinha e também a vi se virar com uma expressão aliviada. 

Alexandre

Eu estava parado entre os padrinhos, a alguns passos atrás de Gabriel. Meu terno preto ajustado realçava minha postura, mas era evidente que eu não estava confortável. A tensão comandava cada gesto meu, os punhos cerrados quase denunciando o turbilhão de emoções que eu sentia. Tentei, em vão, focar nas palavras do padre, nos votos de Gabriel, mas meus olhos sempre voltavam para ela.

Beatrice.

Ela estava deslumbrante, quase etérea em seu vestido branco. Eu não deveria pensar assim. Não depois do que prometemos, não depois de tudo... Mas Trice era a noiva, a mulher que estava prometendo sua vida a outro homem. E, naquele momento, eu senti como se estivesse preso entre o dever e o desejo, incapaz de escapar de qualquer lado.

Um nó se formou em minha garganta. Era raiva? Ciúmes? Ou arrependimento? Talvez um pouco de tudo. Eu não devia ter incentivado ela, não devia ter deixado as coisas chegarem a esse ponto.

"Vem comigo," murmurei no ouvido de Cat assim que a cerimônia terminou. Me sentia um merda fazendo aquilo, usando-a. Sendo egoísta. Mas, eu precisava daquilo.

Ela me olhou com um sorriso curioso, como se soubesse o que estava por vir.

No fim do corredor da casa havia um banheiro listado como interditado, entrei com Cat mal esperando a porta fechar, encostei Cat contra a porta e comecei a beijá-la desesperadamente, como se quisesse retirar todos aqueles sentimentos confusos.

Cat retribuiu, ela tinha um calor desigual, apesar de tudo tínhamos química.

Virei ela de costas e pressionei meu pau sobre sua bunda empinada.

"Por favor" ela já gemia sem eu ao menos colocar.

Abaixei minha calça e levantei seu vestido, coloquei a sua calcinha de lado e soquei repetidas vezes, meu membro pulsava dentro de sua buceta, fazendo com que ela contraísse. Cat gemia alto, então, eu coloquei minha mão sobre sua boca.

"Quer namorar comigo? Fala," eu disse, as palavras escapando como uma confissão e uma armadilha ao mesmo tempo.

"Eu quero, Alex. Eu quero," ela respondeu, quase sem ar.

Eu só precisava gozar. E não demorou muito. 

Quando saímos, Cat me olhou com uma curiosidade sincera. "A pergunta foi séria ou só de momento?"

Eu não pensei, mas não queria estragar o que tínhamos. Então, fiz o que pensei que me ajudaria, talvez, namorando ela, eu não precisasse pensar mais na Trice.

"Foi séria"

Mas, ali eu com certeza, senti algo além do prazer. Culpa. Culpa por usar Cat como uma válvula de escape, culpa por não poder ser o homem que ela merecia. Depois, fui para o jardim. Precisava de ar. Fumar para acalmar os nervos. Mas, então, uma presença familiar surgiu ao meu lado.

Era Beatrice.

Eu queria gritar, confessar. Queria dizer que aquele olhar era o reflexo de tudo que eu ainda sentia por ela, o peso de anos de sentimentos mal resolvidos. Mas, em vez disso, fiz o que sempre fiz: me escondi atrás de palavras afiadas.

Eu vi a confusão e a mágoa em seu rosto, e por um segundo, quase cedi. Mas me lembrei: era melhor assim.

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