Determinada a fazer o seu melhor no novo emprego, Anya acordou cedo e, mesmo com Nikolas dado a entender que iniciaria o trabalho somente quando o contrato fosse reconhecido, decidiu se juntar aos outros empregados na mansão.Ao se aproximar da cozinha, percebendo que era o assunto, e não de uma forma positiva, cessou os passos antes que a vissem.— E a nova governanta, hein? Será que vai aguentar o tranco? — ouviu a voz feminina rouca e grossa - parecida com a de seu avô, um fumante inveterado -, que identificou como sendo de uma das empregadas da limpeza.Arriscou um olhar e confirmou que todos os empregados, para os quais foi apresentada no dia anterior, estavam na cozinha.— Duvido muito. Muito novinha e com cara de patricinha. Dura só os três meses do contrato — disse uma voz mais fina com zombaria.Era a outra empregada da limpeza, cujo comentário fez Anya morder o l&aacut
Tenso por todo o ocorrido nas últimas horas, Nikolas entrou na sala de Ricardo, o olhar determinado e a expressão séria.— Ricardo, preciso de sua ajuda em algo importante — disse se sentando em frente ao amigo e sócio.— Claro! No que posso ser útil? — questionou Ricardo, notando a seriedade no tom de Nikolas.— Preciso que seja advogado de Anya no pedido de guarda do filho dela, Maximilian — respondeu Nikolas sem rodeios.Ricardo afundou no assento, surpreso com o pedido. Conhecedor do romance conturbado entre Nikolas e Anya durante a faculdade, do fim traumático, estranhou o fato do sócio pedir ajuda para quem o fez sofrer por meses. Anos, se corrigiu mentalmente. Nikolas nunca mais tinha se deixado envolver de verdade por outra mulher, adotando um olhar crítico com o sexo oposto.— Por qual motivo ela precisa de outro advogado? — questionou curioso, analisando um meio de chegar ao cerne do inusitado pedido.— Foi um pedido da minha mãe. Ela simpatiza com Anya e pediu que a ajudasse
Nikolas chegou tarde para evitar encontrar Anya, e lidar com os sentimentos confusos que nutria por ela, reavivados aquela manhã... Até antes... Se é que um dia sumiram de todo. No entanto, ao sair da garagem, avistou ela ao longe, sentada em um banco do frondoso jardim e seu plano inicial espatifou-se. Ela parecia perdida em pensamentos, e ele não resistiu a se aproximar.— Anya?!A alcançou antes que ela chegasse à casa de hóspedes. Seus olhares se encontram em um silêncio carregado, a lembrança do beijo de mais dedo – e de tantos outros do passado – reverberando na escuridão noturna do jardim.— O que faz acordada até tão tarde? — ele perguntou, remexendo a chave do carro entre os dedos.Anya desviou o olhar.— Terminei minhas funções há pouco.— É quase uma da manhã — comentou olhando o relógio de pulso para se certificar.— Estive me habituando... Quero passar na experiência... — justificou sem olhá-lo e tentando manter a voz firme, porém, falhando.Nikolas percebia a tensão em ca
Supervisionando o preparo do jantar, Anya não conseguia afastar o pensamento e o coração do filho. Seus olhos azuis permaneciam opacos, perdidos, refletindo a tristeza que carregava por seu advogado não conseguir nem mesmo a autorização para que pudesse ver o filho.Por mais que trabalhasse intensamente, inspecionando com cuidado cada detalhe para manter a posição que lhe dava uma chance de recomeçar, nada afastava sua mente do vazio deixado pela ausência de Max. Perguntava-se como estava, se cuidavam bem dele, se tinha se alimentado e tantas questões que apertavam dolorosamente seu coração de mãe. Nunca passou mais que horas longe dele, por isso a semana sem ver o menino não estava fácil.— Anya!Virou-se educadamente para Clara, dona da casa.— Em que posso ajudá-la senhora Clara!— Só Clara, por favor — a matriarca dos Oliveira pediu se aproximando. Anya assentiu de leve, sentido os olhos dos demais funcionários perfurarem suas costas quando Clara anunciou: — Anya, querida, tem uma
— Como fui me meter nisso... — Nikolas resmungou pela milionésima vez desde que convenceu Ricardo, seu sócio e amigo, a ser advogado de Anya.Sentado em um banco de madeira envelhecido próximo a casa de hóspedes, nem o dia ensolarado, o perfume das flores e as cores vibrantes acabavam com seu tédio e frustração.O pedido de sua mãe, Clara, para ajudar Anya virou sua vida de cabeça para baixo. Óbvio que imaginou que enfrentaria embates complicados com os Hoffmann, mas jamais imaginou ser colocado naquela posição.~Horas após Anya aceitar Ricardo como seu advogado, Nikolas se reuniu ao amigo e sócio para auxilia-lo no caso. Não falou dos detalhes, de sua linha de ação para ganhar a causa no futuro. Por mais que quisesse agradar sua mãe, não tinha a menor intenção de perder. No máximo aceitaria a guarda compartilhada, e foi isso que falou para Ricardo.— Bom, o que definir será o resultado final — Ricardo comentou cruzando os braços, o olhar agudo fixo no semblante sério do amigo. — Min
Após o incidente da bolada, Nikolas acompanhou Max e Anya até a casa ocupada por ela, aguardando na sala enquanto o menino tinha o short molhado trocado. Quando saíram do quarto principal, Max estava encolhido no colo de Anya.— Meu amor, lembra o que te pedi? — Viu o menino balançar a cabeça em sinal positivo, um fungado entregando o choro que persistia desde a bolada.— Desculpa senhor Nikolas — o menino disse choroso, os braços agarrados à mãe, o rosto escondido no ombro dela. — Desculpa machucar o senhor.A voz morrendo a cada sílaba, trêmula e molhada o fez sentir-se culpado e não vítima do ocorrido. Aproximou-se. Ergueu uma sobrancelha quando Anya recuou abraçando Max com mais força, os dedos afundando nos fios cacheados do filho.— Está tudo bem, Maximilian — disse gentil, as mãos afundando nos bolsos da calça, sem dar mais nenhum passo. — Foi só um susto. Sei que não fez de propósito.A cabeça do menino girou em sua direção, encarando-o com arregalados olhos cheios de lágrimas
No domingo, enquanto Anya estava ocupada revisando o trabalho da faxineira que trabalhava no domingo, sentado no sofá, Nikolas fez companhia para Max na sala de estar.Depois de tudo que viu e ouviu no dia anterior, sentiu-se menos incomodado por monitorar as visitas assistidas entre Anya e Max, e estava intrigado a respeito do relacionamento dela com o ex-marido e o filho. Até tentou conversar com ela, retirar mais sobre o motivo do divórcio e a insistência em querer o filho longe do ex, mas Anya era reticente e desviava de assunto.Observando Max agachado junto à mesinha de centro, desenhando em uma das folhas de sulfite que Anya deixou para o menino se distrair, enxergou uma oportunidade.Ao se abaixar, sentar no tapete ao lado do menino e usar os anos lidando com todo tipo de família para extrair as informações que necessitava, disse a si mesmo que o fazia a pedido dos Hoffmann. Tinha de atender ao pedido deles para buscar o melhor para o único neto.— O que está desenhando? — ini
Dirigindo em direção a mansão dos Hoffmann, de tempo em tempo Nikolas observava Max pelo retrovisor. O menino, sentado na elevação de assento do banco traseiro, fungava baixinho e cobria o rosto com as pequenas mãos, as lágrimas escorrendo sem parar desde que foi separado da mãe novamente.Em seu trabalho era acostumado a ver cenas parecidas, mas nunca esteve tão envolvido quanto naquele caso. Havia algo em Max que o afetava mais do que deveria, em grande parte por lembra-lo do motivo de sua especialização. Culpou a preocupação e o incomodo com o choro persistente ao fato de que não monitorou nenhuma visita antes, e tampouco foi íntimo de qualquer um dos lados para os quais trabalhou. Distanciamento sempre foi seu mantra.— Maximilian! — chamou ao parar em um sinal, aguardando o menino erguer o rosto inchado pelo choro antes de dizer para animá-lo de alguma forma: — Logo, logo você vai se reunir com a sua mãe. E sabe o que vamos fazer então?O menino sacudiu a cabeça em negativa, esfr