GabrielA música pulsava no ambiente, as luzes coloridas criavam sombras e reflexos ao redor da piscina e o riso das pessoas preenchia o espaço. Eu estava me esforçando para aproveitar a noite, mantendo uma conversa casual com alguns amigos, mas minha atenção continuava escapando para Beatrice.Desde o momento em que ela entrou, minha mente ficou em um maldito loop, absorvendo cada detalhe. O vestido vermelho colado ao corpo, a forma como seus olhos brilhavam ao rir de algo que Melissa dizia, a confiança na sua postura. Não era apenas sua aparência — era a energia que ela emanava. Era a mulher que um dia foi minha e agora parecia querer ser novamente.E eu não podia negar que algo dentro de mim reagia a isso.Vanessa, no entanto, percebeu. Seu humor mudou ao longo da noite, seu aperto no meu braço ficou mais forte e seus comentários passaram de sedutores par
GabrielEu não sabia exatamente por que tinha convidado Beatrice para jantar. Talvez fosse culpa, talvez fosse saudade. Ou talvez eu apenas precisasse de respostas que estavam presas em algum lugar entre o passado e o presente. O que eu sabia era que, desde que ela começou a tentar me encontrar, meus pensamentos não me davam trégua.Cheguei ao restaurante mais cedo, escolhi uma mesa mais reservada e tentei me concentrar no menu, mas minha mente estava em outro lugar. Quando ela entrou, senti meu coração vacilar por um momento. O vestido azul-marinho se ajustava perfeitamente ao seu corpo, e seu cabelo solto lhe dava um ar natural e elegante. Era impossível ignorá-la."Você veio." Minha voz saiu quase como um alívio, mas também carregava um tom de surpresa."Claro que vim." Ela sorriu, sentando-se à minha frente. "Você me convidou, não?"Assenti e indiquei o cardápio, tentando disfarçar o desconforto que crescia em mim. Eu agia como se não tivesse casado ou conhecido essa mulher. Depoi
AlexandreOs dias no hospital se arrastavam de forma torturante. Os remédios aliviavam a dor física, mas não havia remédio para a sensação de vazio que se alojava dentro de mim. Tentei ocupar minha mente com filmes, conversas casuais com as enfermeiras, até mesmo algumas leituras despretensiosas. Mas a verdade era que nada disso funcionava. Cada silêncio me fazia lembrar do que eu havia perdido.Na quarta noite, enquanto tentava dormir, o som da porta do quarto se abrindo me despertou. Pensei que fosse mais uma enfermeira, mas quando levantei o olhar, meu coração parou por um instante.Beatrice estava ali.Ela hesitou na porta, como se não soubesse se deveria entrar ou não. Seus olhos encontraram os meus, e por um breve momento, vi algo que não via há tempos: culpa. Ou talvez fosse saudade. Eu queria acreditar que era saudade.“Posso entrar?” A voz dela saiu baixa, quase hesitante.Assenti lentamente, incapaz de formular uma resposta melhor. Ela fechou a porta atrás de si e caminhou a
GabrielEu estava em meio ao caos da minha mala aberta sobre a cama, tentando decidir quais roupas levar para a viagem. A Grécia era um destino paradisíaco e eu queria que tudo fosse perfeito. Mas, mais do que isso, queria que essa viagem fosse especial para Beatrice. Algo dentro de mim dizia que esse seria um novo começo para nós dois. Uma nova lua de mel, onde ela teria olhos para mim. Finalmente.Meu celular vibrou sobre a mesa de cabeceira, trazendo-me de volta à realidade. Era uma mensagem de Beatrice:"Já posso ir para a sua casa? Não quero ficar sozinha essa noite."Sorri ao ler suas palavras. Saber que ela queria estar comigo me fazia sentir algo quente no peito. Respondi rapidamente:"Claro. Estou te esperando. Quer que eu busque você?""Não precisa. Já estou saindo."Passei a mão pelos cabelos, tentando dissipar a ansiedade que crescia dentro de mim. Eu não queria apenas passar a noite
"Não acredito que o senhor vai me obrigar a casar com aquele cara sem graça!" eu disse ao meu pai, sentindo meu rosto arder de raiva, estava apertando as mãos como se estivesse preparada para dar um soco em alguém."É por um bem maior, veja bem, ele tem muitas qualidades e..." meu pai começou a justificar, mas não consegui segurar minha indignação e o interrompi."Qualidades? Como quais? Quer saber, pai? Esqueça, não tem nada nele que me interesse! Só farei isso pelo bem do colégio e da nossa família, mas deixo bem claro: vou me divorciar depois!"Meu pai respirou fundo, mas não respondeu. Seu olhar parecia pesado, como se ele carregasse o peso do mundo nas costas. Talvez fosse exatamente isso, considerando o que estava em jogo, eu não sabia com o que ele estava lidando.Com um suspiro frustrado, virei as costas e saí da sala da diretoria. Assim que abri a porta, percebi que não estávamos sozinhos. Alguns professores estavam no corredor, e era óbvio que tinham ouvido partes da convers
A sala de reuniões da escola nunca foi tão fria e silenciosa, como se o ambiente soubesse que algo grandioso estava prestes a acontecer. Meu pai me esperava com os braços cruzados e ao seu lado estava ele: o noivo.Até então, eu só havia visto fotos antigas de eventos de caridade em que ele participava ao lado da família. Um cara de aparência comum, roupas sem graça e um sorriso que parecia forçado. Mas, ao entrar naquela sala, algo mudou."Por que eu estou aqui de novo?" perguntei, cruzando os braços."Porque você precisa entender o motivo por trás desse casamento. Por favor, deixe de ser mimada por um instante?" meu pai respondeu, apontando para que eu me sentasse.Sentei com relutância, minhas mãos entrelaçadas no colo, enquanto meu pai suspirava e começava a falar: "Nos últimos anos, o colégio passou por dificuldades financeiras. Estamos cercados de dívidas que quase ninguém sabe, e a família do Gabriel tem nos ajudado a manter tudo em ordem. Esse casamento não é só um acordo com
BeatriceEu tinha decidido que não queria planejar o casamento, mas escolhi as cores... branco e dourado. Talvez porque dourado combinasse com os olhos de Gabriel, aqueles olhos que, de alguma forma, me deixavam mais confusa do que eu já estava. Pedi também que fosse algo mais simples e íntimo, com nossas famílias e amigos mais próximos.Eu estava nervosa e me arrumando no meu antigo quarto. O casamento aconteceria no casarão da minha família. O cheiro familiar do meu quarto com o chão de madeira enceradas, a luz suave que entrava pelas janelas altas... tudo ali parecia congelado no tempo, como se aquele casarão ainda guardasse ecos da minha infância.Não consegui esconder meu nervosismo.Meu coração batia tão rápido que parecia ecoar no silêncio do quarto. Nem os votos eu tinha escrito ainda. Era agoniante. Eu nem queria esse casamento e agora estava aqui, nervosa e pensativa sobre ele.A maquiadora terminou de me maquiar e eu me levantei para me olhar no espelho. Eu estava magnífica.
BeatriceEu segurava o buquê com firmeza, estava me preparando para poder lançar o buquê, caminhando entre os convidados que sorriam e brindavam em celebração ao nosso casamento. As músicas suaves e agitadas eram um contraste meu e de Gabriel. O nervosismo ainda latejava em meu peito, como se algo estivesse prestes a acontecer.Depois de cumprimentar alguns familiares e amigos, meus olhos captaram uma cena que me fez parar. Minha prima inclinada para perto de Gabriel, rindo de algo que ele disse. Sua postura sugere mais do que um simples cumprimento amigável."Você é mesmo muito diferente de como Beatrice te descrevia quando éramos crianças. Ela dizia que você era tímido e atrapalhado, mas agora... bem, agora é difícil tirar os olhos de você" ela disse, deixando a mão repousar por um instante no braço dele. Como essa cachorra tem coragem de fazer uma coisa dessas no dia do meu casamento, eu sabia que ela era piranha, mas porra?Gabriel parecia desconfortável, forçando um sorriso enqua