Antes de Tudo
Antes de Tudo
Por: J. V. Peres
PRÓLOGO

DIEGO

Mais um dia naquela escola de merda, desculpem a palavra feia, mas acordei em um daqueles dias ruins. Tudo está dando errado, a começar por um trabalho mega importante da escola que esqueci de fazer.

Estou desesperado para falar o mínimo. Nunca esqueci de fazer meus deveres escolares, é a primeira vez que esqueço.

Esqueci por puro descuido meu e também porque meus irmãos encheram o meu saco para saímos no final de semana. Acabei esquecendo do mais importante, o estudo.

- Droga! - Falo chateado, pego minha mochila que estava em cima da minha cama e vou para a cozinha, pois já estava arrumado, onde encontro minha mãe, dona Alice.

Ela me olha por alguns segundos, mas é o suficiente para perceber meu estresse.

- O que foi dessa vez Diego? - Pergunta já indo me servir o café da manhã.

- Não precisa, não vou tomar café. - Falo antes que ela comece a preparar tudo. Minha mãe me olha com o cenho franzido. - Estou indo para a escola. Esqueci de fazer um dever importante que deve ser entregue hoje. - Completo já saindo da cozinha, vou até a porta, mas antes de sair escuto minha mãe gritar:

- Coma alguma coisa no caminho e tome cuidado.

De aviso dado, saio de casa e já vejo minha moto, que deu um trabalhão para conseguir a propósito, na garagem. Ela é linda e potente, do jeitinho que eu gosto. Abro o portão, saio com a moto, depois minha mãe fecharia o portão, mas com certeza ela me daria um esporro, mas o bairro é bem seguro e muito, muito monitorado e assim dou partida na motocicleta indo em direção aquele inferno. Digo, digo escola.

Sem saber o que me espera naquele lugar.

Cheguei na escola alguns minutos depois, sorte que em Curitiba o trânsito é bem calmo, na grande mais maioria das vezes. Estacionei minha moto no estacionamento da escola, por ser particular e com grandes patrocinadores a Academia Atlas, escola onde estudo, têm grandes privilégios. A grande maioria dos alunos são filhinhos de papai. Eu meio que me incluo nesse meio, mas não sou soberbo e nem arrogante.

- Bom dia Jorge. - Falo passando pelo guarda da escola, sim, o Atlas tem isso também.

- Bom dia garoto. Chegou cedo. - Respondeu ele.

- Fui obrigado cara. - Disse já entrando no prédio e me dirigi com rapidez para a biblioteca. Para muitos sou considerado nerd, alguns idiotas até me apelidaram assim. Mas nem ligo, já liguei muito para essa corja, porém eles são insignificantes para mim. Eu sou uma pessoa comum. Me visto normalmente, com o uniforme da escola. Que é uma camisa social branca, calça jeans cinza claro, blazer da mesma cor com o brasão da escola e sapatos totalmente pretos. Simples.

Porém por ser inteligente de mais, ser exigente com minhas notas e não esconder isso de ninguém sou considerado, como já disse, nerd. Também há outros fatores que fizeram eles me apelidarem. Mas não vou falar agora, ou talvez nunca fale. Entrei na biblioteca e fui logo me organizando para começar a fazer o meu dever perderia a primeira aula, mas seria necessário.

Eu precisava entregar esse trabalho. Comecei a pesquisar tudo e anotava as partes principais. Foram minutos presos ali, mas valeu a pena porque consegui concluir o dever bem em tempo que o sinal soou indicado o início da segunda aula, organizei tudo e me dirigi para a sala a passos apresados, porém no meio do caminho, já bem perto da minha sala, para a minha infelicidade, acabei pisando no sapato brilhante e, provavelmente, caro de alguém.

- Você não olha por onde anda idiota?

Olhei bem para quem havia falo e minha expressão de desgosto foi inevitável. Diante de mim estava Erick Drummond, o maior babaca daquela escola. O causador da minha vida ser um inferno ali dentro. Eu odeio esse cara e acredito ser recíproco. Ele me olhava com raiva.

- Desculpa, não vi você vindo. - Me dei ao trabalho de me desculpar, mesmo ele não merecendo. Erick riu em escárnio.

- Desculpa o caralho, você estragou meu sapato. - Falou com a voz seca e o olhar ameaçador.

- Foi mal cara, tenho que ir. - Disse lhe dando as costas, mas sinto um puxão forte na minha mochila.

- Você vai pagar por isso, veadinho. - Erick falou com tom de ameaça, esse é um dos apelidos que ele me deu. Depois que a escola inteira ficou sabendo, através do próprio Erick a propósito, que também curto ficar com homens, o inferno ficou maior, mas como disse, não estou nem aí. O olho com olhar vazio.

- Tá, pode adicionar isso a sua lista para me infernizar, playboyzinho idiota. - Disse me desvencilhando dele e segui meu caminho apressadamente para sala antes que o professor entrasse e eu ficasse para fora da sala.

- Isso não vai ficar assim seu merdinha.

Escutei ele gritar com raiva, só levantei o dedo em um sinal de "beleza" e segui meu caminho.

Erick que ficasse com seus chiliques para lá, só queria entregar meu trabalho e ficar em paz. Quer dizer, pelo menos ter um pouco de paz, o que seria difícil, eu sabia.

Porque depois daquilo, aquele idiota me encheria o saco ainda mais. Tenho total certeza disso.

Entreguei o trabalho para o professor me sentindo um máximo, não saiu um dos melhores, mas dar para o gasto. Por sorte o embuste do Erick não estuda na mesma sala que eu. Tudo estava tranquilo. Até o horário do intervalo, onde o verdadeiro inferno começou. Como eu suspeitei, Erick não me deu paz.

O sem vergonha, filhinho de papai ficava jogando suas piadinhas de mal gosto para o meu lado, eu claro, não ligava não daria palco para esse palhaço sem graça. Eles e os amiguinhos dele ficavam rindo das piadas. Eu estava comendo meu lanche normalmente e sem me importar com os risinhos ao meu redor.

Mas o infeliz sem noção viu que suas gracinhas não estavam me atingindo, saiu do lugar onde estava e veio se sentar ao meu lado. Revirei os olhos instantâneamente e fingi que não vi ele ali.

- E aí princesa? Sentiu saudades de mim?

Este é outro apelido que ele me deu, e esse, com certeza, é o que mais odeio. Quando Erick me chama assim, minha vontade é de socar a cara dele até desfigura-la por inteiro, mas não quero perder meu réu primário por tão pouca coisa como esse indivíduo ao meu lado.

- Saudades de você? Só se estivesse ficado louco e ainda estou muito bem do meu juízo. - Falei sem o olhar e vi de soslaio um sorriso de escárnio tomar seus lábios.

- Que isso princesa, eu sei que você me ama. Ouviram isso pessoal? O Dieguinho acabou de confessar que me ama. O que vocês acham? - Erick gritou para todos ouvirem, respirei fundo para não jogar suco na cara desse imbecil. - Desculpa princesa, mas eu gosto de pessoas interessantes e você não tem nada de interessante, nadinha mesmo. - Falou piscando um olho em minha direção e logo após me olhou com a expressão em um misto de escárnio e provocação. Fuzilei ele com os olhos e o refeitório inteiro tirou sarro de mim.

- Por que não vai encher o saco da sua namorada, ein? Cuidado para não levar chifre do seu melhor amigo. - Disse indicando a intimidade de Amanda e Elvin. Erick ficou sério e aproveitei para sair dali, mas o babaca segurou meu braço.

- Calma aí princesa, nossa conversa ainda não acabou. - Fala ele com raiva disfarçada de escárnio. Apertou meu abraço com certa força e o encarei com seriedade.

Aquilo foi a gota d'água para a minha paciência, quem esse imbecil pensa que é? Apertei o copo de suco em minha mão e o encarei com o olhar afiado.

- Na verdade, acabou sim. - Falei jogando o resto do meu suco de uva na cara daquele idiota, o que manchou também a sua camisa branca e o seu blazer e o refeitório inteiro ficou em silêncio. Depois desse feito puxei meu braço de seu aperto e saí dali sem olhar para trás.

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