A semana se passou marcada por um silêncio pesado e olhares disfarçados. Anya e Nikolas, cada um à sua maneira, se dedicaram a esquecer tanto o relacionamento do passado quanto a recente recaída no presente.Anya mergulhava no trabalho na mansão, desempenhando suas funções com uma eficiência quase mecânica durante o dia. À noite, enviava currículos para diferentes empresas, determinada a encontrar um emprego que a tirasse da proximidade de Nikolas.Não queria ser ingrata, mas, por mais que gostasse de Clara e da casa em que morava, temia as consequências de permanecer perto de Nikolas.Enquanto nenhuma vaga a aceitava, se emprenhava em garantir não perder o emprego atual e, caso necessário, ter um lugar para ficar após os três meses de experiência.Nikolas, por sua vez, se afundou nos casos que representava. No escritório, sua concentração era absoluta, mas em momentos de distração, os pensamentos voltavam para Anya.Justificava sua fixação no fato de, em segredo, ajudar o sócio a pre
A casa de hóspedes, onde Anya morava desde que começou a trabalhar como governanta, estava iluminada pela luz suave das lâmpadas e a mesa da cozinha posta com simplicidade, um bolo de morango, preferido de Max, pousado no centro.A alegria no rosto do filho sempre fazia valer a pena qualquer sacrifício. No entanto, a presença de Nikolas ao redor despertava uma mistura de sentimentos que tentava, sem sucesso, sufocar.O filho se empolgou assim que contou sobre o bolo e, para completa surpresa e horror dela, antes que pudesse evitar, ele virou-se para Nikolas.— Nik, vem comer bolo com a gente!— Filho, o senhor Nikolas deve querer jantar com a família dele — disse para escapar da situação. — Aproveitaremos só nós dois, tudo bem?— Pode comer o bolo e também jantar — Max disse se voltando esperançoso para Nikolas. — Vem com a gente!Mesmo percebendo o desconforto de Anya, Nikolas deu um passo à frente, os olhos escuros fixos nos dela ao responder calmo:— Adoraria aceitar seu convite Ma
O que ela desejava? Parada a poucos centímetros do homem que nunca saiu de sua mente, mesmo após cinco anos longe, Anya tinha várias opções de respostas, algumas preocupantes demais para serem ditas em voz alta.Abaixou o olhar, para afastar dos olhos dele e acabou focando na boca. Um arrepio percorreu sua pele, fruto das recordações de como era senti-la em seu corpo. Engoliu em seco, inspirou fundo e, em busca de forças para resistir e seguir em frente, moveu a atenção para a porta do quarto em que o filho dormia.Renovando sua determinação, cruzou os braços, tentando manter a compostura diante da presença imponente de Nikolas, dos olhos negros que sempre pareciam ser capazes de ler seus pensamentos. Felizmente, não conseguiam.— Não precisa levar o Max para nenhum passeio especial amanhã. Posso cuidar disso — sussurrou firme e calma.Nikolas inclinou a cabeça, seus olhos de ônix fixos nos dela, a intensidade de seu olhar fazendo Anya sentir um frio na espinha. Ele deu um passo à fre
De manhã, a sala de jantar estava iluminada pela luz suave filtrada pelas cortinas translúcidas, o aroma do café recém-passado envolvendo o ambiente, a mesa repleta de variedade de pães, bolos, frutas e bebidas. Nikolas, sua mãe Clara e seu irmão Viktor estavam sentados à mesa, degustando o desejum preparado meticulosamente e servido com o acompanhamento diligente de Anya.— Anya, minha querida, hoje espero conhecer seu filho — Clara pediu lançando um sorriso gentil para a jovem. — Amo crianças e tenho certeza que ele deve ser um menino adorável.Anya hesitou por um momento, o rosto ficando ligeiramente pálido. Seus olhos se encontraram com os de Nikolas, que mantinha os olhos no prato, mas os ouvidos estavam atentos, presos em um interesse velado.— Sim, dona Clara — concordou, não tendo motivos para negar o pedido de quem tinha aberto tantas oportunidades, mesmo a pessoa em questão sendo mãe de Nikolas. — Max vai adorar conhecê-la.— Eu também estou ansioso para conhecer o Max — Vik
O sol brilhava suavemente sobre o jardim dos fundos da mansão Oliveira, o ar fresco e o aroma das flores envolveram Anya quando saiu da casa com o filho e Nikolas.Largou rápido a mão de Nikolas ao encontrar do lado de fora Clara e Viktor, ansiosos em conhecer seu filho.Como esperado, Max se apertou contra ela, escondendo o rosto em sua cintura, expondo sua timidez em relação a estranhos. Apesar de ser uma criança brincalhona, com estranhos Max ficava retraído. Por isso estranhava, e se preocupava, com o comportamento do filho em relação à Nikolas, a facilidade com que o tratava informalmente.— Estava ansiosa em te conhecer, Max — Clara comentou se aproximando. — Ouvi tantas coisas boas sobre você. — Ajoelhou-se, sua voz doce e calma. — Olá, Max! Sou Clara, mãe do Nikolas. Está tudo bem, querido.Anya acariciou o cabelo dele com carinho.— Max, meu amor, seja educado e cumprimente a dona Clara e o filho mais velho dela, o senhor Viktor.Max levantou o olhar timidamente, seus grandes
Max ficou deslumbrado desde o momento em que atravessaram a entrada do Museu da Imaginação, seus olhos azuis brilhando de excitação.— Mamãe, olha! — dizia apontando tudo com entusiasmo.Segurando a mão direita do filho, Anya se alegrava com a animação dele. Nikolas caminhava do lado esquerdo do menino, segurando a outra mão a pedido de Max, a expressão satisfeita. Planejou esse dia com cuidado, querendo proporcionar uma experiência especial para Max e Anya, até o momento parecia estar no caminho certo.— Vamos ali primeiro! — Apontou para um espaço com a inscrição Agriventura no alto, como indicado pelo sócio quando conversaram a respeito do local.Max não precisou de outra sugestão. Puxando ambos os adultos pelas mãos, foi em direção à área da Fazendinha, onde crianças podiam plantar e colher frutas e vegetais de brinquedo, guiadas por educadores pacientes.— Olá, pequeno agricultor! Que tal colher algumas cenouras e tomates? — um educador ofertou, entregando uma cestinha a Max.— Si
Cansado, de volta do passeio com Anya e Max, Nikolas entrou na ampla sala da mansão dos Oliveira, rumo a escada de acesso ao segundo piso, em que teria o tão amado descanso após o dia agitado. Mas, antes que completasse sua intenção, Viktor barrou sua passagem com seu sorriso habitual, aquele que sempre prenunciava uma conversa provocadora.— Então, maninho, como foi o passeio com Anya?Nikolas suspirou, sabendo exatamente qual era a intenção do irmão e onde aquela conversa iria parar.— Foi tudo bem. Max se divertiu.— E você e a Anya?Reconhecendo o tom provocador do irmão, deu de ombros, seguindo pelo caminho seguro do silêncio.— Sabe, Anya realmente mudou a dinâmica aqui em casa. — Viktor sentou no braço do sofá. — Mamãe passou horas vendo fotos da nossa infância depois de conhecer o filho dela. Acho que mexeu com ela, talvez tenha ativado aquele gene do “quero um neto pra ontem”. Aposto que logo ela vai voltar a falar sobre isso com a gente — brincou.Nikolas refletiu que o irmã
O sol da tarde iluminava o jardim da mansão dos Oliveira, banhando as flores e os brinquedos espalhados pelo gramado com uma luz dourada. Anya, após uma manhã revisando trabalhos, acompanhava Max em suas brincadeiras com o olhar vigilante, e incomodo, de Nikolas em um banco próximo.Aumentando sua aflição, Clara, sua empregadora e mãe de Nikolas juntou-se a eles. No princípio pensou em recusar a presença de outro Oliveira em volta de seu filho, mas, não tendo motivos para fazê-lo, com um sorriso tenso observou Clara seguir com Max até o balanço.— Pronto, Max? — Clara perguntou para o ansioso menino. — Vamos balançar bem alto!Maximilian soltou uma risada pura e contagiante enquanto Clara o empurrava suavemente. Anya, embora ainda receosa da proximidade entre Clara e Max, não pôde deixar de sentir certa paz ao ver seu filho tão feliz. Nos últimos tempos, a alegria de Max era uma visão rara, principalmente quando estavam na casa dos Hoffmann. Era bom vê-lo assim. Max merecia esses momen